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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Muita conversa para pouca ação - Carlos Alberto Sardenberg

Com a devida licença poética, foi mais ou menos assim.— Tem bandido cobrando 500 mil de empreiteira que toca obra pública.

Ministro, também no X:

— Tô sabendo. Seu colega de Nova Iguaçu também alertou. Vamo pra cima.

Não foram. Ficaram ocupados consigo mesmos, com as trocas no Ministério da Justiça e Segurança Pública.  
O então ministro interino, Ricardo Cappelli, continua secretário executivo da pasta, mas entrou em férias, depois deixará o cargo
Também se dá como certo que o atual secretário de Segurança Pública, Francisco Tadeu Barbosa de Alencar, será substituído, provavelmente por Benedito Mariano, quadro do PT que participou da transição nas questões de segurança.

As propostas da transição não foram aproveitadas na gestão do ministro Flávio Dino. A julgar pelos resultados, nenhuma outra proposta foi aproveitada, nem sequer formulada no detalhe. Agora, confirmadas as mudanças, Mariano deverá imprimir “nova política”.

Pelo jeito, demorará para o governo federal ir para cima da milícia e do narcotráfico. A Polícia Civil do Rio tentou. Descobriu o nome do bandido que cobrou os R$ 500 mil da empreiteira que toca a obra do Parque da Piedade. Trata-se de Jean Carlos Nascimento dos Santos, o Jean do 18. O Ministério Público apresentou denúncia por extorsão, a polícia foi atrás do sujeito. Não encontrou.

Nada, portanto. Para prender Jean do 18, não era preciso denúncia alguma. Ele está condenado a 66 anos de prisão, é réu em 20 crimes, incluindo homicídios, foi preso em 2017, mas fugiu no começo do ano passado. E voltou às atividades.

O tuíte do prefeito Eduardo Paes trouxe à tona toda essa história. Com mais detalhes. Tinha ocorrido, em novembro passado, uma reunião de Dino e Cappelli com empreiteiros do Rio, que reclamaram justamente das extorsões. Todo mundo que deveria saber, portanto, estava sabendo. Vai ver foi por isso que o prefeito do Rio recorreu ao X. Boca no trombone.

Agora, todos sabemos — nada foi feito, nem ao menos se tem a tal política nacional de segurança. Parece mais fácil formular do que colocar para funcionar o que já existe. Em todas as áreas.

Um ano depois de iniciada a gestão Lula e depois de o presidente ter ido a Roraima para denunciar a tragédia do povo ianomâmi com a titular da nova pasta dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a situação dos ianomâmis continua uma tragédia.

Repórteres e fotógrafos que foram até lá há uma semana encontraram crianças desnutridas com os ossos à mostra. Explosão de casos de malária e virose. Centenas de mortes. Rios poluídos tomados pela lama. O garimpo ilegal, que nunca saiu totalmente, de volta com força no interior da Floresta Amazônica — como descrevem reportagens e declarações de lideranças locais. Em janeiro de 2023, Lula decretou emergência de saúde pública. Neste mês, revelada a tragédia persistente, fez uma reunião com vários ministros e decretou questão de Estado. A Casa Civil anunciou que tomará “ações estruturantes”.

De novo, não seria mais eficiente levar comida e remédios para lá? Há 27 mil indígenas na Terra Yanomami. [em nosso opinião a causa da tragédia ianomâmi é o excesso de terra pertencente aos indios e que não são adequadamente aproveitadas, em proveito do Brasil e dos brasileiros = o que inclui os indios, que não são mais brasileiros que os milhões e milhões de brasileiros, digamos, comuns.
O absurdo é tamanho que a Terra do Povo Ianomâmi tem 9,5 milhões de hectares = equivalente a 4,36% das terras indígenas do Brasil,  correspondendo, aproximadamente, à área dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo somados.
Tal imensidão de terra  para apenas 27.152 índios (censo de 2022) o que resulta em 349 hectares para cada índio ianomâmi. 
Um hectare equivale a um campo de futebol.
É terra demais, gerando incompreensão das razões que levam  poucos a  terem tanto, enquanto  muitos (a maioria dos brasileiros) nada tem ou tem muito pouco??? ]  -  Não pode ser tão difícil entregar lá comida e remédios. Em janeiro do ano passado, a ministra Sonia Guajajara dizia exatamente isso, que a ação imediata seria levar suprimentos. Combater o garimpo ilegal, um tipo de crime organizado, e tocar o saneamento de rios e matas é mais difícil, claro. Mas levar alimentos?

O governo diz que o desastre foi causado pela gestão Bolsonaro — é verdade — e que conseguiu alguns resultados, como redução no número de mortos. Não foi o que os jornalistas encontraram. Não é o que dizem lideranças indígenas. Além disso, até quando continuarão culpando o governo anterior?

A ministra Sonia Guajajara orgulha-se de ter levado cem indígenas brasileiros em sua delegação para a COP28, em Dubai. Um marco histórico, como ela diz. 
Mas que vale isso diante da tragédia continuada dos ianomâmis?
[o que trouxe de prático, para o povo indígena,  a ida dos 100 indígenas brasileiros  para passear em Dubai?] 
 
 

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Jornal O Globo - Coluna 13 jan 2024

 

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Um governo de más notícias - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Os números vão começar a cair no noticiário e na vida real das pessoas — e não poderão ser suprimidos com discursos sobre a “herança maldita” e o “genocídio” dos ianomâmis

Michel Temer, Alexandre de Moraes, Lula e Dilma Rousseff | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/SCO/STF

Michel Temer, Alexandre de Moraes, Lula e Dilma Rousseff | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/SCO/STF 

A maior parte da esquerda brasileira, que se comporta cada vez mais como se as últimas eleições para presidente da República tivessem sido a conquista de Havana pelas tropas de Fidel Castro, continua convencida, pelos atos que pratica, de que a “ditadura do proletariado” já começou no Brasil. O presidente Lula, naturalmente, é o condutor dessa marcha da insensatez.  
É duvidoso que controle de fato o que estão fazendo em seu governo, ou que saiba direito o que está sendo feito, ou até quem foi nomeado para isso ou aquilo, mas está se achando o grande comandante mundial das lutas pela vitória do “socialismo” sobre a face da Terra. Imagina que é o Che Guevara do século 21, ou pelo menos o Nicolás Maduro do Brasil — ou, quem sabe, um novo Perón, com Evita e tudo. 

Na sua esteira, com as mesmas agressões ao Brasil do trabalho, da produção e das liberdades, vêm os ministros e a multidão de sócios-proprietários que invadiu o seu governo e começa a construir ali um caos digno de Dilma Rousseff. Ignoram que praticamente metade dos eleitores que foram votar no segundo turno, pelos números do próprio TSE, preferiu o seu adversário — e, por seu simples peso aritmético, teriam de ser levados em conta em qualquer projeto minimamente responsável de governo. Estão certos de que ganharam uma daquelas eleições cubanas em que o governo leva 99% dos votos e que, por isso, podem fazer o que bem entendem com o país, com 215 milhões de brasileiros e, sobretudo, com o dinheiro do Tesouro Nacional.

Será que vai ser assim mesmo, e tão fácil? Quer dizer: Lula faz uns discursos para criar a “moeda sul-americana”, o ministro da Justiça amontoa projetos, medidas provisórias e decretos-lei destinados à repressão política, o Senado reelege um presidente disposto a executar as instruções do Palácio do Planalto, as autoridades falam em todes e todes, e o Brasil vira socialista? 

