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domingo, 13 de janeiro de 2019

Sistema S acumula R$ 23 bilhões em imóveis

De 2,8 mil unidades, há espaços abandonados, e um deles foi alvo de invasão, afirma TCU

Dono de um patrimônio bilionário,Sistema S, formado por um grupo de entidades da indústria, comércio, agronegócio e transporte, tem R$ 23 bilhões em imóveis. São 2.805 propriedades espalhadas por todo o País, das quais cerca de 490 são usadas para finalidades que não estão ligadas às atividades do Sistema S, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Há imóveis abandonados e um deles foi invadido.

Outra questão refere-se à remuneração dos empregados. Há indícios de que os salários no Sistema S estejam acima daqueles pagos pelo mercado. Em 2016, as entidades empregavam 108 mil funcionários, dos quais 40% recebiam mais do que a média do mercado. O salário médio mensal variava de R$ 3,5 mil a R$ 15,5 mil, dependendo da entidade.

[neste patrimônio bilionário, não estão incluídas as Confederações Nacionais nem as Federações estaduais - que são tipo as 'holding' de cada Sistema e as Federações as representações estaduais  = fica algo tipo 'holding' da 'holding'.

 

Empregam centenas de de empregados, com salários acima da média e sedes extremamente luxuosas - tirar dúvidas é só ir ao Setor Bancário Norte de Brasília e ao lado da sede dos Correios poderão ver os gigantescos e luxuosos edifícios da CNC e CNI

 

São tão grandes que mesmo com centenas de empregados dão a impressão de prédios vazios - todos tem mais de 20 andares e altíssimo luxo.

 

No Rio além sede milionária de Brasília  a CNC tem  uma sede próxima ao Aeroporto Santos Dumont (Avenida General Justo) e o Sesc e o Senac tem sedes próprias, no Rio e em todos demais estados, sempre  em edifícios luxuosos. 

[detalhe curioso sobre a CNC= que é a holding do SESC e SENAC que por sua vez tem uma estrutura administrativa chamada de Departamento Nacional (a holding da holding em âmbito nacional e um DR para cada um dos sistemas em âmbito estadual.                                        
Mas, o negócio é tão bom e o sistema corre tão frouxo que o último presidente da CNC administrou (reinou)  por apenas 38 anos.

O mais absurdo é que alguns serviços do Sistema S - tipo Sesc e Senac, Sesi e Senai, são prestados e com eficiência (claro que uma fiscalização eficiente pode reduzir despesas e aumentar a qualidade, volume e eficiência dos serviços prestados) o que até justifica existirem; 

 já as Confederações apenas administram os Serviços sociais e de aprendizagem, com uma estrutura caríssima e desnecessária, já que todos os serviços possuem uma estrutura que também administra = fica uma estrutura milionária para administrar a estrutura também milionária,  que também administra.

Ao final tem a vinculação de cada serviço a uma Confederação que por sua vez tem suas federações.]

Para fazer o comparativo, o TCU utilizou dados do Ministério do Trabalho. Das nove entidades e duas agências de fomento que compõem o sistema, a maior empregadora era o Sesi, com 28,4 mil funcionários e salário médio de R$ 3,8 mil por mês, seguido pelo Sesc, com 24,4 mil funcionários que recebiam, em média, R$ 3,9 mil.

Excelência
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, “parte da montanha de dinheiro que o Sistema S recebe é muito bem aplicada, mas falta transparência, principalmente na sua gestão.” Mendonça de Barros cita como “louvável”, por exemplo, o trabalho de formação desenvolvido pelo Senai e seus laboratórios, “que estão entre os mais avançados no País”.
Em 2017, o Senai efetuou 2,3 milhões de matrículas em educação profissional e o Sesi computou 1,187 milhão de matrículas em educação básica, continuada e em ações educativas.

O QUE FAZEM AS ENTIDADES

Sesi: Vinculado à indústria, oferece cursos de educação básica, cultura, lazer e esporte
Senai: Vinculado à indústria, oferece cursos profissionalizantes e assessoria técnica
[os dois acima vinculados à Confederação Nacional da Indústria - CNI, que também tem o Instituto Euvaldo Lodi - IEL.] 

Sesc: Vinculado ao comércio, oferece cultura, lazer e esporte
Senac: Vinculado ao comércio, oferece cursos
[os dois vinculados à Confederação Nacional do Comércio - CNC] 

Sebrae: Vinculado às micro e pequenas empresas, oferece cursos e apoio para acesso a crédito
[tem também o CIEE - Centro Integração Escola Empresa, para que tenham a ideia do seu luxo, sua sede em Brasília fica no Setor Sudoeste - área nobre da Capital e tipicamente residencial; só mesmo muito dinheiro e vontade de desperdiçar para instalar uma sede naquele região.] 

Senar: Vinculado ao agronegócio, oferece cursos para trabalhadores rurais
[vinculado a Confederação Nacional da Agricultura = é o que podemos chamar de  Senac ou Senai da Agricultura.] 

Sescoop: Vinculado às cooperativas, oferece cursos e assessorias 
[meio sem função, algo tipo ensina as Cooperativas a cooperar.]  

Sest: Vinculado ao setor dos transportes, oferece cultura, lazer e esporte
Senat: Vinculado ao setor dos transportes, oferece cursos
[os dois vinculados à Confederação Nacional dos Transportes - CNT.]


O Estado de S. Paulo


sábado, 22 de dezembro de 2018

Vício e virtude do Sistema S

Sistema S tem vícios e virtudes. É preciso manter o que dá certo, mas acabar com zonas de sombras que permanecem sobre algumas das suas atividades


A declaração do futuro ministro Paulo Guedes sobre o Sistema S provocou tremores e temores, mas precisa ser entendida mais profundamente. O Sistema S tem inúmeras qualidades e trabalhos meritórios, e tem uma zona de sombra no financiamento da representação empresarial. É isso que o ministro quis dizer quando comparou com a CUT, que perdeu o dinheiro do imposto sindical. O desafio do próximo governo vai ser corrigir as distorções sem atingir as “louváveis atividades educacionais”, na expressão de um integrante da próxima administração.

A grande crítica dos economistas em geral, e dos liberais em particular, ao Sistema S, tem até um símbolo: a pirâmide da Fiesp na Avenida Paulista. A época da construção da sede foi o auge da confusão no uso desses recursos. Criou-se uma espécie de holding, o Sistema Fiesp, e nele os dinheiros se misturavam: o que vinha dos impostos pelo Sistema S, para financiar a qualificação do trabalhador, e o dinheiro recolhido dos sindicatos patronais. Esse caixa comum financiava tudo, das escolas à representação. Essa estratégia do caixa único foi replicada no Brasil inteiro e financiou tudo: sedes próprias, defesa dos interesses empresariais no Congresso, lobby protecionista, alavancagem de algumas carreiras políticas. E tudo isso com dinheiro que onera a folha de pagamento, apesar de o custo da folha sempre ser criticado pelos próprios empresários.

Ao longo do tempo foi havendo, em algumas federações mais do que em outras, a separação dos recursos, e o esforço por maior transparência no uso desse dinheiro de origem parafiscal. A par disso, Sesi, Sesc, Senac, Senai, e outros serviços sociais dos setores empresariais, montaram boas escolas, fizeram excelentes trabalhos em apoiar o processo de aprendizado, qualificaram trabalhadores, focaram em questões de valor intangível. Não se pode usar os bons exemplos para encobrir as distorções, nem os erros para matar o sistema. Aliás, Paulo Guedes, ao usar a expressão cortante sobre como pretende atuar nesse assunto, deu até uma gradação: de 30% a 50%. O importante é que se saiba o que preservar e o que eliminar. E principalmente: que a redução tenha vantagens palpáveis. enador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), presidente da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Defesa do Consumidor do Senado Federal, encaminhou à coluna um despacho assinado pelo ministro Augusto Sherman, do Tribunal de Contas da União (TCU), com uma auditoria inédita sobre os dados do Sistema S nos anos de 2015 e 2016.

Segundo o TCU, a maior ia dos contratos é feita por meio de inexigibilidade ou dispensa de licitação. Senac, Sest, Senat, Senar, Sescoop e Sebrae, por exemplo, apresentam índices acima de 90% de contratações feitas por meio de dispensa ou inexibilidade”, diz o TCU. As contratações, segundo a auditoria, “feitas sem licitação, possuem valores médios elevados, se comparados com a administração pública em geral”. [mexer no Sistema S sem mexer nas Confederações: CNC, CNI, CNA, CNT e outras - cada dois Sistema S, de determinado ramo de atividade, tem a sua Confederação e nestas são gastos tanto, ou até mais, do que no Sistema S respectivo e sem oferecer nenhum beneficio - nada vai resolver.

