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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O Brasil voltou… e o apagão também! - Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O amor venceu e o Brasil voltou! Junto, trouxe o velho e conhecido apagão. Um "gabinete de crise" foi criado, pois é preciso mostrar que algo está sendo feito. 
Mas a realidade está às claras (ou melhor, no escuro): vários estados ficaram horas sem luz.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu o fornecimento de 16 mil megawatts (MW) de carga em Estados do Norte e Nordeste do Brasil, afetando também Estados do Sudeste.

Acontece... Se fosse só isso, não haveria motivo para pânico. 
Mas não é só isso. Nem de perto. A economia travou, "pisou no freio" no segundo trimestre, segundo cálculo do Banco Central. O Ibovespa experimentou dez quedas consecutivas, algo que não acontecia desde a década de 1980.  
"Ninguém come Ibovespa", podem voltar a repetir os petistas que até ontem vibravam com a aparente tranquilidade dos mercados.

A Petrobras, que vai voltar a investir em projetos ideológicos e corruptos e não mais priorizar dividendos aos acionistas, anunciou aumento de preço na refinaria. A gasolina terá uma alta de 16,2%.  
No caso do diesel, o preço médio subirá R$ 0,78 por litro, de R$ 3,02 para R$ 3,80, um aumento de 25,8%. Machuca o bolso, claro, mas é com amor...
 
Dava para continuar mostrando indicadores preocupantes da economia por um bom tempo, ou falar do prognóstico nada alvissareiro do que vem por aí. E isso seria "apenas" o lado econômico, aquele que pega no bolso de quem esperava chuva de picanha. 
Pois ainda é preciso falar do autoritarismo, da corrupção, do esgarçamento moral, da bandidolatria, da tarefa hercúlea de criar filhos com bússola moral numa nação em que o crime compensa etc.
 
Quando observamos o que se passa no Brasil é irresistível o sentimento de que essa gente merece o que está por vir. Fato: quem fez o L merece mesmo se ferrar, pois estupidez deveria ter um limite
Ninguém pode fingir que não sabia quem era Lula e o que pretendia o seu PT. Mas dureza é ferrar com o restante do povo junto, com a turma patriota que sabia muito bem o que significava a "volta do ladrão à cena do crime".
 
Não dá para desejar o pior nunca, nem por pragmatismo para prejudicar o desgoverno, nem pelo fator pedagógico dos eleitores idiotas, nem mesmo pelo desejo de vingança para com tucanos abestalhados
O povo não merece tal sofrimento. É por isso que temos sempre de torcer pelo melhor.
 
E o avanço da direita liberal na Argentina pode significar uma luz de esperança em meio a este apagão comunista. 
A esquerda destrói tudo, mas enquanto não for "game over" como em Cuba, na Venezuela ou na Nicarágua, podemos ter a esperança de reverter o quadro.
É verdade que na Argentina o voto é impresso, e que não há um Alejandro de Moraes no comando de todo o processo eleitoral. 
 Não obstante, sonhar não custa nada. 
Se los hermanos poderão dar um ponta pé nos lulistas deles, então os brasileiros também serão capazes de fazer isso em breve. O apagão, moral acima de tudo, há de passar um dia...


Rodrigo Constantino, colunista -  Gazeta do Povo


terça-feira, 16 de maio de 2023

Lula vem mentindo desde que assumiu o governo – e não será punido por isso - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

Lula vem mentindo desde que assumiu o governo – na verdade, desde sempre – e a cada vez que fala vem com uma mentira mais irresponsável.

 O presidente Lula disse há pouco que Jair Bolsonaro causou “300 milhões de mortes” no Brasil durante a epidemia da Covid; segundo ele, dos “700 milhões” que morreram, “300 milhões” foram culpa do seu antecessor. 
É uma estupidez: o Brasil não tem 300 milhões de habitantes. Mas os vigilantes de fake news e de outros crimes contra a democracia, do STF à mídia que milita pela criação da censura no Brasil, ficaram quietos – nem as “agências de verificação” de fatos, essas que o ministro Alexandre de Moraes e o governo Lula querem que sejam as fiscais do que são notícias falsas, acharam que o presidente tinha dito uma mentira, ou um despropósito.
 
No máximo, e com todo o respeito, correram em seu auxílio para explicar que ele tinha cometido um “equívoco involuntário”, coitado; queria dizer 300 mil mortos, mas saiu 300 milhões. Coisas que acontecem, não é? Só que ficou pior – o que era uma cretinice virou uma mentira maligna. De onde ele tirou esses 300 mil mortos? Qual é a prova? Qual o estudo sério em que se baseou para fazer uma acusação grave como essa? O presidente não tem nada a declarar a respeito. Nunca tem.

    A Justiça brasileira criou um princípio jurídico sem precedentes – o de que Lula não pode ser processado, e muito menos punido, por nenhum delito que praticar.

Lula vem mentindo desde que assumiu o governo – na verdade, desde sempre e a cada vez que fala vem com uma mentira mais irresponsável. Tudo bem: é esse o grande princípio que ele usa para fazer política há 40 anos, e o seu único método para governar o país. Mas ele deixa claro, dia após dia, a falsidade fundamental dos apóstolos da censura no Brasil.

Querem “limpar a internet”, segundo dizem, das mentiras, das notícias falsas, do “discurso do ódio”, dos “conteúdos enganosos”, “distorcidos” e “fora de contexto, da “desinformação” e mil e uma outras coisas horríveis. Mas Lula faz tudo isso, sem parar, e não é sequer advertido pelo STF e as outras polícias da verdade que andam por aí. 
A única conclusão possível para isso é que os “crimes antidemocráticos” nas redes sociais só podem ser praticados pela oposição ou por quem discorda do Supremo.  
É para esses que se quer a lei da censura; não é para deter as barbaridades ditas por Lula ou quem estiver do seu lado.

O presidente já disse que houve bandidagem” e “crime de lesa-pátria” na privatização da Eletrobras o que não é apenas uma fake news, pois ele não citou um único fato concreto para sustentar o que disse, mas uma acusação direta de que foi praticado um crime. No Código Penal é calúnia, se a acusação for falsa. Não vai haver nenhum problema para ele, é claro.
Veja Também:

    O STF está em guerra contra a Constituição e os direitos do povo

    A casa caiu: foi o próprio governo Lula que armou a baderna do 8 de janeiro

Em primeiro lugar, a Justiça brasileira criou um princípio jurídico sem precedentes – o de que Lula não pode ser processado, e muito menos punido, por nenhum delito que praticar. Em segundo lugar, com a covardia habitual de boa parte de suas mentiras, não disse quem, exatamente, tinha cometido a “bandidagem”. 
Deve ter sido o Congresso Nacional, que aprovou por lei a privatização da Eletrobras, ou o Tribunal de Contas da União, que confirmou a decisão por 7 a 1.
 
Antes disso, tinha dito que a conspiração do crime organizado para assassinar o senador Sergio Moro e outras autoridades, descoberta pela Polícia Federal e Ministério Público, era uma “armação do Moro”. 
É, de novo, uma acusação gravíssima. 
Então por que, de lá para cá, seu governo, com todos os imensos recursos que tem à sua disposição, não apurou absolutamente nada sobre a sua denúncia? 
Acusações falsas, notícias que não existem e mentiras em estado puro, no Brasil de hoje, só podem ser feitas por quem discorda do governo Lula e

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 16 de abril de 2023

Dólar, yuan e idiotice - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Países, empresas e pessoas de todo o mundo não querem real, yuan nem peso argentino

O gênio de Millôr Fernandes deu ao Brasil o imortal Ministério das Perguntas Cretinas. 
Agora, neste governo Lula 3, torna-se urgente a criação do Ministério das Declarações Cretinas. Objetivo: receber e deixar registrada, com número de protocolo e tudo mais, a espetacular produção de frases idiotas por parte do presidente da República, seus ministros, sua mulher – enfim, todo mundo que tem alguma coisa a ver com o governo. Ele já não inventou 37 ministérios? Não custa inventar mais um; passaria a haver para o público, aí, a possibilidade de obter algum tipo de certificado oficial para atestar a estupidez das coisas que o governo não para de falar – e, eventualmente, se defender delas em alguma Vara da nossa Justiça.
 
É um vulcão em atividade máxima. Para ficar só nesta viagem à China, Lula disse quenão entende” por que o mundo “é obrigado a usar o dólar” no comércio internacional, em vez das moedas de cada país; pensa nisso toda noite. 
 Por que o Brasil e a China, diz ele, teriam de comerciar em dólar, e não em real e yuan – ou peso argentino, talvez? 
Não é preciso perder o sono por causa disso, presidente; ninguém obriga ninguém a usar o dólar em seus negócios.  
Os países, as empresas e as pessoas de todo o mundo usam o dólar porque essa é a moeda que eles querem, ponto final – não querem real, yuan nem peso argentino. Por que Lula não tenta comprar com seus reais, nesse tempo todo que passa no exterior, uma caixinha de chicletes? Ele iria ver, aí.

O presidente quer que o Brasil receba em yuans as exportações que faz para a China, e pague em reais as compras que faz lá. E a partir daí: o que ele vai fazer com esses yuans todos? 
Poderia, por exemplo, pagar com yuans um barril de petróleo da Arábia Saudita, ou um Boeing dos Estados Unidos, ou uma caixa de charuto cubano? Para isso tudo é preciso ter dólar; se não quer mais dólar, vai pagar com quê? 
Não se sabe, também, o que a China, ou qualquer país do mundo, faria com os reais de Lula – a não ser pagar os produtos que compra do próprio Brasil, o que, no fim das contas, nos deixaria sem dólar nenhum.
 
Lula também pediu “tolerância” dos credores com a Argentina. Como assim?
A Argentina não paga o que deve, pede mais dinheiro emprestado e está com inflação de 100% ao ano. 
O que ele quer que os credores façam?  
Sua mulher, visivelmente sem saber do que estava falando, festejou a volta dos impostos sobre as comprinhas mais modestas feitas na internet; ela acha, acredite se quiser, que são “as empresas”, e não os consumidores, que vão pagar. É isso, e só isso, o tempo todo. Poderiam falar menos – mas aí já é esperar demais.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Lula e a política inflacionária - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Politizar o Banco Central para reduzir na marra as taxas de juros é uma ideia tão antiga quanto estúpida 

Ilustração: Shutterstock

Ilustração: Shutterstock 

Não faltam “especialistas” querendo quebrar o termômetro para curar a febre do paciente. No caso da economia brasileira, eles observam as altas taxas de juros e imediatamente apontam os culpados: os especuladores, o mercado, o Banco Central independente. Essa confusão entre causa e efeito está no cerne de muita ideia equivocada. Politizar o Banco Central para reduzir na marra as taxas de juros é uma ideia tão antiga quanto estúpida. A estupidez, porém, tem sido a marca registrada do lulismo.

“Se os governos desvalorizam a moeda para trair todos os credores, você educadamente chama este procedimento de ‘inflação’”, ironizou George Bernard Shaw. Para compreender o enorme risco do controle político de um Banco Central, talvez seja preciso voltar no tempo até as origens do dinheiro. Segundo o austríaco Ludwig von Mises, o dinheiro não pode surgir por decreto estatal ou algum tipo de contrato social acordado entre os cidadãos; ele deve sempre se originar num processo de livre mercado.

Ludwig von Mises | Foto: Wikimedia Commons

O escambo, que os homens praticam desde os primórdios da civilização, conta com sérias limitações. Um problema crucial é a necessidade de um desejo mútuo coincidente, ou seja, os dois agentes envolvidos na troca precisam concordar exatamente com o que recebem em relação ao que oferecem. Outro problema é o das indivisibilidades, isto é, uma troca teria de ter a mesma magnitude de valor. Basta pensar na situação de alguém querendo trocar uma casa por vários produtos distintos, para mostrar a impraticabilidade desse método. Eis quando surge o dinheiro.

