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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Há um déficit de investigação no caso do porteiro - Blog do Josias






 Há um déficit de investigação no caso do porteiro que enfiou indevidamente o nome de Jair Bolsonaro no inquérito sobre a morte de Marielle Franco. Juntando aos fatos já divulgados o resultado da perícia feita nos áudios da portaria, há sobre a mesa um lote de informações que já estavam disponíveis no final de outubro do ano passado. Está entendido que, ao contrário do que dissera o porteiro, a voz do "seu Jair" não pode ter soado no interfone da casa 58 do condomínio Vivendas da Barra, no Rio, no dia 14 de março de 2018. O proprietário do imóvel, Jair Bolsonaro, dava expediente na Câmara, em Brasília.







Bolsonaro não teria como autorizar a entrada de Élcio Queiroz, hoje preso sob a acusação de matar Marielle e seu motorista Anderson Gomes. [atualizando: Queiroz e Lesss estão presos, não pela suspeita de que participaram do homicidio da vereadora e sim acusados de tráfico de armas.] A voz que soa no sistema de áudio da portaria, como confirma a perícia, é a do morador da casa 65, Ronnie Lessa, outro suspeito preso pelo mesmo crime. Falta esclarecer duas coisas: Primeiro: Quem colocou na tuba do inquérito um porteiro capaz de inventar em dois depoimentos à polícia que falou com "seu Jair"? Segundo: por que a polícia civil do Rio demora tanto a responder a essa pergunta?







Afora os depoimentos, o áudio da portaria e os rastros de Bolsonaro em Brasília há também sobre a mesa a planilha com os lançamentos feitos pelo porteiro naquele fatídico 14 de março de 2018, dia da execução de Marielle. Nesse documento, está anotado o nome do visitante Élcio Queiroz e o número da casa 58 de Bolsonaro, não do imóvel 65 de Ronnie Lessa. Tudo isso já era conhecido há pelo menos quatro meses. A perícia adicionou um mistério novo à trama: a voz do porteiro que liberou a entrada do miliciano Élcio não é a daquele funcionário do condomínio que citou Bolsonaro em depoimentos prestados nos dias 7 e 9 de outubro. Na noite do dia 7 de outubro, data do primeiro depoimento do porteiro, soube-se que Bolsonaro disputaria o segundo turno da eleição com Fernando Haddad.




Cabe perguntar: por que o interesse em meter Bolsonaro nessa encrenca? Ou, de novo: quem colocou o porteiro na tuba? O déficit de respostas nesse caso é tão desmoralizante para a polícia quanto o excesso de interrogações que ainda ronda a apuração sobre o próprio assassinato de Marielle Franco.[apenas um registro: além de enfatizar a inutilidade de toda o procedimento de perícia para identificar as razões do porteiro ter mentido (buscando identificar a origem de - eventual, talvez - tenttiva envolver o presidente Bolsonaro - na ocasião, comprovadamente, a mais de 1.000km de distância do condomínio - insistimos em questionar: qual a razão do homicidio da vereadora Marielle Franco ter prioridade sobre a investação de milhares de assassinatos que ocorreram no mesmo ano? grande parte deles no Rio.]

Blog do Josias - Josias de Souza, jornalista - UOL










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