O Sistema S ainda presta algum tipo de serviço, de benefício. Exemplo: Sesc e Senac são úteis aos comerciários, tem o lado social ou de aprendizagem, já a CNC é tipo a holding dos dois, gastando para administrá-los, mais do que os administrados gastam na prestação de serviços.]
 
O relatório alerta que houve “porcentagem significativa de discordâncias entre os dados encaminhados aos órgãos de controle e os dados dos contratos”. Por isso, o TCU recomenda que internamente sejam feitos mais testes para comprovar os números apresentados. “Além disso, cabe ao controle externo priorizar informações que promovam a melhoria na qualidade dos bancos de dados de licitações e contratos das entidades do Sistema S.”  A auditoria mostrou que há uma grande quantidade de bens imóveis, ou investimentos financeiros, que fogem dos objetivos das instituições. Segundo o TCU, o patrimônio imobiliário das entidades é 2.805 imóveis, com valor declarado de R$ 23 bilhões. “Detectou-se várias propriedades sendo usadas em atividades diferentes das atribuições da entidade.”
 
Um velho vício que precisa ser impedido é o uso dos projetos do Sistema S para alavancar carreiras políticas. [apenas dois exemplos: o falecido senador Jessé Freire, foi senador da República, cargo que acumulava com a presidência da CNC, dos Conselhos Nacionais do Sesc e Senac;
Ademir Santana, ex-senador da República,  atualmente preside a Federação do Comércio do DF, os Conselhos Regionais do Sesc e Senac é membro dos Conselhos da CNC  e logo voltará a ser candidato.]  Isso já foi feito em federações de vários estados, cujos presidentes exibiam em constantes comerciais os serviços prestados pelas entidades como se fossem mérito deles. Assim ficaram conhecidos e, depois, se lançaram para cargos políticos.

A máxima que precisa ser seguida em qualquer entidade mantida por impostos, ou beneficiária de renúncia fiscal, é que a avaliação e a prestação de contas têm que ser rotinas. O Sistema S diz que é muito fiscalizado, mas o relatório do TCU mostra que é possível aperfeiçoar o controle.

Coluna da Miriam Leitão - O Globo


segunda-feira, 25 de julho de 2016

À espera do tsunami digital


As tecnologias que sacodem a indústria mundo afora apresentam novas opções ao Brasil e seus profissionais. Muitos, porém, ainda não sabem da mudança em curso
Em meados dos anos 1990, a empresa sueca Electrolux escolheu como base para sua expansão no Brasil a fabricante de eletrodomésticos paranaense Prosdócimo, fundada em 1949. A marca brasileira foi extinta em 1997, mas a estrutura se manteve em Curitiba, incluindo um centro de desenvolvimento de produtos. Foi nele que, a partir de 2011, a marca começou a mudar a forma de fabricar eletrodomésticos. No formato anterior, um profissional lidava com os projetos na tela do computador. O arquivo era compartilhado entre diferentes setores, como engenharia e design. Depois, eram criados os protótipos, etapa demorada e custosa. 

A mudança ocorreu com a chegada da tecnologia 3-D e da realidade virtual. A prototipagem digital permite que, numa mesma sala, profissionais de diversas áreas, com óculos 3-D, analisem uma geladeira “virtual”, numa tela de 4 metros de largura por 2 metros de altura e sensação de profundidade. Os profissionais da Electrolux passaram a gastar a metade do tempo de que precisavam. Adaptações que consumiam R$ 100 mil cada, ao longo do projeto, foram riscadas da conta. “Para concluir um refrigerador, criávamos de três a quatro modelos físicos. Hoje, apenas um. É mais barato, rápido e seguro”, diz Julio Bertola, diretor de design da Electrolux para América Latina. A empresa não revela o custo do centro, mas assegura que o investimento se pagou em três anos.



EFICIÊNCIA - O cargueiro militar KC-390, da Embraer. Modelagem digital e software de simulação permitiram a produção acelerada (Foto: Ricardo Correa/ÉPOCA)

O caso é um dos bons e raros exemplos no Brasil de empresas que abraçam a quarta revolução industrial (ou, como preferem alguns, a Indústria 4.0). O termo, criado em 2011 na Alemanha, refere-se a um conjunto de tecnologias, como robótica avançada, internet das coisas, big data e realidade aumentada, que melhoram a produtividade de quem trabalha fabricando qualquer coisa. Apesar de casos como o da Electrolux, o Brasil engatinha nessa área.

No setor privado, a falta de conhecimento preocupa. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de abril deste ano, mostra que 43% dos empresários não sabem nem identificar as novas tecnologias digitais fundamentais para impulsionar a competitividade. A maioria acredita que a digitalização tem um único objetivo: cortar custos“É uma visão ultrapassada”, diz João Emílio Gonçalves, gerente executivo de Política Industrial na CNI. “É preciso prestar atenção a outros ganhos, como inovação, eficiência e redução do prazo de lançamento de produtos.”


 PRECISÃO - Centro de desenvolvimento da Electrolux em Curitiba. Protótipos são criados em realidade virtual (Foto: Alberto dy - A Photo Photography & Design)

Os casos de Estados Unidos e Alemanha mostram que o Poder Público pode auxiliar na difusão de novos jeitos de produzir. Entre outros papéis, o Estado pode instruir profissionais e empresários sobre quais são as tecnologias cruciais à sobrevivência industrial e abrir mais seu mercado ao comércio global, a fim de oxigená-lo com as melhores práticas e técnicas.  A economia brasileira é fechada. Desde os tempos do milagre econômico, na década de 1970, o país optou por um modelo de substituição de importações. No lugar de criar um ambiente aberto a indústrias transnacionais, que favorece o desenvolvimento tecnológico, deu prioridade ao fortalecimento de empresas concentradas no grande mercado interno (ou ao uso de dinheiro público para escolher algumas poucas campeãs nacionais a tentar conquistar o mundo). Diante de companhias globais cada vez mais conectadas, o país ficou para trás. 

Rankings que avaliam o ambiente de negócios e a abertura econômica colocam o Brasil nas últimas posições. O país peca, já se sabe, pelo  baixo investimento em inovação. O Brasil aporta pouco mais de 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, em comparação com 3% na Alemanha e 4% na Coreia do Sul, segundo o Banco Mundial. Como resolver isso? “Temos carga tributária de 37%. Se baixássemos para 25%, a média dos países emergentes, com o incentivo correto às empresas, sobraria muito para investir em inovação”, diz Marcos Troyjo, professor de relações internacionais e políticas públicas da Universidade Columbia, nos Estados Unidos.


sábado, 9 de janeiro de 2016

Pavilhão 6

A rotina dos internos do pavilhão 6

O cotidiano de grandes empreiteiros, políticos e outros presos por envolvimento no maior escândalo de corrupção da história inclui resenhar livros, limpar as celas, dar aula de ginástica para os companheiros e até fazer provas do Enem. 

São estratégias para passar o tempo e tentar, no futuro, reduzir as penas

Para Marcelo Odebrecht, é mais um de seus 205 dias em prisão cautelar, situação em que aguarda o desenrolar do processo a que responde por corrupção, fraude e lavagem de dinheiro no escândalo do petrolão. Ele e os outros presos da Lava-­Jato são as estrelas do Pavilhão 6, com suas celas, em geral de 12 metros quadrados, ocupadas por três pessoas. São, portanto, 4 metros quadrados para cada uma - metragem acima dos padrões humanitários da União Europeia e aceitos no Brasil, sem os quais eles estariam sendo submetidos a tratamento degradante.

Caneca de plástico numa mão, tubo de pasta na outra, o interno 118065 tem apenas mais dois colegas de cela. Ele escova os dentes enquanto os outros dois se levantam para usar o "boi", como é chamada no dialeto da cadeia a latrina rente ao chão que fica ao lado do tanque, separada das camas por uma meia parede. Antes que o ralo café da prisão seja servido, o interno 118065 planeja seu dia: exercícios físicos, leitura e anotações.

Desde que a Operação Lava-Jato eclodiu, revelando aos brasileiros o maior esquema de corrupção da história, dezenas de empresários poderosos e alguns dos políticos mais influentes da República enfrentam uma realidade incomum. A tradição de impunidade foi trancafiada. É uma realidade sem precedentes. Marcelo Odebrecht está em companhia de outros catorze presos em sete celas de uma galeria antes reservada apenas a policiais que cometeram crimes. São grandes empresários como ele, executivos, ex-­diretores da Petrobras, lobistas, dirigentes partidários e políticos. Corruptos e corruptores. Tubarões e peixes pequenos envolvidos nos bilionários desvios de dinheiro da Petrobras durante os governos do ex-­presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff dividindo o mesmo espaço e compartilhando a mesma rotina.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é o interno número 119526. Ele divide a cela 602 com o ex-deputado Luiz Argôlo. Preso há 160 dias, Dirceu fez fortuna traficando influência no petrolão. Já Argôlo era um cliente contumaz do esquema. Dirceu passa as horas mergulhado em livros, sendo o mais recente a obra que retrata os primeiros anos de governo do ex-­presidente Fernando Henrique Cardoso. Seus amigos explicam que a leitura de Diários da Presidência é uma forma de estudar os adversários tucanos. Pode até ajudar na formação de caráter, mas a motivação intelectual do ex-­ministro é outra. Dirceu lê e produz resenhas para abater os dias de pena. Condenado a sete anos e onze meses de prisão no escândalo do mensalão, ele sabe que se avizinha uma nova e pesada condenação. Aos 69 anos, o "capitão do time" de Lula intui que suas chances de absolvição são remotas. Deve passar mais um bom tempo atrás das grades. Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, "o cadeieiro", como ele mesmo se define, embolsou 39 milhões de reais em propinas.

Já Luiz Argôlo nunca foi muito afeito a assuntos acadêmicos. Ele até tentou, mas não conseguiu, concluir um curso de administração. Em alguns ramos do conhecimento, a prática de fato suplanta a teoria. Durante anos, ele administrou como poucos a coleta de propina. Era tão eficiente que ganhou da quadrilha um helicóptero de presente. Os 275 dias de prisão, porém, afloraram o seu lado intelectual. Em Pinhais, além de ler livros para abreviar os dias na cadeia, o ex-­deputado se dedica a um curso profissionalizante do Senai. Está aprendendo técnicas de automação. Pensando no futuro, ele se inscreveu no Enem, fez as provas e, na semana passada, aguardava ansioso o resultado. Caso tenha se classificado, a Justiça poderá autorizar sua saída da penitenciária para assistir às aulas em uma faculdade do Estado - dependendo, claro, do comportamento.

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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Planalto recua em três pontos do pacote de cortes - Dilma tem que ficar de 'quatro' e depois ser expulsa

Pressionado, Planalto negocia recuo em três medidas do pacote de cortes

O passo atrás do Executivo na negociação com o Congresso também pode comprometer outros R$ 6 bilhões dos R$ 45,6 bilhões previstos como elevação de receita

Na tentativa de salvar o pacote de medidas anunciado segunda-feira (14/9), para reverter o rombo de R$ 30,5 bilhões no Orçamento do ano que vem, a presidente Dilma Rousseff admitiu alterar pontos cruciais da proposta. O Planalto recuou na suspensão do reajuste do funcionalismo, no direcionamento das emendas parlamentares e na diminuição de recursos do Sistema S. Se, ao fim das negociações com Congresso e entidades empresariais, o Planalto abrir mão, por exemplo, da integralidade dessas medidas, o recuo pode diminuir em até R$ 14,6 bilhões a meta dos cortes, estimada em R$ 26 bilhões. O passo atrás do Executivo na negociação com o Congresso também pode comprometer outros R$ 6 bilhões dos R$ 45,6 bilhões previstos como elevação de receita.

No caso do reajuste dos servidores, o aumento passaria a valer em abril de 2016, e não mais em agosto, como previa o pacote inicial. A medida atende ao PT, que tem reclamado da forma "pouco amistosa" no Planalto na relação com os servidores. O governo também aceita discutir a redução do prazo de vigência da CPMF, de quatro para dois anos. A duração do tributo, segundo fontes, ainda não está definida. Parte da equipe econômica quer que a contribuição vigore por menos tempo. Um setor do governo fala em três anos, no máximo, para não ir além da gestão Dilma. O governo prevê arrecadar R$ 32 bilhões por ano com a nova CPMF.

O Planalto ainda acenou tirar menos recursos do chamado Sistema S. Em vez de utilizar 30% da contribuição paga pelas empresas ao Sistema S, para cobrir parte do rombo da Previdência, a oferta é usar apenas 20%. O recuo atende ao setor empresarial, que reclamou da medida. Na quarta-feira, 16, o assunto foi discutido na Confederação Nacional da Indústria (CNI) com os presidentes das federações de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, e do Rio (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. Os dirigentes não se mostraram dispostos a aceitar a proposta. O Sistema S reúne entidades como Senai, Sesc, Sesi e Sebrae. 

O Executivo também mostrou disposição para recuar em um dos principais pontos de rejeição dos parlamentares ao pacote. Interlocutores de Dilma afirmam que ela acenou voltar atrás na proposta para que deputados e senadores destinem emendas parlamentares às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PACo) e à Saúde. Com o direcionamento da aplicação das emendas, o governo esperava economizar R$ 7,6 bilhões no ano que vem em gastos da Saúde e do programa de infraestrutura. Só para cobrir os cortes do PAC, são R$ 3,8 bilhões. Normalmente, os parlamentares usam esses recursos para irrigar bases eleitorais.

Os parlamentares voltaram a sinalizar dificuldades do governo em aprovar o pacote. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez coro com outros deputados que têm criticado a proposta do governo de direcionar as emendas: "Além de não ser exequível, não é legal. Você tem o Orçamento impositivo que a obrigatoriedade é metade da Saúde. O governo quer que essa metade da Saúde se coloque nos programas dele de alta complexidade e não nos trabalhos de Saúde feitos em cada município. E botar em PACo? Tem município de deputado aqui que não existe PACo".

Senado
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que é melhor aprofundar a redução de despesas do que propor o aumento de impostos. "Não pode haver dúvida sobre a profundidade do corte. Se houver, você deslegitima qualquer alternativa para elevação de receita. Este é o desafio do Congresso, discutir sobre essas coisas", disse Renan. Segundo ele, a pergunta que deve ser feita é se o corte que está sendo feito pelo governo não poderia ser maior. "Na medida em que ele seja maior e que possibilite uma reestruturação (da máquina pública), você esvazia a necessidade de elevar a receita", afirmou o senador.

Novo imposto
Enquanto o governo recua, o PT tenta encampar o debate sobre a nova CPMF. Sob ameaça de perder apoio de setores ligados a movimentos sociais e diante de um provável desgaste eleitoral, petistas do Congresso iniciaram debate para alterar a proposta que estabelecerá a recriação do tributo. Petistas do Senado defendem critérios para livrar da CPMF a "nova classe média", que ascendeu à classe C do consumo nos últimos anos. "Chamamos de faixa de isenção. Estamos conversando", afirmou ao Estado o líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE). A ideia inicial é estabelecer um modelo similar de isenção adotado no Imposto de Renda da Pessoa Física. A forma de restituição, porém, não foi discutida. 

Fonte: Correio Braziliense


 


 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Governo pretende retirar recursos do Sistema “S” – Sesc, Sesi, Senac e Senai – para cobrir déficit; a qualificação que vá para a pqp ...


Proposta de reter recursos de Sesi, Senai e Senac para cobrir déficit ganha força
A medida, que depende de mudança na Constituição, já foi apresentada ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy
Uma das propostas em estudo pelos técnicos do Congresso para reduzir o déficit do Orçamento 2016 é a retenção de até 30% do valor repassado ao Sistema S, como Sesi, Senai e Senac. As entidades recebem recursos para promover a qualificação de trabalhadores da indústria e do comércio.

A medida, que depende de mudança na Constituição, já foi apresentada ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) contou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que se reuniu com o ministro, na última semana, quando apresentou a ideia de criar uma espécie de Desvinculação de Receitas da União (DRU) para permitir ao governo reter parte dos valores destinados ao Sistema S.  "O ministro disse que vai olhar com carinho essa proposta que eu considero uma solução para o déficit", afirmou o parlamentar. O déficit calculado pelo governo na proposta orçamentária do próximo ano é de R$ 30,5 bilhões.

Em resposta a pedido de informação formulado pelo senador, a Controladoria Geral da União (CGU) revelou que em 2014 as entidades do Sistema S tiveram receita de R$ 31,09 bilhões. Em 2013, o valor foi de R$ 27,12 bilhões e, em 2012, de R$ 22,82 bilhões. Neste ano, segundo o tucano, a receita das entidades somará R$ 36 bilhões.

Um dos argumentos é que parte expressiva dos valores destinados ao Sistema S não está sendo usada. "Se o governo pegar 50% dessa contribuição não irá onerar o Sistema S, porque ao menos R$ 18 bilhões estão aplicados em bancos. Ou seja, não estão sendo usados na formação dos trabalhadores", disse Oliveira. Esse valor referente a 2014 foi levantado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em resposta a pedido de informação formulado pelo senador sobre as disponibilidades financeiras de entidades do Sistema S. Em 2013, as entidades tinham investido R$ 16,64 bilhões.

O líder do governo na Comissão Mista de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), também defende a medida como forma de fechar as contas do orçamento. "Nós vamos fazer um esforço no País, o governo cortando despesas e reduzindo desonerações e o empresariado fazendo sua parte. O Sistema S também pode colaborar. Esse é um setor que temos que olhar com lupa", afirmou ao jornal. O deputado disse que não há um cálculo de quanto essa medida poderia abater do déficit do orçamento. Ele prevê, no entanto, que dará uma "boa parcela."


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dilma na campanha eleitoral manda professora economista fazer PRONATEC e SENAI; só que deixou desde outubro de pagar o Pronatec



Dilma não paga o Pronatec desde outubro. Ou: De como jaqueira não dá caju. Ou: “Faz Pronatec, Elisabete!”

 Entrou para o terreno do folclore eleitoral a estupefaciente resposta que a então candidata Dilma Rousseff (PT) deu à economista Elisabete Maria no último debate eleitoral de 2014, promovido pela Rede Globo. Desempregada, com 55 anos, Elisabete quis saber que proposta tinha a soberana para as pessoas na sua condição, com qualificação profissional, mas com dificuldades para arranjar emprego em razão da idade.


VEJA O VÍDEO: Dilma manda economista fazer PRONATEC e SENAI para se qualificar para emprego

Falando o dilmês castiço, um idioma derivado do javanês, a soberana não teve dúvida: mandou a mulher buscar qualificação profissional no Senai e no Pronatec. A resposta era tão absurda que nem errada era. Tratava-se apenas de dizer qualquer coisa. Elisabete olhava pra ela perplexa.

Pois bem. Reportagem de FábioTakahashi, na Folha desta quinta, informa que as 500 escolas privadas que aderiram ao programa não recebem o repasse do governo desde outubro. Sim, senhores: o Pronatec programa que Dilma surrupiou do seu adversário de 2010, José Serra, mas vá lá   — e o tal “Mais Especialidades”, na área de saúde, foram os dois carros-chefes da campanha da reeleição.

Informa o jornal: “Diretores de escolas ouvidos pela Folha dizem que a explicação do governo é que os recursos estão contingenciados (bloqueados). A União enfrenta situação que combina alta de gastos nos últimos anos com arrecadação abaixo do previsto em 2014. O Ministério da Educação afirmou à reportagem que o repasse de janeiro não foi feito devido ao atraso na aprovação do Orçamento de 2015. Mas não explicou o problema dos meses de 2014”.

Eis aí. Já não se trata agora de apontar apenas os estelionatos eleitorais em relação ao que Dilma disse que faria e que, certamente, não fará. Descobre-se que programas que estavam em curso começam também a ir para o vinagre. As escolas dizem que, se não receberem logo o dinheiro, sairão do programa.  Está começando a ficar tão fácil bater no governo Dilma que preciso ficar me segurando aqui para não tentar fazer o difícil — na verdade, o impossível —, que é falar bem. 

Revejam o vídeo. Dilma manda dona Elisabete fazer o Pronatec alegando que falta ao Brasil mão de obra qualificada. A mulher é economista, santo Deus! E assim vamos: do improviso para a falta de noção e da falta de noção para o improviso. Não é por acaso que o país terá dois anos seguidos de recessão. Por enquanto. Jaqueira não dá caju.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo