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sexta-feira, 22 de julho de 2016

O sofá digital - O WhatsApp está certo?

O que é pior: liberdade sem segurança ou segurança sem liberdade? É a escolha do nosso tempo

Houve um tempo em que os telefones eram usados como uma ferramenta utilíssima pelos criminosos, e não havia possibilidade de as ligações serem grampeadas. Nem por isso se pensou em proibir o telefone. Nem por facilitar o planejamento e execução de assaltos a diligências o telégrafo foi proibido por algum juiz do Velho Oeste.  Os juízes de Teresina, de Lagarto e de Duque de Caxias tinham as melhores intenções, quebrar o sigilo de suspeitos de pedofilia e tráfico de drogas. Mas só conseguiram punir cem milhões de inocentes que precisam tocar suas vidas e seus negócios com um aplicativo simples e eficiente, em que podem se comunicar com segurança e privacidade — e de graça.

O que faz o sucesso do WhatsApp é justamente uma criptografia que não pode ser quebrada nem pela empresa que a criou, só quem recebe a mensagem pode decodificá-la. Isso protege os segredos e as operações das empresas da ação de concorrentes, protege a privacidade dos cidadãos contra a espionagem dos governos, como a NSA americana e todos os serviços secretos do mundo.  É um avanço para a liberdade individual e uma ameaça para a segurança coletiva. O que é pior: liberdade sem segurança ou segurança sem liberdade? A escolha é nossa, a marcha da tecnologia não para.

O ministro Lewandowski deu uma liminar para o aplicativo voltar ao ar em nome da liberdade de expressão, mas a questão é sobre o direito à privacidade. Ainda é grande a ignorância digital. David Cameron queria proibir no Reino Unido qualquer aplicativo que não pudesse ter seus códigos quebrados pelos serviços de segurança e foi ridicularizado.  Uma juíza brasileira quer obrigar o WhatsApp a desenvolver uma ferramenta que possa quebrar os seus códigos, sob pena de não poder funcionar no Brasilsó no resto do mundo. O Telegram e os outros aplicativos agradeceriam. Há muitos com servidores no exterior e fora do alcance da lei brasileira.

Como na clássica piada, tirar o WhatsApp do ar é como tirar o sofá da sala de todos os brasileiros porque alguns bandidos o usam para cometer suas traições contra a sociedade. Logo eles conseguirão outros sofás digitais.


Por: Nelson Motta - O Globo

A consequência de garantir a segurança do usuário é que criminosos podem escapar

Ao decidir suspender o WhatsApp na terça-feira, a juíza Daniela Barbosa Assunção de Souza não agiu como os magistrados que fizeram o mesmo antes dela. Não pediu, por exemplo, conversas passadas, que não são armazenadas. Pediu algo mais razoável: um grampo. Que a empresa Facebook, dona do WhatsApp, passasse a monitorar bate-papos entre criminosos específicos. A juíza da 2.ª Vara Criminal de Duque de Caxias (RJ) também reclamou, com razão, da arrogância de responder em inglês. Ainda mais quando o Facebook tem sede no Brasil.

Ainda assim, ao se negar a colaborar com a Justiça, o Facebook tem suas razões. Pode-se não concordar com elas. Mas é preciso ao menos compreendê-las. Há uma razão técnica. Desde abril deste ano, o WhatsApp usa encriptação ponto a ponto. A mensagem que digitamos é transformada em código antes de deixar nossos celulares. Só se torna palavras compreensíveis novamente quando chega ao aparelho do destinatário. Assim, quando a mensagem passa pelos servidores da empresa para ser redirecionada, ela é ilegível. Por este motivo, argumentam os engenheiros, um grampo é impossível.

Há duas razões para a encriptação ocorrer desta forma.  A primeira interessa a todo usuário. É para evitar hackers. O sinal enviado pelo celular sai do telefone pelo ar, passa por uma antena da operadora, por cabos e servidores da internet até chegar ao Facebook e, de lá, segue o mesmo caminho, cabos e servidores abaixo, antena, ar, aparelho do recipiente. Um bom hacker com os programas certos e um notebook poderia interceptar o sinal. Se o fizer, verá uma mensagem cheia de símbolos, letras e números que não fazem qualquer sentido.

Por causa da encriptação ponto a ponto, o WhatsApp é seguro o suficiente para que possamos enviar a senha bancária ou as fotos mais comprometedoras. Ou cometer crimes, claro. Aí há um dilema: segurança máxima para o usuário, segundo o Facebook, impossibilita grampos. Para que o sistema permitisse grampos, todos os usuários teriam de abrir mão de ter segurança.

Há um segundo motivo. O Facebook não quer colaborar com a Justiça. Não é só ele. A Apple não quer colaborar, o Google tampouco. É uma posição do Vale do Silício. O problema não é com a Justiça americana ou com a brasileira. Ou com a europeia. Os pedidos de juízes em países democráticos são quase sempre razoáveis. O problema, para empresas de comunicação global, é que elas estão em tudo quanto é tipo de país.

Basta imaginar a importância do uso de redes sociais no Egito, durante a Primavera Árabe. Ou no Irã, durante a Onda Verde de 2009. Milhares de manifestantes usaram as redes para planejar seus movimentos. Em ditaduras, pedidos formais da Justiça nem sempre ocorrem por motivos razoáveis. Pessoas são presas porque não gostam do governo, porque o criticam, porque planejam protestar contra. São presas, são torturadas, são até executadas.

Este é um dilema sério. Estes aplicativos têm atuação global. A consequência de garantir a segurança do usuário e a proteção de dissidentes é que criminosos podem escapar. A Apple já se recusou a ajudar o FBI a abrir um iPhone de um terrorista. Ali poderia haver informação capaz de salvar novas vidas. (O FBI, com o auxílio de uma empresa israelense, conseguiu abri-lo. Mas foi difícil e demorou.)

É daqueles dilemas nos quais não há meio-termo. É um ou outro. Não há resposta certa. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, informou que os terroristas amadores presos na quinta se comunicavam por sistemas “como o WhatsApp”. Não está claro, ainda, se a Polícia Federal conseguiu quebrar a encriptação do aplicativo. Se conseguiu, talvez com a ajuda de serviços secretos estrangeiros, não foi fácil.  Pode-se discordar do Facebook e do resto do Vale do Silício. Mas entre a segurança de seus usuários e os pedidos do Estado, eles fizeram uma escolha.


 Por: Pedro Doria - Estadão
 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Armas brasileiras, para onde vão?



As exportações de armas brasileiras para a Arábia Saudita cresceram cerca de 235 vezes nos últimos cinco anos – de US$ 462 mil a US$ 109,6 milhões . Nos últimos dois anos, desde 2013, as vendas aumentaram em sete vezes. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, 2015 foi um ano de destaque: as compras da Arábia Saudita entre janeiro e outubro tornaram o país o segundo principal destino das armas leves brasileiras – suplantado apenas pelos Estados Unidos, historicamente nosso maior comprador. Nesse período, o Brasil exportou para os sauditas cerca de R$109,6 milhões em armas. As compras dos americanos, no mesmo período, somaram R$123 milhões. O Brasil é relevante nesse mercado – somos o quarto maior exportador desse tipo de artigo em todo o planeta. Os números apresentados por ÉPOCA foram obtidos a partir de um banco de dados do Ministério do Desenvolvimento. A metodologia que usamos foi verificada pelo exército.

As vendas de armas para a monarquia Saudita preocupam os observadores internacionais. Ao longo dos últimos 10 anos, o país aumentou seus gastos com armamentos. Um dos motivos é seu envolvimento na guerra civil do Iêmen. Desde o início do ano passado, a Arábia Saudita lidera uma coalizão de países que, no Iêmen, combate um grupo rebelde que tenta derrubar o governo reconhecido 
internacionalmente. De acordo com a Anistia Internacional, a atuação saudita no país provocou a morte desnecessária de civis. A Anistia Internacional fez um apelo para que países como Inglaterra e Alemanha, dois dos maiores produtores de armas leves do planeta, deixassem de vender para o país até que os casos fossem esclarecidos. As compras de armas brasileiras pela Arábia Saudita cresceram em 7 vezes em 2015, se comparadas a 2013 (não há registros de vendas em 2014). O período coincide com a entrada do país no conflito iemenita.

O envolvimento do Brasil tornou-se polêmico em outubro de 2015. Naquele mês,a Anistia Internacional denunciou o uso de bombas cluster brasileiras por tropas sauditas no país. Bombas cluster são um tipo de armamento leve banido pelo Direito Internacional Humanitário. São perigosas e cruéis – porque, quando acionadas, lançam centenas de pequenos explosivos no ar. A estratégia amplia o alcance destrutivo da bomba e aumenta as chances de ferir, gravemente, civis. Cerca de cem países já proibiram a fabricação, estocagem e uso desse tipo de armamento. Países como Brasil, EUA e Coreia do Norte continuam a usá-las. Em outubro, de acordo com a Anistia Internacional, estilhaços de bombas cluster brasileiras foram encontradas em uma zona residencial  na cidade de Ahma, norte do  Iêmen.

As vendas para países como Arábia Saudita têm implicações éticas. Além das acusações de crime de guerra, a monarquia saudita mantém um regime autoritário internamente, e apoia a manutenção de regimes semelhantes na região. Ativistas brasileiros cobram que as vendas de armas pelo Brasil sejam mais controladas: “A indústria de armas brasileira é uma das mais antiéticas do mundo”, diz o sociólogo Antônio Rangel, ex-consultor da ONU e consultor da ONG carioca Viva Rio.Há uma linha entre os militares brasileiros que acha que o armamento que a gente exporta não é problema nosso, é problema dos outros.” Desde 2013, O Brasil é signatário do Tratado sobre o Comércio de Armas (ATT) da ONU, mas o documento ainda não foi ratificado (aprovado pelo Congresso). O tratado tenta moralizar a venda de armas no mudo. Pelos termos do acordo, o país signatário fica impedido de vender armas a nações com histórico de desrespeito aos direitos humanos

As vendas ficam proibidas também quando houver suspeita de que o armamento será utilizado para cometer crimes de guerra. O tratado interfere, por exemplo, nas vendas da Rússia ao governo Sírio que usa armas contra civis. E pode afetar as vendas do Brasil para países com regimes autoritários ou envolvidos em guerras civis: “Pelos termos do tratado, fica proibido vender para países como a Arábia Saudita ou muitos outros dessa região”, diz Rangel. “Do ponto de vista legal, não dá para condenar o Brasil. Mas, do ponto de vista moral, a venda é no mínimo questionável.” Época entrou em contato com representantes da indústria de armas brasileira para comentar a questão, mas não obteve resposta. 


Além da Arábia Saudita, o Brasil passou a vender mais, desde 2010, para outros países do Oriente Médio e Norte da África. Cresceram as exportações brasileiras para nações como os Emirados Árabes, Bahrein, Omã, Jordânia e o Líbano. O aumento pela procura de armamento brasileiro acompanhou o aumento geral da procura de armas por esses países nesse período. “A Arábia Saudita, e outros países do Oriente Médio, aumentaram massivamente seus gastos militares nos últimos dez anos”, diz Sam Perlo-Freeman, pesquisador sênior do Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisas sobre a Paz, o Sipri, na sigla em inglês. De acordo com dados do Sipri, os gastos sauditas com armamento cresceram 112% entre 2005 e 2014. Eles não se limitaram a compras de armamento leve vendido pelo Brasil – como revólveres, pistolas e granadas. Esses gastos incluem armamento pesado, como tanques de guerra.

Além dos conflitos do Iêmen e na Síria, Perlo-Freeman aponta outros motivos para a corrida armamentista da Arábia Saudita: as tensões com o Irã; a alta no preço do petróleo até 2014, que deu ao país dinheiro para investir em armas; a Primavera Árabe. “As tensões que se seguiram à Primavera Árabe fizeram com que os países da região quisessem assegurar que têm forças de segurança leais e bem armadas, para guardá-los contra rebeliões internas”, diz Perlo-Freeman.

Em 2011, uma bomba de gás lacrimogêneo brasileira foi usada para reprimir protestos em prol da democracia no Bahrein. Por lá, a repressão à Primavera Árabe contou com a ajuda de militares da Arábia Saudita – hoje, um dos grandes compradores dos artigos brasileiros. Se não avaliar com cuidado para quem vende suas armas, o Brasil – uma democracia – corre o risco de estimular o autoritarismo pelo mundo.

Fonte: Revista Época

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Ascensão do terror: presidente americano e líderes europeus ajudaram a depor tiranos asquerosos e permitiram a ascensão do mal maior

A culpa de Obama e aliados europeus na ascensão do terror: nunca houve “Primavera Árabe”

Potências ocidentais são, sim, em parte culpadas pela dimensão que tomou o terror, mas não pelas razões perturbadas apontadas pelas esquerdas, que pretendem voltar às Cruzadas para justificar os assassinos.

Eu sei o quanto apanhei neste blog e em alguns outros veículos porque chamei, desde o início, de terrorismo aquilo a que se assistia na Síria e na Líbia, por exemplo. Aliás, nunca cai no conto da Primavera Árabe — que primavera nunca foi. Aqueles que assistiram a um debate de que participei no clube Hebraica, em São Paulo, há mais de três anos, sabem disso.

No dia 18 de julho de 2012, por exemplo, depois de um atentando na Síria, escrevi aqui: “Eu não sou um entusiasta disso que chamam ‘Primavera Árabe’, vocês sabem. Acho que, infelizmente, é o radicalismo islâmico que está ganhando espaço nessa jornada. Custará caro. E espero, obviamente, estar errado. O fato de Bashar Al Assad ser um ditador asqueroso, a exemplo de outros que já caíram, não deve servir de pretexto para considerar aceitáveis certos métodos. Aquilo a que se assistiu na Síria nesta quarta-feira tem nome: atentado terrorista. Condescender com isso corresponde a aceitar qualquer método, inclusive os de Assad, ora essa!”.
 Dias antes da derrocada de Muamar Kadhafi, na Líbia, apontei os erros cometidos pela Otan, sob os auspícios de EUA e Reino Unido, que prepararam o caminho para que os terroristas derrubassem o ditador. Escrevi no dia 22 de agosto de 2011: “A Líbia de Kadafi foi, durante muitos anos, um celeiro de terroristas — aliás, era governado por um. Aí o homem se engraçou com o Ocidente, declarou inimigos os jihadistas e passou a colaborar efetivamente com o combate ao terrorismo, tanto que recebeu o afago dos governos dos EUA e da Grã-Bretanha. O jihadismo se alinhou com os rebeldes. Alguns de seus soldados são veteranos ainda da guerra do Afeganistão contra a… União Soviética! Quem dará o tom do novo governo? É uma tolice imaginar que toda a sociedade líbia repudia Kadafi.”

Há quem aposte na memória curta de leitores, de ouvintes, de telespectadores, de internautas. É claro que, naqueles dias, o mais difícil era defender a opinião de que EUA e Europa faziam muito mal em estimular a queda de, digamos, ditadores amigos, estimulando os defensores da suposta “Primavera”, que abriu caminho para o jihadismo. Mas era a coisa sensata a fazer.

Como o sensato, em dias recentes, não era, claro!, escorraçar os refugiados, mas, quando menos, criar critérios mais severos para a entrada deles na Europa. Ou alguém duvidava de que aquele movimento estivesse na mira do terror e de que se abria uma janela formidável para a entrada em massa de terroristas? Se o Estado islâmico blefa ou não quando anuncia que infiltrou milhares de seus militantes no continente, não sei. Basta, meus caros, que isso fosse possível — e é claro que era.

Mas o Ocidente gosta de se enganar. Gosta de pensar que a democracia é dessas coisas que fazem parte do ar que respiramos, como se ela não fosse uma construção humana, uma escolha, um conjunto de princípios volitivos. O mundo pagará caro, por muitos anos, pelos erros cometidos por Barack Obama e por seus aliados europeus quando, sob o pretexto de apoiar a Primavera Árabe, pavimentaram o caminho do terror.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo


 

 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Lula, por acaso, está nos ameaçando com um banho de sangue se o PT deixar o poder?

Ao dizer num seminário que sente cheiro de retrocesso, Babalorixá de Banânia expõe o que entende por democracia: PT, Cristina Kirchner e Nicolás Maduro

O golpe já foi dado. Lula é o presidente e nomeou Meirelles para o lugar de Levy

Luiz Inácio Lula da Silva discursou na terça da abertura da 7ª Conferência Latino-Americana e do Caribe em Ciências Sociais (Clacso), um dos muitos organismos da esquerda na região que vivem mamando nas tetas dos respectivos estados. Entre 2006 e 2012, quem comandou a entidade foi Emir Sader, um subintelectual petista com sérios problemas até de alfabetização. Mas deixo isso pra lá agora.

Em seu discurso, o Babalorixá de Banânia atacou a imprensa livre — nem poderia ser diferente — e deixou claro onde estão as raízes do seu, por assim dizer, pensamento.
O chefão do partido que protagonizou o mensalão e o petrolão o que, tudo indica, o fará beijar a lona por um bom tempo — afirmou sentir um forte “cheiro de retrocesso” na América Latina e na América do Sul.

Retrocesso?
Explica-se: no Brasil, o seu PT chafurda na lama. Na Argentina, o candidato de Cristina Kirchner, Daniel Scioli, deve perder a eleição para Mauricio Macri. Se não houver uma roubalheira de dimensões homéricas na Venezuela, o ditador de chanchada Nicolás Maduro é um palhaço amador, mas ele mataserá fragorosamente derrotado pelas forças de oposição nas eleições parlamentares de 6 de dezembro.

Em todos os casos, as respectivas derrotadas significam fortalecimento das correntes que defendem a democracia política e se opõem a regimes aparelhados por milícias mais violentas (como na Venezuela) ou menos, como no Brasil. Por enquanto ao menos. O Apedeuta fez ainda uma comparação aloprada. Associou os movimentos em curso na América Latina contra os governos de esquerda às agitações que antecederam a Primavera Árabe — que “Primavera” nunca foi — e que concorreram para o acirramento da desordem política na região.

A comparação é um despropósito porque boa parte dos movimentos que promoveram o que se chamou tolamente de “Primavera” era composta de fundamentalistas islâmicos que queriam ditadura religiosa. Quem combate o PT no Brasil, Cristina na Argentina e Maduro na Venezuela quer um regime de liberdades públicas. Mas há um grão de verdade no que ele diz: aqueles grupos — islâmicos, sim! —, lutavam contra ditaduras. O diabo é que queriam outra, como Dilma, quando pertencia a grupos terroristas. Os antipetistas, antikirchneristas e antibolivarianos querem democracia.

Pós-Primavera Árabe, o que se tem, exceção feita à Tunísia, é banho de sangue e ditaduras ainda mais ferozes, do velho ou do novo establishment. Lula, por acaso, está nos ameaçando com guerra civil quando o PT for apeado do poder pelo Congresso, pela Justiça ou pelas urnas? Lula, por acaso, está nos ameaçando com um banho de sangue?

Sempre que este senhor sente um cheiro de retrocesso político, então é sinal de que a democracia avançou.

O golpe já foi dado. Lula é o presidente e nomeou Meirelles para o lugar de Levy

Titular da Fazenda fala a senadores e é triturado ao defender CPMF; o candidato à sua cadeira critica imposto em conversa com empresários

O comando do Bradesco deveria fazer logo um favor a Joaquim Levysei que soa meio estranho escrever desse modo — e afastar dele o cálice do Ministério da Fazenda. Levy é um bom homem, é um profissional competente na sua área e está passando por uma fritura desnecessária e penosa. Já foi derrubado por Lula. Henrique Meirellesex-presidente do Banco Central e outro profissional que nada entende de política econômica — é o virtual novo ministro da Fazenda. Já está até concedendo entrevista nessa condição.

O que isso quer dizer? Ora, que o golpe já foi dado. E, é claro, não foi pela oposição nem pelos jovens que estão acampados nos gramados do Congresso. Quem apeou Dilma da cadeira foi o grande golpista de plantão no Brasil: chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. Isso não é matéria de gosto, mas de fato.  Levy já começou a ser desautorizado a céu aberto. Determinações suas estão sendo descumpridas por Jaques Wagner, por exemplo, o lulista da Casa Civil. Na terça, coitado!, em jantar com senadores tanto da base aliada como da oposição, o ministro da Fazenda passou por um verdadeiro massacre. Fez lá as suas antevisões de praxe e voltou a defender a CPMF, que não terá vida fácil no Congresso.

E Meirelles? Ah, esse já até concede entrevista como ministro. E parece não esconder a excitação com a possibilidade. Indagado por jornalistas a respeito, um modesto decoroso teria dito que a conversa não procede, que Levy faz um excelente trabalho, que se deve deixar o ministro cumprir as suas tarefas, essas coisas. Ele deveria ter dito isso tudo ainda que não acreditasse em nada.

Ocorre que, ainda que Meirelles fosse decoroso, a modéstia não é um mal que vá matá-lo algum dia. Num evento na Confederação Nacional da Indústria, nesta quarta, criticou a recriação da CPMF e a elevada carga tributária brasileira. Parecia música aos ouvidos dos presentes. E era mais um round da luta contra Levy.  Indagado, depois, pelos jornalistas se vai para o lugar do ministro da Fazenda, deu esta significativa resposta: “Não posso comentar sobre coisas de que não estou participando diretamente. Esse tipo de assunto, eu leio nos jornais e não estou em condições de comentar”.

Heiiinnn? Cadê o decoro e o elogio de praxe ao atual titular?  E notem: ele diz não estar participando “diretamente” — entendo, pois, que participe indiretamente e que haja um agente que cuida de sua nomeação. Há mesmo: Lula.

Mas ele aceitaria? Reitero: a única resposta elegante, em casos assim, seria dizer que a Fazenda está em boas mãos — o que não impediria a sua eventual nomeação. Mas ele preferiu dizer isto: “Questão de se eu aceitaria ou não aceitaria, tenho uma postura há muito tempo: eu não trabalho, não penso nem falo sobre hipótese. Só trabalho com situação concreta. Acho que o importante hoje é definirmos o que precisa ser feito no Brasil”.

Assim, a lógica obriga a que se conclua: 1 – sim, ele aceitaria;
2 – ele acha que não se definiu ainda o que precisa ser feito no Brasil; 3 – se ele aceita o cargo, então haveria essa definição.
Para lembrar: Meirelles sempre foi o candidato de Lula para a Fazenda. Ocorre que Dilma o detesta e está certa de que ele prestaria vassalagem, para ficar em termos medievais, a outro senhor. E ela tem razão.

Mas parece que essa é uma objeção que fazia sentido quando a presidente de direito também era a presidente de fato. Não é mais. Está fora.
Como é que a gente vai agora pedir o impeachment de Lula se ele nem foi eleito?

Fonte: Veja - Blog do Reinaldo Azevedo

 

 


 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Mãe de jovem saudita condenado à decapitação pede ajuda de Obama



A mãe de um jovem condenado à decapitação por ter participado de protestos contra a monarquia saudita pediu ao presidente americano Barack Obama que salve seu filho, em uma entrevista veiculada nesta quinta-feira. A sentença contra Ali al-Nimr, que tinha apenas 17 anos quando foi detido em fevereiro de 2012, atraiu atenção no mundo inteiro por sua idade e pela suspeita de que foi torturado para confessar supostos crimes.


Ali Mohammed al-Nimr: condenado à decapitação por protestar contra o governo saudita(VEJA.com/Facebook)

"Quando visitei meu filho pela primeira vez, não o reconheci", explicou sua mãe, Nusra al Ahmed, ao jornal britânico The Guardian. "Vi claramente uma ferida em sua testa. Outra ao redor de seu nariz. Eles o desfiguraram, seu corpo estava muito magro", contou. "Ele urinou sangue por dias e disse que sentia muitas dores". O pai de Ali, Mohammed al-Nimr, admite que seu filho participou das manifestações, mas afirmou que é inocente das acusações de roubo, violência contra a polícia e uso de coquetéis molotov.

A mãe disse que a sentença - que decreta que seu filho seja crucificado após ser decapitado - é "extremamente retrógrada". "Nenhum ser humano normal e lúcido faria isso com um menino de 17 anos. E por quê? Ele não derramou sangue, não roubou nada". Por fim, pediu a ajuda de Obama. "Ele é um dos homens mais influentes do mundo e pode interceder para resgatar meu filho", apelou.

O menino é sobrinho de Nimr al Nimr, um religioso xiita - o regime saudita é sunita - condenado à morte acusado de ser um dos mentores das manifestações que abalaram o país há quatro anos, no período conhecido como Primavera Árabe, quando países do Oriente Médio e Norte da África tiveram protestos pedindo por democracia e mais liberdades civis.

Fonte: VEJA/AFP