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quinta-feira, 25 de março de 2021

Elites revoltadas - William Waack

O Estado de S. Paulo

Está evidente o divórcio entre setores de peso das elites econômicas e o presidente

William Waack: 'Do agro aos 'Faria Limers', elite econômica se divorcia do presidente

 “Essa barca já foi”, diz empresário de peso, engajado em política, sobre o apoio de colegas ao presidente Jair Bolsonaro. Uma parte relevante da elite industrial, do setor financeiro, serviços e até varejo considera inútil esperar mudanças de conduta de Bolsonaro em relação ao combate à pandemia e à economia. Essa postura ficou escancarada com a adesão desses setores, com destaque para o financeiro, a um manifesto político batizado de “carta dos economistas”.

Para onde vão com a barca, que é conduzida por grupos informais de WhatsApp, ainda é uma incógnita. Neste momento, quem se disporiam a apoiar é um porto desconhecido para os próprios empresários, integrantes de uma elite que abraçou entusiasmada a derrocada do PT e a eleição de Bolsonaro em 2018 e hoje se considera profundamente decepcionada. [não é segredo para ninguém, que o entusiasmo dos empresários brasileiros pelo Governo - qualquer governo - é diretamente proporcional ao que estão ganhando ou esperam ganhar = no momento em que constatam  que não vão ganhar ou vão deixar de, abandonam o barco = os ratos, quando um navio está afundando, ou corre risco de afunda, são os primeiros a abandonar a embarcação = Bolsonaro em um gesto de coragem e determinação a favor do povo brasileiro, reduziu um pouco os lucros dos bancos, mais que suficiente para que o barco comece a ser abandonado.] Esse estado de espírito está se propagando e já chegou a setores do agronegócio – lembrando que a candidatura de Bolsonaro cresceu no arco próspero produtor de grãos e proteínas antes de se transformar em fenômeno em grandes centros urbanos.

 “Demos a ele 75% dos votos aqui em Santa Catarina”, afirma dirigente de entidade representativa de produtores rurais naquele Estado. “Hoje a gente se pergunta para que fizemos isso.” [esse presidente deveria antes de expelir perguntas bobas, informar se nos cálculos do que esperavam ganhar, estava incluído uma pandemia; temos nossas dúvidas sobre a representatividade da entidade anônima que o mesmo preside.
O pessoal do agro negócio gosta de trabalhar e jamais estarão entre os primeiros a abandonar o barco - o comentário parece mais partir daqueles que gostam de ganhar dinheiro, e muito, com o suor dos outros.] 
 
 A despedida em relação ao governo Bolsonaro de relevantes segmentos da economia, incluindo os famosos “Faria Limers”, vem um pouco depois do desembarque das elites acadêmicas e das profissões liberais não necessariamente identificadas com o que se possa chamar de “esquerdas”. Antes mesmo da vitória de Bolsonaro, alertavam para o componente corporativista, populista, extremista e ideologizado que – e o diagnóstico revelou-se certeiro se imporia sobre qualquer projeto de agenda “liberal” na economia.

Há um componente na “visão de mundo” populista de Bolsonaro perfeitamente em linha com fenômenos comparáveis na Europa, Ásia e EUA. É o desprezo pelas elites em sua acepção mais ampla, incluindo cientistas, especialistas e experts. Bolsonaro se julga detentor de um tipo de “sabedoria popular” que não é outra coisa senão a celebração da ignorância, do preconceito e de propostas aparentemente “simples e geniais” que só contribuem para agravar os problemas, como ficou patente no caso da resistência às medidas restritivas para combater a pandemia e a promoção de medicamentos ineficazes ou até perigosos.

Um fator recente que contribuiu para o divórcio de segmentos relevantes do empresariado em relação ao presidente é a convicção de que Bolsonaro, além de incorrigível corporativista e intervencionista, é um péssimo operador político. Consolida-se na análise que empresários fazem do governo a noção de que a vulnerabilidade política do chefe do Executivo aumenta a cada passo em falso – o empresariado e o Centrão não gostam de se alinhar a perdedores. O mais recente foi a ação, assinada pelo próprio presidente, para obter no Supremo a proibição de medidas restritivas adotadas pelos governadores do DF, Bahia e Rio Grande do Sul, descrita pelo ministro-relator da matéria no STF como “erro grosseiro”. [cabe agora ao Supremo também avaliar tipo de erro cometido pelo presidente da República?e quem avalia o erro de um ministro que liberta um criminoso perigoso, condenado a pesadas penas?]

