Para conter a escalada de preços, a possibilidade de um aumento maior na taxa de juros é levantada
Calma pessoal - é a inflação da Europa
Inflação na Europa atinge recorde e põe em xeque estratégia do BC europeu
O principal impulsionador da inflação na zona do euro é a guerra na Ucrânia, sem sinais de arrefecimento. Freepik/Domínio Público
As expectativas de desaceleração na alta de preços na Europa foram quebradas. A agência de estatísticas, Eurostat, aponta para um aumento recorde na inflação de maio, atingindo 8,1% na média anual dos 19 países da zona do euro. Os custos de energia e alimentos, impulsionados sobretudo pela guerra na Ucrânia, fizeram a inflação atingir a maior porcentagem desde 1999, quando a moeda única europeia surgiu.
O Banco Central Europeu esperava um nível inflacionário de 7,7% em maio, após os preços atingirem alta de 7,4% em abril, outro recorde. Com resultados negativos (e sucessivos), está em xeque a capacidade do BC europeu em conter a escalada de preços com aumentos graduais de 0,25 ponto na taxa de juros. Os bancos centrais da Áustria, Holanda e Letônia já defenderam aumento de 0,50 ponto, um movimento inédito na zona euro.
Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha, os investidores monitoram a possibilidade de subida em 0,5 ponto na taxa de juros, embora o BC da Europa não tenha apresentado indícios de tal movimento. “É um cenário desafiador e há uma incerteza em relação a capacidade do Banco Central da Europa em seguir com uma elevação em um ritmo tão gradual, porque de uma lado da balança tem a questão da atividade econômica já arranhada pelo conflito no leste europeu, e de outro lado, tem as consequências da pressão inflacionária e o risco de agir tardiamente para combater a inflação”, argumenta.
O principal impulsionador da inflação na zona do euro – guerra na Ucrânia – não apresenta previsão para arrefecimento. Nesta terça, 31, o preço do petróleo subiu para 123 dólares, após o anúncio oficial da União Europeia sobre o plano de bloquear mais de dois terços das importações russas de petróleo. Em última análise, esses indicadores pressionam ainda mais a inflação. “O grande problema é que essa alta de preços vem sendo observada há vários meses e ainda não há sinais de que vá se reverter. Como resposta a isso, deverá haver uma elevação das taxas de juros nas principais economias da Europa, o que terá reflexo negativo sobre o crescimento da economia este ano, podendo inclusive dar início a uma recessão antes mesmo do fim do ano”, analisa o Henrique Castro, Professor da Escola de Economia da FGV-SP.
Inflação por país
Divulgado nesta terça, 31, o relatório da Eurostat – o serviço de estatística da União Europeia – estima um aumento de 37,5% para 39,2%, ao considerar o setor de energia isoladamente em maio, na taxa anual. Em segundo lugar, o setor de alimentos, álcool e tabaco foi de 6,3% em abril para 7,5% em maio.
No entanto, quando o núcleo da inflação é excluído (energia e alimentos), a estimativa de alta do preços gerais é de 3,8%, distante da meta do BC europeu (ao redor dos 2%). Na análise individual, seis países já passam de 10% no nível inflacionários, considerando o acúmulo anual. Estão na lista: Grécia, Letônia, Lituânia, Eslováquia, Holanda e, por último, Estônia (que passa dos 20%).
Economia - VEJA
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