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segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A corrupção cria um novo genocídio no Brasil - Juan Arias

EL PAÍS

Os abutres estão se aproveitando da dor da pandemia para engordar suas barrigas. Quantas vidas poderiam ter sido salvas com esse dinheiro?

Não é só o coronavírus que está criando um genocídio no Brasil, pecado do qual o próprio chefe de Estado, Jair Bolsonaro, é acusado por seu comportamento negacionista diante da epidemia. Outro genocídio não menos importante é o da corrupção que infestou todas as instituições do Estado, da política à Justiça, começando pelas próprias igrejas. Os abutres estão se aproveitando da dor da pandemia para engordar suas barrigas. Quantas vidas poderiam ter sido salvas com esse dinheiro? A corrupção cria morte e dor como um vírus da alma. Quem se apropria do dinheiro público dedicado a criar vida é um genocida.


Instalação da ONG Rio de Paz na praia de Copacabana em memória aos mortos por coronavírus no Brasil, agosto de 2020.RICARDO MORAES / REUTERS

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Dias atrás vi se encherem de lágrimas os olhos de uma mãe de duas meninas, desempregada, ao receber uma cesta básica. E veio aos meus olhos, como um pesadelo dantesco, a fila de políticos, empresários, juízes e até religiosos em uma dança de morte de milhões roubados dos pobres. Ao mesmo tempo, com dor, vejo aflorarem os pecados dos maiores responsáveis pela Lava Jato chamados a exigir justiça. Vejo a dança de alegria dos corruptos diante do colapso da cruzada contra a corrupção e não sei qual crime é pior.

A verdade é que os pecados daqueles que foram aclamados por terem tido a coragem de desafiar os corruptos poderosos não podem servir de detergente para limpar a sujeira dos corruptos. É preciso dizê-lo em voz alta: a corrupção que move milhões e até bilhões em um país onde correm rios de dor de milhões de pobres que sofrem porque não podem alimentar seus filhos deve ser punida como assassinato e genocídio. [Lembrete: a pobreza e a fome dela decorrente, e outras penúrias, não seguem o regime do cotas - atingem os pobres, os desassistidos sem exceção.

Para estes a igualdade prevista na Carta Magna é igual, ignora supremas decisões, interpretações criativas, etc...]. E são sempre os mesmos, na pandemia e na corrupção, os que mais sofrem e morrem: os negros e afrodescendentes herdeiros da escravidão; os que cresceram sem uma educação que os preparasse para a vida, os indígenas cada vez mais massacrados, os idosos e os doentes incapazes de sobreviver por conta própria.

Durante a pandemia, dois demônios se juntaram no Brasil para criar morte e dor, o do vírus e o da corrupção nascida no próprio coração da tragédia. Um trabalhador que recebe salário mínimo me perguntou: como podem ter alma aqueles que roubam até o dinheiro destinado a salvar vidas? Fiquei me perguntando como podem dormir tranquilos. E não apenas não parecem ter remorso, mas dançam felizes vendo desabar alguns dos pilares da luta contra a corrupção. Na verdade, observar hoje o regozijo de alguns políticos sobre os quais recai até uma dúzia de processos de corrupção e que continuam em liberdade por sua cumplicidade com magistrados e procuradores ou por suas chantagens a eles é algo que não deixa de causar indignação e repulsa.

Este Brasil que a corrupção está corroendo não é aquele com que os brasileiros sonharam e pelo qual se empenharam e lutaram —um país onde ninguém passasse necessidade, pois é atravessado por rios de riquezas naturais. E que, além disso, tem um povo criativo e capaz, se o deixarem, de produzir riquezas para que todos possam ter o que precisam sem ter de ver a fome aflorar nos olhos de seus filhos.

Sou exagerado? Não. Ainda fico aquém porque nem eu nem a maioria dos meus leitores conhecemos por dentro as entranhas dos dramas da pobreza e até da miséria de milhões de pessoas expostas ao mesmo tempo à violência cruzada do crime organizado e da ausência do Estado.

E enquanto isso, onde estão as vozes dos justos que não ouvimos seus gritos de condenação a tanto genocídio? Onde está aquele punhado de políticos e líderes decentes e não corruptos que não levantam a voz? Onde estão aqueles que foram escolhidos para fazer justiça e defender os mais fracos e que vivem de mãos dadas com os outros poderosos, defendendo mutuamente seus privilégios?

Às vezes me vêm à memória as vozes do Deus da Bíblia quando, na cidade corrupta de Sodoma e Gomorra, não encontrava um único justo capaz de salvar os demais. Ou me lembra o lamento daquele profeta dos descartados e abandonados à própria sorte quando dizia: “Tenho compaixão por eles porque são como ovelhas sem pastor”. Onde estão no Brasil os pastores, os governantes, os políticos, os juízes e até os religiosos capazes de proteger os mais expostos sempre à patada dos lobos?

Se os pecados da Lava Jato não redimem os corruptos, tampouco uma vitória nas urnas autoriza a tirania e a perseguição aos diferentes e mais expostos a serem escravizados. A classe brasileira que está em boa situação, a que nunca passou necessidades e pôde até dar caprichos aos seus filhos, os políticos e juízes corruptos, nunca compreenderá a imensidão da dor acumulada no coração dos que trabalham e não conseguem nem uma vida digna.

É triste para o Brasil, como país, se distinguir por ser um dos países mais corruptos do mundo ao mesmo tempo em que é um dos povos mais religiosos do planeta.

Os evangelhos cristãos dizem que o demônio, para tentar Jesus, o levou ao alto da cidade e, mostrando-lhe todos os reinos a seus pés, lhe disse: “Tudo isso te darei se, prostrando-te, me adorares”; o Brasil aparece hoje rendido à tentação dos demônios da corrupção diante dos quais todas as instituições parecem de joelhos. E o pior e o mais sarcástico é que este é um país que chegou a ser invejado de fora porque se dizia que “Deus era brasileiro”. Será que voltará a ser algum dia? Recursos não faltam. O que falta é decência aos responsáveis pelo seu destino.

Transcrito do jornal El País

Juan Arias - EL PAÍS



quarta-feira, 18 de março de 2020

MPF denuncia 6 pela morte de Vladimir Herzog - O Estado de S. Paulo

[Errar é humano, permanecer no erro é diabólico. 
Especialmente quando o erro não é por ignorância - o MPF possui pessoas capacitadas - e sim para servir a uma causa política.
Não vamos entrar no mérito se a acusação acima é verdadeira ou mentirosa, em outras palavras: se os denunciados são inocentes ou culpados.
Temos convicção da inocência deles, mas não é necessário cogitar deste caminho.
A Lei da Anistia, foi promulgada em 1979, anistiando todos os crimes cometidos até aquela data.

Que valor tem uma determinação dessa Corte Internacional de Direitos Humanos - CIDH, para que pessoas anistiadas por uma Lei vigente há 39 anos da data da determinação, sejam denunciadas?
Curioso  é o MPF, tão combativo para defender sua independência, se ajoelhar diante de uma ordem dada por uma Corte política e cujas determinações costumam ser desprezadas?

O Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre o alcance da Lei da Anistia, o que seria mais que suficiente para o MPF ignorar a tal determinação.

É pouco? O Brasil parece que em algum tempo, muito provavelmente no governo daquele FHC, aderiu a um tal Termo que permite àquela CDHI imiscuir-se nos nossos assuntos internos.

Mas, tal intromissão, sempre discutível, teria que cuidar de assuntos não prescritos, não anistiados e ocorridos  a partir da data da adesão - bem posterior a 1979 - ao Termo, Convenção ou seja lá o que. 
Se houvesse a pretensão, abusiva, da intervenção  daquela 'corte política' em assuntos internos do Brasil anteriores a data de adesão, deveria constar expressamente do termo a identificação dos temos excepcionados.
Mesmo assim, caberia recurso discutindo a retroação inusual - sendo inaceitável por afrontosa, a aceitação simples, submissão total.

Já houve decisões da Justiça brasileira sobre o tema, rejeitando  ações movidas contra alguns acusados, entre eles o Coronel CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA.
Qual a razão da pretensão dessa prosperar? rasgar a Constituição cidadã? 

Temos o coronavírus, a dengue, a crise econômica, milhões de brasileiros desempregados, chega de perder tempo e dinheiro com tentativas infundadas e punir supostos torturadores  de terroristas, simpatizantes e assemelhados.

VEJAM: 
Os supostos crimes ocorreram há mais de 40 anos = ESTÃO PRESCRITOS;
- Os supostos crimes, foram anistiados há mais de 40 anos;
- tem o principio jurídico de que a lei penal não retroage para punir.]


O DOI apurava a relação de jornalistas com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), então clandestino. O MPF acusa na denúncia dois militares pelo assassinato: o então chefe da 2.ª Seção do 2.º Exército, coronel José Barros Paes, e o então comandante do DOI, coronel Audir Santos Maciel. “O homicídio praticado pelos denunciados foi cometido com emprego de tortura, consistente na inflição intencional de sofrimentos físicos e mentais agudos contra a vítima, com o fim de intimidá-lo e dele obter informações”, escreveu a procuradora da República Ana Letícia Absy. 

Os dois coronéis são ainda acusados com o carcereiro Altair Casadei de fraude processual porque teriam montado a cena do crime para induzir a Justiça a acreditar que o jornalista se matara. Os então médicos-legistas Henri Shibata e Arildo de Toledo Viana são acusados de fazer uma falsa perícia para encobrir o crime. Por fim, o procurador Durval Ayrton Moura de Araújo é acusado de prevaricação porque teria ajudado a encobrir o crime, deixando de fazer constar nos depoimentos das testemunhas as denúncias de tortura contra o DOI. Os depoimentos faziam parte do Inquérito Policial-Militar (IPM) do Exército que apurou o caso. O IPM concluiu que o jornalista se suicidara.

O Estado não conseguiu localizar os acusados ou seus advogados. Presidente na época dos fatos, o general Ernesto Geisel disse em entrevista que a morte de Herzog foi um assassinato.  A maioria das denúncias apresentadas até agora pelo MPF à Justiça Federal sobre os delitos da época têm sido rejeitadas pelos tribunais sob a alegação de que os fatos foram anistiados em 1979. Em 1992, o Ministério Público Estadual (MPE) abriu dois inquéritos sobre o caso, mas ambos foram trancados por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que questionava a legalidade da extensão da anistia para os agentes do regime militar. Manteve assim a anistia aos crimes políticos e conexos. 

Para a CIDH, o caso Herzog, por ser um delito contra a humanidade, é imprescritível e não passível de anistia. Ela ainda considerou que a decisão do STF de 2010 não considerou a imprescritibilidade dos delitos contra a humanidade. Além disso, por força do tratado, o Brasil seria obrigado a cumprir as decisões da Corte, pois é signatário da Convenção Interamericana de Direitos Humanos.

No julgamento do caso na CIDH, a defesa do Brasil alegou que o caso não podia ser reaberto em razão da prescrição e pelo fato de ser “coisa julgada”. Para a defesa, os argumentos de irretroatividade da lei penal e de non bis in idem (princípio pelo qual uma pessoa não pode ser punida duas vezes pelo mesmo fato) estavam de acordo com a Convenção. Em 2018, após a decisão da CID, o MPF abriu o inquérito que levou à denúncia.

Caso a 1.ª Vara Federal Criminal rejeite a denúncia ou se a acolher, deve haver recurso aos tribunais superiores. O Estado ouviu um dos ministros do STF que participaram do julgamento de 2010. Para ele, a coisa está julgada e a Corte não deve mudar sua decisão mesmo com a decisão da CIDH.

Política - O Estado de S. Paulo 


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Há um déficit de investigação no caso do porteiro - Blog do Josias






 Há um déficit de investigação no caso do porteiro que enfiou indevidamente o nome de Jair Bolsonaro no inquérito sobre a morte de Marielle Franco. Juntando aos fatos já divulgados o resultado da perícia feita nos áudios da portaria, há sobre a mesa um lote de informações que já estavam disponíveis no final de outubro do ano passado. Está entendido que, ao contrário do que dissera o porteiro, a voz do "seu Jair" não pode ter soado no interfone da casa 58 do condomínio Vivendas da Barra, no Rio, no dia 14 de março de 2018. O proprietário do imóvel, Jair Bolsonaro, dava expediente na Câmara, em Brasília.







Bolsonaro não teria como autorizar a entrada de Élcio Queiroz, hoje preso sob a acusação de matar Marielle e seu motorista Anderson Gomes. [atualizando: Queiroz e Lesss estão presos, não pela suspeita de que participaram do homicidio da vereadora e sim acusados de tráfico de armas.] A voz que soa no sistema de áudio da portaria, como confirma a perícia, é a do morador da casa 65, Ronnie Lessa, outro suspeito preso pelo mesmo crime. Falta esclarecer duas coisas: Primeiro: Quem colocou na tuba do inquérito um porteiro capaz de inventar em dois depoimentos à polícia que falou com "seu Jair"? Segundo: por que a polícia civil do Rio demora tanto a responder a essa pergunta?







Afora os depoimentos, o áudio da portaria e os rastros de Bolsonaro em Brasília há também sobre a mesa a planilha com os lançamentos feitos pelo porteiro naquele fatídico 14 de março de 2018, dia da execução de Marielle. Nesse documento, está anotado o nome do visitante Élcio Queiroz e o número da casa 58 de Bolsonaro, não do imóvel 65 de Ronnie Lessa. Tudo isso já era conhecido há pelo menos quatro meses. A perícia adicionou um mistério novo à trama: a voz do porteiro que liberou a entrada do miliciano Élcio não é a daquele funcionário do condomínio que citou Bolsonaro em depoimentos prestados nos dias 7 e 9 de outubro. Na noite do dia 7 de outubro, data do primeiro depoimento do porteiro, soube-se que Bolsonaro disputaria o segundo turno da eleição com Fernando Haddad.




Cabe perguntar: por que o interesse em meter Bolsonaro nessa encrenca? Ou, de novo: quem colocou o porteiro na tuba? O déficit de respostas nesse caso é tão desmoralizante para a polícia quanto o excesso de interrogações que ainda ronda a apuração sobre o próprio assassinato de Marielle Franco.[apenas um registro: além de enfatizar a inutilidade de toda o procedimento de perícia para identificar as razões do porteiro ter mentido (buscando identificar a origem de - eventual, talvez - tenttiva envolver o presidente Bolsonaro - na ocasião, comprovadamente, a mais de 1.000km de distância do condomínio - insistimos em questionar: qual a razão do homicidio da vereadora Marielle Franco ter prioridade sobre a investação de milhares de assassinatos que ocorreram no mesmo ano? grande parte deles no Rio.]

Blog do Josias - Josias de Souza, jornalista - UOL










terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Arábia Saudita: balada forte num dia, decapitações no outro - VEJA - Mundialista


Condenação à morte dos peixes pequenos pelo assassinato de Jamal Khashoggi culmina um ano delirante que só comprovou: o dinheiro compra tudo

Por Vilma Gryzinski
Por trás da máscara: jovens curtem festival eletrônico, adaptando exigência religiosa, e príncipe acha que resolveu questão de assassinato de opositor Fayez Nureldine/AFP

Dar a vida pelo chefe é uma força de expressão que ganhou uma interpretação sinistra na Arábia Saudita.  Cinco dos operadores que receberam a missão de matar Jamal Khashoggi, desafeto do príncipe herdeiro, e a cumpriram de forma excepcionalmente estúpida, foram condenados à morte.  Na Arábia Saudita, a sentença máxima é executada como prega a tradição islâmica, por decapitação.
Não é impossível que a pena seja eventualmente comutada, tendo cumprido a encenação de castigo exemplar.

Os cinco condenados à morte, mais onze a penas de prisão, são os paus mandados da equipe de assassinos enviada ao consulado saudita em Istambul, em 2 de outubro do ano passado. Inclui-se entre eles o médico legista que aparece numa gravação dizendo: “Agora, vamos separar as juntas”. Ao som de uma serra elétrica. Sim, o consulado era todo, obviamente, grampeado. A Turquia é um dos maiores rivais da Arábia Saudita – mesmo que não fosse, todo mundo grampeia todo mundo, uma regra amplamente conhecida.

O desembarque, os deslocamentos e a viagem de volta dos assassinos trapalhões, incluindo um trajeto de despiste feito por um dos agentes com as roupas tiradas do corpo provavelmente ainda quente do morto, foram todos registrados em câmeras de segurança. A única coisa que fizeram direito, por assim dizer, foi encarregar um colaborador local de sumir com o corpo desmembrado. O cadáver não foi encontrado até hoje – e não por falta de buscas.

Autoridades turcas, uma investigadora especial da ONU e até a CIA, todos chegaram à mesma conclusão: a ordem de matar Khashoggi, mesmo desproporcional ao dano que podia causar à imagem construída a peso de petrodólares pelo príncipe Mohammed bin Salman, partiu do mais alto nível.  Justamente o eximido no julgamento de resultado encomendado. Por “falta de provas”, livraram-se Saud al-Qathani, íntimo assessor de imagem do príncipe, e Ahmed al-Assiri, o vice-diretor do serviço de inteligência. Para não mencionar o próprio príncipe.

Ah, sim, a operação toda era apenas para “conduzir” Khashoggi de volta à Arábia Saudita, para ouvir uns bons conselhos e mudar de vida. Escapou ao controle porque ele começou a gritar, recebeu uma injeção tipo mata-leão, a coisa deu errado etc etc. Mais um pouco, seria condenado pelo próprio assassinato.
Confiante no seu taco, na relevância do petróleo saudita para manter a economia mundial andando e na importância geoestratégica do país como contrapeso ao Irã, Mohammed bin Salman manteve o sangue frio, a cara de pau e os cofres abertos. Vários de seus projetos ambiciosos foram prorrogados, diante do repúdio a um ato de barbárie tão escandaloso.

Mas menos de um ano depois do assassinato a Aramco, a estatal do petróleo, fez um IPO – não tão bem sucedido como o planejado. Mesmo assim, saiu dele como a empresa mais valiosa do mundo, coisa de 1,7 trilhão de dólares.  A abertura de capital da Aramco faz parte de um grande plano do príncipe para reestruturar a economia saudita, contando inclusive com uma futura era pós-petróleo. Há coisas que fazem sentido no ambicioso plano, há coisas puramente malucas. Exemplo: transformar um país onde reina a corrente mais fundamentalista da religião muçulmana num polo turístico e cultural.

Se um vizinho menor como o Dubai consegue manter exigências como o véu completo, com o rosto coberto, para as mulheres locais, conciliando-as com grandes hotéis e atrações turísticas para estrangeiros, onde biquínis e bebidas são aceitos, por que não a Arábia Saudita, muito mais rica? Há uma longa lista de respostas negativas, inclusive a influência dos religiosos e de setores da própria população mais extremamente conservadores.

Sempre é bom lembrar que Osama Bin Laden foi gerado no coração do sistema saudita. O próprio Jamal Khashoggi teve simpatias pela Al Qaeda, em sua versão original, antes de se transformar em defensor de uma versão islâmica da democracia.
Em compensação, a população mais jovem apoia em massa a política de abertura do príncipe e releva deslizes eventuais como matar e esquartejar um opositor.  Abrir o país a eventos esportivos e shows de música é uma novidade quase inimaginável.

(...)
Ah, sim, nesse ano alucinante, o Irã, acuado pelas sanções americanas, aumentou a pressão e atacou instalações petrolíferas na Arábia Saudita com drones.  Como sempre, os sauditas pediram guerra, desde que travada pelos Estados Unidos com o sacrifício de vidas americanas, claro. Donald Trump achou melhor não. No momento, a situação está temporariamente amornada. Mas todas as condições de alta tensão continuam valendo e 2020 vai ser um ano de arrepiar.

O Irã avança aceleradamente para um portal bem mais próximo da bomba atômica, esperando assim forçar os Estados Unidos a retomar o acordo nuclear renegado.  A resposta da Arábia Saudita sempre foi fazer sua própria bomba caso o Irã não seja contido. Dinheiro para isso, tem.

MATÉRIA COMPLETA em  Blog Mundialista, Vilma Gryzinski, jornalista  - VEJA  


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Após tragédia em baile funk de São Paulo, 'lei do silêncio' impera em Paraisópolis - O Globo

Gustavo Schmitt

Operação em festa deixou nove mortos pisoteados

Nas vielas apertadas de Paraisópolis , eram poucos os moradores que neste domingo se arriscavam a falar sobre a tragédia que se abateu ali horas antes, quando nove pessoas morreram pisoteadas durante ação da polícia em um baile funk. Informalmente, imperava uma lei do silêncio. Quem a quebrava, exigia o anonimato.
Numa das ruas onde ficava a concentração da festa, a Herbert Spencer, havia apenas duas palavras escritas no chão e que resumiam o sentimento da comunidade em relação aos últimos acontecimentos: "Paz e justiça". 

[baile funk representa o que existe de pior em termos de diversão;
em um baile dessa natureza se reúne a nata do que não presta, contaminando jovens inocentes, carentes de diversão e que são assediados em bailes por traficantes, exploradores do sexo e tudo o mais.
O mais grave é ser público e notório que tais eventos contam com a presença, inclusive na madrugada, de jovens menores de 18 anos - uma das vítimas fatais tinha 14 anos.

Proibir tais eventos, que são um "câncer" nas favelas e em qualquer local que ocorram, é complicado - a 'constituição cidadã', certamente, contém um artigo (talvez um inciso do famoso artigo 5º - que deve proibir que eventos de tal natureza sejam proibidos. Afinal, alguns dizem que FUNK é cultura. Infelizmente, no Brasil atual, até mesmo uma exposição do tipo da Queermuseu é classificada como cultura.)

A solução é aumentar o policiamento, a polícia chegando antes mesmo dos 'frequentadores' . Com tal medida se consegue impedir a presença de menores - vigilância especial nos ônibus fretados que devem ser abordados antes de chegar à favela - e 'desmobilizar' eventuais arruaceiros.
Também evitando que o ingresso da força policial,  em ambiente superlotado, com drogados, embriagados, pessoas de bem etc,  dê ensejo à ação de desordeiros.
Se registre que não houve vitimas fatais ou mesmo feridos a bala, o que prova o uso pela polícia apenas de meios não letal.
Policiais perseguindo bandidos, especialmente em flagrante delito,  podem ingressar em locais de diversão.]

Essa foi a principal reivindicação dos jovens que estavam na festa ouvidos pela reportagem, sob o compromisso de não terem seus nomes revelados. Em comum, todos temem uma eventual retaliação da polícia. Eles dizem que a Polícia Militar intensificou as operações na comunidade desde que houve o assassinato de um sargento da PM na comunidade no dia 2 de novembro. Afirmam que houve abordagens violentas e casos de ameaças e abusos. A Secretaria de Segurança Pública não comentou se esse episódio poderia estar relacionado com a ação da polícia em Paraisópolis neste domingo. 

Tragédia em baile funk: Entre as vítimas, lavador de estofados e um 'menino cheio de sonhos'

[convenhamos que uma jovem de 16 anos, estar as 4 horas da manhã, em uma favela, participando de um baile 'funk' = sinônimo de tudo que não presta em termos de diversão = não busca tranquilidade, nem segurança.
Mas, estranho mesmo é dizerem que a polícia estava usando bala de 'verdade' e não teve nenhuma ferido a bala.] 
A estudante X, de 16 anos, contou que por volta de 4 da manhã ouviu barulho de bombas de gás e sentiu seus olhos arderem. Ela disse que houve correria e que no meio da confusão conseguiu se esconder num bar de um comerciante amigo. Ainda segundo o relato da adolescente e de outras testemunhas, a polícia teria bloqueado a saída das ruas principais com viaturas, o que levou o público a fugir pelos becos — alguns têm apenas um metro e meio de largura —, onde acabaram caindo e sendo pisoteados.
Por conhecer bem a região eu soube onde buscar abrigo rápido no meio da confusão. Mas muitos que não eram moradores não tiveram a mesma sorte porque estavam em pânico. Corriam porque a polícia tava batendo em todo mundo. E não era só bala de borracha. Eles estavam atirando também. As pessoas correram para os becos, alguns ficaram sem saída e acabaram pisoteados —afirmou a estudante.


Outro menor de idade que também estava no baile e que não quis ter nome divulgado, também atribuiu o caso à violência policial.
— A polícia estava descendo o cacete. Muita covardia. Eles sabem que podem bater em pobre. Porque para pobre não existe Justiça — afirmou o jovem.
A versão que a polícia apresentou para o episódio é diferente daquela apresentada por moradores e vítimas. Segundo as autoridades, a confusão começou após dois homens em uma moto atirarem em policiais que faziam monitoramento nas redondezas do baile. Durante a perseguição, policiais e suspeitos entraram na festa com cerca de 5 mil pessoas. Ao perceber a presença dos agentes, o público do baile reagiu e atirou pedras. Foi quando a Força Tática chegou para dar reforço e lançou bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersão. Com a correria, as pessoas foram pisoteadas.

Segundo maior comunidade de São Paulo, Paraisópolis tem mais de 100 mil habitantes e sua cena cultural atrai moradores de outras comunidades.O "Baile da 17", por exemplo, recebe público de outras regiões. No evento de domingo, parte dos frequentadores, cuja idade varia de 14 a 25 anos, chegaram em ônibus de excursão de Pirituba, Guarulhos, e de bairros da Zona Norte da capital como Limão, Jaraguá e Campo Limpo, entre outros. 

Segundo a associação de moradores de Paraisópolis, o baile já existe há pelo menos 7 anos e cresceu de forma espontânea com sua divulgação nas redes sociais. O nome do baile se refere a um bar que era conhecido na favela como "Batida 17", onde as pessoas costumavam fazer a concentração da dança. O estabelecimento acabou fechando com o tempo, mas o baile ganhou fama e perdurou no tempo. 
Gilson Rodrigues, que é presidente da associação, classificou a ação da polícia como "irresponsável".
— Não foi um acidente. Eles (a polícia) estão contando essa história de que houve uma perseguição a uma moto. Mas fazer uma abordagem num espaço de mais de 5 mil pessoas da forma como foi, ainda que a comunidade tenha revidado, mostra no mínimo despreparo. A dispersão do público do jeito que foi feita gerou mais violência e causou mortes — afirma Gilson Rodrigues, que é presidente da Associação de Moradores. 

Ele defende que o estado ajude a organizar e a formalização eventos de funk para evitar novos incidentes. — Os bailes têm crescido cada vez mais por ausência de espaços de lazer. Não adianta fazer uma desmobilização num canto que o baile vai para outro local perto. É melhor que o estado seja parceiro e que não seja opressor dessa comunidade - afirmou Rodrigues.

O Globo - Brasil
 

sábado, 2 de novembro de 2019

Bolsonaro diz ter prova importante do caso Marielle

Bolsonaro admite que pegou gravação da portaria do condomínio onde tem casa no Rio: 'antes que tentassem adulterar'

Jair Bolsonaro admitiu, neste sábado (02), que pegou a gravação das ligações da portaria do condomínio, onde possui uma residência no Rio de Janeiro, para que não fossem adulteradas. O presidente contou aos jornalistas durante uma visita a concessionária em Brasília, onde comprou uma motocicleta avaliada em R$ 33 mil reais.

 A manchete do título consta de matéria publicada no Yahoo! Notícias.

Acessando a manchete se chega a: Bolsonaro admite que pegou gravação da portaria do condomínio onde tem casa no Rio: 'antes que tentassem adulterar'

"Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha", disse o presidente, reiterando que não está ligada ao assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em abril do ano passado.

Na última terça-feira (29), a TV Globo veiculou uma reportagem que dizia que um porteiro do condomínio contou à polícia que, horas antes do assassinato dos dois, o ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de participação no crime, esteve no local e pediu para ir a casa que pertence ao presidente.

Apesar do que teria comunicado na portaria, Queiroz seguiu para a casa de Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato, no mesmo condomínio. Naquele horário, o então deputado Jair Bolsonaro estava em Brasília e participou de votações na Câmara no mesmo dia, conforme mostram registros de presença da casa.

Na quarta-feira (30), o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou que obteve um áudio da investigação que contrariava a versão do porteiro, mostrando que foi Ronnie Lessa quem liberou a entrada de Élcio Queiroz e não alguém dentro da casa que pertence ao presidente. Queiroz e Lessa estão presos desde março deste ano por suposto envolvimento no caso. [A VERDADE: ainda que o Ministério Público do Rio, estivesse forjando provas para envolver o presidente -  o que, certamente, não ocorreu, não está ocorrendo -  Bolsonaro não está envolvido no caso.
MOTIVO DO NÃO ENVOLVIMENTO DO PRESIDENTE BOLSONARO:  se trata de um depoimento atribuindo ao presidente um ato que só poderia ter ocorrido se o presidente Bolsonaro, no dia do assassinato da vereadora Marielle, e na hora da suposta visita de Élcio Queiroz, estivesse no Rio de Janeiro.
E, COMPROVADAMENTE, ele não estava:  a prova mais fiel de que ele não estava no Rio, naquela ocasião, é provas irrefutáveis de que estava em Brasília, por volta da 17h e 20h, no plenário da Câmara dos Deputados, votando. ]

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