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domingo, 19 de janeiro de 2020

Asneiras - Merval Pereira

Reeleição de Bolsonaro - Um Bolsonaro 'infeliz' flerta com reeleições

O presidente Jair Bolsonaro sancionou o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, mas continua fingindo para seus eleitores que era obrigado a sancionar, não poderia veta-lo, pois corria o risco de ser impedido por crime de responsabilidade. Não é verdade, mas ele quer sempre passar a ideia de que é um político “fora da caixa”. [o veto é uma faculdade do presidente da República, que quando exercida pelo primeiro magistrado da nação, não constitui crime;
o presidente Bolsonaro preferiu a celeridade legislativa, já que seu veto apenas atrasaria um pouco a legalização da mamata dos partidos - seria derrubado pelos congressistas.]

Já proibiu que seu partido use essa verba. Como o partido provavelmente não estará pronto para concorrer às eleições municipais, ele pode prometer qualquer coisa, pois terá até 2022 para se desdizer, como faz com frequência. Sabendo da impopularidade do Congresso, (na primeira pesquisa do ano pela XP Investimentos, a Câmara tem 83% de desaprovação e o Senado 79%) - Bolsonaro procura tirar proveito da fama de ser um político diferente dos demais, mesmo depois de ter passado mais de 30 anos nos subterrâneos do Congresso, membro desimportante do chamado “baixo clero”. [a impopularidade do Congresso antecede em muito até mesmo a candidatura do presidente Bolsonaro, ao cargo que hoje ocupa;

por ser um membro do chamado 'baixo clero' - exatamente, por não aceitar muitas das jogadas dos parlamentares - a participação do presidente Bolsonaro nos desmandos do Congresso  (que são a causa maior da elevada rejeição ao Poder Legislativo)  não pode ser atribuída, ainda que de forma mínima, ao presidente, dado que a condição, sempre apregoada aos quatro ventos, de integrante da bancada do "baixo clero' o isenta.]
 
Mas Bolsonaro fala tanto que acaba dando bom dia a cavalo, como diz o ditado popular. Ontem, em evento do Aliança pelo Brasil, seu partido, voltou a fazer uma comparação que o agrada: para ele, a presidência da República é um casamento. Mas desta vez fez dois adendos, contrários entre si, mas reveladores de seu estado de espírito.
“Um casamento de quatro ou oito anos, quem sabe por mais tempo lá na frente. Tenho um compromisso com vocês. Jamais pensei que uma pessoa do nosso perfil chegaria à Presidência”. Muita gente nunca pensou também que uma pessoa com o perfil de Bolsonaro chegasse onde chegou, e a cada dia esse espanto só faz aumentar.

Que ele só pensa na reeleição desde o primeiro momento do seu mandato, mesmo tendo prometido aos seus eleitores que acabaria com ela, todo mundo já sabe. [atualizando: a promessa do presidente Bolsonaro foi no sentido de que apoiaria qualquer projeto extinguindo a reeleição - que até agora não foi apresentado. 
Apoiar um projeto não implica em obrigação de apresentá-lo.
As correções de rumo do Brasil, cuja efetivação se impõe, demandam mais tempo do que dois mandatos - o ideal é que em 2026, se inverta a dobradinha de 2022 e em 2030 se volta a chapa vencedora de 2022.] A novidade está na admissão de que o mandato presidencial pode passar a ter mais reeleições. Para que isso aconteça, será preciso que uma emenda constitucional seja aprovada pelo Congresso, com maioria qualificada de 2/3 dos votos nas duas Casas, em duas votações. Uma tarefa e tanto, que já foi pensada para a permanência de Lula por mais quatro anos. A reação foi muito grande, e o ex-presidente acabou não aceitando a ideia. 
[2018, Bolsonaro candidato a presidente e a vice o general Mourão;
2022, mesmo quadro, sendo Mourão substituído por Moro;
2026, Moro candidato a presidente e Bolsonaro vice;
só DEUS pode impedir que em 2020, se repita a configuração de 2022.]
 
Seus companheiros bolivarianos todos tentaram permanecer mais no poder. Rafael Correa, do Equador, convocou uma Assembleia Constituinte que aprovou a possibilidade de reeleição indefinida. Foi presidente por três mandatos, mas um referendo em 2018 revogou a emenda e impediu que se candidatasse pela quarta vezes. [comparar o desastre da esquerda, inclusive o do Brasil, é realmente torcer contra o Brasil;
a esquerda, perde terreno em todo o mundo - ganhou na Argentina, pegou os hermanos em condições ruins e vai entregar em condições piores.]
Evo Morales, hoje exilado - assim como Correa - admitiu recentemente que seu grande erro foi ter tido o terceiro mandato, também permitido através de uma Constituinte. Na Venezuela de Chaves e Maduro, este último iniciou seu terceiro mandato em janeiro do ano passado.

Essa onda de reeleições na nossa região já foi criticada diversas vezes por Bolsonaro, que agora acena com a possibilidade de um terceiro mandato, mal iniciou o primeiro. O presidente também voltou a dizer que “sabia que não seria fácil” assumir a Presidência.
“Sabia do peso nas minhas costas em obtendo a eleição. Eu não sei como pessoas de bem possam ficar felizes com o cargo no Executivo.” A última frase é uma critica a todos os seu ministros e demais auxiliares. Os que querem ficar no governo não são pessoas de bem. Nem ele mesmo, Bolsonaro, que só fala em reeleição, e agora em terceiro mandato, desde que assumiu o governo.

Ou é um infeliz, como já se queixou diversas vezes, e ninguém pode estar feliz a seu lado no governo. Todos têm que carregar o fardo de fazer parte do governo, e não há lugar para alegrias. Mas, quem se acha um infeliz por ser presidente da República, por que quer um terceiro mandato, antes mesmo de terminar o primeiro?  Não faz sentido, mas nada faz muito sentido quando Bolsonaro resolve dizer asneiras.
[dizem as más línguas que quando Bolsonaro em uma entrevista xinga a mãe de um repórter, o que ele quer é desviar o foco da entrevista para a sua, digamos, 'deselegância'.
Não concordamos, é que muitas vezes alguns repórteres forçam a barra.
Porém, reconhecemos que saber usar as palavras é  importante, elas tem valor e poder.
O cerne de qualquer política de Governo é de responsabilidade primeira do Presidente da República, primeiro mandatário da Nação, que é o Presidente JAIR BOLSONARO, colocado na função por quase 60.000.000 de votos e só o povo pode substituir o eleito. Qualquer outro caminho, arremedo de solução, será quebrar o decantado 'estado democrático de direito.]
 
Merval Pereira, jornalista - Coluna em O Globo

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