São 66.700 quilômetros de rodovias. Bolsonaro disse que ordenou a suspensão porque ‘a grande maioria tem o único intuito de retorno financeiro ao estado’.
O governo suspendeu a instalação e a substituição de milhares de
radares nas rodovias federais. A suspensão de novos radares vale para as
estradas federais administradas pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT). São 66.700 quilômetros de
rodovias.
No fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro determinou o imediato
cancelamento da instalação de novos radares. Disse que fez isso porque
sabe que “a grande maioria tem o único intuito de retorno financeiro ao
estado”. Em nota, o Ministério da Infraestrutura informou que “em função de
determinação presidencial, a instalação de novos sensores foi suspensa
até a revisão e a atualização de critérios” e que “será considerada como
prioritária a redução do uso do equipamento onde estes não são
essenciais à segurança viária”.
O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT),
Mário Rodrigues Júnior, defendeu os radares, mas disse que também vai
reavaliar os equipamentos nas rodovias concedidas ao setor privado. “Radar bem instalado é condição de sobreviver, questão de salvar vidas, é questão de monitorar rodovia”.
Em dez anos, o DNIT instalou cerca de cinco mil radares nas estradas
federais. Em 2018, metade das multas nessas rodovias foi por excesso de
velocidade. Os radares flagraram 11 milhões de motoristas em todo o
país. Na beira da estrada, não é difícil encontrar motoristas que defendem os radares. “É importante porque tem muita gente irresponsável, além da velocidade”, disse Luiz de França Neto.
“Ajuda bastante, até porque tem motoristas que são muito imprudentes
quanto à velocidade e não respeitam a velocidade da via”, concordou
Isabella Moreira.
Os contratos suspensos do DNIT poderiam aumentar para oito mil o número
de radares nas rodovias federais. Os equipamentos seriam colocados em
novos pontos, e também substituiriam parte dos existentes. O custo
poderia chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos. Mas, e o custo das vidas nos milhares de acidentes todo ano? Michelle
Andrade, professora da UnB e especialista em trânsito, diz que quanto
mais investimento na fiscalização eletrônica, menos mortes.
“Os radares de fato reduzem a mortalidade no trânsito porque fazem com
que o usuário infelizmente reduza a velocidade, quando na verdade não
era isso que era para acontecer. Era para o usuário manter a velocidade
da via”, disse.
Na Inglaterra, um estudo feito pela London School of Economics entre
1992 e 2016 mostrou que o uso de radares diminuiu em até 39% os
acidentes e em até 68% as mortes nas estradas. Ronaldo Balassiano, que é mestre em engenharia de transportes, afirmou que é preciso unir engenharia, fiscalização e educação.
“O Brasil pode, como os países da Europa e mesmo os Estados Unidos,
implementar uma conscientização, fazer com que as pessoas se tornem
conscientes de que andar de carro não quer dizer correr, andar de carro e
usar uma tecnologia que faz com que essas pessoas possam chegar mais
cedo, mais rápido, mas com segurança aos seus destinos finais”.
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