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domingo, 14 de novembro de 2021

A Polícia Progressista On-Line está de olho em você - Revista Oeste

Pedro Henrique Alves
 

Quem gosta de unanimidade vigilante e harmonia forçada são os ditadores

Assistimos recentemente a mais um cancelamento público orquestrado pelo que pode ser chamada PPO (Polícia Progressista On-Line). É como uma versão atualizada da Gestapo, só que agora com purpurinas, arco-íris, linguagens neutras e engajamento no TikTok, Twitter e Instagram.
Maurício Souza | Foto: Montagem Revista Oeste/Divulgação Maurício Souza | Foto: Montagem Revista Oeste/Divulgação

O jogador de vôlei Maurício Souza vejam só que ousadia expôs a sua opinião acerca do novo Superman da DC. O super-herói agora também virou um superambientalista, e superbissexual. Ao que tudo indica, além desse crime terrível de ter opiniões divergentes e de criticar pautas à esquerda, o jogador também cometeu a atrocidade imperdoável de ser um antigo apoiador do presidente Jair Bolsonaro e um confesso defensor de certas ideias tradicionais.

Ou seja: não houve crime algum. E nem com muito esforço retórico e má vontade jurídica seria possível tipificá-lo como “homofóbico” por discordar da instrumentalização do personagem da DC. Sinto muito dizer isso, mas, se você acha que criticar a instrumentalização do Superman pela patrulha ideológica ou não concordar com a linguagem neutra são atos criminosos, o autoritário aqui é você.

Essa situação está se tornando tão bizarra e ilógica que até comentaristas do espectro à esquerda, como Kirsten Powers, da CNN americana, estão ficando assustados. Em seu livro The Silencing: How the Left Is Killing Free Speech, ela diz: [Olhando] pelas lentes estreitas e intolerantes [dos militantes] da esquerda radical, discordância é violência. Ofendê-los se assemelha a uma agressão física” (tradução livre, p. 70).

Liberdade de expressão significa justamente ter de conviver com opiniões diversas, muitas das quais até mesmo ofensivas. Se formos opinar apenas com palavras que não ofendam absolutamente ninguém, então acabaremos todos mudos. Se só formos dialogar com quem pensa estreitamente dentro de um limite ideológico preestabelecido, então acabaremos sozinhos em nossos porões existenciais. Quem gosta de unanimidade vigilante e harmonia forçada são os ditadores. Fica, então, o spoiler para os tiranetes de marshmallows: autoritário mesmo é calar a boca de opositores para não ter de conviver com ideias contrárias.

Cada vez mais, atitudes autoritárias ganham ares e contornos de normalidade social

Como diz o filósofo americano Jonah Goldberg em O Suicídio do Ocidente: “De fato, a liberdade de expressão não é apenas emocionalmente dolorosa; ela é uma ameaça à hegemonia ideológica. A política identitária sempre esteve relacionada à política e à psicologia do poder. Ao insistir em que algumas perguntas não podem ser feitas e algumas ideias não podem ser contempladas, o novo clero está exibindo seu poder. Toda noção de criar ‘espaços seguros’ deve ser entendida como esforço para controlar certos campos da batalha na guerra cultural” (p. 234).

Quem acredita que criticar uma ideologia seja um crime é um ditadorzinho enrustido. Não se trata aqui de achar que a liberdade de expressão seja irrestrita, sem limites jurídicos nem criminais. Cada um é responsável pelo que diz. Se danos forem causados pela exposição de uma crítica, a análise e o julgamento devem ser submetidos a uma apreciação legal, e não ao tribunal de exceção no Twitter.

Cada vez mais, atitudes autoritárias ganham ares e contornos de normalidade social. Por exemplo, na terça-feira 2 de novembro, o perfil do Instagram da Revista Oeste compartilhou meu ensaio da Edição 84, Pequenos ditadores. Nele, desenvolvo uma reflexão crítica sobre a prostituição da ciência patrocinada pelos politiqueiros de carreira e jornalistas engajados. Lá, mostro como a ciência, quando transformada em uma religião inerrante, acaba se tornando a desculpa fundamental para abissais desumanidades políticas.

Quando fui compartilhar o post, o Instagram mostrou-me uma placa de alerta de radioatividade de opiniões contrárias que dizia: “Verifique se as informações são confiáveis antes de compartilhar”. Ao que parece, minha opinião não estava naquele hall de ideias boas e “confiáveis”. Pior ainda, eu havia falado de vacinas sem a permissão expressa da PPO, do governador João Doria e da Rede Globo.

Neste ano, quando ainda tinha um perfil no Facebook, a rede social me notificou por uma antiga postagem. Nela, eu tinha colocado a imagem de um aborto real, com algumas tarjas para encobrir o assassinato ali exposto. De fato, era chocante, e essa era exatamente a ideia: chocar com a própria realidade. No aviso da rede, os moderadores me falavam que aquela imagem feria as políticas do Facebook, pois era extremamente exposta, e que minha conta sofreria sanções e emudecimentos a partir daquele instante. Achei melhor pedir para sair daquela rede.

O duplo padrão é óbvio, e o cerceamento, evidente. A plaquinha do Instagram pode parecer algo inofensivo. Mas no fundo é uma tomada de espaço social e político do indivíduo, uma espécie de adiantamento de interpretação. Um pop-up de ideias “possivelmente erradas” já é uma tomada de lado. Tal julgamento, em sociedades maduras e livres, é uma atitude individual inalienável. A mentalidade profunda que jaz em uma plaquinha de “alerta para verificação de conteúdo” é que você pode ser lerdo demais ou não suficientemente maduro para filtrar as ideias que receberá naquele artigo, ou vídeo, etc. O que são os “checadores de notícia” se não a terceirização do julgamento individual, além de um atestado coletivo de incapacidade intelectual para interpretação e percepção da realidade?

O que deve ficar claro, entretanto, é que o problema não é exatamente o conteúdo compartilhado em si, mas, sim, as ideias políticas que sustentam tais postagens, bem como quem as vocaliza. Se você for progressista e um radical “do lado certo”, tipo o José de Abreu, você pode cuspir no rosto de uma mulher, pode até ameaçar de espancamento uma deputada. Nada irá acontecer no tribunal do Twitter. A PPO ficará imóvel.

Mas, se você for conservador, então basta criticar a sanha ideológica militante da DC Comics e a linguagem neutra, basta expor uma ideia que diverge da liturgia oficial para que sua carreira profissional, vida pessoal e sustento financeiro sejam completamente arruinados diante dos aplausos efusivos das mídias e redes sociais. Peter J. Hasson, em Os Manipuladores: a Guerra do Facebook, Google, Twitter e das Big Techs Contra a Direita, resumiu bem esse anacronismo de José de Abreu: “Quando você acredita que o discurso contrário ao seu ponto de vista é uma forma de violência, você pode justificar a violência real, ou a censura, como uma questão de autodefesa” (p. 25).

O mesmo autoritarismo de outrora
O pós-modernismo é o renascimento da velha tirania. Como dizem Helen Pluckrose e James Lindsay (liberals sinceros, isto é, progressistas raiz) em Teorias Cínicas: “Dependendo do ponto de vista, o pós-modernismo se tornou ou deu origem a uma das ideologias menos tolerantes e mais autoritárias com que o mundo tem tido de lidar desde o declínio generalizado do comunismo e os colapsos da supremacia branca e do colonialismo” (p. 8).

Após um século de ditaduras sanguinárias e genocídios dantescos, todos eles iniciados unilateralmente a partir da supressão de ideias opositoras, da criminalização de pensamentos e pontos de vista diversos, voltamos a praticar tais atos antiliberais com uma roupagem nova, glitters retóricos, novos salvadores sociais e discursos políticos de inclusão. Mas o que realmente está por trás dessa maquiagem altruísta são os filhos remanescentes das ideias tirânicas e atitudes autoritárias do século 20.

Aqueles que deviam guardar o acervo de liberdade do Ocidente resolveram ser meretrizes do poder. Em troca da liberdade de seus netos, escolheram os louvores dos abutres do momento. É tão vergonhoso quanto assustador assistir à derrocada das liberdades fundamentais dos indivíduos e testemunhar a olho nu o esfolamento público da liberdade de expressão em todos os seus níveis. Piora muito ainda se pensarmos que tudo está seguindo esse curso funesto sob a bênção da Suprema Corte, e diante dos olhos impassíveis dos homens das redações.

O absurdo, o socialmente inaceitável se verteu em abnegação progressista, em heroísmo moderno. Excluem do debate em nome do diálogo, calam opositores em nome da liberdade, cancelam divergentes em nome da inclusão. O progressismo é o mesmo autoritarismo de outrora. Mudaram os discursos, as cores dos uniformes e bandeiras, as marchas e até as justificativas. Mas a mentalidade ditatorial se mantém a mesma.

Os cancelamentos promovidos pelos militantes progressistas, assistidos e catequeticamente seguidos pelas grandes empresas (tais como Fiat e Gerdau), são cada vez mais radicais.  
O que antes era isolamento e exclusão das redes, agora começa a ser linchamento virtual e pressões públicas para demissões. 
Em suma, involuímos, para a real inviabilização do sustento daqueles que expõem ideias que não se encaixam no index político-religioso dos novos salvadores sociais.

É bizarro assistir, de novo, ao início de tais ideias, políticas e leis antiliberais, principalmente porque sabemos aonde tudo isso vai findar. Não se trata de ter pensamentos apocalípticos, ser conspiracionista ou qualquer coisa do tipo. Mas, se tivermos o mínimo de senso histórico, e a capacidade razoável de entender o conceito de causa e efeito, perceberemos que o que se desenha hoje em nosso horizonte é a semente daquilo que colocou a sensatez política e a humanidade de quatro no século passado. Estamos realmente preparados para enfrentar de novo os fantasmas do século 20?

Leia também “A repressão identitária”

Pedro Henrique Alves, colunista - Revista Oeste

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O caso Maurício Souza e a banalização do crime de homofobia - Gazeta do Povo

Thaméa Danelon

Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) criminalizou a homofobia, ou seja, este delito não foi criado pelo Poder Legislativo — deputados federais e senadores — sendo esta a instância competente para definir novos ilícitos penais.  De acordo com o artigo 1º do Código Penal, “não há crime sem lei anterior que o defina; não há pena sem prévia cominação legal”; o que significa que só existirá crime quando houver uma lei que estabeleça esse delito, e, do mesmo modo, que fixe a respectiva pena; e somente o Poder Legislativo é o órgão competente para emitir uma lei.

Contudo, o Supremo inovou e criou o delito de homofobia, e justificou essa decisão ao afirmar que o Brasil é signatário de tratados internacionais de combate à homofobia, onde se obrigou a criminalizar essa conduta. Contudo, como o Poder Legislativo não criou esse crime, o Congresso estaria em mora, ou seja, estaria atrasado, e, por conta disso, a nossa Suprema Corte criou o ilícito penal de homofobia, e inseriu essa conduta na Lei 7.716/89, que define os crimes de preconceito. Assim, o crime de homofobia estaria equiparado, após a decisão do STF, aos crimes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Na minha opinião as condutas homofóbicas, ou seja, as que discriminam homossexuais deveriam sim ser criminalizadas, contudo, a forma correta de isso ocorrer seria através da edição de uma lei elaborada pelo Congresso Nacional, e não por meio de decisão do STF, pois além de violar o artigo 1º do Código Penal, o Supremo interferiu indevidamente, a meu ver, em outro poder.

- Jornalista sofre censura no YouTube e juiz define quem ele pode entrevistar    Entrevista em vídeo com o jornalista Fernando Beteti, especializado em saúde, que tem canal no YouTube com mais de 300 entrevistas com médicos, mas que vem sofrendo censura, tendo vídeos apagados pelo YouTube e não conseguiu garantir sua liberdade de expressão nem na Justiça. Um juiz de São Paulo deu sentença favorável ao YouTube, impedindo de entrevistar determinados médicos e de abordar certos assuntos que, eventualmente, a OMS não tenha como diretriz.         - O que faz e para que serve o Ministério Público

Pois bem, sobre a conduta do jogador de vôlei Maurício Souza, ela se insere no crime de homofobia? No meu entendimento não. O aludido jogador postou em sua rede social Instagram uma foto de um personagem em quadrinhos — o novo superman — beijando um outro homem, onde haveria sinalização, por parte da imagem, que este personagem seria bi ou homossexual.

Ao postar a referida foto, Maurício Souza escreveu a seguinte frase em sua rede social: “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”. Logo após esse post, o jogador foi taxado como homofóbico, e vítima de um cancelamento nas redes sociais, o que culminou em sua demissão do Minas Tênis Clube.

Contudo, na minha avaliação técnica e jurídica a “fala” do jogador não se caracteriza como crime de homofobia, pois ele não induziu ou incitou a discriminação ou preconceito aos homossexuais; 
- bem como não incentivou qualquer tipo de violência contra eles e nem praticou nenhuma das outras condutas previstas na lei de racismo, quais sejam: impedir acesso a qualquer cargo na administração direta ou indireta; em estabelecimento comercial; em escola; restaurante ou hotel; obstar promoção funcional; negar ou obstar emprego em empresa privada, dentre outras.

Assim, a fala do jogador se enquadra plenamente na liberdade de opinião, e na liberdade de expressão, que são direitos constitucionais assegurados a qualquer pessoa. [ops..... conforme decisões públicas e notórias tais direitos constitucionais, quando exercidos por apoiadores do presidente Bolsonaro, estão sujeitos a interpretações supressivas e Mauricio Souza é apoiador do capitão... desculpem a ressalva.] Na opinião de Maurício, pode-se extrair que não seria adequado divulgar referidas imagens em quadrinhos infantis, e muitos pais pensam da mesma forma, não se caracterizando, em hipótese alguma, o abominável crime de homofobia.

Este delito, como os de racismo e nazismo, deve ser fortemente combatido, mas jamais banalizado, pois se tudo é homofobia, nada é homofobia. Se tudo é racismo, nada é racismo
Condutas preconceituosas e discriminatórias devem ser severamente punidas, mas antes da realização desta punição, e de tentativa de cancelamentos, deve-se analisar de forma fria e técnica se de fato aquela fala, ou aquela frase se insere na lei dos crimes de preconceito, para que não hajam perseguições indevidas e injustificáveis contra pessoas que apenas estão dando sua opinião, sem discriminar ou ofender ninguém.

Thaméa Danelon, procuradora da República (MPF), colunista Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 30 de outubro de 2021

Maurício Souza ganha 1,5 milhão de seguidores

Maurício Souza ganha 1,5 milhão de seguidores = o jogador Maurício Souza parece estar investindo em uma nova profissão: a de influencer. As publicações de teor homofóbico feitas pelo jogador o fizeram saltar de 200 mil seguidores no Instagram para 1,7 milhões em menos de uma semana.
 
Na noite da última quinta-feira (28/10), quando atingiu 700 mil seguidores, Maurício publicou um vídeo agradecendo o apoio e jogando uma indireta. “Eu tinha 200 mil seguidores e agora tenho 700 mil. E, graças a Deus, eu não precisei ficar sambando em cima de cama, nem ficar desfilando na quadra para ganhar respeito e admiração de vocês".
 
As  publicações de teor homofóbico de Maurício causaram um atrito com Douglas, que criticou o ex-companheiro de seleção. "Engraçado que eu não virei heterossexual vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade pra sua heterossexualidade frágil. Vai ter beijo sim. Obrigado DC por pensar em representar todos nós e não só uma parte", publicou Douglas nas redes sociais.

Entenda o caso
A polêmica começou quando Maurício fez uma publicação no Instagram criticando o anúncio da DC Comics de que o novo Superman, filho de Clark Kent e Lois Lane, é bissexual. "A é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar...", comentou Maurício Souza, ao republicar a imagem de divulgação dos quadrinhos.

Após pressão dos patrocinadores, o Minas decidiu demitir Maurício. “Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sócio desportiva”, escreveu o time em nota.

Apoio da família Bolsonaro
Se por um lado Maurício foi condenado pelas publicações, por outro, recebeu bastante apoio, inclusive do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos. "Impressionante, né? Tudo é homofobia, tudo é feminismo", comentou o presidente em uma entrevista. Maurício Souza é um apoiador declarado de Bolsonaro e já foi recebido por ele no Palácio do Planalto.

Flávio Bolsonaro também defendeu Maurício. O senador afirmou que o jogador teria sido afastado "apenas por exercer o direito à liberdade de expressão", e pediu que os seguidores boicotassem a Fiat e Gerdau, que ele classificou como os responsáveis pela perseguição” ao atleta.

Mas o jogador não se intimidou. Maurício fez nesta semana uma nova publicação com o Super Homem, mas dessa vez em uma imagem onde o herói aparece beijando a Mulher Maravilha.

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA


domingo, 11 de agosto de 2019

A voz das ruas também cura supremos delírios - Blog do Augusto Nunes

Veja

Os gilmares, toffolis, lewandowskis e derivados estão confundindo a toga com a capa do Superman


Meia dúzia de bacharéis em Direito que viraram ministros do Supremo Tribunal Federal depois de escolhidos pelo presidente da República (e aprovados pelo Senado ao fim de uma sabatina com cara de chá de senhoras) imaginam que, embora os três Poderes sejam independentes, o Judiciário é mais independente que os outros. Na cabeça desses doutores em tudo especializados em nada, o Executivo e o Legislativo dependem do que dá na telha do único poder que não depende de nenhum e não obedece a ninguém.

Intercalando interpretações amalucadas de normas constitucionais, frases em Latim e citações impenetráveis de autores que leram na diagonal, os pedantes de toga fazem o diabo. A semana de trabalho tem três dias, o ano é obscenamente encurtado por recessos e feriadões, são cada vez mais frequentes as viagens internacionais (na primeira classe, ao lado da patroa e por conta dos pagadores de impostos), mas a turma encontra tempo para decidir o que é certo e o que é errado qualquer que seja o tema, principalmente se o desconhecem.

Os superjuízes liderados por Gilmar Mendes nunca negam fogo. Como lidar com homofobia, demarcação de terras indígenas, feminicídio? Eles sabem o que pode e o que não pode. Operações da Polícia Federal, atribuições do Ministério Público, desempenho de magistrados e policiais federais, pronunciamentos do chefe do Executivo, prisão em segunda instância  — perguntas sobre esses ou quaisquer outros assuntos encontrarão a resposta na ponta da língua do time que finge tudo saber o tempo todo.

Não faz tanto tempo assim que os ministros do Supremo eram escolhidos entre os melhores e mais brilhantes do mundo jurídico brasileiro. Também assolado pela Era da Mediocridade, anunciada pelo resultado das eleições de 2002, o STF foi ficando parecido com os vizinhos de praça. O estrago foi agravado pela consolidação do único critério que orientou o preenchimento de vagas na corte durante os governos de Lula e Dilma Rousseff: o escolhido deveria mostrar em seus votos que seria eternamente grato a quem o havia escolhido.  A virtual revogação das duas exigências impostas pela Constituição — um juiz do Supremo deve ter notável saber jurídico e reputação ilibada — escancarou a porta de entrada a figuras que falam demais, em linguagem muito estranha, e falam tanto que não sobra tempo para pensar. No momento, os semideuses de botequim se concentram numa irracional ofensiva destinada a emparedar os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, começando por Deltan Dallagnol, acuar o ministro Sergio Moro, livrar da insônia os bandidos de estimação e, supremo sonho do bando, tirar Lula da cadeia.

Por ignorar que a paciência da plateia acabou no momento em que aprendeu com a Lava Jato que todos são iguais perante a lei, a tropa de choque parece seguir acreditando que ninguém pode com o Supremo — que pode tudo, até  inocentar culpados e culpar inocentes sem que nada aconteça. Dias Toffoli, por exemplo, abriu um inquérito que tudo permite e transformou Alexandre de Morais no primeiro relator-detetive da história. Gilmar Mendes qualificou de “organização criminosa” o comando da Lava Jato e concedeu um habeas corpus perpétuo ao receptador de mensagens roubadas Glenn Greenwald. Para essa gente, não há limites para o absurdo.

“Japona não é toga”, lembrou em outubro de 1964 o então presidente do Senado, Auro Moura Andrade, a chefes militares decididos a atropelar a Constituição. Com quatro palavras, Auro ensinou que não cabia às Forças Armadas usurpar funções privativas do STF. Um general no papel de juiz é tão absurdo quanto um magistrado no comando de uma divisão de infantaria. [creiam: a composição do Supremo de hoje, torna mais seguro e confiável  um general no papel de juiz, do que um juiz comandando tropas.
Inclusive por não ser exigido dos ministros do STF que sequer sejam bacharéis em Direito.]  Pois chegou a hora de  inverter a ordem dos substantivos para adaptar a frase aos tempos modernos e obstruir o avanço dos oniscientes de araque.

Antes que ousem proclamar a Ditadura do Latinório, os doutores em nada precisam aprender que toga não é japona. A lição será assimilada em poucos segundos se for berrada em manifestações que a imensidão de descontentes está devendo a si mesma. Além de uma japona, os gilmares, toffolis, lewandowskis e similares andam enxergando na toga  a capa do Superman. Como para tantos outros, a cura para esses supremos delírios também está na voz das ruas.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Militância do IntercePT = 'o escândalo que encolheu' - Bolsonaro na estrada da reeleição

Chabu da Intercept lança Moro nos braços do País

Saiu pela culatra o tiro do site





Sinais indicativos observados em Brasília e nas diferentes regiões do território nacional (incluindo levantamentos de opinião pública feitos nos últimos dias por institutos de pesquisa), apontam para duas situações no desfecho mais que provável das manifestações de rua convocadas para este domingo, 30, com bandeiras contra a corrupção e em defesa da Lava Jato e de sua figura mais referencial e expressiva, o ex – juiz federal, Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e da Segurança Pública. Agora, peça central do embate político, ideológico e moral que se trava no Brasil.

A primeira situação praticamente já está desenhada – salvo alguma grande surpresa factual, improvável diante do que se vê e, principalmente, daquilo que foi entregue até aqui: saiu pela culatra o tiro do site The Intercept Brasil, do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, com a publicação de supostos diálogos e mensagens virtuais do ex-magistrado com o procurador Deltan Dallagnol, obtidas através de invasões ilícitas de celulares por hackers (ou seja lá quem for). Para usar uma linguagem mais típica e apropriada ao período dos festejos juninos que se encerram no Nordeste, o “estouro” pretendido pelos autores e possíveis beneficiários do escândalo, deu chabu.

A segunda situação do rol de expectativas, dentro da configuração atual do quadro político nacional, está à véspera de poder ser observada nos atos populares marcados para este domingo de final de junho para ficar guardado na memória: Sérgio Moro, o ex-magistrado condutor da maior e mais efetiva ação de combate a corruptos e corruptores da história brasileira, atual ministro da Justiça e figura política e administrativa de maior credibilidade, prestígio popular, além de integrante mais bem avaliado do governo (nas pesquisas realizadas até aqui), lançado, definitivamente, nos braços de um País. A conferir. [salientando que a fantástica, magnifica vitória obtida pelo presidente JAIR BOLSONARO, o traz de volta ao seu lugar - o primeiro -  e Moro assume de forma merecida, o segundo lugar.] 
 
Depois do desempenho marcante, da semana passada, na inquirição da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e de rápida passagem pelos Estados Unidos, onde fez visitas e contatos de conteúdo ainda não de todo conhecidos mas que estão deixando de cabelo em pé não apenas hackers invasores de computadores e de celulares de autoridades públicas – , Moro retornou, na quarta-feira à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, de onde deverá acompanhar, atentamente, os sinais que as ruas do Brasil mandarão para ele, neste domingo do fim de ardente junho.

No famoso Decálogo do Estadista, baixado por Ulysses Guimarães, Vocação é o segundo mandamento. Em seu enunciado está escrito: “O estadista nasce, é o encontro de um homem com seu destino. O estadista é um animal político. Fora da política é um frustrado, um ressentido, um infeliz, embora possa ter êxito em outras atividades. Ainda que pagando o preço ingrato de percalços, perigos e sofrimentos, confirma o acerto da definição de Alphonse Karr de que o segredo da felicidade é fazer do seu dever o seu prazer”. A cara de Sérgio Moro! Ou não? Responda quem souber.

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta
E-mail: vitors.h@uol.com.br

2022 está longe e está aqui. E isso é absolutamente normal

Jair Bolsonaro está na estrada reeleitoral


A eleição de 2022 já começou? A pergunta só tem significado se a premissa é que os políticos alguma hora, como se diz, descem do palanque. Aliás isso de “descer do palanque” tem um componente de estelionato. Dizer uma coisa na eleição e executar outra no governo. Apresentar ideias róseas ao povão e depois “fazer o que tem de ser feito”. Costuma acabar mal. Já começaram os debates entre os pré-candidatos democratas à Casa Branca, e o republicano Donald Trump também se lançou à reeleição. A urna só chega no fim de 2020. Ninguém reclamou. Criminalizar “campanha antecipada” é subdesenvolvimento. Idem o veto ao financiamento empresarial, troféu vistoso do proibicionismo burocrático.

Jair Bolsonaro está na estrada reeleitoral desde sua eleição, e isso não chega a ser um problema para ninguém. Aliás é um kit de sobrevivência, para ele. Mantém mobilizada sua base fiel enquanto resiste a dividir poder com o Congresso e arreganha os dentes para os empoderados Judiciário e Ministério Público, concorrentes dele na vida real.  Só uma coisa é razoável prever. O segundo turno em 2022, se houver, será entre um bolsonarista e alguém da esquerda. Daí a movimentação por um “bolsonarismo sem Bolsonaro”, por enquanto com João Doria e Luciano Huck, e a luta feroz de Ciro Gomes contra Lula e o PT. São só os primeiros episódios da série, já programada para quatro anos.

A missão de Bolsonaro é reter pelo menos uns 25-30% do eleitorado, para ser o líder eleitoral da direita. E se mantiver o tônus do antipetismo terá um trunfo contra o PT, ou alguém apoiado pelo partido, que continua bastante majoritário na esquerda. E se a economia não engrenar, mesmo com a reforma da previdência? Troca-se a política econômica.  Então qual é o problema? É que os adversários também sabem disso, e vão buscar toda brecha para lipoaspirar a popularidade e a força política presidenciais. A dificuldade para os concorrentes na direita é que o possível flanco frágil de Bolsonaro no povão, exatamente a política econômica de Paulo Guedes, também é 100% apoiada por eles. Complicado. [oportuno considerar que será de 2021 para 2022, com as bênçãos de DEUS,  que os primeiros efeitos do acordo de livre comércio MERCOSUL - UNIÃO EUROPEIA começarão surgir, com sinais positivos, incluindo geração de empregos e outras benesses para o Brasil e os brasileiros - fruto do ARREMATE dado pelo presidente JAIR BOLSONARO.]
A eleição de 2022 será competitiva, e um sinal é a lenta mas progressiva erosão do prestígio presidencial. Uma boa aposta para o porquê é a falta de resultados na economia. Se no levantamento CNI-Ibope a perda foi suave, na do Paraná Pesquisas é mais acentuada. 30,1% de Ótimo/Bom, 40,8% de Ruim/Péssimo, 51% de desaprovação, 43,7% de aprovação.

As promessas oficiais são que tudo vai melhorar com a reforma da previdência. Mas vozes já advertem: ela não é suficiente. E há o precedente da reforma trabalhista, a que segundo Henrique Meirelles criaria 6 milhões de empregos. Disso, por enquanto, nem sinal. Há boas explicações, mas aqui vale a regra: o que precisa ser explicado nunca é bom. [esses números positivos não consideram os resultados do acordo citado.]  Bolsonaro trabalha com uma variável-chave, já apontada por analistas. Os adversários em seu campo político precisam em algum grau ajudar o governo a executar seu programa. O Congresso, para se afirmar, assume o protagonismo das reformas. Bom para o presidente. Os governadores querem estender a reforma da previdência para os estados. Idem.

E a esquerda? Está jogando parada, e é prudente. Não faz sentido um enfrentamento aberto com o governo ainda forte, e cujo poder assenta-se em boa medida no assim chamado, por alguns, “Partido da Polícia”. E com um detalhe: sem se apresentar como alternativa imediata, a oposição deixa o entrevero correr solto do outro lado do campo.  Do “Seu” Domingos, que fechava a Primeira Página da Folha de S.Paulo na passagem dos anos 80 para os 90 do século passado: “Previsão não entra na minha Primeira Página. Aqui não noticiamos o que vai acontecer, pois se a gente fizer isso amanhã acontece o contrário.” Sempre lembro do Domingos quando aparece uma notícia de que “a crise acabou”.
Era previsível, e foi previsto, ser pouco provável um presidente popular aceitar tutelas. Acreditou no contrário quem quis. Tomar os desejos pela realidade é da natureza humana.
 
Alon Feuerwerker – alon.feuerwerker@fsb.com.br

Artigo 'Chabu da IntercePT...' transcrito do Blog do Noblat - Veja
O '2022 está longe e está aqui...' transcrito do site Análise Política 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

PT A FORÇA DESTRUIDORA



É o Superman? Não, é um ciclone! Não, é um foguete! Não, é um terremoto! Não, é o PT e afins com sua força destruidora maior do que qualquer cataclismo da natureza. Corram!

A velocidade com que este partido de incompetentes administradores do nosso bolso com sua ganância pelo poder conseguiram, tal qual a hecatombe que dizimou os dinossauros da terra, como nunca antes nesse país, destruir tudo que foi feito de bom ao longo de “seculum seculorum”, não tem similar na história.

Ao longo dos tempos, quando eram apenas uma pequena aguerrida gangue insuflando trabalhadores na busca de melhores condições sociais, conseguiram através de algumas conquistas, cooptar a classe operária, crente de que eles eram os verdadeiros líderes e representantes dos pobres e oprimidos.

Seus simpatizantes mais aguerridos e fanáticos foram inteligentemente colocados em quase todos os sindicatos representativos dos diversos trabalhadores, através de um discurso feroz do “eu contra eles”: Trabalhadores (?) contra os patrões e a elite burguesa, exploradores dos mais necessitados.
 
Durante anos almejaram o poder supremo da república através de um discurso e de um procedimento onde a negação a qualquer decisão do governo de plantão era (e é) rebatida sempre como um sonoro Não! Mesmo que a proposta fosse de altíssimo interesse do povo que eles sempre “juraram” defender. Nunca aprovaram nada que não fosse de acordo com seu projeto; até mesmo a tal Constituição Cidadã.

Através de uma política de promessas de fartura e benesses futuras aos mais necessitados conseguiram chegar aos píncaros do poder. Agora sim o Brasil – que nunca existiu – estaria salvo; a história seria recontada e a antiga Deusa da Fortuna romana baixaria nas terras de pindorama com todo o seu poder para fazer a distribuição do pão e do mel a todos os incautos, crentes e necessitados: E diziam que o Brasil chegará ao Olimpo - a morada dos deuses gregos.

Aproveitando-se dos ventos alísios da economia soprando suavemente sobre nosso território e vendo a fortuna reinante da época descendo como águas da cachoeira nos cofres da nação atacaram sem nenhum planejamento futuro a casa da moeda, tais como ratos famintos no queijo.

Distribuíram benesses em profusão sem se preocupar se os “agraciados” tinham as mínimas condições de assumir compromissos duradouros. Dívidas a perder de vistas e farta distribuição de cartões de crédito a quem não possuía condições de administra-los. Mas era um tempo de bonança. Ninguém estava preocupado com a gastança; apenas usufruir; o Brasil era a “Bola da vez” da economia.

Nada contra as pessoas terem a oportunidade de viver melhor. Realmente foi um período de bonança onde muitos adquiriram sua morada, seu veículo, viajaram e puderam conhecer outras civilizações aumentando, assim, sua visão do mundo. Naquela euforia consumista esqueceram que a fonte de recursos, sem nenhum controle e visão futura dos governantes, começava a secar rapidamente, deixando o povo completamente endividado. Quando perceberam que a situação econômica começava a se deteriorar, como de costume, os petistas e afins passaram a culpar “os outros” pelas mazelas crescentes.

Até então o povão iludido ainda acreditava nas esfarrapadas desculpas de quem assumiu o poder com a promessa de que nada mais seria como antes e que a transparência, a ética e a verdade seriam a tônica de sua administração. Mero engano. Foi quando a primeira bomba estourou nas mãos da petralhada com o Mensalão. De lá para cá a credibilidade dos vestais de cuecas começou a desabar.

Apesar das mentiras e promessas deslavadas da candidata conseguiram eleger a presidente. Euforia pouca. O petrolão, tal qual o meteoro que dizimou os dinossauros, caiu na seara das antigas vestais desnudando toda a safadeza oculta dos que se julgavam a cima dos mortais.

Roubalheira generalizada de bilhões de reais, proporcionada pelos “senhores da república” na busca de um projeto de poder permanente explode a cada dia, deixando os antigos senhores da verdade desesperados e tentando arrastar para o poço da desilusão todos que, um dia, chegaram a acreditar em suas promessas. O mais grave é que a nação paga e pagará por muitos anos a conta destes que um dia prometeram o paraíso na terra aos incautos e crentes. Sabemos que seja lá quem for que estiver no comando do governo não conseguirá reverter o prejuízo sem o sacrifício de todos. O que não podemos aceitar, de forma nenhuma, é a tentativa destes petralhas em suavizar seus desmandos tentando cooptar os ingênuos na esperança de dividir suas incompetências com eles.

Se tivermos de passar um período difícil que passemos; muitos países passaram por isto e se recuperaram. Mas não venham mais com esta desculpa da tal governabilidade. Tivemos isto no caso mensalão e deu no que deu. Primeiro punir com rigor e sem perdão estes que desviando bilhões mataram centenas de brasileiros nas portas dos hospitais, destruíram a educação e banalizaram a segurança; depois, quase juntamente, pensar na economia.

Transcrito do TERNUMA - Cel Refrm Edu C. Antunes