Permanência do doutor no governo ofende a moral, o bom senso e a lei da gravidade
As conversas impróprias de Sergio Moro com o procurador Deltan Dallagnol
enodoaram a Lava Jato e fragilizaram a condenação imposta a Lula pelo
tríplex de Guarujá (SP). Se isso fosse pouco, a postura arrogante do
ministro da Justiça nas horas seguintes às revelações do site The
Intercept Brasil, obriga muitos daqueles que gostariam de defendê-lo a
ficar no papel de bobos: “Basta ler o que se tem lá e verificar que o
fato grave é a invasão criminosa do celular dos procuradores”. Antes
fosse. O fato grave é ver um juiz, numa rede de papos, cobrando do
Ministério Público a realização de “operações”, oferecendo uma
testemunha a um procurador, propondo e consultando-o a respeito de
estratégias.
As mensagens de Moro e de Deltan deram um tom bananeiro à credibilidade
da Operação Lava Jato e mudaram o eixo do debate nacional em torno de
seus propósitos. O ministro e o procurador reagiram como imperadores
ofendidos, tocando o realejo da invasão de privacidade. Parolagem.
Dispunham de uma rede oficial e segura para trocar mensagens e decidiram
tratar de assuntos oficiais numa rede chumbrega e privada. Noves fora
essa batatada, precisam explicar o conteúdo de suas falas. Sem
explicações, a presença dos dois nos seus cargos ofende a moral e o bom
senso. No caso de Moro, ofende também a lei da gravidade. Ele entrou no
governo amparando Jair Bolsonaro e agora depende de seu amparo. Se o
capitão soltar, ele cai.
[Ministro Moro! FIQUE. A pressões para que o senhor saia serão imensas, eloquentes, intensas e cujos autores e motivações o senhor sabe quem e quais são.
A favor de sua permanência tem vários fatores e destaco dois FATOS:
- as mensagens veiculadas, atribuídas ao senhor e aos procuradores da Lava-Jato, foram obtidas de forma criminosa, crimes foram praticados para que os ladrões obtivessem êxito e provas ilegais não anulam processos nem servem para acusar ninguém;
- além da obtenção das mensagens através da prática de crimes, NÃO FOI PROVADO que sejam da sua autoria e/ou dos procuradores - pelo conteúdo das mesmas se percebe que foram redigidas exatamente para incriminar aos, pelo menos até o presente momento, supostos autores.
Tem mais, ainda que sejam autênticas, a ilegalidade visto a forma criminosa com que foram obtidas impede que sejam válidas e nada do que mostram representa crime, ou fraude processual - o processo do presidiário Lula referente ao triplex do Guarujá foi examinado em várias instâncias e nada de ilegal foi encontrado.
Finalizamos, lembrando o que é público e notório: só uma pessoa pode demiti-lo: o presidente da República Federativa do Brasil, JAIR BOLSONARO.
Oportuno lembrar posição do ministro Fachin sobre provas ilegais, conforme abaixo - parte do voto ministerial:
Oportuno lembrar posição do ministro Fachin sobre provas ilegais, conforme abaixo - parte do voto ministerial:
"Cumpre
consignar que ninguém está acima da lei, especialmente da Constituição: nem
administradores, nem parlamentares, nem mesmo juízes. Procedimentos heterodoxos
para atingir finalidade, ainda que legítima, não devem ser
beneplacitados." ]
Em nome de um objetivo maior, a Lava Jato e Moro cometeram inúmeros
pecados factuais e algumas exorbitâncias, tais como o uso das prisões
preventivas como forma de pressão para levar os acusados às delações
premiadas. Como não houve réu-delator que fosse inocente, o exorbitante
tornou-se conveniente. Ao longo dos anos, Moro e os procuradores
cultivaram e, em alguns casos, manipularam a opinião pública. Agora
precisam respeitá-la. Uma das revelações mais tenebrosas das mensagens é aquela em que, dias
depois de divulgar o conteúdo do grampo de uma conversa da presidente
Dilma Rousseff com Lula, Moro diz que “não me arrependo do levantamento
do sigilo, era a melhor decisão, mas a reação está ruim”.
Não houve “levantamento”, mas quebra, pois a conversa foi interceptada
depois que expirara o prazo para as escutas. Dias depois de cometer a
exorbitância, Moro explicou-se ao ministro Teori Zavascki com uma
argumentação desconexa, até sonsa.
A conversa de Dilma com Lula deu-se no dia 16 de março de 2016, quando
eles concluíam a armação da ida do ex-presidente para a Casa Civil.
A reportagem do The Intercept Brasil informa que às 12h44 Moro e Deltan
discutiram a divulgação “mesmo com a nomeação”. Sabia-se que Dilma
pretendia nomear Lula, mas o telefonema só ocorreu às 13h22. Às 15h27
Deltan disse que sua posição era de “abrir” o assunto e às 18h40 ele
estava no ar, detonando a manobra do comissariado petista. Para quem tinha esse objetivo, foi um sucesso, mas não está combinado
que juízes e procuradores se metam em coisas desse tipo. O viés
militante de Moro e Deltan na Lava Jato afasta-os do devido processo
legal, aproximando-os da República do Galeão, instalada em 1954 em cima
de um inquérito policial militar que desaguou no suicídio de Getúlio
Vargas.
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