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Deputado do PSD, que assumirá o Ministério das Comunicações, tem também boa relação com o Judiciário e é autor de projeto que exige CPF nas redes sociais
Escolhido por Jair Bolsonaro para ocupar o Ministério das Comunicações após a recriação da pasta, anunciada na quarta-feira 10, o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) tem bom trânsito no Palácio do Planalto desde o início do atual mandato. As boas relações com o presidente se somaram à credencial de ser genro do empresário e comunicador Silvio Santos, dono do SBT – Faria é casado desde 2017 com a apresentadora Patrícia Abravanel. “Vamos ter alguém que, ele não é profissional do setor, mas tem conhecimento até pela vida que ele tem junto à família do Silvio Santos”, justificou Bolsonaro. Aliado dos filhos de Jair Bolsonaro e apoiado pela chamada “ala ideológica” do governo, Wajngarten foi nomeado secretário-executivo do Ministério das Comunicações, segundo cargo mais importante da pasta.O novo ministro se reunia com o presidente com frequência no Palácio do Planalto e, amigo de Rodrigo Maia, já atuou para aparar arestas entre os dois. Apaziguar as tensões entre Executivo e Legislativo será uma das missões de Faria, enquanto o presidente se une ao Centrão, preocupado com a possibilidade de deputados e senadores terem de analisar o impeachment ou uma denúncia da Procuradoria-Geral da República no inquérito que apura suposta interferência política do presidente na Polícia Federal. O PSD é apontado por parlamentares como um dos partidos do Centrão, embora negue que faça parte do grupo.
No quarto mandato na Câmara, aos 42 anos, o deputado do PSD também transita bem em outras duas frentes de atrito de Jair Bolsonaro: os meios de comunicação e o Judiciário, este sobretudo em razão do inquérito das fake news, que investiga parlamentares, empresários e blogueiros bolsonaristas pela disseminação de notícias falsas e ameaças a ministros da Corte.
“Instagram e Twitter, principalmente, vão perder muitas contas, mas vai limpar os fakes, aquilo que não existe”, disse o novo ministro a VEJA em setembro de 2019. A justificativa do projeto prevê que a iniciativa “não elimina todos os problemas, mas facilita a responsabilização. Identificar esses usuários indesejados na rede é o primeiro passo para que a suposta liberdade da rede respeite os direitos fundamentais individuais”.
O texto sustenta que não haveria dificuldades tecnológicas ou custos elevados para a implantação da medida, porque ela pretende somente “readequar” o cadastro dos aplicativos para que os dados sejam incluídos. Sobre os perfis já existentes, a proposta pretende que os cadastros sejam atualizados em um prazo máximo de 90 dias a partir da entrada em vigor da lei. “No mundo físico (não virtual) exigimos o tempo todo comprovações e documentações pessoais com as mais diversas finalidades. Não consideramos censura a exigência de um documento pessoal de alguém que deseja acessar uma repartição pública, um estádio de futebol ou mesmo o sistema de transporte. Acreditamos que o controle garante a segurança e o interesse coletivo e, portanto, abrimos mão de um certo grau de liberdade individual em prol de um bem-estar coletivo”, compara o texto.
Antes de ser aliado de Bolsonaro, Fábio Faria apoiou os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Como líder do PMN na Câmara, ele integrou o conselho político que se reunia periodicamente com Lula no Planalto. Em uma postagem no Twitter em 2010, Faria afirmou que havia votado em Lula desde 2002 – o próprio Bolsonaro já disse ter votado no petista, também em 2002. O novo ministro e seu pai, o ex-governador do Rio Grande do Norte Robinson Faria (PSD), que governou o estado entre 2015 e 2019, apoiaram Dilma nas eleições de 2010 e 2014. Faria chegou ao quarto mandato na Câmara em 2018 com 70.350 votos.
Política - VEJA
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