A conferir, em futuro próximo — mas com apenas um mês de governo a revolução de Lula, do PT e da esquerda nacional começa a descobrir que a vida tem problemas. O primeiro deles foi uma espécie de bomba de hidrogênio nas ambições mais agressivas de se suprimir a oposição do Congresso Nacional. 
O ministro Alexandre Moraes, numa decisão que oferece o primeiro grande sinal de paz para a política brasileira nos últimos quatro anos, negou o destrutivo pedido de suspender a posse de 11 deputados da oposição — exigência de um grupo de advogados que está no coração da candidatura de Lula e ocupa postos-chave dentro do seu governo. 
Foi, possivelmente, a decisão mais acertada de um ministro do Supremo Tribunal Federal desde que a vida pública nacional entrou em parafuso com a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do Brasil
O ministro Moraes deu um aviso claro, vigoroso e essencial para a segurança dos parlamentares da oposição: seus mandatos, conferidos pelo eleitor brasileiro, estão garantidos pelo STF — e não dependem, como pretendem os radicais de esquerda, de aprovação do governo para serem exercidos
A decisão desmonta, simplesmente, o pior ataque já feito pelo lulopetismo contra a liberdade parlamentar no Brasil — as últimas cassações de mandato por motivo político foram no Ato 5, durante a “ditadura militar” que Lula e o PT, pelo que têm feito, tanto gostariam de ressuscitar no Brasil. Foi um choque elétrico. “Daqui vocês não podem passar”, informou Moraes.
O ministro Alexandre de Moraes, que já havia desapontado a esquerda com a decisão de devolver o acesso às redes sociais do deputado Nikolas Ferreira, do PL o mais votado nas últimas eleições, com quase 1,5 milhão de votos —, é um problema em aberto. 
Com 54 anos de idade e a vida pela frente, Moraes é um homem-chave no presente e no futuro da política brasileira. Vale, sozinho, pelos dez outros ministros do STF somados — com a exceção, talvez, de Gilmar Mendes, que também exerce influência decisiva no compasso do tribunal. 
 
(...)

É claro que ele continua tendo a seu cargo o inquérito criminal que funciona, hoje, como a principal lei do Brasil, além, naturalmente, de todos os inquéritos derivados dali — e sem o arquivamento do processo todo a paz política e a segurança jurídica não voltam ao país. Mas não haverá, na linha de tiro de Moraes, a figura que tem sido o inimigo número 1, 2, 3, 4 e 5 de Lula e das forças que o apoiam. Não é a mesma coisa. Daqui para a frente, sem Bolsonaro, o ministro Moraes muda de natureza para Lula. A pergunta-chave é: seus planos vão ou não vão continuar andando juntos? Não está claro se os dois querem as mesmas coisas, e nem se o ministro está interessado em dividir o governo com o presidente. 
Não se sabe se ele pretende entrar em parceria com os extremistas que controlam hoje as decisões de Lula; no caso da agressão aos deputados, Moraes ficou contra eles e do lado da liberdade. Há outras coisas que não se sabe. O que se sabe é que as âncoras políticas do ministro, até o momento, têm sido o ex-presidente Michel Temer e o vice-presidente Geraldo Alckmin; isso não é o PT.
Outro problema, para Lula, é a descoberta de que também ele, Sua Santidade, pode meter o pé na jaca.  
O pior momento, num mês com momentos ruins quase diários, foi esse súbito caminhão de ira que resolveu despejar em cima do impeachment de Dilma Rousseff. Foi um desastre. Ninguém ficou a favor; ao contrário, o presidente levou até dois editoriais indignados no lombo, um de O Estado de S. Paulo e outro de O Globo  já tinha levado um terceiro, da Folha de S.Paulo, contra a neurastenia repressiva do governo
Para que isso? Lula fez uma acusação alucinada: sem que ninguém tivesse lhe perguntado nada, disse que Dilma foi expulsa do governo por “um golpe de Estado”. Repetiu o disparate e, para coroar, se referiu ao “golpista Michel Temer” — tudo isso em viagem ao exterior e para plateias estrangeiras. É uma mentira primitiva, insultuosa e mal-intencionada. Dilma foi destituída por um procedimento absolutamente legal de impeachment, pelos votos de 61 senadores e 367 deputados, num processo que durou nove meses inteiros, foi supervisionado passo a passo pelo STF e no qual teve o mais amplo direito de defesa. Onde está o golpe? Estaria Lula anunciando que, se houver um processo de impeachment contra ele, também será “golpe”? E se estiver — o que adianta isso?
Foi uma ofensa grosseira ao Congresso, ao STF e à verdade mais elementar dos fatos; se ele não fosse Lula, seria punido histericamente pelas duas polícias de combate à “desinformação” que já foram criadas em seu governo. Foi, também, uma agressão sem pé nem cabeça contra o ex-presidente Michel Temer. 
A questão, aí, parece ser um velho e aparentemente incurável defeito de fabricação de Lula — sua incapacidade de controlar o próprio despeito. Temer fez, possivelmente, o melhor governo que o Brasil já teve no período da pós-democratização, se for considerado o país em ruínas que recebeu da era Lula-Dilma e o país que entregou ao seu sucessor — mesmo levando-se em conta o extraordinário sucesso de Fernando Henrique na eliminação da inflação e os evidentes êxitos econômicos de Jair Bolsonaro. O governo Temer só teve um problema: durou pouco, porque seu mandato constitucional foi curto. Tudo isso, muito simplesmente, é insuportável para Lula, o presidente das “heranças malditas” e imaginárias — um caso exemplar de problema que não contém a semente de uma solução, mas apenas a semente de um outro problema, e problema para ele mesmo.

O fato é que, depois de um mês no governo, Lula e o seu sistema não conseguiram gerar uma única boa notícia — nem para eles próprios. O único projeto de obra pública que Lula anunciou é na Argentina — e para a duvidosa construção de um gasoduto conhecido pelo nome de “Vaca Muerta”, para se ter uma ideia de onde estão querendo amarrar o burro do BNDES.  
A principal notícia no mundo dos negócios é a monumental fraude contábil das Lojas Americanas, em cujo comando figura o empresário Jorge Paulo Lemann, estrela entre os bilionários de esquerda do Brasil e grande destaque na ala dos apoiadores capitalistas do presidente. Os juros continuam em 13,75% ao ano, como resultado das expectativas ruins em relação à inflação. 
 
O mercado, a cada dia, mostra que não confia nem na competência e nem nas intenções da equipe econômica — e Lula, em vez de olhar para os problemas reais que provocam essa desconfiança, fica bravo com o mercado. O Ministério da Agricultura, peça-chave para a área mais produtiva da economia brasileira, está sendo substituído por um “Ministério do Desenvolvimento Agrário”. 
Os números do seu governo, inevitavelmente, vão começar a cair no noticiário e na vida real das pessoas — e não poderão ser suprimidos com discursos sobre a “herança maldita” de Bolsonaro, a guerra na Ucrânia e o “genocídio” dos ianomâmis.  
O presidente, queira ou não queira, vai ter de conviver com a realidade.

Leia também “Um governo em guerra contra quem produz”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste 

 

 

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

DESGRAÇA DE SE NASCER ÍNDIO NO BRASIL

José Batista Pinheiro Cel EB Ref

Nenhum ser vivente pediu para nascer e viver esse grande mistério divino indecifrável, que é a vida humana na terra. O noticiário nacional nos mostrou o estado lastimável em que vivem as tribos ianomâmis na fronteira do Brasil com a Venezuela, donos de uma área do tamanho de Portugal. A política indígena no Brasil está totalmente equivocada.

Os ianomâmis, são um grupo de aproximadamente 35.000 indígenas que vivem em cerca de 200 a 250 aldeias na floresta amazônica, na fronteira entre Venezuela e Brasil. No Brasil, as aldeias ianomâmis ocupam a grande região montanhosa da fronteira com a Venezuela, numa área contínua de 9 419 108 hectares, pouco mais de 2 vezes a área do Estado do Rio de Janeiro. Na Venezuela os ianomâmis ocupam a Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, com 8,2 milhões de hectares. A área total ocupada pelos ianomâmis no Brasil e na Venezuela é de 192 000 quilômetros quadrados. Abrange a região entre as bacias dos rios Orinoco e Amazonas.

Em sua maior parte, o território está coberto por densa floresta tropical úmida. O território é bastante acidentado principalmente nas áreas próximas às serras Parima e Pacaraima, onde se tem a maior concentração da população ianomâmi. Os solos são, em sua grande maioria, extremamente pobres e inadequados à agricultura, embora intensamente ricos em minérios nobres de alta valor comercial. No Brasil, os índios são tutelados pelo Estado, não são cidadãos brasileiros completos, com direitos civis. Ao nascer, o indiozinho é igual a qualquer outro bebê recém-nascido, que tanto pode ter vindo ao mundo em uma tribo ianomâmi, como nos aposentos luxuosos dos palácios da realeza britânica, em berço esplêndido, com roupas de seda. O coitadinho do índio não teve culpa, nem pediu para nascer em terras brasileiras em uma infecta maloca indígena, em uma rede de palha, feito um animal selvagem, sem nenhuma assistência médica e destinado a ser um pária social.

É muita maldade o que se fazem aos nossos índios, eles moram em ocas rústicas que constituem as tabas, sem nenhum resquício de higiene, analfabetos, sem escolas, sem tratamento médico, sem água potável, sem os benefícios da eletricidade, com alimentação precária predando animais em extinção para comer, poluindo os nossos rios, e muitos são alcoólatras e viciados em drogas. Existem vários órgãos governamentais para proteção aos Índios que não os protegem de nada. Os avanços da medicina moderna e da tecnologia estão fora do alcance dos bugres.

Este é o trágico panorama existencial dos nossos abandonados silvícolas. Já está na hora das autoridades brasileiras deixarem de tratar os índios com essa anomalia de paternalismo do tipo Funai, Ongs, Exército Brasileiro e outros, doando a eles grandes extensões de terra, fechando os olhos e deixando-os abandonados e desassistidos. Em vez dessas atitudes demagógicas e politicamente incorretas, as autoridades têm o dever de reintegrá-los à civilização dando-lhes moradias simples e confortáveis em suas próprias regiões, assistência alimentar, escolar, médica, acesso aos bens de consumo e autonomia para exercerem as suas crenças e tradições. A bem da verdade, os índios são tão brasileiros como todos nós, merecendo um tratamento igualitário, de acordo com os direitos e deveres constitucionais de todos os cidadãos nascidos nesta abençoada terra. Não dá para entender, baseados em que princípios, governos passados lhes outorgaram tantas terras ricas. Então, fica sem lógica a argumentação, de que os demais brasileiros do interior têm que comprar terras para exercerem a agricultura e pecuária e os brasileiros urbanos têm que comprar lotes de terras para construírem as suas casas.

Dentro desse contexto, saltam aos olhos interesses que forças externas estão pressionando as nossas autoridades, para doarem essas ricas glebas aos indígenas, principalmente na região amazônica, para posterior independência políticas dessas áreas, fracionando o nosso território, enfraquecendo a nossa soberania. Com a palavra, as nossas autoridades para esclarecerem esses absurdos.[cabe lembrar que as aqui chamadas forças externas, são na realidade organizações estrangeiras, na maioria apoiadas por governos que posam de defensores do meio ambiente e compram ONGs dirigidas por maus brasileiros, traidores e que se prestam a ser contra a Pátria Amada. 
O objetivo é transformar as terras indígenas em nações e com isso enfraquecer a SOBERANIA NACIONAL sobre tais 'reservas', o que facilita futura aquisição das terras 'indígenas'.
As condições de miséria que vivem os índios são estimuladas pelas próprias ONGs,  o que facilita a 'independência' dos indígenas, agora chamados de povos tradicionais, povos originários, denominações que torna fácil manter os índios em condições miseráveis, alegando ser por necessidade de manter os 'costumes'.
Como bônus eles ainda conseguem despertar alguma má vontade dos desavisados,  que são induzidos a ficarem contra o agronegócio brasileiro - a pretexto de salvar o planeta e os indígenas. 
As nações gringas que hoje condenam o Brasil - e que no passado devastaram suas florestas - temem o potencial de celeiro do mundo que se desenvolve no Brasil e a cada dia se torna mais real, mais concreto. Confira aqui.]

Transcrito do site Percival Puggina. *Enviado ao site pelo autor que é  Cel EB Ref, articulista do jornal Inconfidência (17.11.2021, Rio de Janeiro)


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

MARCO TEMPORAL NO STF -Terrorismo contra [?] os índios - O Globo

Jair Bolsonaro usa cocar e ergue lança indígena na Praça dos Três Poderes

No início do filme “A última floresta”, que chega aos cinemas na semana que vem, uma legenda conta que os ianomâmis vivem entre o norte do Brasil e o sul da Venezuela há mais de mil anos. A informação ajuda a entender o absurdo da tese do marco temporal, que está em debate no Supremo.

A Constituição afirma que os povos indígenas têm “direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las”. Para os defensores do marco, esse direito seria relativo. Só valeria para terras ocupadas em 5 de outubro de 1988, quando a Carta entrou em vigor. [o ilustre jornalista não se enganou - é inteligente por demais para tanto, é apenas um caso de inteligência usada para o lado errado - terras ocupadas ATÉ; o verbo está no presente, ocupam; o que os índios, a serviço das ONGs,  querem é que terras que ocuparam e abandonaram (não as ocupavam na data de promulgação da Constituição de 1988 - estavam em 'farras civilizatórias' )-  sejam consideradas suas.
Os que ocuparam há mais de  mil anos - vamos considerar verdade o afirmado sobre os ianomâmis na legenda de um filme - e não estavam ocupando em 5 de outubro de 1988,  tornaram as terras supostamente ocupadas naquela data em DESOCUPADAS. 
Alexandre Garcia, com o brilhantismo sempre presente no que escreve e com base no afirmado por Aldo Rebelo ("Aldo Rebelo, que era do PCdoB, e foi ministro em várias pastas durante o governo do PT – ou seja, é insuspeito para opinar nesse assunto)escreve  que isso é interesse das ONGs e não dos índios. 
Essas ONGs disseminam ódio entre índios e não índios, os dois lados igualmente brasileiros. Isso é crime de lesa-pátria.  
E alguém está financiando a manifestação dos índios para tentar atemorizar o STF."

Na prática, o entendimento pode legalizar a invasão e o roubo de terras indígenas [caramba... essa pesou... esperamos que o Ministério da Verdade,  em processo de criação, corrija o absurdo acima, restabelecendo a VERDADE; a prosperar o entendimento do colunista, logo os descendentes de Tibiriçá e Bartira estarão reivindicando o Parque do Ibirapuera. A maluquice que fizeram em Roraima  se repetirá em todo o território nacional.] nos 488 anos anteriores. É o que desejam grileiros, madeireiros e representantes dos setores mais atrasados do agronegócio. No terceiro dia do julgamento, advogados falaram em “segurança jurídica” e “paz social” para defender os interesses dos ruralistas. Marcos Boechat, da Associação de Produtores Rurais da Suiá Missu (MT), chegou a atacar os antropólogos que estudam o modo de vida dos índios. Alegou que seus laudos seriam contaminados por uma “ideologia contra o homem do campo”.

O discurso combina com a visão de Jair Bolsonaro, que trata os indígenas como inimigos do progresso. [as terras que supostamente ocupam - se as ocupassem a chamada do link abaixo não se justificaria = indígena em terra indígena, sem excursões civilizatórias não contaminam nem são contaminados com Covid-19.] Ontem o capitão voltou a fazer terrorismo com o assunto. Afirmou que a derrubada do marco temporal pode “acabar com o agronegócio” e “entregar para o índio o Brasil”. Dirigindo-se ao Supremo, ele disse esperar que “alguém peça vista” e “sente em cima do processo”. Depois do feriado, saberemos se algum ministro se sujeitará a cumprir a tarefa.

Leia também: A ameaça da Covid aos povos indígenas

Bernardo Mello Franco, colunista - O Globo


terça-feira, 29 de outubro de 2019

Fora de ordem - Nas entrelinhas

A rigor, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer na Argentina e no Chile. O melhor mesmo é tentar entender o que se passa por aqui. Na verdade, somos muito diferentes”


A velha canção de Caetano Veloso me vem à lembrança por causa do refrão: “Alguma coisa/ Está fora da ordem/ Fora da nova ordem/ Mundial…(Várias vezes)”. Ela fala do pequeno traficante nas ruínas de uma escola em construção, de meninos e meninas ganindo para a lua, de crianças que mordem os canos de pistolas, dos ianomâmis na floresta… Mas não perde o otimismo: “Eu não espero pelo dia/ Em que todos/ Os homens concordem/ Apenas sei de diversas/ Harmonias bonitas (…)”

“Aqui tudo parece/ Que era ainda construção/ E já é ruína”, porém, adverte o poeta. A crise do governo Sebastián Piñera, no Chile, e a vitória eleitoral do peronista Alberto Fernández, na Argentina, embaralharam o jogo político na América do Sul e, como a música, provocam reflexões sobre o que pode acontecer no Brasil. Estamos diante de uma espécie de El Niño político. O fenômeno climático é provocado por um aquecimento anormal das águas de superfície do oceano Pacífico Equatorial, na altura do Peru, que influencia o clima no Brasil e todo o Cone Sul.

Com a aprovação da reforma da Previdência e a expectativa de que um pacote de medidas administrativas e fiscais do governo está para ser anunciado, havia muito otimismo no mercado em relação ao início de um novo ciclo de expansão da economia, moderado, mas consistente. A crise do Chile, cujos indicadores econômicos são melhores do que os nossos, mostrou que a economia moderna e competitiva do vizinho escondia um país sem rede de proteção social e com desigualdades gritantes, sobretudo na distribuição de renda. [o Chile está sofrendo as consequências da 'herança maldita: vem de dois mandatos presidenciais de esquerda.
O Brasil, teve o período Temer que amorteceu, apesar do Janot, os efeitos nefastos de 3 1/2 mandatos de esquerda.
Quanto ao presidente eleito pelos 'hermanos' demonstra não ser confiável e ter intenções de provocar o Brasil = o gesto imoral e inútil que fez em várias fotos, comprovam suas más intenções para com o Brasil.
Acerta o presidente Bolsonaro em ignorá-lo = desprezo educado.]  

A derrota de Maurício Macri era pedra cantada, mas, nem por isso, merece ser desconsiderada. A volta dos peronistas ao poder sinaliza que os argentinos colocaram em segundo plano as denúncias de corrupção contra a ex-presidente Cristina Kirchner, agora vice mandatária do país, mais uma vez. O fracasso de Macri pode ser visto por vários ângulos, mas o fato é que seu governo frustrou as expectativas de crescimento e bem-estar social da população. A nova ressurreição peronista anima os petistas a sonharem com a volta por cima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A reação do presidente Jair Bolsonaro às mudanças nos dois países era a previsível. No caso do Chile, viu nos protestos uma conspiração da Venezuela e de Cuba; 
no da Argentina, a retomada do projeto bolivariano pelo novo presidente eleito, que gritou “Lula livre!” no comício de comemoração da vitória eleitoral. A rigor, ninguém sabe muito bem o que vai acontecer nos dois países. O melhor mesmo é tentar entender o que se passa por aqui. Na verdade, somos muito diferentes. [os argentinos que peçam a Deus para não ser a segunda Venezuela do continente.]
Há esgarçamento social também no Brasil, os indicadores de violência mostram sua face mais brutal. Apesar da queda do desemprego e da criação de vagas formais, temos um exército de 28 milhões de pessoas “subutilizadas”, sendo 12,5 milhões no desemprego total, principalmente nas faixas de 18 a 29 anos de idade e acima de 55 anos. Ou o governo Bolsonaro enfrenta esse problema ou os cenários chileno e argentino entrarão no radar dos investidores: ninguém quererá investir em um país em risco de convulsão política e social.

Sangue frio
As declarações de Bolsonaro contra a guinada à esquerda nos países vizinhos, e de que as nossas Forças Armadas estarão preparadas para reprimir eventuais protestos da oposição, ao contrário de dar segurança aos investidores, sinalizam mais problemas, ou seja, riscos à nossa democracia. A renúncia de oito ministros e o recuo de Piñera em relação aos protestos, que foram duramente reprimidos, são um alerta de que, nos dias de hoje, essa estratégia não é a melhor opção. Por outro lado, a comparação com a Argentina é boa para a oposição, mas é burra para o governo: estamos a mais de três anos das eleições presidenciais. É nessas horas que o sangue frio faz a diferença.

Voltando à canção do Caetano Veloso, a verdade é que alguma coisa está fora da ordem. Os sinais vêm de toda parte. Citando Alexis de Tocqueville (1805-1859), em análise da Revolução Francesa (“à medida que a situação econômica melhorava, os franceses achavam sua posição cada vez mais insuportável”), o cientista político Marcus André Melo, ontem, na Folha de São Paulo, destacava: “Revoltas e protestos resultam do descompasso entre aspirações e capacidade para materializá-las (“privação relativa”), que aumenta se as expectativas são constantes, mas a capacidade diminui (um choque econômico); se as expectativas elevam-se, mas a capacidade permanece constante (modernização acelerada); ou quando ambos aumentam, mas a capacidade não acompanha as expectativas na mesma proporção (fim de um boom de commodities)”.
Bolsonaro gerou muitas expectativas na população, em algum momento, a conta terá que ser paga. Deveria levar mais em conta esses cenários.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense

 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Não devemos encarar o Exército com os olhos do passado

A luta contra fantasmas
Existem várias comissões para fiscalizar a intervenção e poucas articulações para cooperar com o Exército

Outro dia, chamaram-me de general num desses blogs. Não me importo: são os mesmos de sempre, como diria um personagem de Beckett, depois de apanhar. O ponto de partida é minha visão positiva sobre o papel do Exército no Haiti. O que fazer? Estive lá duas vezes, vi com os meus olhos e ainda assim sempre consulto o maior conhecedor brasileiro do tema, Ricardo Seitenfus. Não estive com o Exército apenas no Haiti. Visitei postos avançados de fronteira da Venezuela, junto aos yanomamis, em plena selva perto da Colômbia. Vi seu trabalho na Cabeça do Cachorro, no Rio Negro, cobri o sistema de distribuição de água para milhões de pessoas no sertão do Nordeste.


Não tenho o direito de encarar o Exército com os olhos do passado, fixado no espelho retrovisor. Além de seu trabalho, conheci também as pessoas que o realizam.

Nesse momento de intervenção federal, pergunto-me se o Exercito para algumas pessoas da esquerda e mesmo alguns liberais na imprensa, ainda não é uma espécie de fantasma que marchou dos anos de chumbo até aqui, como se nada tivesse acontecido no caminho.

Alguns o identificam com o Bolsonaro. Outro engano. Certamente existem eleitores de Bolsonaro nas Forças Armadas como existem na igreja, nos bancos e universidades. Mas Bolsonaro e o Exército não são a mesma coisa. 

Existem várias comissões para fiscalizar o intervenção. Ótimo. Isso é democracia. Mas existem poucas articulações para cooperar com o Exército: isso é miopia.

Houve um certo drama porque os pobres foram fotografados por soldados. Quem dramatiza são pessoas da classe media que vivem sendo fotografadas, na portaria de prédios, na entrada de empresas. Por toda a parte alguém nos filma. Há uma lei especifica sobre identificação. É razoável discutir com base nela. Mas é inegável também que os tempos mudaram. Na Europa e nos EUA por causa do terrorismo, aqui por causa da violência urbana.

Não se trata de dizer sorria, você está sendo filmado. É desagradável e representa uma perda de liberdade em relação ao passado. Mas expressa um novo momento. O Ministro Raul Jungman tomou posse afirmando que a sociedade do Rio pede segurança durante o dia e à noite consome drogas. É uma frase muito eficaz em debates e artigos. Creio que apareceu até no filme Tropa de Elite. Na boca de um ministro, que considero competente, merece uma pequena análise. Parisienses, londrinos, paulistas e novairorquinos também consomem droga, suponho. No entanto não existem grupos armados dominando o território urbano.

Se isso é verdade não é propriamente a abstinência que tem um peso decisivo, mas sim a presença do Estado que garante uma relativa paz, apesar do consumo de drogas. Núcleos de traficantes deslocaram-se para o roubo de cargas porque o acham mais rentável. É impossivel culpar os consumidores de geladeiras e eletrodomésticos não só porque é uma prática legal. [Gabeira até que sempre vai bem - exceto em um passado já distante - mas, agora exagerou, comparar maconheiro com compradores de eletrodomésticos... ofendeu ... rsrs.] As milícias pouco se dedicam ao tráfico de drogas. Vendem segurança, botijões de gás e controlam o transporte alternativo. São forças de ocupação.

Campanhas contra o consumo de drogas, nessa emergência, têm uma eficácia limitada, apesar de suas boas intenções. Mas assim como há gente que vê um exercito fantasma, perdido nas brumas do século passado, pode ser um erro mirar no consumo de droga e perder de vista a ocupação armada do território. Uma das frases mais interessantes no Terra em Transe de Glauber Rocha é quando o personagem diz que não sabe mais quem é o inimigo. Há tantos combatendo exércitos fantasmas ou investindo contra moinhos que é sempre bom perguntar: afinal, qual é o foco?

Fernando Gabeira é jornalista e ex-deputado federal