Esses mesmos setores da economia se convenceram, ainda que tardiamente, da inexistência de jogadas brilhantes na gaveta à espera da “janela de oportunidade” da qual tanto fala Paulo Guedes, em quem penduraram suas esperanças e agora ouvem com mal disfarçada incredulidade (a voz mais respeitada hoje é a do presidente do Banco Central, para desgosto de Bolsonaro). Preferem tratar direto com os presidentes do Judiciário, do Senado e da Câmara, como acabou de acontecer para tratar do combate à pandemia e recuperação da economia.

Dois foram os resultados imediatos desse desembarque, golpe que Bolsonaro acusou e chamou de “movimento” contra seu governo. Correndo atrás dos fatos, anunciou a criação de um comitê com Judiciário, Legislativo e alguns governadores que é evidente demonstração da sua perda de capacidade de coordenação e da diluição de seus poderes.[comitê não resolve problemas do tipo combater a covid-19; é excelente para criticar o que é feito pelos que optam pela ação.]  Acuado pelo número crescente de mortos, fez um raro pronunciamento concentrado apenas na questão da vacina, o grande foco de todas as atenções e esperanças. 

Quanto às elites econômicas revoltadas diante de um desastre que ajudaram a criar, aparentemente não lhes falta autocrítica. Um dos autores da “carta dos economistas” resumiu: “A gente tem tradição em apoiar governos amalucados”.

William Waack, jornalista - O Estado de S Paulo


quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Corujão: Terror ataca cidades brasileiras no alto da noite Tiros, pessoas feito reféns, agências bancárias assaltadas - Blog do Noblat

Tiros, pessoas feito reféns, agências bancárias assaltadas

Em linha reta, 3.630 quilômetros separam Criciúma, em Santa Catarina, de Cametá, no Pará, às margens do Rio Tocantins. A distância levaria pelo menos 50 horas para ser vencida. No curto período de 24 horas, o terror se abateu sobre as duas cidades e sua face foi a mesma: homens mascarados, pessoas feitas reféns, armamento pesado e fuzilaria intensa. 

[as principais causas das ações do 'novo cangaço' - nada a ver com 'nova república', exceto aquele ser consequência desta - são:
- a política de priorizar os 'direitos dos manos' = 'direitos dos bandidos' em relação aos direitos humanos dos humanos direitos;
- a política orquestrada de desmoralização da autoridade policial -  qualquer crime, qualquer manifestação, que resulte ou decorra de uma  ação policial os policiais são apresentados como os culpados. Não perdem tempo, investigando, ouvindo testemunhas. Antes de qualquer apuração grande parte da imprensa sentencia: violência policial, violência de agentes de forças privadas de segurança e sempre buscam maximizar aspectos que possam sustentar, ainda que por horas, tal versão = o lema: a primeira impressão é que fica, passa a ter força de decreto.

Os policiais ficam temerosos de executar o seu dever, cumprir a missão primeira da força policial: segurança para a população. 
Abordar um veículo suspeito é uma ação que além dos riscos inerentes a sua execução, pode resultar - basta um bandido morrer na operação - em acusações infundadas contra os policiais participantes, que quase sempre são vítimas de prisões precipitadas, inquéritos e punições = quando inocentados, a notícia da absolvição não é publicada ou quando publicam, em um canto de página.
 
O bandido, ou bandidos, tem a certeza de que sempre terão a simpatia das notícias de primeira hora.]

O alvo: agências bancárias destruídas com o uso de explosivos para a remoção de caixas eletrônicos. Uma agência em Criciúma na madrugada de ontem. As quatro de Cametá nesta madrugada. A polícia dormia quando os assaltantes chegaram em Criciúma e Cametá. Quando foram embora, jogaram do alto dos carros cerca de 800 mil reais recolhidos por moradores de Criciúma.

Em Cametá não foram tão generosos. Deixaram um morto estirado à beira da calçada às portas do quartel da Polícia Militar. A ação de guerra em Criciúma foi executada por 30 bandidos em 10 carros. Com essas proporções, foi a maior da história de Santa Catarina. Não se sabe ainda quantos bandidos invadiram a área central de Cametá. Sabe-se que fugiram em carros e em lanchas pelo rio.

Um grupo de homens assistia em um aparelho de televisão da praça de Cametá ao jogo que tirou o Flamengo da Libertadores quando foi surpreendido com a chegada dos bandidos. Ali, e em outros pontos ainda acordados da cidade, os bandidos capturam mais de 30 pessoas para as utilizarem como escudos de maneira a impedir a reação da polícia.

No caso de Criciúma, os bandidos foram ainda mais audaciosos. Dispararam contra o quartel da polícia, estacionaram um caminhão gigante à sua saída para bloqueá-la e tocaram fogo nele.  Ninguém foi preso em Criciúma e em Cametá. Ou melhor: em Criciúma foram presas quatro pessoas que recolhiam o dinheiro que voou pelas ruas. Uma delas depois de dizer: “Fiquei rico”. A noite em Macapá, capital do Amapá, a 1.697 quilômetros de distância de Cametá por estradas, não foi menos infernal. Faltou luz E o carapanã, mosquito sugador de sangue, atacou em bando.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA

Correio Braziliense, saiba mais:  Ataques em Criciúma: truculência e armas são típicas do crime de 'Novo Cangaço',

 

sábado, 24 de janeiro de 2015

Pena de Morte, forma um TRIO PUNITIVO IDEAL, quando complementada por Prisão Perpétua e Prisão com Trabalhos forçados

A polêmica execução sumária


A chocante morte do brasileiro Marco Archer e o iminente fuzilamento do paranaense Rodrigo Gularte na Indonésia, onde os índices de criminalidade continuam altos apesar da severidade das penas, reacendem o debate sobre a eficácia desse método punitivo [foi, é e sempre será eficaz, pois não permite reincidência e tem um efeito didático bem maior do que ver o criminoso ficar livre após alguns anos de cadeia.]

Um campo aberto e uma cruz de madeira na ilha de Nusakambangan. Essa foi a última paisagem contemplada por Marco Archer Cardoso Moreira, que morreu aos 53 anos, fuzilado na Indonésia por tráfico de drogas no sábado 10. Assim como os outros quatro condenados à morte, Marco vestia uma camisa branca com uma marca preta na altura do coração, para facilitar a mira dos atiradores. O brasileiro decidiu morrer vendado e em pé – poderia ter ficado sentado ou de joelhos. E em pé ouviu o comandante do pelotão soprar o apito que anunciava a execução. A espada erguida sinalizava para os atiradores mirarem o peito dos condenados. Segundos depois, o disparo. Marco foi executado com um único tiro, a uma distância entre cinco e dez metros. Confirmada a morte, foi vestido em um terno preto, providenciado pelo governo local, e levado por uma ambulância. 
FIM
Terreno descampado em Nusakambangan, Indonésia, local onde cinco prisioneiros foram executados. Marco Archer  (no detalhe) morreu na segunda cruz da esquerda para a direita
 
A cremação ocorreu em uma cidade vizinha, sobre uma folha de bananeira. Antes mesmo de o corpo ser calcinado, um homem quebrou manualmente os ossos, que foram entregues à tia do brasileiro, Maria de Lourdes Archer Pinto, único parente presente no país, em uma urna. Ainda sob o torpor da medieval execução do carioca, o País agora assiste à via-crúcis de outro brasileiro, Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42 anos, também condenado por tráfico de entorpecentes e um dos 130 prisioneiros que podem ser executados nos próximos meses. Enquanto a polêmica da pena capital voltava ao debate, motivada pelas execuções na Indonésia, na terça-feira 20 mais um caso chocou a nação. O surfista Ricardo dos Santos morreu aos 24 anos após ser baleado por um policial à paisana na porta de sua casa, em Santa Catarina  e a agonia do jovem esportista, causada por um profissional que deveria zelar por sua segurança, inflamou ainda mais a parcela da população que defende a morte como método punitivo. [não tem sentido considerar a execução de dois criminosos condenados à morte - sabiam amplamente que a punição na Indonésia para o crime que cometiam era, é e continuará sendo, PENA DE MORTE - com o assassinato covarde, devido uma simples discussão, havido em Santa Catarina.
Sendo verdadeira a versão apresentada,  o assassino, no caso um policial militar, mereceria pena tão severa quando a aplicada no arquipélago asiático.]

Após fracassar nas sucessivas tentativas de salvar Marco Archer – a presidente Dilma chegou a emitir um apelo humanitário pessoal ao atual presidente, Joko Widodo, para que concedesse clemência ao condenado –, o governo brasileiro batalha pela vida do paranaense Gularte, preso no Aeroporto Internacional de Jacarta em 2004 ao tentar entrar no país com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. O Itamaraty não entrou em detalhes sobre a estratégia a ser adotada junto ao governo da Indonésia, mas parentes de Gularte buscaram a ajuda do papa Francisco para interceder no caso. A postura de negociação tem sido, desde o início, optar por um trabalho discreto, sem constrangimento por parte do governo indonésio. Segundo especialistas em relações internacionais, esse tipo de ação é adotada para não provocar um efeito contrário ao desejado – o de esquentar ainda mais os ânimos e piorar o quadro dos condenados. Fontes próximas à família confirmam a existência de um laudo médico atestando que Rodrigo desenvolveu sintomas de esquizofrenia na prisão e apresenta sinais de perda da consciência.

A Justiça indonésia permite que, em casos de demência, o condenado seja transferido para um hospital. “Reconheço que o Rodrigo cometeu um erro, mas não se justifica a pena de morte. Não foi um crime tão grave. Ele está preso há mais de dez anos e acredito que já pagou o suficiente”, disse a mãe, Clarisse Gularte. Na terça-feira 20, o Ministério das Relações Exteriores informou que o pedido de clemência foi rejeitado. Na quarta-feira 21, o embaixador brasileiro na Indonésia, Paulo Alberto Soares, chamado ao País pela presidente após a execução de Archer, se reuniu em Brasília com Dilma e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. 

Resposta à insegurança
Enquanto governo e família se unem em defesa da vida de Gularte, a população do País se divide. Parte dos brasileiros se chocou com a execução de Archer, mas outra parcela não escondeu manifestações de apoio ao governo indonésio. E mesmo em países como o Brasil, em que o direito à vida é garantido pela Constituição, a pena capital tem simpatizantes. [só que a garantia da Constituição não vale para o cidadão de BEM que é covardemente assassinado por bandidos, que na maior parte das vezes ficam impunes ou recebem pena leve.]  Uma pesquisa realizada em setembro do ano passado pelo Datafolha mostrou que 43% dos brasileiros apoiam a pena de morte. O coordenador do Programa de Justiça da ONG Conectas, Rafael Custódio, diz que a pena capital carrega em si a ideia de castigo que encontra aceitação popular. “Há um conceito vulgarizado de que, quanto mais dura for a resposta da Justiça, mais segura será a sociedade e com isso a população passa a enxergar na execução uma medida necessária.” Assim, a pena de morte se torna uma resposta imediata ao medo em regiões assoladas pela violência, que não conseguiram desenvolver políticas de segurança bem estruturadas. Caso do Brasil.


Atualmente, a Anistia Internacional estima que 23 mil pessoas esperam no corredor da morte em todo o mundo. Os últimos números divulgados por esse órgão mostram que houve um aumento global no número de execuções. Em 2013, pelo menos 778 pessoas foram executadas em 22 países; em 2012, foram 682 mortes em 21 países. O aumento se deu principalmente por conta das execuções ocorridas na China, no Irã e no Iraque. “As condenações na China são consideradas segredos de Estado e no Irã houve uma forte tentativa de repressão de ativistas políticos”, diz Maurício, diretor-executivo da Anistia Internacional. Levantamentos de organismos internacionais dão conta de que países que adotam a pena de morte não têm necessariamente índices menores de criminalidade. “Uma maior população carcerária não implica mais segurança”, afirma Nivio Nascimento, coordenador da unidade de Estado de Direito do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime da Organização das Nações Unidas (ONU). Países europeus como Suécia, Dinamarca, França e Inglaterra possuem baixas taxas de homicídio e não adotam a pena capital.

Dramas familiares
Nos últimos dias, a ONU apelou ao governo da Indonésia para que restabeleça uma moratória suspendendo a execução dos condenados à pena de morte e faça uma revisão de todos os pedidos de clemência. É muito comum na sociedade a ideia de que familiares de pessoas que já foram vítimas de violência serem favoráveis à pena capital. “É natural e legítimo à condição das vítimas a vontade de querer extravasar o sentimento”, diz Janaína Paschoal, advogada e professora de direito penal da Universidade de São Paulo (USP). 


“Não podemos exigir dos parentes esse desprendimento: alguns têm um comportamento punitivo, outros não desejam a morte do agressor.” Entretanto, nos Estados Unidos, por exemplo, há organizações como o grupo “Famílias das Vítimas de Assassinatos para os Direitos Humanos” liderando movimentos para abolir a pena de morte. No Brasil, o mesmo ocorre com familiares de vítimas de crimes brutais. Como o de Liana Friedembach, mantida em cárcere privado, sequencialmente estuprada e depois assassinada com golpes de facão aos 16 anos, em 2003, pelo menor Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, e seus comparsas. “Sou completamente contrário à pena de morte. Primeiro por uma questão religiosa, segundo porque não confio 100% no nosso Judiciário”, afirma o vereador por São Paulo Ari Friedembach (PROS), pai de Liana. “Acredito que precisamos de penas mais duras, longas e efetivamente cumpridas”, diz. Para ele, crimes como estupro, latrocínio e assassinato deveriam compreender um tempo de detenção de modo que a pessoa não voltasse ao convívio social. Champinha está internado há sete anos em uma Unidade Experimental de Saúde (UES), da Secretaria Estadual de Saúde, destinada à recuperação de jovens infratores com distúrbios mentais graves, em São Paulo.
IMPUNIDADE QUE REVOLTA
Autor de um crime que horrorizou o País em 2003, Champinha incendiou à época a parcela da população favorável à pena capital 
Cada país possui soberania para adotar ou não a pena de morte. O Brasil não pratica o método de execução porque entende punição como privação de liberdade, que funcionaria como um mecanismo de ressocialização. As execuções interrompem esse processo. “É um modelo cômodo, porque a sociedade descarta o criminoso sem a contrapartida de recuperá-lo”, disse à ISTOÉ o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto. “A pena de morte é um resquício da barbárie que se mostrou conhecida com a lei do olho por olho, dente por dente.” O direito de não ser condenado à morte é considerado uma cláusula pétrea da Constituição, que não pode ser modificada nem mesmo por meio de uma emenda à Carta Magna. Apesar disso, o deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) acredita que a pena capital é a melhor saída para crimes que envolvam mortes ou abusos sexuais de crianças. “Se fosse com um filho meu, só teria um pouco de tranquilidade depois que esse homem fosse morto.” Bolsonaro declarou apoio à pena adotada na Indonésia. “O ser humano só respeita o que ele teme”, diz.

 No país do Sudeste Asiático, as condenações não conseguiram diminuir o tráfico de drogas. Em Bali, um dos arquipélagos mais famosos do mundo, há uma grande demanda pelas substâncias ilícitas. “O tráfico está ligado ao circuito internacional de drogas e as pessoas chegam à ilha acostumadas com uma política mais liberal”, diz Santoro, da Anistia Internacional. O perfil social dos traficantes de Bali é diferente do encontrado em outros países. Na ilha, quem vive do tráfico são, em geral, surfistas de classe média e com escolaridade. Ao longo dos anos, a Indonésia se tornou um centro de distribuição de drogas para os países asiáticos e para a Austrália. “A pena de morte não vai trazer qualquer impacto positivo”, disse à ISTOÉ Haris Azhar, diretor da ONG Kontras, que atua na Indonésia na defesa dos direitos humanos. “Até o momento o governo mostrou incapacidade de lidar com a guerra contra as drogas e com a rede de traficantes que circulam livremente dentro e fora do país.” Outro fato recente que expôs a incoerência da Justiça indonésia foi o pedido de clemência à Arábia Saudita para evitar a morte de Satinah Binti Jumadi Ahmad, uma cidadã daquele país condenada por assassinar e roubar sua empregadora. O governo indonésio fez um apelo formal pedindo a suspensão da execução. “Esse é o problema de adotar dois pesos e duas medidas”, diz Azhar. [são crimes diferentes e a Indonésia está apenas exercendo um direito de País SOBERANO.
Seria contraditório se a condenada tivesse praticado o crime de TRÁFICO DE DROGAS.]

A adoção da execução implica diversos riscos à sociedade. Em países com grande desigualdade, ela costuma recair sobre pessoas de classes sociais mais baixas. E como se trata de uma pena irreversível, há o temor de se condenar inocentes. Um estudo da Universidade de Michigan indica que um em cada 25 condenados nos Estados Unidos é inocente. É o caso do operário Manuel Vélez que, depois de passar nove anos detido, foi libertado em outubro do ano passado. Preso no Estado do Texas, em 2005, pela morte de um bebê, Vélez foi condenado à morte em 2008. Advogados contratados pelo Estado comprovaram que havia sinais de ferimento no bebê muito antes de ele ter tido contato com o operário. À época, o diretor do Death Penalty Information Center, Richard Dieter, afirmou que a libertação do operário demonstrava os diversos problemas da pena capital. “Muitos outros homens presos na câmara da execução nunca tiveram um bom advogado trabalhando em seus casos. A execução de Marcos Archer e o possível fuzilamento de Rodrigo Gularte, que colocaram o Brasil na rota das execuções, convidam à reflexão: o Estado tem direito de tirar a vida de um cidadão? Para a diretora da Human Rights Watch Brazil, Maria Laura Canineu, trata-se de um método cruel e degradante. “O individuo é torturado psicologicamente enquanto aguarda a decisão final”, diz ela. “Todos têm o direito de reinserção em um sistema que deveria ser restaurativo e não punitivo.”


O último condenado à morte no Brasil

A última sentença de morte oficial do Brasil foi dada ao fazendeiro Manoel da Motta Coqueiro, em 1855. Ele foi enforcado em Macaé, no Rio de Janeiro, acusado de assassinar uma família de oito colonos que trabalhava em sua propriedade, em Macabu (RJ) – por isso ficou conhecido como “a fera de Macabu”. Assim como na Indonésia atual, pelas leis do Brasil imperial só era possível escapar da execução pela clemência do governante. Entretanto, dom Pedro II não concedeu a graça e Manoel se tornou o primeiro homem rico e de alto escalão social a ser enforcado no País. Anos depois, com a comprovação da inocência do fazendeiro, o imperador parou de aplicar a penalidade máxima. Com a Constituição da República, em 1891, execuções foram legalizadas apenas em situações de guerra, mas voltaram à legislação com a instituição do AI-5, em 1969. As vidas ceifadas durante a ditadura, no entanto, não foram registradas como execuções oficiais. [a matéria omite que eventuais mortes ocorridas durante o Governo Militar que atingiram terroristas e guerrilheiros foram cometidas por integrantes das forças de segurança e que agiam no ESTRITO CUMPRIMENTO do DEVER LEGAL, já que reagiam a uma ação terrorista ou buscavam prender um terrorista legalmente condenado.
A matéria omite que MAUS BRASILEIROS - terroristas e guerrilheiros - cometeram vários crimes de morte contra vítimas inocentes e que a famigerada 'comissão da verdade' simplesmente ignorou.
Infelizmente, durante o Governo Militar o covarde assassino terrorista Theodomiro Romeiro foi condenado pela Justiça Militar à PENA DE MORTE, mas, por leniência da própria Justiça, aquele criminoso não foi executado e se tornou, ironicamente e de forma debochada, Juiz do Trabalho.] A Constituição de 1988 retorna a considerar a pena capital apenas em casos de guerra. 

Fonte: Revista IstoÉ 

Fotos: Shutterstock; Reuters; Divulgação; Mast Irham/efe; Renan Antunes de Oliveira 
 


 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Maria Lúcia Victor Barbosa, Dercy Gonçalves e o ódio a Lula



LULA DA SILVA E DERCY GONÇALVES
Dercy Gonçalves era uma atriz popular que fazia da esculhambação fator de seu sucesso
. Lula da Silva é o presidente da República que buscando o sucesso esculhamba para ser popular. O que os faz semelhantes? O uso de palavrões, pois não sei se Dercy era alcoólatra. O que os faz diferentes? Dercy, a debochada, não estava investida da autoridade do mais alto cargo da República. Lula da Silva está.

Pode ser que tenha se tornado politicamente correto usar palavrões. Que seja interpretado como preconceito criticar o presidente por ele esbanjar palavras de baixo calão que passam pelos tradicionais “p...m”, “p...rra” e mais recentemente o “sifu”. Lembre-se ainda do “ponto G” que o presidente brasileiro agraciou o companheiro Bush ou outros gracejos e gracinhas, ditos no auge do entusiasmo que ocorre nos palanques de onde ele só desce para viajar ao exterior.

Os “adornos” linguísticos com os quais Lula da Silva entremeia suas falas por sinal muito aplaudidas, talvez possam ser explicados por conta de sua origem sindical e petista. Como ele nunca sabe de nada, certamente ainda não percebeu que deve ser comportar como presidente da República e não como líder de metalúrgicos. Nesse caso, falta alguém do cerimonial ou de sua intimidade palaciana que ouse lhe dizer que não fica bem um presidente tão sem educação, tão sem compostura, tão grosseiro. Enfim, que ele não é Dercy Gonçalves nem animador de auditório e que porta de fábrica é realidade diferente de Palácio do Planalto.

Mas se algum corajoso advertir Lula da Silva sobre a impropriedade de seu comportamento, sobre a necessidade de controlar seus rompantes, provavelmente etílicos, sobre os limites entre o humor e boçalidade, poderá em troca receber um ou mais palavrões com “argumentações” mais ou menos assim: “sou um sucesso, sou a cara do povo e como o povo fala palavrão, o que me identifica com meu eleitorado, vou continuar e ninguém tem nada com isso”.

Mas será que o povo brasileiro fala tanto palavrão? Depende do lugar, como um estádio de futebol, na hora em que o juiz rouba para o time adversário. Em algum momento da intimidade familiar ou de amigos. Diante de certos transtornos do cotidiano como exclamação de contrariedade. Mas não é comum nas conversas diárias soltar o “verbo diarréico”. Também dele não costumam fazer uso, profissionais em geral ao se dirigir aos seus clientes ou pacientes, autoridades em cerimônias públicas. Com exceção, é claro, do governador do Paraná, Roberto Requião, que prima pela linguagem desabrida e pelo estilo truculento.

Naturalmente, alguns membros do governo Lula da Silva são seguidores do chefe. É o caso de Marco Aurélio Garcia, celebrizado por gestos obscenos o famoso gesto do
TOP TOP com o qual ele e um ASPONE comemoraram a “sorte” do governo Lula não ser responsabilizado pelo acidente com o avião da TAM, no qual morreram queimados vivos 199 pessoas.] E de madame Favre ou Suplicy com seu imortal “relaxa e goza”.
Como a primeira-dama parece ter sido agraciada com o silêncio obsequioso, não se sabe se também segue o estilo Dercy Gonçalves, mas se pode imaginar o que é ouvido nas reuniões do PT, quando cadeiradas são desferidas democraticamente. 

No mais, os ministros de Lula da Silva têm caído às pencas por corrupção, mas não costumam falar palavrões, pelo menos em público. Alguns até podem ter pensado em algum “sifu”, como José Dirceu ou Palocci, mas, se pensaram, engoliram em seco. Em todo caso, digamos que a imensa popularidade de Lula da Silva transforme seu linguajar chulo em moda. Você diria a uma pessoa: “bom dia”. E ela responderia: “vá à m...”. E assim por diante. Tudo muito natural. Tudo politicamente correto. E coitado daquele que se queixasse de quem o insultou. O preconceituoso seria preso por crime hediondo e inafiançável.  Aliás, na era Lula da Silva o correto, o certo, o elegante é quebrar escolas e bater nos professores. Invadir propriedades produtivas e destruir o patrimônio alheio. 

Exacerbar a violência, inclusive nas torcidas de futebol. E chic mesmo hoje em dia é ser assaltado. Morrer à espera de atendimento do SUS, de dengue ou de bala perdida, de preferência gritando um palavrão no derradeiro momento, seguido do brado “viva Lula”, esse grande inaugurador de um Brasil feito de mentira, de propaganda enganosa, medíocre e vulgar.

Consola saber que ainda existem, brasileiros dignos. A tragédia que se abateu sobre Santa Catarina mostrou comoventes exemplos de solidariedade e de coragem da população, dos bombeiros, dos militares, de todo o país que se mobilizou para ajudar as vítimas. E se a dor dos catarinenses que perderam parentes, casas, pertences, permanece insepulta, o Estado já se levanta, reorganiza o caos, retoma o trabalho e a produção. Enquanto isso Lula da Silva, cujo governo não agiu preventivamente em Santa Catarina para impedir a catástrofe, prossegue apenas discursando, gracejando, proferindo impropérios para o gáudio da platéia de bajuladores. Perto dele Dercy Gonçalves é santa.


Por: Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga