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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Que anti vai dar as cartas em 2022? E a falta que faz uma rua para a turma do terceiro turno - Alon Feuerwerker


Análise Política


A máxima “é a economia, estúpido", universalizada a partir da vitória de Bill Clinton em 1992 contra George Bush Primeiro, deve enfrentar um bom teste ano que vem. Se as previsões de recessão americana não se confirmarem, Donald Trump vai às urnas surfando crescimento sólido e pleno emprego. Restará aos democratas navegar no antitrumpismo, uma convergência de rejeições variadas, com foco comportamental e ambiental. Que bicho vai dar?

E por aqui? Se a economia continuar mal, o bolsonarismo chega a 2022 capenga. E sua melhor aposta seria o antipetismo. Mas é ingênuo imaginar que o bolsonarismo vai assistir passivamente à perenização da mediocridade econômica, e caminhar mugindo para o matadouro eleitoral. Se é verdade que Paulo Guedes resta como o último dos ministros ainda com crachá de super, a esta altura o mundo já percebeu: quem acreditou em carta branca caiu no conto do vigário.

O seguro morreu de velho e, na dúvida, o bolsonarismo e o lavajatismo continuam batendo no PT. [o presidiário Lula se auto classifica como uma jararaca, sendo o PT sua extensão, se deve usar para destruir o PT, perda total, a mesma tática que se usa para eliminar a serpente.] Mas o presidente parece ter um olho no peixe e outro no gato, também abre fogo regular contra um nascente antibolsonarismo antipetista que lança raízes na direita, no autodeclarado centrismo, e até numa fatia da esquerda, esta em busca da plástica que remova as rugas de quase duas décadas de governos PT, e lhe permita aparecer como novidade.

Não será fácil vertebrar esse antitudo. Em 2018 naufragou, apesar da torcida. Talvez porque sua melhor aposta fosse o PSDB, ele próprio atingido pela marcha do lavajatismo. Mas convém não subestimar. Agora são vários candidatos "contra os extremismos”, desde o ainda tucano João Doria até a franjinha do PT ansiosa por livrar-se da liderança de Lula. Passando por Luciano Huck e por um Ciro Gomes cada vez mais disposto a bater nos outrora aliados.

Diz a sabedoria política: mais que para eleger alguém, a pessoa sai de casa no dia da eleição para derrotar alguém. Principalmente num segundo turno. Daí a importância de monitorar em tempo real a temperatura dos vários anti. Dois parâmetros são úteis aqui: a taxa de rejeição de cada nome/partido e as simulações de segundo turno. É um erro achar que a distância das eleições diminui a importância dessa medição. É o contrário.

Que anti será hegemônico daqui a três anos? O vacilo na medição dessa variável costuma ser fatal. Ano passado, a campanha de Fernando Haddad parece ter acreditado por um momento que a ida de Bolsonaro ao segundo turno desencadearia a aglutinação de um amplo movimento democrático antibolsonarista. Não rolou. O antipetismo mostrou-se bem mais forte. Pelo menos, Haddad teve um final digno. Não foi o caso do massacrado centrismo antiextremista.

Registre-se que na história do Brasil frentes da esquerda com os liberais só existiram com sucesso quando os primeiros aceitaram a liderança dos segundos. #ficaadica

É corajoso, e curioso, que as mais animadas articulações políticas opositoras apostem exatamente no que deu errado na eleição. Na esquerda, a frente ampla não programática. Na direita e no autonomeado centro, a advertência contra o risco de supostos extremismos. Talvez essa coragem se pague, mas por enquanto é visível a dificuldade de os atores concordarem em qualquer coisa que não seja a vontade de chegar ao poder só surfando na rejeição alheia.

Mas, se isso deu certo para o presidente por que não daria certo contra ele? Aliás, o fato mais vistoso da conjuntura é a agitação dos que apoiaram Bolsonaro contra o PT e agora conspiram a céu aberto para tentar se livrar dele. Exibem músculos na opinião pública, mas falta-lhes rua. Quem poderia fornecer? A esquerda. Mas esta não parece especialmente motivada, ainda, a injetar o combustível político indispensável aos algozes de tão pouco tempo atrás.

Pode ser também a Lava Jato. Daí as piscadelas cada vez mais explícitas, a pretexto de não deixar morrer a luta contra a corrupção. A dificuldade? A relação íntima do bolsonarismo com o lavajatismo. E como Bolsonaro não nasceu ontem, vetou sem medo de ser feliz um monte de coisas na Lei de Abuso de Autoridade. E seu indicado à Procuradoria Geral da República já estendeu o tapete vermelho à turma de Curitiba, lato sensu


Alon Feuerwerker - Análise Política

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Caso Epstein cada vez mais bizarro: Bill Clinton, Bill Gates… - Veja

O quadro do ex-presidente americano vestido de mulher que o milionário suicida tinha na mansão em Nova York é mais um detalhe inacreditável


Se você é um milionário americano que gosta de cortejar outros ricos e poderosos, tipo Bill Clinton, o que faria?
Colocar seus Boeings a serviço dele? 
Certamente. Levar o ex-presidente, notório pelas aventuras sexuais, à sua ilha particular lotada de beldades adolescentes? Sem dúvida.
Ter um retrato dele travestido de mulher, com cara de chapado e, ainda por cima, um vestido azul – inevitavelmente ligado ao caso do traje de Monica Lewinsky, guardado como prova do sêmen derramado – já entra no campo da bizarrice.

E isso é tudo o que não falta na vida e, principalmente, na morte de Jeffrey Epstein, que se suicidou ou foi suicidado na mais difícil das circunstâncias: sentado no chão de sua cela no Centro de Correção Penal de Nova York, com um lençol no pescoço. A ação penal contra ele era a mais famosa do momento nos Estados Unidos: tráfico sexual, um jeito encontrado por promotores federais de Nova York de aumentar a punição ridícula que o milionário, com seu harém de menores de idade recrutadas nos Estados Unidos e em países do leste europeu, havia recebido.
Epstein já tinha sido encontrado semidesfalecido, na cela, com hematomas no pescoço. Foi colocado e, atenção, retirado, do regime especial para suicidas em potencial (com estrado de cama em aço fundido no chão, lençóis de papel e outros recursos de prevenção).

O companheiro de cela dele foi retirado um dia antes do suicídio. Os guardas que deveriam fazer uma inspeção visual a cada trinta minutos, dormiram por três horas seguidas. Depois, tentaram alterar as gravações que mostram sua negligência. Não deu muito certo.  O diretor e a vice-diretora do Centro de Correção Penal foram afastados enquanto o FBI investiga a inacreditável – literalmente – sequência de erros. É preciso um esforço bem grande para acreditar que tenham sido cometidos ao acaso.
E dá para aceitar que numa dependência do sistema penitenciário de Nova York, a cidade onde desde o Onze de Setembro não se mexe uma folha de árvore sem que seja registrado, não havia uma câmara na cela do prisioneiro mais famoso dos Estados Unidos?
Com tantas pontas soltas, a maior dúvida ainda é: quem era Jeffrey Epstein? Como ficou tão rico, chegando à marca do um bilhão de dólares, fortuna reduzida para “apenas” 550 milhões quando seu castelo começou a cair?
E como conseguiu manter contatos no alto mundo, mesmo depois que sua ficha sujíssima se tornou conhecida?

Uma das recentes, e espantosas, revelações recentes: o multibilionário Bill Gates, o gênio discreto hoje afastado do dia a dia da Microsoft, discutiu “assuntos filantrópicos” em “diversas ocasiões” com Epstein.
É um mistério imaginar o que poderia aproximar o santo Gates, o maior filantropo do mundo, de um sujeito que fazia trambiques com o dinheiro dos outros outra revelação do momento -, transportava famosos no “Lolita Express”, o apelido de seu Boeing, para orgias na sua ilha do Caribe e recrutava meninas a partir dos 14 anos para seu harém.
O retrato de Bill Clinton, fazendo pose de Tio Sam safado, em pleno Salão Oval, foi fotografado por uma empresária que conheceu a mansão de Epstein em Nova York, a maior da cidade.

SALTO ALTO
A mulher, não identificada, passou o flagrante para o tablóide inglês Daily Mail. Ela disse que vislumbrou o quadro durante uma visita, em 2012. Ficou chocada com “a pintura muito provocadora, sexual” do ex-presidente, com sapato vermelho de salto e “a mão numa posição esquisita”.
Detalhe perverso: o vestido é muito parecido com um usado por Hillary Clinton num jantar de gala.
(...)

Ah, sim: o juiz encarregado de uma das ações penais contra Epstein morreu no domingo. Não foi exatamente uma surpresa, pois tinha 96 anos. Mas quem ainda acredita em coincidências nesse caso?


Blog Mundialista -  Vilma Gryzinski - Veja



quarta-feira, 27 de março de 2019

O pesadelo do sono de Bolsonaro

Presidente que dorme mal acorda irritado, Bill Clinton tomou jeito, mas a soneca de Churchill era sagrada


Foi o presidente Jair Bolsonaro quem contou. Durante uma de suas internações os médicos conferiram a qualidade do seu sono e registraram 89 breves alterações por hora. Nas suas palavras: "Um recorde. Os médicos disseram: 'Como é que você consegue raciocinar?'".  Sono é assunto sério. Donald Trump diz que dorme de quatro a cinco horas por dia num quarto onde tem três televisões. Talvez isso explique muita coisa. Os primeiros meses da Presidência de Bill Clinton foram uma calamidade. Irritava-se, não conseguia prestar atenção nos outros. Era a noite maldormida. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill regulava com o horário de Trump, mas sua soneca da tarde era sagrada.
Em dezembro do ano passado Bolsonaro sentiu-se mal porque se confundiu com os medicamentos e teve uma sonolência. Dormindo pouco, ou mal, ele compromete seu desempenho nas horas em que fica acordado, sobretudo se tiver um celular à mão. Nesse caso, o disparador de mensagens produz no meio político o efeito letal do revólver que mantém ao alcance mesmo quando está na cama.  Desde que entrou no Planalto, Bolsonaro descumpre uma das normas que regem o funcionamento do prédio. Ele se destina a diminuir o tamanho dos problemas. Alguns presidentes, como Fernando Henrique Cardoso e Lula, foram amortecedores de encrencas e crises. Nos seus 16 anos de poder a crise entrava no palácio e saía menor. Outros, como Dilma Rousseff e João Figueiredo, foram propagadores de dificuldades. Ambos perderam o controle de seus governos.

À primeira vista, Bolsonaro continua em campanha. Isso explica que vá a Washington condenar o "antigo comunismo" e que tenha obrigado o presidente chileno, Sebastián Piñera, a considerar "infelizes" algumas de suas opiniões. Campanha é assim mesmo, quanto mais tensão se puser na mesa, melhor, sobretudo numa disputa como a eleição brasileira do ano passado.  Governo é outra coisa e Bolsonaro sabe que a campanha terminou, mas procura afirmar-se produzindo tensões. À falta do "antigo comunismo", não tendo Lênin nem Fidel Castro para desafiar, encrencou com Rodrigo Maia. Ganha um fim de semana em Cuba quem souber por que ele se desentendeu com o presidente da Câmara. [comentário 1: a encrenca começou quando o Rodrigo Maia resolveu tomar a frente da oposição ao governo Bolsonaro, mas por trás do palco - fingindo ser pró quando é contra;

o primeiro aborrecimento surgiu quando Maia criou uma Comissão para estudar o pacote de Moro - atraso de 90 dias, prorrogável, com risco de refletir também no andamento da reforma da Previdência - e Bolsonaro percebeu que ele fingia empurrar quando na realidade puxava para trás.


O mais grave é que a oposição sistemática ao nosso presidente Bolsonaro - por grande parte do Congresso (notadamente a Câmara, vide votação relâmpago de ontem à noite), grande parte da imprensa, parte do Senado e os adeptos do 'quanto pior, melhor' - faz lembrar Collor.

Que também tentou governar sem o Congresso e confrontando a 'velha política', fizeram uma oposição danada e conseguiram razões para seu impeachment;
Bolsonaro é um pouco mais complicado de derrubar, o governo pode até ainda estar travado, mas não conseguiram e não  vão conseguir motivos para seu 'impeachment'.

Com Collor foram bem sucedidos, conseguiram arrumar pretextos para acusá-lo de corrupção, crime de improbidade, sobras de campanha e com isso foi acusado de 'crime de responsabilidade' etc - pretextos, visto que Collor foi absolvido pelo Supremo das acusações - com Bolsonaro a coisa é mais dificil, até agora não conseguiram acusá-lo, apesar de algumas tentativas fracassadas, de nenhum ato de improbidade, roubalheira, etc.

Tentaram atingi-lo,  via seus filhos - o caso Queiroz é o mais evidente - mas, nada conseguiram. Seus filhos podem até atrapalhar o governo mais que ajudar, são aloprados, mas nada desonesto foi provado contra eles.

E, caso algo fosse encontrado algo contra os filhos do presidente, o CPF de cada um deles é diferente do CIC presidencial.]

Há duas semanas anunciou-se que o presidente da República teria um almoço com os presidentes dos dois outros poderes para um encontro harmonizador. Não era bem assim. O que poderia ter sido uma conversa de três pessoas virou um churrasco ao qual compareceram 15 ministros. Uma assembleia geral, enfim. Maia não reclamou, mas registrou. Fabricar tensões é mau negócio para governante. Como ensinou Tancredo Neves, presidente tem que dar as cartas, não pode ficar o tempo todo embaralhando-as.

Nos últimos meses Jair Bolsonaro teve uma vida dura, com um atentado, três cirurgias e longas internações. Em poucos meses passou pela tensão da montagem do governo e, desde janeiro, chefia uma equipe que pretende mudar a estrutura e os métodos da administração. Em alguns setores, como nos ministérios da Agricultura e da Infraestrutura, a coisa está funcionando. Em outros, como na Educação, o clima é de gafieira. [comentário 2: a Educação tem conserto, basta demitir o atual ministro, nomear um outro - pessoas competentes e BRASILEIROS não estão faltando e começar a trabalhar.

Bolsonaro teve umas quatro ou cinco ideias ruins, desde que foi eleito, uma das piores foi nomear o Velez.]
Quando os médicos de Bolsonaro surpreenderam-se com a má qualidade do seu sono, eles sabiam do que estavam falando. Uma das consequências mais mencionadas desse distúrbio é a irritabilidade. Pode parecer bobagem, mas David Gergen, conselheiro de Bill Clinton, contou que as coisas melhoraram quando o presidente passou a dormir direito.


Elio Gaspari, jornalista - O Globo


terça-feira, 6 de novembro de 2018

É a sociedade digital, estúpido!

O capitão cristão fortaleceu-se na internet como oposição ao ‘sistema’

Após vencer a Guerra do Golfo, Bush era favorito absoluto para ganhar as eleições de 1992 contra o desconhecido governador de Arkansas, Bill Clinton. O marqueteiro de Clinton, James Carville, apostou que, com a economia em recessão, Bush não era invencível e cunhou a frase que explicou o resultado: “É a economia, estúpido!”.

Bolsonaro é um case de marketing. Candidato pelo então minúsculo PSL, sem apoio dos partidos tradicionais, sem dinheiro, criticado de forma contundente pela maioria dos acadêmicos, artistas e veículos de comunicação (nacionais e internacionais), com acesso ínfimo ao horário eleitoral e, ainda, em claro confronto com a “ordem” vigente (ideológica, econômica e política), venceu com 57,8 milhões de votos. O sociólogo espanhol Manuel Castells, estudioso dos movimentos sociais na era da internet, diz, há anos, que o modelo democrático conservador está esgotado. A indignação começa nas redes sociais e transborda para as ruas e urnas. De fato, em 2013, cerca de 1,3 milhão de pessoas protestaram no asfalto externando a insatisfação popular que já era evidente na internet. O reflexo nas urnas demorou, mas chegou…

À época, inúmeras raposas da política brasileira disseram que os interesses eram difusos e que faltava uma “causa” aos manifestantes. Ignoraram grande parte das infinitas razões do descontentamento. Bolsonaro até então um deputado inexpressivo, com posições e frases polêmicas —, ao contrário, viajou pelo Brasil e pelo mundo virtual, personificando a insatisfação social “contra tudo e contra todos”. Conforme pesquisa da FGV, 78% dos brasileiros não confiavam nos políticos e nos partidos. Por outro lado, a sociedade confiava nos militares (45,8%) e na Igreja (61,5%). O capitão cristão fortaleceu-se na internet como oposição ao “sistema” enquanto os políticos discutiam como distribuir verbas dos fundos partidário e eleitoral, tempo de televisão e palanques nos estados. Alguns ainda defenderam colegas corruptos, que já estavam presos ou que deveriam estar.

A carcomida estrutura política brasileira desprezou a era digital: o Facebook do maior partido brasileiro em número de filiados, o MDB, é curtido por apenas 79.659 pessoas, enquanto o do Nas Ruas, criado pela sociedade civil, tem 770.075 curtidas. O PSDB coligou-se com o Centrão para tornar-se o “campeão” de minutos no horário eleitoral, mas morreu longe da praia. O seu Facebook tem 1,3 milhão de curtidas, enquanto o do movimento Vem Pra Rua Brasil possui mais de dois milhões. O PT, recriminado pelo rapper Mano Brown por “não falar a língua do povo”, também não se destaca na linguagem virtual. O seu Facebook tem 1,5 milhão de curtidas, praticamente a metade das 3,1 milhões do Movimento Brasil Livre, que se insurgiu contra o aumento das passagens em São Paulo. A título de comparação, o Facebook de Jair Bolsonaro é curtido por 8,7 milhões de pessoas…

Nas outras redes, não é muito diferente. O Twitter de Bolsonaro tem 2,3 milhões de seguidores contra 1,1 milhão de Haddad. No Instagram, os 6,8 milhões de seguidores de Bolsonaro superam a soma dos que seguem todos os outros recém-candidatos a presidente.  Os dados são relevantes, pois, no ano passado, em pesquisa da FGV, quase a metade dos entrevistados (49,5%) disse que se informa sobre política no Facebook, Twitter, WhatsApp, blogs e sites.

Nas campanhas eleitorais, nada será como antes de 2018. O país possui 139 milhões de internautas e 120 milhões de contas de WhatsApp. Existem 220 milhões de smartphones para 209 milhões de habitantes.  Na Grécia Antiga, a sociedade se reunia na Ágora, a praça do povo, para debater com os arcontes, embaixadores e generais. A cidadania agora é tratada nas redes sociais, às vezes à revelia do que desejam os partidos políticos, seus dirigentes e muitos dos que pensavam ter ingerência sobre o pensamento da sociedade brasileira.

Para os que ainda não entenderam como Bolsonaro venceu, sugiro adaptarem a frase do marqueteiro de Clinton, James Carville. É a sociedade digital, estúpido!

Gil Castello Branco, O Globo
 

sábado, 13 de outubro de 2018

O que explica a ascensão de Jair Bolsonaro, que quase levou a eleição no 1º turno

domingo, 16 de setembro de 2018

Generais: quando se sabe seus nomes algo estranho está acontecendo



Militares na política produzem anarquia



Houve um tempo em que se sabia o nome dos ministros da Educação e da Saúde. Depois, as pessoas tiveram que aprender a composição do Supremo Tribunal Federal e conheceram também a péssima opinião que alguns deles têm de seus colegas. Agora começa-se a aprender nome de generais. Há o Villas Bôas, o Mourão e o Augusto Heleno, e o presidente do Supremo Tribunal levou um quatro estrelas da reserva para sua assessoria. [general-de-exército Fernando de Azevedo e Silva.] 

Mau sinal. Faz tempo, quando o presidente Ernesto Geisel decidiu promover Jorge de Sá Pinho a general de Exército, um curioso perguntou-lhe quem era ele.  — É um grande oficial, e a prova disso é que você não sabe quem é.  (Em 1984 Sá Pinho foi um dos generais do Alto Comando que impediram aventuras contra Tancredo Neves, mas pouca gente se deu conta.)

Quando se sabe o nome de generais, algo estranho está acontecendo. Felizmente dois dos notáveis de hoje estão na reserva. Nada a ver com o tempo em que comandantes de guarnições metiam-se em política. Em 2014 o general Hamilton Mourão comandava a poderosa tropa do Sul e meteu a colher onde não devia e perdeu o comando. Pouco se falou do episódio que em outros tempos abriria uma crise. Ele mesmo reconhece que “andei extrapolando o tamanho da minha cadeira, e a autoridade do comandante não pode deixar de ser exercida”.

Quando a confusão é enorme, tende-se acreditar que a entrada dos militares na cena política é um remédio de última instância. Não é. Quando os militares ocupam a cena, acaba uma confusão e começa outra, a da anarquia militar.  Um golpe derrubou D. Pedro II em 1889 e, dois anos depois, o vice-presidente marechal Floriano Peixoto soprou o presidente marechal Deodoro da Fonseca para fora do palácio. Floriano governou até 1894, esmagou duas rebeliões militares e fuzilou um marechal.

Durante o tumultuado regime constitucional que foi de 1946 a 1964 ocorreram quatro revoltas de generais. O consulado militar outorgou-se o primado da ordem e, mesmo com censura e AI-5, as revoltas também foram quatro: 1965, 1968, 1969 e 1977. Noves fora o Riocentro, de 1981. Por maior que seja a confusão existente, quando se chama os militares para botar ordem no circo, cria-se outra confusão, que nem eles são capazes de prever. [será?] O projeto de ordem de 1964, com o general Humberto Castelo Branco à frente do processo, durou exatamente 12 horas.

As 12 horas do general francês
No início da noite de 30 de março de 1964 nem o general Olímpio Mourão Filho sabia que derrubaria o presidente João Goulart. Só durante a madrugada de 31 é que ele disparou telefonemas anunciando que se rebelara.  Havia diversas conspirações em curso, mas nenhuma delas estava associada a Mourão, cuja tropa era despicienda. Às oito da manhã o general Amaury Kruel, comandante das guarnições de São Paulo, recusou-se a entrar naquilo que chamou de a “quartelada do senhor Mourão”.

No fim da noite, Kruel entrou e decidiu a parada. Restava a João Goulart a tropa do Rio, mas ao longo da manhã ela derreteu. Às 13h do dia 1º de abril o general Castelo Branco telefonou a um amigo dizendo que o levante estava vitorioso.  

Castelo, um general de tintas francesas, prestígio militar e tradição legalista, comandava o Estado-Maior do Exército e parecia ser o chefe da nova ordem.

Na juventude, Castelo e Kruel haviam sido amigos, mas desentenderam-se durante os combates de Monte Castelo, na Itália. Faltou pouco para que o “Alemão” encestasse “Tamanco”. Nunca voltaram às boas.  Kruel tinha um inimigo no quartel-general, mas tinha também um amigo, o general Arthur da Costa e Silva, inexpressivo e mal falado, porém, audacioso. Nas horas em que tudo confluía para a sagração de Castelo, os dois entenderam-se.

Por volta das seis da tarde, Costa e Silva estava na sala de Castelo com o general Ernesto Geisel e saiu para dar um telefonema noutro lugar. O tenente-coronel Leônidas Pires Gonçalves, que saía de um banheiro, assistiu ao seguinte diálogo entre Geisel e Costa e Silva:  — Por que o senhor não vai assumir o I Exército (atual Comando Militar do Leste)?
— Eu vou assumir essa coisa toda, respondeu Costa e Silva. (A “coisa” vai por conta do cavalheirismo de Leônidas.)

À 1h da madrugada do dia 2, 12 horas depois do telefonema comemorativo da vitória, Geisel redigiu uma nota informando que “o excelentíssimo senhor general Arthur da Costa e Silva” assumira o comando do Exército. Passados dois anos e uma revolta militar, ele emparedou Castelo e tornou-se presidente. Em 1968, emparedou-se noutra revolta e baixou o Ato Institucional nº 5.
Em março de 1964 muita gente achava que era preciso tirar os militares dos quartéis, mas ninguém pensava que a República acabaria na mão de Costa e Silva, nem ele.

(...)
 
Aula de conduta
Diante da frenética corrida dos médicos à cabeceira de Jair Bolsonaro (foram cinco), vale a lembrança de um episódio ocorrido em 2014.
O cirurgião americano Wayne Isom estava de férias quando recebeu um telefonema. Era um colega chamando-o para uma operação e deu-se o seguinte diálogo:
— Estou de férias.
— Mas é uma pessoa muito importante.
— Todos os pacientes são importantes, mas eu tenho que jogar golfe às 9h.
— Mas eles querem você. (Isom era o mais renomado cirurgião cardiovascular do país.)
— Quem é?
— Não posso te dizer, é uma pessoa importante.
— Se você não pode me dizer, vou jogar meu golfe.
Isom indicou um nome e foi em frente. O ex-presidente Bill Clinton foi operado com sucesso.



MATÉRIA COMPLETA, Elio Gaspari, jornalista, O Globo



terça-feira, 1 de maio de 2018

Moro pede esclarecimentos sobre ganhos de empresa de Lula



Ex-presidente pediu liberação de recursos bloqueados para gastos com defesa

Nesta segunda-feira, o juiz Sergio Moro determinou que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstre a origem lícita dos recursos que ele mantém em fundos de previdência. Em despacho nesta segunda-feira, o juiz diz que a defesa atribuiu os valores - R$ 7,1 milhões em plano de previdência empresarial e R$ 1,8 milhão em plano de previdência individual - a ganhos da empresa de Lula "sem esclarecer a origem remota, o que seria".

Moro pediu explicações depois que Lula solicitou liberação de recursos bloqueados para que possa pagar os gastos relativos às suas despesas com a defesa em oito ações penais em curso na Justiça Federal de Curitiba e do Distrito Federal. A empresa de Lula é a LILS Palestras, que, entre 2011 e 2014, recebeu R$ 9,5 milhões de empreiteiras do cartel da Petrobras - Odebrecht (R$ 3 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 2,1 milhões), Camargo Corrêa (R$ 2 milhões), Queiroz Galvão (R$ 1,2 milhão) e OAS (R$ 1,1 milhão).
Os pagamentos feitos pelas empreiteiras à LILS Palestras e as doações ao Instituto Lula são alvo de investigações da força-tarefa da Lava-Jato.  Entre 2011 e 2014, o Instituto Lula recebeu R$ 15,1 milhões doados por quatro empreiteiras - Camargo Corrêa (R$ 4,7 milhões), Odebrecht (R$ 4,6 milhões), Queiroz Galvão (R$ 3 milhões), OAS (R$ 2,7 milhões) - e R$ 2,5 milhões do grupo J&F.

Alexandrino Alencar, executivo do Grupo Odebrecht, afirmou que o primeiro objetivo da empresa foi conseguir "um projeto que pudesses remunerar o ex-presidente Lula face ao que ele fez durante muitos anos para o grupo", de forma lícita a transparente. Segundo ele, o valor de US$ 200 mil foi estabelecido com base na quantia cobrada pelo ex-presidente dos Estados Unidos,  Bill Clinton.  Alencar disse que essa prática é comum e que, com o andamento das palestras, a empreiteira percebeu que a presença de Lula abria oportunidade de negócios para empresários brasileiros fora do Brasil. Segundo ele, Lula nunca falava da Odebrecht - o que mostrava postura política e não empresarial.  Ele negou que Lula interferisse por negócios da Odebrecht ao visitar mandatários de outros países.

Por decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, as delações da Odebrecht foram retiradas do juiz Sergio Moro por não terem vínculo direto com a Petrobras. Além dos fundos de previdência, foram bloqueados também R$ 606 milhões em contas bancárias do ex-presidente. A ação da 1ª Vara de Execução Fiscal de São Paulo determinou bloqueio de R$ 1,280 milhão de contas da LILS e R$ 24,1 mil do Instituto Lula.  A defesa de Lula pediu ainda a liberação de 50% dos valores, que pertencem à meação com dona Marisa Letícia, que faleceu no ano passado. Moro determinou que o espólio ingresse com embargos para demonstrar o direito dela sobre os bens bloqueados. Nos imóveis bloqueados Moro já havia ressalvado que o bloqueio valia apenas para 50% do valor.  Os bens de Lula foram também bloqueados, em março passado, pela 1ª Vara de Execuções Fiscais da Justiça Federal de São Paulo.

O Globo