O Estado de S.Paulo
Bolsonaro precipitou mudanças institucionais, algumas contra ele
Em geral, ficou demonstrado que se confia mais no que dizem os médicos e técnicos da saúde pública do que nas palavras do presidente.
Entre os vários medos à disposição parece claro que as pessoas
permaneceram apegadas ao medo de morrer, o mais natural de todos. A
grotesca forçada de barra dos “gênios” de comunicação de Bolsonaro – a
falsa dicotomia entre empregos ou saúde – voltou-se contra o próprio
presidente. Em geral, ficou demonstrado que se confia mais no que dizem
médicos e técnicos em saúde pública do que nas palavras do presidente.
[inserção do vídeo pelo Blog Prontidão Total - VÍDEO DE UMA APOIADORA.O Povo exige a normalidade
"...A mulher pediu que se retorne à normalidade produtiva. Depois de ouvir a reclamação, por três minutos, Bolsonaro concordou que aquele era o mesmo pensamento de milhões de brasileiros.
Edição Extra do Alerta Total – www.alertatotal.net
[inserção do vídeo pelo Blog Prontidão Total - VÍDEO DE UMA APOIADORA.O Povo exige a normalidade
"...A mulher pediu que se retorne à normalidade produtiva. Depois de ouvir a reclamação, por três minutos, Bolsonaro concordou que aquele era o mesmo pensamento de milhões de brasileiros.
A
imagem, com bastante chance, será oportunisticamente censurada
pela imprensa. Ainda bem que as redes sociais ainda conseguem cumprir
seu papel
de difusor de informação. O "isolamento social", empregado como
exagerado remédio, já causa prejuízos incalculáveis à economia
brasileira, gerando o caos para quem sobrevive, principalmente, na
chamada economia informal. ...]
Edição Extra do Alerta Total – www.alertatotal.net
O resultado, bastante previsível dada a correlação das forças políticas,
foi mais um encurtamento da caneta presidencial. A diminuição do seus
poderes vem de uma combinação de restrições institucionais que
dificilmente desaparecerão quando a urgência da questão de saúde pública
amainar, e ninguém sabe quando. Tem como mais recente exemplo a
articulação para a aprovação do tal “orçamento de guerra”, que não é
outra coisa senão a definição de responsabilidades políticas e
administrativas na utilização de recursos para enfrentar uma situação de
calamidade nacional.
Para ter acesso aos fundos com os quais pretende combater a inevitável
recessão, o próprio ministro Paulo Guedes assinalou que precisa de uma
PEC (sim, tudo no Brasil passa por mudar algum artigo da Constituição e,
portanto, pelo Congresso) que regula rigidamente como o Executivo
atuará, dando amplas prerrogativas ao Legislativo e ao Judiciário. Na
prática, o chefe do Executivo não faz nada na gestão de crise sem
consultar previamente os outros Poderes. [a necessidade de uma PEC é consequência de tudo que o presidente Bolsonaro tenta realizar, no cumprimento do mais DEVER/DIREITO de um Presidente da República, é bloqueado por ser constitucional.
O ministro Guedes sabendo de tal circunstância se antecipa e já pede uma PEC - pediu no dia 31 passado e o Maia está tentando 'pecar' na próxima semana.]
A chave para entender o que se convencionou chamar de “isolamento” do
presidente está em dois fatos concomitantes, um de fundo e o outro bem
escancarado. O de fundo é o Legislativo atuando diretamente em
entendimento com governadores e prefeitos, além de uma série de
entidades representando setores da economia, ao largo do Planalto. O
Judiciário entrou nessa articulação desde o primeiro momento, há mais de
15 dias. O presidente ficou de lado.
O segundo foi o escancarado comportamento institucional do “dream team”
de ministros (Sérgio Moro, Paulo Guedes e Henrique Mandetta), além dos
militares. Prevaleceu entre eles a reiteração de que obedeceriam à norma
técnica – para todos os efeitos práticos, deixaram Bolsonaro falando
sozinho contra o isolamento social. Chegava a ser constrangedor assistir
ao contorcionismo verbal com o qual esses ministros tratavam de
“traduzir” bobagens ditas ou feitas pelo presidente ao mesmo tempo em
que se esforçavam para não apoiá-las.
Os tais famosos “bastidores” (pedacinhos de informação a respeito dos
quais nunca se sabe exatamente o que é fato e o que é fofoca) em
Brasília indicam que Bolsonaro esteve, sim, à beira de provocar grave
crise ao considerar decretos que suspenderiam medidas restritivas
tomadas por governadores, preso à paranoica noção de que é alvo de
conspirações e superestimando a claque de apoiadores que chama de
“povo”. Ao mesmo tempo em que deflagrava campanha política usando também
recursos públicos.
Tomou uma freada brutal em público e em privado. O STF o proibiu de
seguir adiante com a campanha “O Brasil não pode parar”. Em conversas
reservadas, mais de um ministro garantiu que o Judiciário derrubaria
qualquer decreto de Bolsonaro que fosse contrário ao isolamento social. [fica evidente que o STF antecipa posições, violando o principio ético e legal de que juízes não podem, nem devem, antecipar votos.] E, em privado, ele ouviu o seguinte recado de uma importante autoridade
da qual dependem várias investigações de interesse direto também do
presidente: “Não vou ser coautor de um genocídio”.
O fenômeno da contestação da autoridade presidencial, como aconteceu
agora, pertence à categoria “gênio que não volta para dentro da
garrafa”. Ou seja, trata-se de consequências políticas duradouras. Mas há outros gênios que não voltarão para a garrafa: em prazo recorde
houve flexibilização de leis trabalhistas, suspensão do teto de gastos,
alterações em regimes de contratação, desengessamento do Orçamento.
Teremos um outro país.
William Waack, jornalista - O Estado de S.Paulo
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