Em The Mystery of Banking, o economista Murray Rothbard explica melhor a origem do dinheiro e os riscos inflacionários provenientes do papel-moeda. Justamente por conta dessas barreiras do escambo, que atende não mais que as demandas de uma vila primitiva, o próprio mercado criou gradualmente um meio de troca mais eficiente. Foi ficando claro para os comerciantes que o uso de uma commodity amplamente aceita como meio de troca fazia muito sentido. Em vez de um produtor de calçados ter de encontrar um vendedor de carne disposto a trocar exatamente carne por calçado, bastava ele vender no mercado seus produtos em troca dessa commodity, e depois usá-la para comprar os bens que desejava.

Para atender a esta função, a commodity deveria ser demandada por seu valor intrínseco, ser divisível, portável e durável, além de apresentar um elevado valor por unidade. Durante a história, diversas commodities serviram como moeda, mas invariavelmente o ouro e a prata foram os escolhidos quando possível. Com o tempo, surgiu a demanda por certo padrão homogêneo de commodity usada como moeda. Os reis estampavam seus rostos nas moedas de ouro, garantindo sua qualidade e peso, e em troca cobravam a “senhoriagem”.

Durante a Revolução Americana, para financiar o esforço de guerra, o governo central emitiu vasta quantidade de papel-moeda, os “Continentals”

Automaticamente surgiu o risco de o próprio governo alterar o peso das moedas e embolsar a diferença. Era o começo do “imposto inflacionário”, ou a desvalorização da moeda. Esta prática foi bastante facilitada com a introdução do papel como moeda, servindo no início como um certificado garantindo o peso do ouro. É importante notar que praticamente todas as moedas mais importantes, como o dólar, a libra, o marco ou o franco, começaram simplesmente como nomes para diferentes unidades de peso do ouro ou da prata.

Moedas antigas do Império Romano | Foto: Shutterstock

Naturalmente, o risco de falsificar a moeda sempre existiu, e por isso mesmo surgiu a demanda por padrões e selos de governos ou bancos. A falsificação de moeda é uma fraude, que enriquece o fraudador em detrimento do restante dos usuários da moeda. Os primeiros a receberem o dinheiro falsificado se beneficiam à custa dos últimos. O governo tem como função justamente evitar tal fraude, punindo com prisão os criminosos. O grande problema é quando o próprio governo adere à prática de “falsificação”, com o respaldo da lei. A invenção do papel-moeda foi um convite tentador para os governos embarcarem nessa nefasta prática inflacionária.

Em primeiro lugar, o governo deve garantir que os pedaços de papel são resgatáveis em seu equivalente em ouro. Caso contrário, ninguém irá aceitá-los voluntariamente. Em seguida, o governo geralmente tenta sustentar seu papel-moeda através de legislação coercitiva, instando o público a aceitá-lo, incluindo os credores de montantes em ouro, através das leis delegal tender. O papel-moeda passa a ser aceito como pagamento dos impostos, e os contratos privados são forçados a aceitar pagamento em papel. Quando a moeda começa a ser amplamente aceita e utilizada, o governo pode então inflar sua oferta, para financiar seus gastos de forma menos escancarada.

A inflação é o processo pelo qual o imposto escondido é usado para beneficiar o governo e os primeiros a receberem a nova moeda. Após um prazo suficiente, o governo adota um passo definitivo: corta a ligação da moeda com o ouro que ela representava antes. O dólar, por exemplo, passa a ter uma vida própria, independente do ouro que ele representava anteriormente, e o ouro passa a ser apenas uma commodity qualquer. O caminho para a inflação está totalmente livre de obstáculos.

Foto: Shutterstock
O primeiro papel-moeda governamental do Ocidente, segundo Rothbard, foi emitido na província de Massachusetts, em 1690. 
Sua origem ilustra muito bem o relato acima. Massachusetts estava acostumada a periódicas expedições militares contra a Quebec francesa, e os ataques bem-sucedidos permitiam o pagamento dos soldados com a pilhagem obtida. Dessa vez, no entanto, a expedição perdeu feio, e os soldados retornaram para Boston sem pagamento e descontentes. 
O governo de Massachusetts, então, precisava arrumar alguma outra forma para pagá-los. Em dezembro de 1690, foram impressas 7 mil libras em notas de papel. O governo garantira que tais notas seriam resgatadas em ouro ou prata em poucos anos, e que novas notas não seriam emitidas. No entanto, já em fevereiro de 1691, o governo declarou não ter recursos novamente, e emitiu mais 40 mil libras em notas para pagar a dívida acumulada. Além disso, as notas não poderiam ser resgatadas pelos próximos 40 anos. As portas do inferno inflacionário estavam abertas!
 
Pelo menos em três vezes na história norte-americana, desde o fim do período colonial, os norte-americanos sofreram bastante com o sistema de fiat money. Durante a Revolução Americana, para financiar o esforço de guerra, o governo central emitiu vasta quantidade de papel-moeda, os “Continentals”. A desvalorização foi abrupta, e antes mesmo do término da guerra essas notas não tinham mais valor algum. O segundo período foi durante a guerra de 1812, quando os Estados Unidos saíram do padrão ouro, mas retornaram dois anos depois. O terceiro período ocorreu durante a Guerra Civil, com a emissão dos greenbacks, notas não resgatáveis para pagar a guerra. 
No final da guerra, os greenbacks tinham perdido metade de seu valor inicial. Mais recentemente, pode-se falar numa quarta fase de elevada inflação norte-americana, na década de 1970. 
Após medidas keynesianas adotadas pelo governo, a inflação medida pelo Índice de Preço ao Consumidor (CPI) subiu mais de 8% ao ano na década, fazendo com que o dólar perdesse metade de seu valor no período entre 1969 e 1979.
Cédula Continental, impressa em 1775 - 
 Foto: Wikimedia Commons
O mecanismo encontrado pelos países desenvolvidos para mitigar esse risco da política inflacionária foi justamente a criação de bancos centrais independentes, para separar o ciclo político do econômico.  
Com quadros técnicos e um mandato estritamente voltado para a preservação do valor da moeda, esses bancos centrais estariam mais protegidos da tentação política de apelar para o imposto inflacionário. 
Nem sempre essa blindagem funciona, mas ela tem sido razoavelmente eficaz no mundo livre. 
Já governos populistas invariavelmente seguem pela rota inflacionária, como a Venezuela e a Argentina podem atestar. Esses são os exemplos que Lula pretende seguir.

Leia também “Democracia inabalada”

 

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Quando quase ninguém se importa. - Percival Puggina


“As coisas desmoronam e acontecem por estupidez e descuido.” (John Sanford)

Se você, cidadão consciente, conservador e liberal, patriota, considera parte de seu dever de casa dar uma espiada nas vitrines da concorrência, provavelmente já percebeu que o Congresso Nacional a ser empossado em fevereiro não será notavelmente diferente do atual. O mercado está aberto para as mercadorias da política nacional.

A perspectiva de que Lula – oh céus! – seja empossado na presidência já comanda as decisões das agremiações políticas. Arthur Lira e Rodrigo Pacheco negociam as respectivas reeleições. A “maioria conservadora” perdeu a totalidade do centrão. Há sinais claríssimos de que as melancias ideológicas se vão reacomodando na carroça brasiliense e os cargos, se não existem, vão sendo criados para atender a demanda. Certo como a morte, o prejuízo será nosso.

Independentemente do que venha a acontecer no curto prazo, e o prazo encurta no tic-tac do relógio, considero indispensável que a janela da realidade, ou o palco, ou o picadeiro (como queiramos) sirva para ver toda a malícia de um sistema político que não funciona para a democracia, mas para os agentes políticos, ou atores, ou acróbatas (como queiramos). É graças a esse sistema que os eleitores trocaram uns por outros, mas – surpresa! – não deu muito certo. Mais uma vez, é reduzido o número de parlamentares de quem se pode dizer com admiração – “Esse me representa!”.

O que me dá uma canseira na alma é tão poucos darem importância a um problema desse tamanho! 
A inteira campanha eleitoral transcorreu num verdadeiro caos institucional, mas quase ninguém escolheu seu congressista levando em conta a necessidade de reformar as instituições. 
A imensa maioria dos cidadãos considera tratar-se de “caveira de burro” azarenta, sempre presente
No entanto, é pura e simples subordinação do jogo à regra do jogo. 
E tudo se agrava porque, mais recentemente, o juiz do jogo também gosta de bater sua bolinha, tem time do coração, entra em campo e dá botinada no adversário.
 
Não bastasse isso, sob o ponto de vista do poder político, nossa “democracia” é comandada pelos interesses de uns poucos.  
No Congresso, as decisões são tomadas pelos presidentes do Senado e da Câmara, e por uma dúzia de líderes em cada uma das duas casas. 
São 26 pessoas que regem 596 congressistas. 
Ponha mais sete ministros que formam a maioria politicamente alinhada no STF e o presidente da República e verá que 36 pessoas dirigem o show. Nota: se isso lhe parece desproporcional, não perca de vista o fato de que hoje uma, apenas, dirige tudo e só se aposenta em 2043.

Não tenho espaço neste artigo para discorrer sobre reforma política, tema sobre o qual tanto já escrevi. Apenas aproveito a cena do “acidente” para dizer que ele não é casual. Há motivos institucionais mais do que suficientes para se reproduzir indefinidamente.

É o que acontece quando quase ninguém se importa.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 20 de novembro de 2022

Trapaça sem fim - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

O STF mantém intacto o mecanismo que montou para mandar na vida pública brasileira 

 A eleição já acabou. O STF ganhou. Os “manés” perderam. [ o problema do malandro é justamente o de achar que todo mundo é mané…] Lula, que três anos atrás estava preso num xadrez da Polícia Federal, torna-se o primeiro condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro a ocupar a presidência da República neste país. Jair Bolsonaro não existe mais. A “democracia” está “salva”.  
Por que, então, continuar com a repressão neurótica, rancorosa e ilegal que o ministro Alexandre de Moraes e seus colegas do Supremo aplicam há quatro anos contra quem se opõe a eles e ao regime de exceção que impuseram ao Brasil? Porque o STF quer. O jogo acabou. Mas eles mantêm intacto o mecanismo que montaram para mandar na vida pública brasileira, escrever leis que só poderiam ser feitas pelo Congresso e meter a polícia em cima de quem não está de acordo com essas aberrações.
 
O Brasil continua a ser governado, assim, não pela ação equilibrada dos Três Poderes, mas por um inquérito policial esse que o ministro Moraes conduz desde março de 2019, não descobriu até agora rigorosamente nada que tivesse um mínimo valor jurídico e já foi adiado cinco vezes. A Constituição proíbe o STF de abrir investigações criminais, mas há mais de três anos os ministros desrespeitam sem nenhum pudor esse mandamento; inventaram uma teoria frouxa e velhaca para justificar sua conduta e não pararam mais. 
O inquérito ilegal e perpétuo de Moraes e do STF se destina, oficial e hipocritamente, a apurar “atos antidemocráticos”. É falso
 
A investigação nunca defendeu democracia nenhuma; apenas utiliza a ideia de “democracia” para servir aos interesses da ditadura judiciária que o Supremo criou no Brasil. Qual é a novidade?  
Tudo o que o governo faz em Cuba, por exemplo, ou na Rússia, ou na China, também é para defender a “democracia” – “democracia popular”, como dizem.
Igual a eles, o STF expropriou o significado objetivo da palavra “democracia” e fez dela um instrumento de perseguição política, de repressão aos direitos individuais e de violação sistemática da lei. 
Por conta dessa trapaça, censuram a imprensa, prendem gente, multam, bloqueiam contas bancárias, calam as redes sociais e mandam em tudo.
[em nossa opinião as multas absurdas, até estúpidas de R$100mil/hora, já não assustam - são multas incobráveis, multar em R$ 100 mil/hora um veículo que vale R$ 200 mil - quando novo, a média dos veículos brasileiros, notadamente os de passeio, é abaixo dos 50 mil reais.Quando não podemos pagar uma multa, ela valendo mais do que o veículo que a produziu, se perde o medo da mu
Quanto a eventual repressão policial, os quartéis das Forças Armadas - ÁREA DE SEGURANÇA, passaram a ser pontos de segurança para os manifestantes.
Da mesma forma, outras punições assustam, apavoram, mas também causam revolta, produzem aquela sensação de Injustiça e cria mais rebeldes.
Tem até Instituições protestando não contra os manifestantes, e sim contra as medidas arbitrárias, abusivas e até inconstitucionais  que estão sendo adotadas para combater manifestações realizadas dentro da legalidade, de forma ordeira e pacífica. ]
 
Para  que vai servir o inquérito a partir de agora: para perseguir quem discorda do É o que está acontecendo na prática – manifestar oposição, pelo jeito, vai ser um “ato antidemocrático”.  
Moraes, a propósito, anda encantado com as suas multas de R$ 100 mil por hora, uma estupidez que não existe em lugar nenhum no mundo, nem em tempo de guerra – não há multa de R$ 100 mil por hora na Ucrânia, por exemplo, para se ter uma ideia da demência dessa coisa toda. É o Brasil da democracia.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

domingo, 23 de outubro de 2022

STF e TSE destroem honestidade da eleição e impõem censura demente - O Estado de S. Paulo

O STF e a sua polícia eleitoral, o TSE, destruíram a honestidade da eleição presidencial

 O Supremo Tribunal Federal e a sua polícia eleitoral, o TSE, destruíram por completo a honestidade da eleição presidencial a ser decidida no dia 30 de outubro;  
- estão favorecendo, agora de forma aberta, um dos candidatos, o ex-presidente Lula. Para isso, violaram as leis brasileiras, expropriaram o horário de propaganda eleitoral para entregar ao seu escolhido o tempo que cabe legalmente ao adversário e, pior do que tudo, deram a si próprios poderes de censor que são absolutamente proibidos pela Constituição Federala eles ou a qualquer autoridade do Brasil. 
É o ataque mais ruinoso à democracia que o País já sofreu desde a proclamação do AI-5, em 1968.  
Mais: a censura que impuseram à imprensa, e a todos os 215 milhões de cidadãos brasileiros, não tem precedentes, nem nos piores momentos da ditadura, em matéria de brutalidade, arrogância e estupidez.
 
 O TSE, sem o mínimo fiapo de lei que lhe permita fazer isso, saiu de suas funções legais como fiscal das regras do horário eleitoral e passou a mandar em tudo – agora dá ordens, 24 horas por dia e a respeito de qualquer assunto, à imprensa, aos jornalistas e, no fim das contas, a qualquer brasileiro que queira abrir a boca para dizer alguma coisa contra Lula, nas redes sociais ou onde for. 
É proibido dizer, por exemplo, que ele foi condenado pela Justiça por corrupção passiva e lavagem de dinheiroou que nunca foi absolvido de nada. [conclusão apresentada com todas as letras pelo ex-ministro do STF, decano da corte, Marco Aurélio.]  
Pior ainda, os ministros criaram a censura prévia – uma violação rasteira do princípio segundo o qual só se pode punir um erro depois que ele foi cometido. 
 
O resultado é que se chegou neste fim de campanha à seguinte demência: os jornalistas estão proibidos de dizer o que ainda não disseram. 
 É isso mesmo: “até o dia 31 de outubro”, há profissionais e órgãos de imprensa que não podem escrever ou falar. 
O TSE não está punindo uma “notícia falsa”, ou algum crime de calúnia, de difamação ou de injúria; 
ao suprimir previamente o direito de palavra, está punindo delitos que não foram praticados.  
Em que lugar da Constituição se permite uma coisa dessas?
 
A dupla STF-TSE não está ferindo direitos de jornalistas ou veículos; está eliminando o direito que a população tem de ser informada.  
Nem se importa, aliás, em esconder isso. Uma ministra declarou em voto aberto que qualquer censura é “inadmissível” – mas que, em caráter “excepcional”, ela estava se negando a cumprir a lei. “Excepcional?” O que pode haver de excepcional, ou de perigoso, numa eleição democrática que, segundo os próprios STF e TSE, tem sistemas de votação e de apuração perfeitos – a possibilidade de que o adversário ganhe? É isso que estão dizendo.
 
[convenhamos que a ministra não demonstrou empolgação em restabelecer, no caso em votação, a censura. Mas, também não votou contra nem se absteve = concordou, com a censura prévia.]  
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo 
 

 

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Constituição irônica - Todo o poder emana do povo Kkkk - Gazeta do Povo

Vozes - Polzonoff

 O tão criticado ministro Alexandre de Moraes foi o único ao perceber que a Constituição era uma grande ironia. -  Foto: EFE

“Todo o poder emana do povo”, diz a Constituição de 1988 num de seus momentos mais cínicos. Não é o único, infelizmente. Se bem que o constituinte, imbuído da ingenuidade típica daquele tempo, jamais poderia prever que um dia o Supremo Tribunal Federal fosse se transformar nisso que temos hoje. Na casa da mãe Joana, como disse – e foi censurado - o agora deputado federal Deltan Dallagnol.

Uma coisa leva a outra (sempre) e, quando dei por mim, estava aqui pensando que a finada Constituição de 1988 precisa mesmo ser reescrita. Menos nas minúcias e na ideia de um Estado provedor por mim um “CTRL + T” e depois “Delete” davam um jeito nesse problema. Me refiro é à parte, digamos, filosófica da Constituição.

Como essa aí que mencionei logo no começo do texto e que fala que “todo o poder emana do povo”.  
Por que a Constituição tem de insistir nessa mentira? 
Talvez eu respeitasse mais a Carta Magna se ela fosse ao menos sincera. “Todo o poder emana da elite. O povo que engula!” seria bem mais honesto, embora um tanto quanto mal-educado. “Todo o poder emana do STF. Que, modesto, vai dizer que não, imagina!” também ficaria bom. “Todo o poder emana do ministro Alexandre de Moraes. Pelo menos até 2043. Depois vamos ver o que rola” tampouco seria de todo ruim.
 
E piriri e parará. Não! Paremos por aqui nas críticas à Carta Magna. Porque me ocorre agora que talvez tenhamos a primeira Constituição irônica do mundo.  
Nós, os brasileiros da geração Paulo Freire, é que não percebemos. Nesse caso, a edição fica fácil. Sendo o Brasil o país que é, sugiro que seja aberta imediatamente uma licitação para a criação de um símbolo cidadão para essa nobilíssima figura de linguagem chamada Ironia. 
Ou Antífrase - olha só que chique! Se bem que há soluções mais simples e baratas. “Todo o poder emana do povo. Kkkk” já dá conta do recado, não?

É, é isso mesmo! Temos a primeira Constituição irônica do mundo e só Alexandre de Morais foi quem notou
Eu disse que o cara era um gênio! O Temer disse que ele era um ótimo constitucionalista! T
Tem jornalista que diz que ele faz o que faz para defender a democracia! 
O mesmo serve para Cármen Lúcia – que, além de tudo, é uma estilista que saiu por aí derramando fina ironia em todas as decisões “históricas” que proferiu. “Cala-boca já morreu”, disse ela há alguns anos, condenando qualquer forma de censura prévia. Só faltou mesmo o kkkk.
 
Devo, portanto, um pedido de desculpas por todos os textos que escrevi sobre o STF, TSE e quaisquer outras instituições e seus membros cuja compreensão irônica da lei e da realidade eu, em minha estupidez, critiquei. Ou zombei, porque ninguém é de ferro. 
Afinal, todos os itens dos artigos 5º e 220º foram concebido na mais sutil das ironias. Nós é que não percebemos!

Mas, correndo o risco de soar repetitivo e repetitivo e repetivivo e repetivivo, repito que só estamos nessa situação ironicamente constrangedora porque aos constituintes (entre eles, Lula) faltou a astúcia de, ao lado dos artigos mais importantes, incluir um símbolo qualquer que indicasse o caráter galhofesco do texto constitucional. Um asterisco verde-amarelo, talvez. Um kkkk, um hehehe. Ou, vá lá, até uma piscadinha ;-).

“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. Kkkk”. Viu como funciona, Daniel Silveira? “Todos são iguais perante a lei, hehehehe”. Ou, então, meu preferido neste exatíssimo momento: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença ;-)”. 

Paulo Polzonoff Jr., Colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 29 de agosto de 2022

As duas condenadas ao fracasso se uniram contra o 'capitão do povo' e continuam fracassadas

As duas senadoras - aliás, como chegaram ao Senado? - assumiram ontem, no debate, que são perdedoras 

Dobradinha entre Tebet e Soraya irrita campanha de Bolsonaro

O Globo

A pesquisa qualitativa encomendada pela campanha de Jair Bolsonaro detectou: o ponto baixo do presidente no debate da Band, terminado há pouco, foi a grosseria atirada contra Vera Magalhães no segundo bloco do programa. Foi alvo de críticas não apenas das mulheres que participaram da pesquisa que era feita em tempo real, como também dos homens.

Um integrante da campanha de Bolsonaro, que acompanhou a "quali"jargão usado para esse tipo de pesquisa — qualificou a estupidez como "o único escorregão" do presidente nas quase três horas de embate. 

Lauro Jardim, coluna em O Globo


domingo, 10 de abril de 2022

Com raiva do mundo - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Não se entende por que Lula está tão irado: grita, ameaça, dá um espetáculo permanente de rancor

Campanha eleitoral é campanha eleitoral e, naturalmente, o eleitor brasileiro já se acostumou a ouvir durante essas épocas todo o tipo de cretinice – para não falar nas mentiras, nas promessas impossíveis de serem cumpridas e, enfim, na pura e simples estupidez. 
Mesmo dando este desconto, porém, o candidato que os institutos de pesquisa consideram como já eleito com 101% dos votos começa a chamar a atenção: a cada dia que passa, e a cada discurso que faz, vai ficando mais e mais esquisito.  
Não se entende, de um lado, por que está assim tão irado em tudo o que fala: grita o tempo todo, ameaça, dá um espetáculo permanente de ressentimento e de rancor. De outro lado, vem uma dúvida básica: por que, afinal, Lula está dizendo essas coisas? 
 
Num curto espaço de tempo, nessas últimas semanas, o ex-presidente já disse que o MST, cujo programa oficial de atividades é invadir propriedades rurais, destruir o que encontra nelas e roubar o fruto do trabalho alheio, vai ter um “papel importante” em seu governo. Saiu de pau em cima da classe média, que, em sua opinião, é muito “privilegiada” no Brasil; disse que é um absurdo, por exemplo, alguém querer mais de uma televisão em casa
Soa estranho, para o cidadão que está se matando na tarefa de criar três filhos, ouvir esse tipo de bronca de um cidadão que parou de trabalhar aos 29 anos de idade e não faz uma fila de ônibus há quase 50. Há pouco, abriu fogo contra a família – disse que as “pautas” que defendem os valores familiares eram “atrasadas”.

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‘Terceira via só ganha com uma candidatura única’, diz sociólogo

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Temer: ‘Se Alckmin for igual a mim, Lula vai ter grande vantagem’  [Nossa opinião sobre Michel Temer: o senhor Michel Temer não foi um bom presidente, mas não está entre os piores - tipo os dois que o antecederam. 

O que estragou seu mandato, causando efeitos negativos até os dias atuais, foram algumas indicações que o senhor fez.]

 Lula, na mesma toada, se declarou a favor do aborto, para proteger as “mulheres pobres”no dia seguinte tentou voltar atrás e dizer o contrário, mas aí já era tarde demais: o que disse ficou gravado.  
Num tom estranhamente enfurecido, dias antes, ameaçou aos gritos o presidente Vladimir Putin, da Rússia, o presidente da Ucrânia e os “presidentes europeus”: acabem já com essa guerra. Declarou-se certo de que ele próprio, Lula, resolveria tudo com uma “garrafa de cerveja, ou com todas as garrafas que houvesse no estoque. 
Em seu surto mais recente, convocou os “sindicalistas” para “mapearemas casas dos deputados federais, em seus Estados, e fazerem manifestações na frente delas, em grupos de 50 combatentes, para “tirar a tranquilidade” dos parlamentares e de suas famílias. Na sua opinião, não adianta “gastar uma fortuna” armando expedições a Brasília para pressionar o Congresso; os deputados não ligam a mínima e, para atender o PT, precisam ser incomodados nas suas próprias residências.

Lula, é claro, pode mudar daqui a cinco minutos e entrar no papel do tiozão boa gente, todo paz e amor. Por enquanto ele está com raiva do Brasil e do mundo. 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo 

 

quarta-feira, 16 de março de 2022

Por que não acabar com essa história de máscaras logo de uma vez? O Estado de S.Paulo

J.R Guzzo

Na tentativa de desobrigar o uso e máscaras em sala de aula, as escolas particulares de São Paulo vão levar uma canseira dos fiscais de covid do governo paulista

As escolas particulares de São Paulo pediram às autoridades competentes que autorizem os alunos a não usarem mais máscaras nas aulas. Coitadas das escolas particulares de São Paulo: vão levar uma canseira dos fiscais de Covid do governo paulista.

Não poderiam ter feito pedido mais razoável, num momento em que o mundo inteiro está abandonando as máscaras – adereço inútil para uma necessidade inexistente. Por isso mesmo vão penar até conseguirem ser atendidas.  

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É hora de tirar a máscara das crianças nas escolas? Discussão divide pais e especialistas

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A autoridade pública faz questão de ir andando o mais devagar possível no desmanche das medidas de repressão que ela própria montou; quanto mais lento o processo, pensam nossos homens de governo, maior a impressão de que a estupidez que armaram não foi tão estúpida assim, e só pode ser desfeita com grande cuidado. Ao mesmo tempo, ao dar ou negar licenças para isso ou aquilo, mostram que continuam mandando.  

É um despropósito. Um dia, queira ou não queira o comitê central montado pelo governo para “gerir” a covid, o uso obrigatório da máscara vai ser eliminado; no próprio Estado de São Paulo já não é preciso usar máscara ao ar livre, e no resto do Brasil e do mundo o desmonte está muito mais adiantado. Então: se a obrigação de usar máscara vai ser abolida daqui a “X” dias, por que não acabar com essa história logo de uma vez? O vírus que está “pegando” hoje não vai “pegar” amanhã? A “descontinuação por etapas” das medidas de “controle social” leva sobretudo ao ridículo. 

É cômico, por exemplo, o cidadão chegar sem máscara ao restaurante, bar ou café, colocar a máscara para andar cinco passos até a mesa e ali tirar de novo. Nem se fale, então, da operação de marketing que tem sido a marcha de retirada – com gestos dramáticos como a revelação progressiva do próprio rosto pelo governador, ou a patética placa de acrílico nas suas entrevistas ao ar livre no jardim do Palácio dos Bandeirantes, em imitação as entrevistas da Casa Branca.

O grupo nomeado para administrar a covid, após dois anos de pseudo- ciência, tabelas coloridas e abusos contra as liberdades, vai tendo um fim melancólico.

 J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A TIRANIA NO ESPELHO - Percival Puggina

Para preservá-lo, não vou declinar o nome inteiro de Alexandre, um conhecido que mora no interiorzão do Brasil, mas a cadeira em que ele senta tem o poder de lhe aquecer o sangue, impulsionando tendências que afetam o exercício de seu poder. Por constatar isso, na expectativa de que as observações a seguir possam ser úteis também a outros, escrevo este artigo propondo a Alexandre que se coloque diante do espelho.

Sei que ele leu Edmund Burke e deve ter aprendido que quanto maior o poder, mais perigoso se torna o abuso. Com efeito, sistemas políticos podem vicejar afrontando limites, mas são finitos como todos os males. Aliás, é assim, também, que se afirmam as facções criminosas, como o PCC. Seus lideres conhecem o poder da intimidação, da imediata ação repressiva, da desproporção entre o revide e a agressão, da punição sem julgamento. Funciona, mas está errado. E passa.

Por exemplo: neste momento em que escrevo, o Partido Comunista de Cuba (casualmente outro PCC) está fazendo uso da polícia, do seu poderoso Minint e de suas fascistas “brigadas de resposta rápida” para sitiar as moradias das lideranças “de las protestas por libertad” convocadas para este 15 de novembro. Juntos, baixam o porrete e prendem cidadãos que, quando se atrevem, não conseguem circular nas ruas bloqueadas.

O que as lideranças dos PCCs da vida não sabem é que, como disse alguém, as tiranias fomentam a estupidez e são transitórias como a glória do mundo. Não sem razão esta transitoriedade, durante séculos, foi lembrada nas coroações papais. A glória passa! E porque passa, todo detentor de poder precisa olhar-se no espelho, ouvir mais do que falar, julgar a si mesmo mais do que aos outros, derrotar seus fantasmas interiores antes de materializá-los nos indivíduos sob sua autoridade.

Sei o quanto Alexandre preza a democracia. A cadeira em que senta e lhe concede autoridade não pode proteger a democracia combatendo a liberdade porque, como nos lembrou James Madison, uma se nutre da outra. O motivo é óbvio: não há democracia na servidão. Não se defende a democracia mediante constrangimentos e restringindo liberdades fundamentais.

Tenho falado com muitas pessoas sobre as quais Alexandre exerce seu poder e sinto que elas o veem como um tirano. Penso que há aí um ponto para reflexão, presente a constatação de Platão há 23 séculos: “Muitos odeiam a tirania, apenas para que possam estabelecer a sua”. Diversos males têm solução diante de um espelho.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Plano de vacinação é coisa para a ciência decidir e não o STF - J.R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

Em condições normais ninguém acreditaria no que está vendo ou, no mínimo, as chamadas “forças vivas” da nação estariam em pé de guerra contra o que se vê. Mas o Brasil não está em condições normais. Na verdade, há muito tempo que não vive em condições tão anormais como as de hoje – e as perspectivas são de anormalidade cada vez mais radical, diante da passividade quase absoluta com que se aceita qualquer aberração de feira livre medieval, como a Mulher-Gorila ou o Gato-Que-Fuma, desde que ela venha de uma dessas “instituições” democráticas das quais se ouve falar dia e noite.

O último feito desta marcha nacional da insensatez é que o STF, acredite se quiser, exigiu que o governo lhe mandasse, para exame e aprovação, o plano nacional de vacinação contra Covid-19 que está em preparação. Mais: o governo aceitou a ordem, e mandou para o Supremo a papelada que lhe foi exigida.

Para completar o desvario, o ministro incumbido de anunciar o que o país tem de fazer em questões de vacina anticovid deu um prazo de “24 horas” para serem anunciadas as datas oficiais da vacinação – ordem 100% sem pé, sem cabeça e sem cabimento, dado o fato elementar de que simplesmente não existe até agora nenhuma vacina aprovada pela Anvisa, como exige a lei para a aplicação de qualquer medicamento no território nacional. [o mais cômico, ridículo, sem noção, ou legislar sobre a tabuada (como bem diz J.R. Guzzo) é que alguns dos que as proferem, prolatam, seja o que for, é que acreditam mesmo que possuem competência institucional e conhecimentos para emitirem tais absurdos; 

grave é que são decisões que não se sustentam, mas quase sempre são cumpridas ou tentam cumprir - só que são tão sem noção, incabíveis, insustentáveis  (do ponto de vista científico, jurídico, político, etc) que chegará um momento em que o destinatário de tal ordem, simplesmente dirá: NÃO VOU CUMPRIR.

E como fica? Especialmente se for impossível obrigar o 'desobediente' a cumprir?]

Onde já se viu um negócio desses? A única pergunta que vale a pena fazer, no caso, é a seguinte: 
qual é o grau de conhecimento científico ou médico, por mínimo que seja, que os 11 ministros do STF têm para dar qualquer palpite sobre o assunto? 
A única resposta possível é: “nenhum”. Suas excelências não seriam capazes de dizer de qual lado se deve colocar um esparadrapo; mas tornaram-se a última palavra em matéria de medicina neste país.

Mas e daí? É isso o “Estado de Direito” à brasileira, modelo 2020, uma anomalia permanente em que o STF decide sobre vacina, nomeação do diretor da Polícia Federal ou a fórmula química da goiabada – na verdade, nossos magistrados “top de linha” tomaram para si a tarefa de baixar decretos, sem apelação, sobre qualquer tema que faça parte da atividade humana. É uma piada ou, mais exatamente, a negação da lógica.

Quanto mais histérico o STF se torna nessa sua busca obcecada pela verdade universal, mais as elites – políticas, intelectuais, sociais e de quaisquer outras espécies – acham que não há nada de mais. Está na cara, diante deste estado de anestesia geral, que as coisas vão continuar exatamente do jeito que estão.

A progressiva descida do Supremo rumo a esse abismo incentiva, é claro, todo o tipo de demência legalóide. Uma das mais agressivas, ultimamente, foi a de um senador de Minas Gerais que não apenas apresentou um projeto de lei, mas teve esse projeto aprovado pelo Senado Federal, dando “72 horas” para o governo aprovar uma vacina contra a Covid – a mesma linha do STF.

Ninguém viu nada de errado com esse despropósito: a primeira lei do mundo, possivelmente, que fixa prazos para a ciência chegar à conclusão definitiva sobre alguma coisa. Os cientistas ainda não têm certezas sobre o tema; por que o governo deveria ter?

A comprovação objetiva do disparate ficou por conta do respeitado Instituto Butantan, de São Paulo, que já começou a envasar a “vacina do Doria – o imunizante que o governador paulista comprou da China e que vem sendo usado por ele para dar a si próprio o título de campeão brasileiro e mundial da vacinação contra a Covid-19. Doria, até cinco minutos atrás, falava em pedir que “a Justiça” mandasse o governo autorizar imediatamente a aplicação da “vachina”, como a coisa está sendo chamada.

Mas o próprio Butantan decidiu adiar a entrega dos dados de seus testes à Anvisa, pois chegou à conclusão de que os resultados não são os que deveriam estar sendo. E agora? Onde foram parar a pressa e os prazos de “48” ou de “72 horas”? É o que dá, em todos esses casos, assinar decretos, liminares ou qualquer outro tipo de papel exigindo que a ciência se comporte no ritmo imposto por ministros, senadores ou governadores de estado. É como legislar sobre a tabuada. Não chega nem sequer a ser um erro – é apenas uma estupidez.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes