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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Um algoz da economia: o ativismo judicial - Revista Oeste

Ubiratan Jorge Iorio

Ilustração: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Ilustração: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Quando levamos uma xícara de café quente à boca, a precaução, ativada pela lembrança de alguma queimadura pretérita na língua, nos ensina a começar por um pequeno sorvo, para sentirmos se continuamos a beber ou esperamos um pouco. Antes de entrarmos em uma piscina, é sempre aconselhável checarmos a temperatura da água, para evitarmos sensações desagradáveis. Da mesma forma, a prudência nos recomenda colocarmos agasalhos na mala que vamos levar em uma viagem para a Serra Gaúcha.

Esse comportamento defensivo, quase sempre intuitivo, está presente na maior parte dos atos econômicos e manifesta-se tão mais fortemente quanto maior for a sua importância. Não precisamos de nenhuma cautela quando compramos um pãozinho, mas temos de tomar algum cuidado quando encomendamos uma adega pela internet, e necessitamos ter muita atenção antes de uma transação imobiliária. Todas as decisões relevantes, portanto, exigem cuidados em busca de menos incerteza e mais segurança.

À vista disso, riscos fazem parte da rotina das escolhas econômicas, e a teoria nos ensina que há três tipos de reações diante do perigo que representam, a saber: aversão, apego e neutralidade. Sabemos que a maioria dos indivíduos se enquadra na tipificação de avessos ao risco, o que significa que, para uma pessoa-padrão, buscar um mínimo de segurança para evitar ou minimizar riscos é um hábito tido como aconselhável.

A economia funciona pelas ações contínuas de bilhões de indivíduos tentando atingir objetivos específicos. Contudo, o fato de cada pessoa almejar fins exclusivamente seus e, portanto, diferentes daqueles perseguidos pelas demais não impede a existência de um núcleo de propósitos comuns, pois, se não fosse assim, viver em sociedade não faria muito sentido. O que caracteriza uma sociedade livre, aberta, virtuosa e próspera é, em muitos aspectos, a garantia dessa coexistência entre os objetivos de cada indivíduo e os fins comuns. Teoricamente, o que pode assegurar esse sincronismo é a lei, que existe para garantir regras fixas para o jogo e a segurança, com vistas a minimizar os riscos.

Cooperação social
Economia e Direito
são, portanto, indissociáveis, e não podemos nos esquecer de que uma das finalidades da lei é precisamente amparar as transações econômicas, especialmente decisões de investimento, que são escolhas de longo prazo e de grande relevância para o crescimento sustentado. Quando não há lei, ou quando sua função é pervertida, as atividades econômicas transformam-se em jogos de soma zero — ou seja, caracterizados por conflitos — e termina prevalecendo o caos social, ou, em linguagem menos rebuscada, a lei de Murici, aquela que manda a cooperação para a “cucuia” e ordena que cada um cuide apenas de si.

Infelizmente, temos assistido, no Brasil e em todo o mundo, a um fenômeno que até poucos anos atrás escapava à percepção da população, mas que atualmente é parte obrigatória em nossas conversas do dia a dia. Trata-se de uma ocorrência com repercussões importantes sobre o ordenamento social — vale dizer, econômico, político, jurídico e, em última instância, ético e moral — que, infelizmente, tem sido propositalmente omitida pelo grande “consórcio da desinformação” em que se transformou a imprensa tradicional. É a politização do Judiciário, de efeitos negativos sobre a democracia, a economia, a política e, portanto, a própria sociedade, porque, entre outras consequências maléficas, destrói a maioria das forças responsáveis pela cooperação social e pela estabilidade institucional.

A causa desse processo de politização é o relativismo moral niilista, que lançou uma deliberada nuvem cinzenta sobre a fronteira ética demarcatória entre o certo e o errado e que se espraiou a partir da segunda metade do século 19, durante o século 20 e continua bastante presente em todos os campos da ação humana. Do Direito à Economia, da Política à Sociologia, da Psicologia à Antropologia, das Artes à Cultura, fazendo emergir o fatal conceit, aquela pretensão fatal tão bem apontada por Hayek: a crença cega de que soluções políticas” são superiores às geradas de forma espontânea em cada um dos subsistemas que compõem as sociedades. É uma crendice perigosíssima, haja vista que gerou práticas e instituições que levaram aos grandes males do século passado, como o nazismo, o socialismo, o fascismo e o comunismo.

Os males do ativismo jurídico
No campo jurídico
, o relativismo de adornos marxistas armou-se com o escudo da Doutrina do Direito Alternativo ou Relativo ou Paralelo e com a espada perigosíssima do ativismo judicial. A pedra angular desses princípios é que, como a lei não esgota o Direito, os juízes devem assumir posturas “críticas” diante dela, o que os autoriza a deixarem de aplicá-la, caso considerem-na “injusta”. De fato, como nem todas as normas são justas, a lei não esgota o Direito, mas isso não é argumento para que juízes assumam as funções de deuses de togas e se postem acima delas, por mais nobres que possam ser as suas intenções. Na verdade, tal silogismo nada mais é do que um embuste ideológico disfarçado.

Não é por acaso que a politização do Judiciário pode ser encontrada tanto na Alemanha de Hitler quanto na antiga União Soviética e, ainda hoje, em todos os países que optaram por sistemas totalitários, como o socialismo. Uma rápida olhada para a América Latina atual dirime qualquer dúvida. O Brasil precisa neutralizar esse mal, pelo aperfeiçoamento das instituições, antes que seja tarde. É a nossa liberdade que está em jogo.

A política econômica do governo já garantiu, apenas com as privatizações, R$ 200 bilhões, bem como mais de R$ 800 bilhões de investimentos privados nos próximos anos

É assustador quando uma doutrina sustenta que um juiz está acima da lei e que pode submetê-la a suas preferências ideológicas ou partidárias, ou mesmo a seus instintos tirânicos. O principal pretexto é que seria dever do Direito realizar “transformações sociais”, uma vez que a lei seria produzida pelos que estão no poder e, portanto, refletiria os interesses de uma classe dominante, em detrimento dos “marginalizados”.  
Essa aberração repudia os princípios consagrados de neutralidade da lei e de imparcialidade do juiz: 
- a lei não seria neutra porque se originaria do poder dominante, e o juiz não deveria ser imparcial, porque seria seu dever julgar os fatos subjetivamente e posicionar-se tendo em vista os objetivos “sociais” — entenda-se, “revolucionários”. 
Isso lhe aumenta os poderes e lhe permite questionar e até mesmo repelir o conjunto de normas legais vigentes.
 O magistrado entra dessa forma diretamente na “luta de classes”, abandonando a postura de imparcialidade, que o “aprisionaria” dentro do estrito cumprimento da lei. Não é, portanto, de estranhar quando um magistrado alinhado a essa corrente atribui a si, com extrema arrogância, o papel de corretor de erros “históricos”, para justificar decisões que frequentemente agridem princípios morais elementares.[se considerando imbuído do supremo dever de empurrar a história e classificando como inimigo os que possam criar obstáculos a sua missão 'sagrada'.]

Direito supralegal

O ativismo judicial
manifesta uma visão política e ideológica do Direito, supralegal e inteiramente comprometida com o socialismo e com tendências tirânicas, incompatível com a garantia das liberdades individuais e da verdadeira democracia. Primeiro, porque, ao abraçar o conceito marxista de “lutas de classes”, retira do Direito o seu atributo de ciência normativa. Segundo, porque o juiz não pode substituir o legislador e nem o presidente. Terceiro, porque se uma determinada lei é “injusta”, o correto é que o Legislativo a revogue e não que um juiz a modifique a bel-prazer [ou a suspenda.]. Quarto, porque nada justifica a defesa de que juízes não precisam ser imparciais. Quinto, porque lhes confere poderes exorbitantes, dotando-os de um livre-arbítrio que pode ser despótico e calamitoso. Sexto, porque, como cada cabeça é uma sentença, abre as portas para jurisprudências contraditórias, ou seja, para aumentar a insegurança jurídica. Sétimo, porque agride o princípio do devido processo legal, ou seja, a garantia de que ninguém pode ser atingido em seus bens e direitos sem o competente processo que respeite princípios constitucionais diretivos, como o da legalidade, o da isonomia e o do contraditório.

É uma doutrina moldada para justificar a idiossincrasia da esquerda, tão bem identificada pelo filósofo Roger Scruton, que é julgar o sucesso de alguns pelo fracasso de outros, o que fornece sempre uma vítima a ser “resgatada”. Assim foi, no século 19, com o proletariado; nos anos 1960, com a juventude; depois, com as mulheres; e, sucessivamente, com os negros, os homossexuais, os índios, os animais, o planeta. 

Qual será o próximo refém a ser salvo por esses justiceiros sociais, sem que precisem atender a ditames processuais, prazos e normas, tudo em nome de uma aludida e sempre nebulosa “justiça social”?

Consequências econômicas do ativismo judicial
O ativismo exacerbado que podemos observar em várias decisões do STF,
cuja missão — sempre é de bom alvitre lembrar é zelar pela Constituição, diminui o espaço de atuação institucional dos demais Poderes. Também subverte a Suprema Corte, transformando-a inaceitavelmente na depositária única de todas as demandas da sociedade e, o que ainda é pior, na formuladora de todas as soluções. Adicionalmente, a formação técnica dos magistrados está muito longe de capacitá-los a exarar decisões econômicas, administrativas e políticas.
Há algum tempo o Brasil vem assistindo — atônito — a magistrados sem conhecimentos de economia e de gestão, sem a representatividade política que só o voto lhes poderia conferir e livres de responsabilidade no que concerne às alocações de recursos estabelecidas nos orçamentos, tomando decisões que competem constitucionalmente ao Legislativo e ao Executivo
Essa prática de intromissão nos demais Poderes, cada vez mais recorrente, tisna o papel insubstituível de bastião último da democracia, que só o Judiciário pode cumprir.
Os efeitos do ativismo judicial sobre a economia são desastrosos. E não se trata apenas de interferir indevidamente em privatizações, preços, alíquotas de impostos e outras atribuições de competência exclusiva do Ministério da Economia.  
Não se trata somente de aumentar o risco inerente às decisões econômicas importantes, como as de investimentos. 
Trata-se de espalhar insegurança jurídica generalizada e, portanto, maximizar riscos. 
Chamam a atenção muitos fatos que vêm se tornando corriqueiros, estranhos às verdadeiras práticas democráticas, aparentemente sem conexão com a economia, mas que podem produzir efeitos devastadores, comprometendo boa parte do enorme esforço que a equipe econômica vem fazendo para colocar o país no caminho da prosperidade.
 
Apenas para dar um exemplo, a política econômica do governo já garantiu até hoje, apenas com as privatizações, R$ 200 bilhões (sendo R$ 78 bilhões apenas neste ano), bem como mais de R$ 800 bilhões de investimentos privados nos próximos anos.  
Agora, suponha que você reside no exterior, que resolveu investir R$ 100 bilhões no Brasil em cinco anos e que já ingressou com 10% desse montante, ou seja, por analogia, deu uma bicadinha na xícara, colocou a mão embaixo do chuveiro e reservou hotel em Bento Gonçalves. 
Então, um iluminado de toga decide investigar, instigado por um senador que — pasmem — está no comando da campanha do principal opositor do governo, as conversas privadas de empresários importantes. 
O que isso sinaliza para todos? 
Não é óbvio que está abertamente impondo riscos maiores, indicando que o café está “pelando”, ou que a piscina está fria demais ou que é melhor adiar sua viagem? 
Ora, por prudência, não é melhor então esperar para colocar os seus R$ 90 bilhões restantes no país? 
O mesmo raciocínio vale para residentes no Brasil. 
E os investimentos, e os empregos, e a economia, como ficam?

Há, ainda, um risco adicional, representado pelas eleições: dependendo de quem será o próximo presidente, nada garante que não vão roubar a sua xícara, o café, a água, a mala com os seus agasalhos e até os ladrilhos da piscina.  

O povo deu o seu recado no dia 7 de Setembro, ao manifestar-se contra o absurdo ativismo judicial vigente. Que seja ouvido. 

Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio Twitter: @biraiorio

Leia também “Pensando em nossos descendentes”

Ubiratan Jorge Iorio, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Qual é a pauta dos organizadores das manifestações de 7 de setembro - Gazeta do Povo

Rodolfo Costa

Atos convocados por Bolsonaro

Presença do presidente Jair Bolsonaro no tradicional desfile cívico-militar em 7 de Setembro, em Brasília, ainda é a única agenda presidencial confirmada pela campanha para o dia -  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 

Os movimentos de rua conservadores definiram a pauta que será defendida nas manifestações do dia 7 de setembro, convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no ato de lançamento da sua candidatura à reeleição.  

Serão quatro pontos: a celebração dos 200 anos de independência do Brasil e a defesa das liberdades; 
o respeito à democracia e a todas as instituições; 
a demanda por eleições transparentes; e, 
o amor ao Brasil e à bandeira nacional.

A pauta foi fechada após reuniões presenciais e remotas entre organizadores de diferentes movimentos ao longo das últimas três semanas. Alguns deles se reuniram com integrantes do núcleo político de Bolsonaro para alinhar a pauta com a campanha presidencial, a fim de evitar uma desconexão com o discurso do presidente ou até mesmo correr o risco de causar algum impacto à candidatura dele.

O entendimento dos coordenadores dos movimentos de rua é que todos os quatro pontos estão alinhados com os anseios da maioria da população, sejam apoiadores ou não de Bolsonaro. Os organizadores defendem que a pauta é democrática e afirmam que foi definida a "várias mãos" a fim de engajar a sociedade sem acalorar mais os ânimos.

Como a pauta expressa a preocupação por um 7 de setembro democrático
A definição da pauta e até mesmo a redação dos tópicos a serem defendidos, alinhados e divulgados nas redes sociais de páginas conservadoras e movimentos de rua expressam uma preocupação dos organizadores em não alimentar um discurso hostil e inflamado por parte de apoiadores e até alguns líderes desses movimentos.

Pela interação em grupos de WhatsApp, Telegram e em reuniões presenciais, a maioria dos influenciadores e organizadores notaram um elevado grau de "animosidade" entre os apoiadores, diz reservadamente um dos coordenadores dos atos de 7 de setembro à Gazeta do Povo.

A discordância de conservadores a diversas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao longo dos últimos anos já havia elevado a "temperatura" entre apoiadores, e o clima ficou ainda mais acalorado em grupos após a Procuradoria-Geral Eleitoral pedir multa a Bolsonaro por questionar o sistema eleitoral em reunião com embaixadores.

A indignação de uma parcela dos apoiadores provoca em grupos debates que sugerem uma ruptura institucional. Há quem também fale em interpretar o artigo 142 da Constituição Federal de modo que as Forças Armadas atuem como um "Poder Moderador", embora grande parte dos juristas afirmem que o dispositivo não atribui aos militares esse papel em caso de crise entre os poderes. [o ministro Dias Toffoli, em palestra feita  recentemente, avocou para o STF as funções de PODER MODERADOR....]

Temas como esses chegaram ao conhecimento de coordenadores dos movimentos de rua, que trabalharam para fechar uma pauta alinhada com Bolsonaro e a maioria dos conservadores. 
 O sentimento do comitê da campanha e dos organizadores dos atos de 7 de setembro é que a agenda fechada é democrática e tem alto poder de engajamento.

Organizadores dos atos de 7 de setembro contam com apoio de Bolsonaro
A fim de evitar, ou ao menos mitigar, discursos com teor antidemocrático, alguns organizadores dos movimentos de 7 de setembro também contam com o apoio de Bolsonaro para que ele defenda a pauta em uma de suas tradicionais lives na internet ou em um vídeo gravado que possa ser compartilhado em grupos e nas redes sociais.

O objetivo de coordenadores é que o próprio presidente atue antecipadamente para defender os pontos da pauta e evitar discursos inflamados que, porventura, possam ser usados contra ele e sua candidatura à reeleição por opositores políticos, acusando-o de apoiar manifestações antidemocráticas.

A ativista política Kelly Santos, uma das organizadoras do movimento de rua conservador em Brasília, entende que, independentemente da pauta, os adversários e opositores de Bolsonaro vão acusar o presidente e as manifestações. Por isso, ela entende que todas as lideranças do país vão dar total liberdade aos cidadãos. Porém, admite que os organizadores vão orientar para que os manifestantes se atenham à pauta fechada pelos movimentos.  "O brasileiro vai às ruas dar o seu discurso, pois estamos em um país livre, cada um vai ter a liberdade de falar o que quiser. Poderíamos ficar todos caladinhos com a 'pombinha da paz', lencinhos brancos e todos de mão dada que iriam acusar a nós e o presidente da mesma forma. Entretanto, queremos um discurso único em cima dessas pautas [bicentenário da independência, respeito à democracia e às instituições, eleições transparentes e o patriotismo]", afirma.

Sobre Bolsonaro defender a pauta única, Kelly acredita que o presidente possa falar algo em uma transmissão ao vivo. "Durante as lives, ele vai dar as orientações e o recado certo, que é o que a gente tem esperado. Todo mundo vai entender em bom e alto som, mas ninguém vai impor nada a ninguém. Nós, da direita, só queremos o respeito do 'outro lado' às liberdades. Que obedeçam a Constituição e a liberdade de expressão", diz.

O deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP), vice-líder do partido na Câmara, prevê uma Avenida Paulista lotada no 7 de setembro e não acredita que os manifestantes irão sugerir uma ruptura institucional. O aliado de Bolsonaro também não acredita em uma pauta única fechada e encampada previamente pelo presidente.

"Ninguém vai mexer com essa história de artigo 142, esquece. E não dá para dizer que a pauta será algo fechado, mas todo mundo já sabe o que é. É o apoio ao presidente, aos candidatos majoritários e à nossa bandeira. O Bolsonaro vai conduzir ele mesmo no microfone a fala e a narrativa em relação ao STF e às urnas. E aí, o povo acompanha. Na verdade, ele não vai ditar nada antes", prevê.

Organizadores preveem "festa democrática"
Os organizadores entendem que é justificável a indignação e revolta de apoiadores em relação a decisões judiciais do STF e do TSE. Porém, defendem que a atitude tomada em cima da construção da pauta pode fazer a diferença pela reeleição de Bolsonaro, destaca o empresário Paulo Generoso, criador e coadministrador da página República de Curitiba."Estamos alinhados ao presidente, que quer uma festa democrática gigante, mas pacífica e ordeira, que defenda e demonstre o nosso amor pelo país sem atacar instituições, até para o presidente se precaver, pois a imprensa coloca tudo na 'conta' do presidente, que é o alvo principal", sustenta.

A ideia da pauta, reforça Generoso, não é pedir impeachment de ministros e de "ninguém". "A gente entende que o 7 de setembro é para fazer uma grande festa democrática, demonstrar nosso amor ao Brasil, o valor das instituições, da liberdade e da democracia. E, acima de tudo, mostrar um recado ao mundo que o Brasil não aceita comunismo e apoiamos o nosso governo", destaca.

O empresário Tomé Abduch, fundador e coordenador do Nas Ruas, entende que muitos brasileiros estão assustados em poder se posicionar e com medo de ter sua liberdade de expressão limitada. Ele assegura, porém, que as manifestações serão educadas e respeitosas. "Não há nenhum tipo de manifestação a fazer com ataques individuais a pessoas ou a instituições. Isso não vai acontecer, pois não pactuamos com isso e, independentemente de nossa opinião, pregamos o respeito a tudo e a todos. Não será ato antidemocrático em nenhum sentido, muito pelo contrário. Defendemos a paz institucional, a democracia e as cores verde e amarela", afirma.

Abduch reforça que o mapeamento de redes feito pelo Nas Ruas sugere que as manifestações deste ano serão ainda mais numerosas em comparação a 2021. Um dos motivos apontados por ele é que, no ano passado, os atos foram organizados em pouco mais de 200 cidades. "Hoje, estamos em contato e organizando em mais de 300 cidades", afirma.

A previsão de Abduch é que o número de cidades a organizarem um ato a favor da pauta única e de Bolsonaro cresça "bastante" nos próximos dias.

"O mapeamento nas redes sociais já está muito maior do que o 7 de setembro do ano passado e a população está entendendo que nós não podemos, de maneira alguma, pactuar com o retorno das pessoas que claramente assaltaram o Brasil", afirma, citando que um dos motivos para a atração de um público maior é a proximidade das eleições.

Como será a agenda de Bolsonaro no dia 7 de setembro
Das mais de 300 cidades previstas a receber algum ato em 7 de setembro, as atenções estarão voltadas para o eixo Rio-São Paulo-Brasília. Até o momento, a presença de Bolsonaro está garantida apenas no tradicional desfile cívico-militar na capital federal. Mas não está descartada a possibilidade dele comparecer aos atos públicos em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Alguns organizadores até cravam essa possibilidade, embora a campanha ainda não confirme."Torcemos para contar com a presença do presidente em defesa da liberdade e do patriotismo. Mas, assim como foi no ano passado também, ele não confirma, até pela questão de segurança, e é o certo, porque ele acaba movimentando muita gente, é toda uma preparação de área. Por isso, não dá para dizer que ele vai estar ou não", diz Kelly Santos.

A união de movimentos de rua conservadores em Brasília já fez o pedido para a realização do ato em 7 de setembro à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). A previsão é que o ato se inicie às 10 horas, mas Kelly diz que às 7 horas os organizadores já estarão na Esplanada. Também existe a possibilidade de chegarem ainda na noite do dia anterior, como ocorreu em 2021.

A participação de Bolsonaro na Avenida Paulista também não é garantida. Integrantes do núcleo político da campanha estimulam o presidente a manter o local como o principal palco dos atos do Dia da Independência, mas ele segue disposto a transferir sua ida para o Rio de Janeiro.

Tomé Abduch, do Nas Ruas, diz que o movimento manterá a mobilização na Paulista e confirma que, até o momento, não obteve resposta do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República — responsável por cuidar da segurança presidencial — sobre a decisão de Bolsonaro ir ou não. "Óbvio que estamos super abertos a recebê-lo no nosso caminhão, como sempre estamos, mas, até agora, não houve nenhum tipo de contato do GSI para nos informar se o presidente tem interesse de vir ou não. Mas organizaremos a mobilização normalmente, por entender que é importante comemorar os 200 anos da independência, dia que a população vai às ruas para lutar por nossa liberdade e defender as nossas instituições", destaca.

No momento, a hipótese provável é que Bolsonaro mantenha sua ida ao Rio de Janeiro, no período da tarde, às 16 ou 17 horas. Porém, a participação conjunta com o desfile militar a ser realizado na capital fluminense está descartada. A meta do presidente era que o desfile ocorresse na praia de Copacabana, mas ele foi convencido a desistir da ideia por coordenadores eleitorais de sua campanha e por integrantes do Alto Comando das Forças Armadas. "É praticamente certo a presença do presidente no Rio de Janeiro", admite Paulo Generoso, do movimento República de Curitiba.

Rodolfo Costa, colunista - Gazeta do Povo


domingo, 22 de maio de 2022

Ninguém pode perder. Como faz então? - Alon Feuerwerker

Qual o principal nó político no conflito russo-ucraniano? É a consequência mais imediata de ter deixado de ser uma disputa entre Moscou e Kiev e evoluído para uma confrontação militar entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos, que por sua vez estão numa guerra não declarada com os russos por meio da Ucrânia. O nó? Nem Washington nem Moscou podem ser derrotados. [em nossa opinião o perdedor será, já é, o povo ucraniano; primeiro, caíram na conversa do ex-comediante que poderiam ganhar a guerra contra os russos - Hitler e Napoleão também pensaram e perderam. Já o Zelensky acreditou que poderia armar uma guerra contra a Rússia para os aliados de palanque - a Otan - combater. Cmprovou que estava enganado, assim como a turma da Otan descobriu que não pode enfrentar a Rússia de forma direta - o risco nuclear é alto -  e, por procuração, constatou que o procurador não deu conta de cumprir o mandado e que sanções demoram a fazer efeito e podem ser retribuídas.
O povo ucraniano é que, infelizmente, está entrando com os mortos e destruição de toda sua infraestrutura.]

Certo desfecho que atenda de alguma maneira às demandas russas de antes de 24 de fevereiro corre o risco de ser recebido pelos eleitores americanos como um fracasso de Joe Biden, [que não será o primeiro do presidente que cochila em reuniões - haja vista a 'mancada', burrice mesmo na retirada do Afeganistão, quando em vez de seguir a praxe de ser os militares os últimos a sair deixou para os civis e com isso favoreceu o caos e provocou a morte de crianças.] que no final deste ano enfrenta eleições de meio de mandato para renovar a Câmara dos Representantes (deputados) e boa parte do Senado. As midterm do primeiro quadriênio costumam ser complicadas para o ocupante da Casa Branca, e os índices de Biden estão ruins.

No outro lado, algo que cheire a derrota empurrará Vladimir Putin para a zona de alto risco político, também pelos custos humanos, materiais e econômicos da operação militar. E a maior ameaça não viria de eventuais movimentos pró-Ocidente, mas de lideranças patrióticas que buscariam responder às frustrações desencadeadas, entre outros fatores, pela incapacidade de defender as populações russas nas áreas desgarradas após o fim da União Soviética.

Uma rápida passada de olhos pela história russa e soviética dos últimos dois séculos faz qualquer um entender a sensibilidade ali diante de potenciais ameaças ao território e à população.

E no Brasil, qual é o nó? A exemplo da pendenga europeia, o fato de nem o Supremo Tribunal Federal (STF) nem o presidente da República darem até agora sinal de aceitar ser derrotados na refrega em torno do sistema de votação. O STF (do qual o Tribunal Superior Eleitoral é, na prática, uma subseção) é o certificador do processo; e o presidente, na polarização, carrega com ele hoje quatro de cada dez votos num eventual segundo turno.

É briga grande.

Curiosamente, a situação não chega a ser 100% original. Quatro anos atrás, quando Luiz Inácio Lula da Silva ficou inelegível pela condenação em segunda instância agora anulada, o Partido dos Trabalhadores lançou o “Eleição sem Lula é Fraude”. E esticou a corda até a véspera do segundo turno. Ali o impasse resolveu-se pacificamente, também por dois motivos: 1) o PT não estava no poder e 2) o PT acreditava que tinha chances, mesmo sem Lula na urna. Tanto tinha que Fernando Haddad disputou um segundo turno bem competitivo.

Os personagens da trama de agora já deixaram passar algumas ocasiões propícias à desejável redução da temperatura. Elio Gaspari, que viu alguns filmes parecidos, abordou o assunto por um ângulo histórico cerca de um mês atrás. A corda está esticada, mas não se deve desistir de o país chegar à eleição com todo mundo deixando claro que aceitará o resultado. Por razões que dariam outro artigo, talvez estejam faltando atores dispostos a assumir os papéis capazes de levar a trama a esse feliz desfecho.

A exemplo do que se passa agora no leste europeu. Sim, o indivíduo tem um papel na História.

 Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

domingo, 23 de janeiro de 2022

Dead man walking - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Há um ano na Casa Branca, Joe Biden já conseguiu transformar sua curta Presidência numa longa lista de escândalos, falhas e deslizes  

Joe Biden | Fotos: Montagem Revista Oeste
Joe Biden - Fotos: Montagem Revista Oeste
 
Em 20 de janeiro de 2021, o presidente norte-americano, Joe Biden, estava diante de um Capitólio vazio e sinistro, fazendo o juramento de posse em um momento em que o país enfrentava uma polarização política histórica. Naquele dia, ele prometeu provar que a própria democracia da nação ainda funcionava e que ele poderia restaurar a unidade de um país dividido. Biden declarou que os Estados Unidos poderiam ter fé em seu governo novamente, enquanto diminuiria a temperatura em uma “Washington inflamada” por seu antecessor, Donald Trump.

Há um ano na Casa Branca, ele já conseguiu tornar sua curta Presidência conhecida por uma longa lista de escândalos, falhas, deslizes e previsões tão óbvias que não é preciso ser um expert em história norte-americana ou política para ler o que 2021 seria se o democrata fosse eleito em 2020.

Confesso que está bem difícil restringir a lista a um ou dois principais fracassos neste primeiro aniversário da administração Biden, embora a catastrófica retirada do Afeganistão das tropas norte-americanas possa ser o deslize mais fatal. Mas, no topo da lista, também temos a inflação, com os piores índices dos últimos 40 anos, uma das razões que jogaram no chão os índices de aprovação de Biden nos últimos meses. Embora seus erros sejam muitos, não é difícil listar os que viraram um fantasma para sua administração, tornando-o um presidente já chamado de pato manco (lame duck), mesmo com três anos de Presidência pela frente.

Bem, não foi por falta de leitura nem de aviso. Tudo era óbvio e o mapa do desastre estava diante dos olhos. Quantos artigos você encontrou aqui em Oeste mostrando o caminho catastrófico que o fraco ex-vice de Obama seguiria nos braços de um Partido Democrata desvirtuado e que perdeu a identidade por completo, entregando-se à extrema esquerda norte-americana?

Logo em janeiro de 2021, assim que entrou no Salão Oval, Biden mostrou que as políticas que eram apenas “teorias conspiratórias” dos republicanos não eram tão irreais assim. Em seu primeiro dia no cargo, o presidente democrata assinou uma lista de ordens executivas de extrema esquerda, incluindo uma exigindo que as escolas ignorassem as diferenças biológicas entre alunos do sexo masculino e femininodos campos de atletismo e quadras esportivas aos banheiros e vestiários se quisessem continuar recebendo recursos federais.

Também nesta primeira semana como presidente da nação mais poderosa do planeta, Biden fez questão de apontar os planos do governo de restabelecer o financiamento federal para clínicas de aborto nos Estados Unidos e em todo o mundo, recurso cortado por Donald Trump; mostrou que reverteria as políticas de imigração que estabeleciam que qualquer pessoa com pedido de asilo deveria aguardar o julgamento em sua cidade de origem; e ajoelhou-se à turba ambientalista, que jamais apresentou relatórios pertinentes, cancelando o oleoduto de Keystone — e ceifando imediatamente mais de 11 mil empregos. Tudo isso você leu aqui em Oeste, assim como a chocante informação de que, nas primeiras 48 horas no cargo, o novo governo lançou 17 ordens executivas — mais do que o primeiro mês das Presidências de Donald Trump, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton combinadas.

Em fevereiro de 2021, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) sob Biden anunciou diretrizes rígidas de reabertura da sociedade. As ordens manteriam muitas escolas e universidades em todo o país fechadas. Segundo a administração que prometeu o impossível, acabar com o vírus, apenas algumas escolas em áreas com transmissão baixa do vírus poderiam reabrir para o aprendizado presencial, desde que o distanciamento físico e o uso de máscaras fossem aplicados. 

Qualquer taxa de transmissão além do que era designado como moderado pelo CDC (até hoje ninguém soube em quais estudos ou pesquisas o governo se embasou para tomar as medidas) estabeleceu áreas que deveriam obedecer às diretrizes de aprendizagem virtual ou frequência reduzida, limitando o número de crianças na sala de aula. Só o tempo nos dirá como essa geração, forçada a usar máscaras até hoje, foi afetada — mental e academicamente. Enquanto pais se esforçavam de maneira histórica entre empregos perdidos e filhos em casa, sindicatos de professores de extrema esquerda arquitetavam e trabalhavam para manter os alunos fora das escolas, demandando mais recursos financeiros para a categoria, em uma lista de exigências que nada tinha a ver com o ensino remoto ou a pandemia.

Após as perdas democratas na Virgínia e em Nova Jersey, James Carville disparou: “O que deu errado foi esse ‘wokeism’ estúpido

No fim de abril, Biden anunciou seu “Plano de Famílias Americanas”, uma lista de prioridades de gastos da extrema esquerda, muitas das quais se tornariam marcas registradas de sua agenda radical. As metas da farra de gastos proposta, de US$ 1,8 trilhão, incluíam estender a educação governamental para a pré-escola e dois anos de faculdade comunitária fornecidos pelo contribuinte. Foi nessa época que a Casa Branca de Biden começou a planejar, junto com algumas corporações, o desenvolvimento de um sistema de “passaporte vacinal”, para forçar os norte-americanos a mostrar o comprovante da vacina contra a covid para participar plenamente da sociedade.

Crise em família
Pouco tempo depois, mais uma “teoria conspiratória” dos republicanos e de articulistas da Revista Oeste se transformou em realidade. Recordemos que, ainda em 2020, o jornal The New York Post publicou informações contundentes recuperadas de um laptop que o filho do presidente norte-americano, Hunter Biden, supostamente havia deixado em uma loja para manutenção. Revelações sobre a caótica vida de Hunter surgiram, aumentando a coleção de comportamentos desagradáveis que poderiam complicar o caminho à Casa Branca do candidato Biden e, posteriormente, do próprio presidente. 
 
Além de fotos comprometedoras de Hunter, em orgias sexuais e consumindo drogas, novos e-mails do computador suspeito publicados pelo New York Post (jornal fundado por Alexander Hamilton) mostravam que Joe Biden havia se encontrado com parceiros de negócios da Ucrânia, da Rússia e do Cazaquistão em um jantar em Washington, DC, enquanto ele ainda era vice-presidente de Barack Obama, em abril de 2015. No laptop do filho de Biden, a seguinte mensagem foi encontrada: “Caro Hunter, obrigado por me convidar para DC (Washington) e prover a oportunidade de conhecer seu pai e passar algum tempo juntos”, escreveu o executivo Vadym Pozharskyi, da empresa de energia ucraniana Burisma, em que Hunter fazia parte do conselho sem ter a menor qualificação técnica para o cargo de diretor da empresa. Não custa recordar que a agenda das big techs, cada dia mais óbvia, derrubou o perfil do jornal pouco antes da eleição presidencial norte-americana e censurou todos os perfis nas redes sociais que tentaram publicar, comentar ou questionar a história.

Junho de 2021 chegou, e, em menos de seis meses no cargo, Biden entrava para os livros com uma crise histórica na fronteira sul. Em junho, as apreensões ultrapassaram 1 milhão de pessoas no ano fiscal de 2021. As travessias ilegais bateram os níveis mais altos desde 2006. Somente em maio, 170 mil pessoas foram capturadas, marcando uma alta de 20 anos. Foi em junho também que os norte-americanos viram o Estado fronteiriço do Texas declarar emergência pela crise na fronteira que Biden ajudou a causar ao reverter posições da era Trump, como a política de “Permanecer no México”. À medida que a crise avançava, a vice-presidente, Kamala Harris, elevada ao posto de encarregada da fronteira, não se deu ao trabalho de visitar a linha real EUA–México, retrucando: “Não estive na Europa” — quando os repórteres a pressionaram sobre o assunto e perguntaram se ela não iria ao local. Kamala finalmente cedeu e agendou uma viagem, mas só depois que o ex-presidente Donald Trump anunciou seus planos de ir à região.

Em julho, mês em que os norte-americanos orgulhosamente celebram o 4 de Julho, independência do país declarada sob os pilares da liberdade, o governo Biden gabou-se de conspirar com as big techs para suprimir as perspectivas com as quais o governo discorda. Em uma coletiva de imprensa, Jen Psaki, secretaria de imprensa da Casa Branca, elogiou a política do governo de trabalhar com as big techs em “sinalizar postagens problemáticas para o Facebook que espalham desinformação”. Psaki admitiu que não havia nada “fora da mesa” no esforço para manchar a dissidência como “desinformação” e removê-la das mídias sociais. Ainda no mês de julho, os números projetados para a vacinação na população norte-americana não chegaram perto dos esperados pelo governo, e questões como eficácia, efeitos colaterais e coação para a vacinação entraram de vez no radar dos norte-americanos. As respostas não chegavam, apenas ordens.

O fiasco no Afeganistão
E foi em agosto, então, que o mundo assistiu horrorizado à retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, com imagens de tumulto e violência. O governo tentou apresentar a ação como uma peça estratégica de sucesso, num esforço para retratar o encerramento “positivo e corajoso” da guerra mais longa do país. Mas a série de erros nesse evento foi politicamente prejudicial e devastadora. Seus números de pesquisa ainda não se recuperaram desde que norte-americanos, democratas e republicanos, assistiram atônitos às terríveis imagens vindas do Afeganistão. A retirada desorganizada também deixou 13 militares norte-americanos mortos e milhares de cidadãos norte-americanos e aliados afegãos presos sob o controle do Talibã.
 
A decisão, amplamente criticada no Congresso, mostrou uma série de erros inacreditáveis, como a decisão do governo de desocupar a Base Aérea de Bagram antes de evacuar os norte-americanos do país, até deixar armas e equipamentos parar nas mãos do Talibã. 
Biden ainda teve a falta de sensibilidade de ir à TV proclamar uma vitória que não aconteceu. 
Ainda em agosto, o governo realizou um ataque de drone contra agentes do Estado Islâmico e que matou pelo menos dez civis, entre eles sete crianças.

Os norte-americanos não esquecerão tão cedo as imagens angustiantes de pessoas desesperadas atropelando umas às outras na caótica corrida para o Aeroporto de Cabul, de gente agarrada ao trem de pouso de aeronaves norte-americanas e caindo indefesas do céu, ou de um helicóptero solitário saindo do telhado da embaixada norte-americana. Há sangue nas mãos de Biden, e aliados também não se esquecerão dessas cenas tão cedo.

A derrota na Virgínia
Já em setembro, as ações de Biden podem ter causado a perda nas importantes eleições para o governo da Virgínia. Em 29 de setembro, o Conselho Nacional das Associações Escolares (National School Boards Association) enviou uma carta à Casa Branca pedindo a Biden que usasse o FBI e outras autoridades federais para ameaçar pais que ousassem questionar os currículos escolares enfaticamente. Poucos dias depois, em resposta à carta, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, orientou o FBI e procuradores federais a investigar pais e abordar “um aumento perturbador de assédio, intimidação e ameaças de violência contra administradores escolares, membros do conselho, professores e funcionários”.

No entanto, investigações mostraram que o próprio secretário de Educação de Biden, Miguel Cardona, solicitou secretamente a carta ao Conselho Nacional das Associações Escolares (que emitiu um pedido de desculpas posteriormente), para, presumivelmente, usar como pretexto para o esforço do governo em atingir pais insatisfeitos com o fechamento de escolas públicas, mandatos de máscaras e o descontentamento com extremistas com currículos de ideologias de gênero e teoria crítica racial (CRT). A ira dos pais, que temeram que sua autoridade sobre as decisões que afetam seus filhos fosse corroída, tomou conta de muitos Estados. Numa eleição histórica e com a campanha feita na defesa dos pais e de suas opiniões e preocupações curriculares, três republicanos varreram as eleições estaduais no democrata Estado da Virgínia, que elegeu o governador, a vice e o procurador-geral do Estado do partido de oposição ao presidente.

O partido woke
Recentemente, o estrategista democrata de longa data James Carville criticou membros de seu próprio partido sobre a agenda estagnada de Joe Biden, mesmo com maioria em ambas as Casas legislativas. Durante meses, Carville vem alertando os democratas sobre as armadilhas de ser um partido woke (algo como “politicamente correto”), descrevendo-o como “um grande ‘problema’ do qual todos estão cientes”. Ele também advertiu que “as pessoas estão muito mais interessadas em suas vidas e em como melhorá-las do que no pronome de outra pessoa ou algo assim”. Após as perdas democratas na Virgínia e em Nova Jersey (outro Estado que vota com os democratas há anos) em novembro de 2021, bem como os ganhos do Partido Republicano em outros lugares, Carville disparou: “O que deu errado foi esse ‘wokeism’ estúpido. Vocês estão prejudicando o partido”.

Outra democrata, a ex-deputada Tulsi Gabbard, do Havaí, candidata presidencial nas primárias democratas, concordou, dizendo:Acho que o povo norte-americano, como vimos claramente na Virgínia, está dando um sinal claro de que rejeita esse tipo de divisão, a ‘racialização’ de tudo neste país, o fomento da raiva e do ódio, que, infelizmente, estou vendo vir de muitos dos meus colegas democratas. Os norte-americanos estão se levantando e dizendo: ‘Ei, queremos escolher um futuro otimista, um futuro esperançoso, um futuro em que possamos viver de acordo com o sonho de Martin Luther King sobre julgar uns aos outros pelo nosso caráter, não pela cor da nossa pele, respeitando uns aos outros como colegas norte-americanos, democratas e republicanos, realmente se unindo para trabalhar em direção a um objetivo comum’. Essa é a direção que precisamos seguir. E acho que a eleição do governador da Virgínia foi uma indicação de que os eleitores se posicionaram e deixaram suas vozes serem ouvidas através das urnas”.

Mas não pense que o que está ruim não pode piorar. Em meu artigo da semana passada, mostrei em detalhes o que aconteceu com a ordem vacinal tirânica da agência de Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA), braço que o governo usou para tentar emplacar uma ordem inconstitucional. Depois de emitir um comunicado à imprensa, em setembro de 2021, ameaçando um mandato de vacina para empresas privadas com 100 ou mais funcionários, a agência divulgou um boletim temporário de emergência, em 4 de novembro, que exigiria que as empresas cumprissem até 4 de janeiro a ordem ou incorreriam em multas de até US$ 14.000 por violação. Como sabemos, a Suprema Corte Americana derrubou essa ordem na última semana. Obviamente, o governo Biden sabia que a medida era flagrantemente inconstitucional o tempo todo — mas explorar os atrasos do sistema judicial permitiu que o governo intimidasse muitas empresas a cumprir a ordem de qualquer maneira, sem se importar com o fato de que o próprio governo Biden prometeu, durante a campanha, que jamais exigiria a vacina contra a covid.

Máquina de imprimir dólares
Dezembro de 2021 chegou e, junto com o último mês do ano, o clímax (até agora) da inflação e da crise da cadeia de suprimentos — duplamente causada pelos gastos radicais do governo, que mantém a impressora de dinheiro ligada 24 horas por dia, e pelos eternos lockdowns dos democratas. Com os norte-americanos enfrentando a escassez de produtos e os atrasos nas remessas durante as compras de Natal, o Departamento de Trabalho divulgou os números de novembro, revelando uma inflação de 6,8% ao ano, ou “o maior aumento de 12 meses desde o período de junho de 1982”. Os números da inflação de dezembro foram ainda maiores, chegando a 7%. O Federal Reserve reconheceu que sua leitura inicial de que a inflação seria transitória se mostrou excessivamente otimista. O Banco Central está a caminho de iniciar um ciclo de aumentos regulares das taxas de juros em sua reunião de março. 
 
O desafio para o Fed será fazer isso sem ser tão agressivo a ponto de causar uma recessão e alimentar o desemprego. Uma pesquisa do Wall Street Journal no mês passado mostrou que os eleitores estavam pessimistas em relação à economia e à condução do país nas mãos dos democratas. Resta saber se Biden vai lidar com as consequências políticas dos eleitores, que culpam o presidente e os democratas pelos preços mais altos antes das eleições de midterms, em novembro.

As gafes, os erros e os tropeços dessa administração já compõem uma vasta lista. Imaginei que, avaliando esse primeiro ano de Joe Biden na Casa Branca, meu artigo ficaria mais longo do que o normal, e nem entramos com detalhes na política internacional do democrata. Os EUA estão lidando com uma Rússia mais agressiva, que está concentrando tropas na fronteira com a Ucrânia, e ameaçou o presidente russo, Vladimir Putin, com extensas sanções se Moscou invadir a Ucrânia. As movimentações são tensas, e os que manipulam os tentáculos bélicos do partido do presidente já torcem por uma intervenção militar norte-americana. Com a China, após uma tensa reunião inicial no Alasca entre seus ministros das Relações Exteriores, os EUA procuraram encontrar áreas para trabalhar com o país, principalmente em mudanças climáticas, mas uma longa lista de diferenças permanece intocada, sobre direitos humanos, comércio e tecnologia. Os norte-americanos não mandarão oficiais para as Olimpíadas de Inverno, agora em fevereiro, em Pequim.

Não podemos deixar de mencionar os piores números dos últimos anos na segurança, principalmente nos crimes cometidos contra policiais
O ano de 2021 registrou o maior índice da história na violência contra forças policiais, e as grandes cidades sob administração democrata sofreram com um combo perigoso: a alta criminalidade aliada às históricas baixas policiais, com números cada vez maiores de renúncia de membros dessas forças. A conta da agenda “defund the police”, iniciada em 2020, chegou.

A cereja do bolo
Para finalizar, o desemprego continua elevado, mesmo com tantos postos de trabalho abertos em 2021; veículos da mídia associados ao Partido Democrata já questionam os muitos erros dessa administração em tão pouco tempo, enquanto republicanos exploram os baixíssimos números de aprovação da dupla Biden/Harris. Para a cereja de um bolo que derrete à luz do dia, em um discurso em 11 de janeiro deste ano, pedindo ao Senado dos EUA que abandone as regras de obstrução, para aprovar uma proposta de federalização radical e inconstitucional das leis eleitorais, o presidente Biden comparou os críticos de sua agenda — que incluem o senador democrata Joe Manchin, de West Virginia, e Kyrsten Sinema, do Arizona — ao ex-governador do Alabama George Wallace e ao líder confederado Jefferson Davis, nomes de segregacionistas da era da Guerra Civil Americana. “Como você quer ser lembrado em momentos importantes da história? Você quer estar ao lado do Dr. King (Martin Luther King) ou de George Wallace? Você quer estar ao lado de Abraham Lincoln ou Jefferson Davis?”, disparou Biden, aos senadores democratas que, diante de uma agenda radical de transformação dos pilares norte-americanos e do absoluto desrespeito à Constituição Americana, se recusaram a votar com o presidente. Uma das medidas no projeto democrata de federalização das eleições nos EUA, ignorando a autonomia dos Estados, é que não seja obrigatória a apresentação de um documento de identidade na hora da votação.

Nesta semana, aqui nos Estados Unidos, é celebrado o feriado que homenageia exatamente Martin Luther King Jr., ícone dos direitos civis e da liberdade. Em umas de suas muitas frases célebres, proclama: “A verdadeira medida de um homem não é vista na forma como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio”.

Administrações ruins passam, embora suas consequências possam perdurar por anos. Mas, pelo menos, enquanto o espírito de MLK estiver em homens e mulheres, como os senadores democratas Manchin e Sinema, que não se aqueceram no aplauso fácil, a liberdade e o respeito às leis sempre antes de tudo respirarão em algum canto do mundo.

Leia também “O preço do radicalismo”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

O problema se chama Bolsonaro - J. R. Guzzo

 Revista Oeste
 

É possível que o presidente tenha mais voto que os adversários — e os seus inimigos políticos já decidiram que ele não pode ganhar   

Eis aí: o governo Bolsonaro acaba de completar três anos e começa a entrar na sua reta final. Tanto se fala desse governo, mas tanto, que até parece, às vezes, que o Brasil nunca teve outro. Mas teve, com toda a certeza, e vai ter outros ainda — o próximo, por sinal, já daqui a um ano, com as eleições presidenciais de 2022. Está nisso, a propósito, o começo, o meio e o fim de toda a discussão política do Brasil neste momento. Falam, falam, falam, mas a questão é essa; não adianta fingir que não é. Quem vai ganhar o raio da eleição? Jair Bolsonaro vai continuar presidente por mais quatro anos, até 2026?

O presidente Jair Bolsonaro | Foto: Anderson Riedel/PR

 O presidente Jair Bolsonaro | Foto: Anderson Riedel/PR

Em condições normais de temperatura e pressão, uma eleição a mais não deveria ser dificuldade nenhuma. Afinal, é assim que o país vem escolhendo os seus presidentes, com eleições livres e diretas, desde 1989 — quando chegou à conclusão de que o homem certo para o cargo era Fernando Collor. Mas as condições de temperatura e pressão não são normais neste momento; na verdade, são tudo, menos normais. O motivo dessa desordem é um só
uma parte do mundo político do Brasil, justamente a parte que faz mais barulho, não aceita, simplesmente não aceita a ideia de que Bolsonaro possa ser reeleito.
E a democracia? É o diabo. Democracia tem esse grande inconveniente: ganha quem tiver mais voto. É possível que Bolsonaro, se for mesmo candidato, tenha mais voto que os adversários — e os seus inimigos políticos já decidiram que ele não pode ganhar. Como é que fica, então? Ainda não está claro como vão resolver essa charada.

Bolsonaro não é visto por seus inimigos como um competidor, mas como um mal que não pode ser permitido

Bolsonaro deveria ganhar ou perder de acordo com os resultados concretos que o seu governo conseguiu durante os três anos que acaba de completar no Palácio do Planalto. Nada mais simples, não é mesmo? De duas uma. Ou o governo foi bom ou o governo foi ruim, na opinião dos brasileiros que vão votar em outubro de 2022; também é possível que não tenha sido nem uma coisa nem outra. Muito bem. Se os eleitores acharam que Bolsonaro fez um bom governo, eles vão votar nele outra vez; se acharam que fez um mau governo, vão votar nos adversários. Se não acharem bom nem ruim, a decisão vai depender do grau de entusiasmo que os outros candidatos conseguirem despertar na população. É assim que deveria ser, se houvesse de fato uma democracia no Brasil; mas não é assim que está sendo. Bolsonaro não é visto por seus inimigos como um competidor, numa disputa que será decidida pelo povo. É visto como um mal que não pode ser permitido. “O país não aguenta” – esse é argumento final que se usa contra ele. A Constituição não diz nada a respeito dissose o país aguenta ou não aguenta. Mas a frase virou um salmo das Santas Escrituras da esquerda, do “centro liberal” e das suas vizinhanças.

Temos, no momento, os mais extremados esforços para combater os “atos antidemocráticos”, banir do noticiário e das redes sociais as “notícias falsas” que agradam ao governo e expulsar da vida política, até com a prisão, elementos tidos como um perigo para as “instituições”. Temos, mesmo, um inquérito ilegal no Supremo Tribunal Federal para tratar desses assuntos todos ilegal, mas em pleno funcionamento. O pior atentado que está sendo cometido nesse momento contra a democracia, porém, é visto como a coisa mais normal do mundo; é a negação dos direitos políticos e civis do presidente da República, a quem se nega a possibilidade de reeleger-se para o cargo, ou mesmo de ficar onde está até o final do seu mandato. “Não dá para aguentar até as eleições” — é o que se diz, todo santo dia, na mídia, nas classes intelectuais e nessa elite de Terceiro Mundo, a la brasileira, que vai dos empreiteiros de obras públicas aos banqueiros infelizes com o governo
É, como se demonstra através dos fatos, ato “antidemocrático” direto na veia. 
Mas é contra Bolsonaro, e se é contra Bolsonaro vale tudo.
 
O fato é que a sociedade tem diante de si, de hoje a outubro do ano que vem, toda a oportunidade para julgar, concretamente, o que Bolsonaro fez em seus primeiros três anos — e, com base nisso, decidir se ele deve ficar mais quatro anos ou ir embora para casa.  
É possível, examinando os fatos e dando a todo brasileiro a oportunidade de expressar os seus sentimentos através do voto, considerar que Bolsonaro foi um presidente bom, um presidente razoável, um presidente ruim, um presidente péssimo, o pior presidente da história e assim por diante. 
Só não se pode negar que ele é o presidente escolhido pela maioria dos eleitores brasileiros em 2018 — mais exatamente, 58 milhões de pessoas.  
Não se pode negar, da mesma maneira, o direito dos eleitores de elegerem, em 2022 ou em qualquer eleição futura, quem melhor entendam para a Presidência da República.

O único dinheiro que existe no governo é dinheiro que vem diretamente do seu bolso

É esse o risco que os adversários de Bolsonaro, ou os que falam mais alto entre eles, não querem correr. 
Mais quatro anos com esse homem, além dos quatro originais, é algo que uma parte do Brasil não admite; todo o seu astral, no conjunto, é definitivamente incompatível com ele. Eis aí o centro do problema; se são mundos incompatíveis, não dá para haver convívio entre os dois. 
A mídia, por exemplo — a sua alma, o seu mundo mental e os seus interesses têm uma espécie de intolerância química, ou genética, a Bolsonaro. São Leste e Oeste, como diria o poema de Kipling, e nunca irão se encontrar. Não ajuda em absolutamente nada, é claro — ao contrário, é uma dificuldade fatal —, que há três anos inteiros a imprensa não receba dinheiro federal em verbas de publicidade
Nada de Banco do Brasil, Caixa Econômica, Petrobras e outros ídolos da esquerda brasileira; nem um tostão em anúncios. Detalhe? É difícil que seja. Essas verbas somam centenas de milhões de reais, quando adicionadas de um ano para outro; fazem diferença, sim, senhor.
 
Apublicidade oficialé hoje, foi ontem e sempre será um escândalo; por isso faz tanto sucesso no mundo oficial deste país. 
Trata-se de transferência direta de renda do pagador de impostos para o bolso dos donos dos veículos de comunicação. 
Pagador de impostos, sim — você mesmo e todo mundo que você conhece. [além dos três anos a pão e água, com a certeza que não falta um ano e sim cinco anos, a mídia militante treme de pavor com as redes sociais, os blogs e vlogs - antes, nos saudosos tempos da mídia impressa e/ou televisiva, o narrado em um jornal da TV ou no inicio do dia por um jornal impresso, não podia ser desmentido.
Agora tudo mudou. A TV, o rádio ou a internet controlada pela  mídia militante afirma (narra) uma versão  e minutos depois uma transcrição do narrado, é apresentada nas redes sociais, nos blogs, confrontando, expondo,  com adequada, fundamentada  e incontestável análise a má fé da narrativa.
Por isso, vale tudo para sufocar os blogs, as redes sociais e assemelhados.]
Não existe dinheiro “do Banco do Brasil”, nem “da Petrobrás”; empresa estatal não tem dinheiro. O único dinheiro que existe no governo é dinheiro que vem diretamente do seu bolso. 
 
Como dito acima, são montanhas a pagar e a receber; não é possível sumir com uma fortuna dessas e os prejudicados não sentirem nada. Mais: esses prejudicados sabem perfeitamente que se Bolsonaro for reeleito vai continuar sendo assim; ao mesmo tempo, sabem igualmente bem que se os adversários ganharem a festa vai recomeçar na hora. Olhe um pouco para os governadores de Estado; estão pagando os olhos da cara aos órgãos de imprensa, na forma de verbas de publicidade, e é exatamente isso que a mídia espera do próximo governo federal. Não pode, portanto, ser Bolsonaro de novo.  
Se não for ele, todo esse desespero de ataques que se vê hoje na mídia vai desaparecer na hora; 
em vez disso, vai haver a mesma compreensão e apoio que a imprensa dá hoje aos governos estaduais. (A propósito: a revista Oeste não aceita nenhum tipo de publicidade paga pelo governo. Nenhum tipo, e de nenhum governo — federal, estadual ou municipal, diretamente ou através de empresas estatais.)
 
Há também a abstinência que inferniza a vida dos grandes agentes da corrupção nacional; é um problema dramático, para eles, estar há três anos sem ver dinheiro do Erário. 
É obvio que sempre que houver uma repartição pública haverá gente tentando roubar; a diferença é se o governo aceita (estimula?) ou não aceita o roubo. É obvio, também, que dinheiro pequeno sempre rola aqui e ali; mas essa gente toda, claro, está interessada em dinheiro grande. 
 
Nessa área está dando tudo errado. No último episódio que veio a público — um contrato de R$ 600 milhões entre o Banco do Nordeste e uma ONG, que já vinha de anos — a diretoria inteira do banco foi demitida assim que o presidente manifestou a sua estranheza com a história. Por que tanto dinheiro assim com uma “ONG”?  
No Brasil de sempre uma história dessas acabaria com o Banco do Nordeste fazendo uma nova licitação, de 1 bi e 200; iriam dobrar a aposta. Como é possível achar, diante dessas novidades, que milhares de “agentes políticos” estejam felizes? Não estão. Estão odiando. Quem quer perder 600 milhões?

Há o problema, enfim, de que o Brasil de Bolsonaro vai exatamente na contramão do mundo totalitário, coletivista e politicamente correto que cresce solto por aí afora o mundo em que a fada da Cinderela é negro e gay, ou em que os cientistas são proibidos de discutir o “aquecimento global” ou os efeitos da “cloroquina”. 

Bolsonaro não apenas é o presidente deste Brasil que não gosta da eliminação das diferenças de sexo entre crianças, acredita em Deus e defende a família; é, certo ou errado, o grande símbolo de todos esses valores, convicções e crenças.

É difícil que apareçam, nisso tudo, possibilidades reais de entendimento e tolerância.

Leia também “Retrato de um Brasil que não existe”

J. R.  Guzzo, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Após reação de aliados, Bolsonaro diz não ver 'nada demais' na nota de recuo que apresentou ao país - O Globo

Presidente confirmou que pediu ajuda a Michel Temer e acredita que em "dois ou três dias" recupera a confiança de seus seguidores 

Na live da noite desta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu que o conteúdo da declaração à nação, que divulgou mais cedo,  contrariou seus aliados, mas afirmou não ver "nada demais" no texto, um recuo diante de sua postura agressiva às instituições nas últimas semanas e nos discursos do 7 de Setembro. Bolsonaro disse que acredita que vai recuperar a confiança de seus apoiadores em dois ou três dias.

[o mais cômico  é que Bolsonaro é quem marca o passo da dança de vocês - inimigos do Brasil - o nosso presidente  mestre no jogo da política vai para um lado e vocês todos, inimigos do Brasil = inimigos do presidente + arautos do pessimismo + adeptos do 'quanto pior, melhor' + a corja dos corruptos + establishment - o seguem esperando a oportunidade para dar o bote;
- inesperadamente, o presidente pisa no chamado 'freio de arrumação', desequilibra todos, muda de rumo e vocês tentam acompanhá-lo e a desorientação é total.  
Alguns aliados do Bolsonaro podem até ter se aborrecido com o que a midia militante chama de recuo , mas logo perceberão que o capitão recuou para o BEM do Brasil, dos brasileiros, da Pátria Amada. E, no aparente recuo contou com a ajuda inestimável, indispensável de um mestre = MICHEL TEMER.
Um conselho para os inimigos do Brasil:
- esse vai e não vai que os deixa desorientados é fruto da falta de liderança, gostem ou não,  vocês estão sendo liderados pelo político que mais odeiam - arranjem  um líder e talvez acertem o passo;
- outro motivo para a desorientação que os domina e que os torna em grande maioria desesperados é que Bolsonaro quebrou a espinha dorsal do sistema. Confiram no vídeo do Alexandre Garcia.] 



— Fiz uma  nota hoje que muita gente me criticou, que eu devia fazer isso e aquilo. Sou o chefe da nação e estou com o povo, onde o povo estiver. Eu estarei mais confortável se ficar no Alvorada, na minha casa, cuidar da minha vida e abandonar o povo. É comum político agir assim, ficar longe do povo. Tem cobrança, justas e outras não, que querem que eu tome medidas imediatas — disse Bolsonaro.

Leia: Recuo de Bolsonaro após atos golpistas surpreende integrantes do governo e desagrada militância

E pediu a seus aliados para "darem um tempo", que logo reconquistará a confiança deles. — Dá dois ou três dias para a gente. Dá um tempo.

E apresentou dados positivos nos indicadores financeiros após o anúncio da sua mensagem ao país.

[O Ibovespa fechou em alta com uma disparada no final de pregão desta quinta-feira (9). A Bolsa chegou a subir mais de 2,6% a 116.353 pontos depois do presidente Jair Bolsonaro escrever uma carta apaziguando os ânimos com o Supremo Tribunal Federal (STF) após almoço com o ex-preesidente Michel Temer, que foi quem indicou o ministro Alexandre de Moraes à Corte.
O Ibovespa fechou em alta de 1,72% a 115.360 pontos com volume financeiro negociado de R$ 38,123 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial caiu 1,85% a R$ 5,226 na compra e a R$ 5,227 na venda. Já o dólar futuro para outubro cai 1,63% a R$ 5,247 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu 34 pontos-base a 7,32%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de 31 pontos-base a 9,10%, DI para janeiro de 2025 avançou sete pontos-base a 10,11% e DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de um ponto-base a 10,50%.
]
 

Nota de Bolsonaro é parte de pacto feito nas últimas semanas; entenda

Agência Brasil

 O “pacto” consistiria nos seguintes pontos:

Papel do Executivo
Nesse acordo, coube ao presidente Jair Bolsonaro esvaziar as manifestações dos caminhoneiros para evitar desabastecimentos e dar andamento a planos econômicos para reduzir inflação.

A nota vista como recuo nesta quinta-feira foi um ato simbólico com função de selar o acordo. Pelo fato do presidente estar mais em evidência por força das suas declarações, coube a ele dar uma sinalização pública de que aceitou os termos do acordo mobilizado pelo MDB.

Papel do Legislativo
Maior autonomia do Legislativo
- Aprovação de Emenda Constitucional para regulamentar um ponto da Constituição prevendo que o STF só atue em torno de ações que sejam constitucionais ou inconstitucionais, deixando o resto para o Legislativo ou até mesmo a instâncias inferiores do Poder Judiciário;
- Aprovação do ICMS fixo para combustíveis;
- Aprovação do Auxílio Brasil;
- Solução dos precatórios;
- Aprovação de André Mendonça para o STF.
 
 
 
Papel do Supremo Tribunal Federal:
- Ação no STF que pede derrubada dos decretos de armas será rejeitado ou terá um novo pedido de vista por parte de algum dos ministros;
- Inquérito dos atos antidemocráticos sai das mãos de Moraes e será assumido pela PGR;
- Nova regulamentação em torno da Raposa Serra do Sol;

Articulação política e Temer
No nível político, a participação do Michel Temer não foi à toa. Ela teve função de sinalizar que Bolsonaro avalizaria, no ano que vem, uma candidatura do emedebista para deputado federal e, afinal, presidir a Câmara dos Deputados após o biênio de Arthur Lira.

A intenção de Temer em disputar um cargo no Legislativo vinha ficando clara com a maior participação do ex-presidente nas redes sociais, que tem feito transmissões ao vivo pelo Instagram e investido em posts sobre seu governo, entre 2016 e 2019.

O sucesso do acordo, porém, ainda dependerá do posicionamento de Bolsonaro nos próximos dias e das definições do STF. A tendência é que o presidente da República evite abordar o assunto publicamente para amenizar a “temperatura” e ampliar as chances de êxito do pacto entre os três poderes

Rota 2014 - Blog do José Thomaz