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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Mídia adversativa - Revista Oeste

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
 
O desemprego no trimestre até maio recuou para 9,8%, o menor índice em sete anos, e abaixo da expectativa dos especialistas. 
Apesar da pandemia, da reação insana de governadores e prefeitos, com aval supremo, e agora da guerra russa, o Brasil segue criando vagas de trabalho. Mas eis como a imprensa dá a boa notícia: “Emprego surpreende em maio, mas dúvidas persistem”. Já virou até piada nas redes sociais: é a imprensa do “mas”.
 
Essas manchetes adversativas expõem a incansável militância de nossos principais veículos de comunicação, que se tornaram partidos de oposição ao atual governo. 
O que importa não é mais dar a notícia importante da forma mais imparcial possível, e sim criar narrativas e atacar Bolsonaro. 
Tudo aquilo que é positivo vem seguido de um alerta de “especialistas”, de um lado negativo. O copo está sempre meio vazio
Nunca antes na história deste país se viu um esforço conjunto tão impressionante da mídia para derrubar um presidente eleito.

Nossos militantes de redação chegaram até a puxar da cartola a palavra “despiora” para se referir ao quadro econômico em recuperação. Uma apresentadora da CNN Brasil foi a mais sincera de todas, num possível ato falho, quando disse que teria de dar boas notícias, “infelizmente”. Nossos jornalistas viraram torcedores, e, como o único intuito é derrubar Bolsonaro, ainda que isso signifique voltar com a quadrilha petista ao poder, a torcida é pelo pior, ou seja, contra o Brasil.

Os mesmos que repetiam que a economia deveria ficar para depois durante a pandemia, contra a recomendação prudente de Bolsonaro, agora usam qualquer dado econômico ruim para culpar o próprio governo federal por tudo, esquecendo da pandemia, da reação radical que pregaram contra ela, e do cenário mundial. É cinismo demais, que denota enorme desespero.

A inflação europeia, por exemplo, é a mais alta em décadas, o mesmo nos Estados Unidos, e a da Argentina é melhor nem falar! A inflação deve bater 70% neste ano!  

Por isso que o país vizinho sumiu do mapa para a nossa imprensa: é um lembrete incômodo demais para os militantes que demonizam Bolsonaro — e elogiavam o presidente lulista da Argentina durante a pandemia!

Criaram narrativas falsas, trataram como gente séria notórios picaretas, fingiram que uma CPI circense falava em nome da ciência, pregaram caminhos insanos para reagir à pandemia e agora se fazem de sonsos, como se não tivessem absolutamente nada a ver com seus resultados terríveis.

E como a “terceira via” não tem qualquer chance, esse esforço todo dos tucanos é para trazer de volta o ladrão socialista do Foro de SP ao poder, ou seja, para transformar o Brasil numa próxima Argentina
Tudo isso em nome da defesa da democracia, claro. 
Vão “salvar” o Brasil com Lula! 
Afinal, Bolsonaro andou de moto sem capacete, e isso não pode ser tolerado…

Se houve alguma melhora, então joga a adversidade no ar e convida um “especialista” pessimista para sua futurologia sombria

Eis o fato: o governo federal vem fazendo o dever de casa. Não fosse a pandemia, a reação a esta pandemia por governadores e prefeitos que, com aval supremo, saíram fechando a economia e impedindo as pessoas de trabalharem, a guerra da Rússia na Ucrânia e o enorme esforço de sabotagem por parte do ativismo judiciário e de abutres no Congresso, podemos apenas imaginar como o cenário econômico estaria.

Luís Ernesto Lacombe, em coluna na Gazeta do Povo, comentou o homérico esforço da imprensa brasileira em destruir qualquer esperança de melhora em nosso país durante o atual governo, chamando a atenção para as manchetes adversativas. Ele diz: “As manchetes nos jornais, nos portais de notícias são feitas para isso: para exprimir oposição, contraste a tudo o que possa indicar esperança para o Brasil, para a nossa economia, em especial”.

Lacombe acrescenta: “Na torcida contra o país, mais do que contra o governo, os pessimistas do consórcio de imprensa e as suas conjunções adversativas tentam diminuir, anular qualquer indício de positividade”. Os militantes disfarçados de jornalistas querem ver o circo pegar fogo. Precisam derrubar o capitão, e não se importam de afundar junto o barco todo. É uma campanha pessimista do começo ao fim, para espalhar mau humor e angústia, medo.

Devemos reagir a essa missão destruidora afirmando o que vem dando certo, apesar da torcida do contra. Lacombe conclui: “Conjunção adversativa em excesso, a toda hora. Ninguém quer admitir que houve acerto em políticas econômicas implementadas, que estamos apontando para o único e correto caminho. É proibido confiar, é proibido acreditar no crescimento e na prosperidade. É ano de eleição, e economia decide. Que nos livrem das conjunções adversativas, de suas armadilhas pessimistas e depressivas. Que nos permitam sempre o espaço para o alento, o otimismo, longe de um plano político sórdido e do ódio a um governo”.

Ninguém nega a existência dos problemas graves. Mas ocultar do público as melhorias nestes anos de governo, ignorar sempre o contexto, acrescentar um alerta desnecessário, isso não é fazer jornalismo, e sim campanha política. Nossos maiores veículos de comunicação se perderam totalmente nesse papel inadequado, criando narrativas sem qualquer compromisso com a realidade, com os fatos. 
 Chamaram a atenção, por exemplo, para a disparada no registro de novas armas legais no país, graças a Bolsonaro, espalhando medo e prevendo o pior, e agora ignoram qualquer elo causal quando são forçados a divulgar que o Brasil registrou a menor taxa de homicídios em dez anos!
 
Em todos os casos é a mesma coisa: se houve alguma piora, então destaca o que está ruim sem contextualizar, sem comparar com nossos vizinhos; se houve alguma melhora, então joga a adversidade no ar, convida um “especialista” pessimista para sua futurologia sombria, lembra que ainda há muito que melhorar. 
Chamar isso de jornalismo é simplesmente absurdo. Para a infelicidade dos militantes, porém, cada vez mais gente se dá conta do truque. Não é por acaso que a credibilidade da mídia segue ladeira abaixo…

Leia também “Ativisme supreme”

Rodrigo Constantino, colunista  - Revista Oeste

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Duas histórias tristes - Luciano Trigo

VOZES - Gazeta do Povo

Dois casos bastante tristes mobilizaram as redes sociais na última semana. Infelizmente, os dois episódios demonstram que a disposição das pessoas para julgar e dar palpite em assuntos dos quais apenas ouviram falar, sem conhecer qualquer detalhe, só faz aumentar.

                                  Foto: Reprodução Instagram

As redes sociais empoderaram os ignorantes, os imbecis, os ressentidos, os furiosos. E a internet se torna, cada vez mais, uma arena onde a barbárie corre solta, com todos dando livre vazão aos seus piores instintos. Parece que a razão de viver dessa gente é apontar o dedo e eleger o Judas Iscariotes da vez, para linchar e esfolar – sempre em nome da virtude, da tolerância e da democracia.

Piora as coisas o fato de a turba desconhecer gradações: nos julgamentos sumários que ela promove só existem heróis e vilões, bandidos e vítimas, santos e genocidas. O mundo pelo menos o mundo que se manifesta nas redes sociaisé maniqueísta: não há espaço para contrapontos, nem para a diversidade de opiniões e pontos de vista; não existem tons de cinza, apenas o preto e o branco, o bem contra o mal.

E a sentença é sempre a mesma, aliás executada por quem acusa e julga: o cancelamento e o linchamento virtual. Viramos uma sociedade de abutres, na qual não há preocupação nem empatia sinceras com a dor do outro.

Nos dois casos em questão neste artigo: não há preocupação nem empatia sinceras nem com a menina grávida, nem com a jovem estuprada, nem com o feto descartado como lixo, nem com o bebê entregue para adoção.  Os virtuosos criticam ferozmente a exposição dessas vítimas, mas, justamente para ostentar virtude, as expõem ainda mais. Porque, no fundo, vítimas só interessam como personagens de uma narrativa pré-fabricada, em prol da imposição de uma agenda que em tudo contraria os valores e crenças do brasileiro comum: a agenda da defesa do aborto. Muitos caem de inocentes na manipulação; outros agem de forma mal-intencionada mesmo.

Desnecessário recapitular os dois episódios. Só pretendo chamar a atenção para aspectos relevantes que foram totalmente (deliberadamente?) ignorados pela grande mídia e pelos ativistas das redes sociais (que, aliás, se tornaram os principais pautadores da grande mídia).

No caso da menina grávida, houve sim um crime horrível, e a menina, por óbvio, é a vítima. Mas o crime cometido e seus perpetradores são bem diferentes daqueles inicialmente apontados. A julgar pelo que disse o delegado que investiga o caso, depoimentos indicam que a menina de 11 anos mantinha relações consensuais com o namorado de 13, de quem engravidou, aliás filho de seu padrasto (!?).

Sendo isso verdade, a menina não foi estuprada por um adulto, como fizeram crer as primeiras manchetes. E, sendo o próprio pai da criança gerada menor de 14 anos, surgem complicações jurídicas que tornam o caso muito mais complexo do que nos foi vendido.

Mas o tratamento dado ao caso pela grande mídia não apenas ignorou solenemente esses “detalhes” como ensejou a tentativa de assassinato de reputação de uma juíza, apresentada como criminosa por buscar uma solução alternativa, que preservasse o feto inocente (a antecipação do parto e entrega do bebê para adoção). A este ponto chegou o nosso jornalismo.
Quem contribui para criar um ambiente no qual crianças são erotizadas e os pais não têm mais nenhuma ascendência sobre os filhos?

Eduardo Cabette faz uma análise percuciente do episódio, do ponto de vista legal, neste artigo. Mas o que importa considerar aqui é que a destruição da família e de valores morais compartilhados pela sociedade, processo que avança a pleno vapor, gera situações tão absurdas que a lei já não dá mais conta.

As perguntas que ninguém fez são: 
- onde estavam os pais dessas duas crianças? 
- Estavam cientes das relações sexuais entre elas? 
Fato é que algo assim só pode acontecer em uma sociedade na qual a instituição familiar já está severamente abalada. 
E quanto mais atacarem os valores associados à família, mais frequentes serão esses episódios.
 
Mas quem contribui diariamente para criar um ambiente no qual crianças são erotizadas e os pais não têm mais nenhuma ascendência sobre os filhos? 
São os conservadores? [certamente que não.]
Ou é a militância progressista incrustada nas universidades, nas redações e no Judiciário?

Somente o cinismo e a má-fé podem explicar o fato paradoxal de que justamente aqueles que se dedicam incessantemente a destruir a instituição familiar tentam simular uma indignação histérica quando meninas engravidam e ainda apontam o dedo para quem defende a família.

A alternativa apresentada pela juíza cancelada à menina grávida (supostamente) do namorado foi, aliás, a alternativa escolhida pela jovem atriz, esta sim vítima de estupro – que se viu obrigada a se manifestar publicamente depois que um site expôs sua história de forma calhorda.

Ela também tinha a justificativa legal para um aborto, já que a gravidez foi consequência de um estupro, mas escolheu levar adiante a gestação até o fim e entregar o bebê para adoção. Tudo isso em silêncio, sem posar de heroína. Seguramente foi uma escolha sofrida e que pode ser considerada controversa, mas muito mais humana que a de eliminar o feto.

Fica a pergunta:
por que o tema da entrega para adoção não se faz mais presente no debate sobre o aborto?

Também na semana que passou, na esteira de protestos dos abortistas americanos contra a decisão da Suprema Corte que anulou a garantia federal ao direito de aborto, uma imagem trágica circulou nas redes sociais: a fotografia de uma mulher grávida que rabiscou na própria barriga a frase “not yet a human” (“ainda não é um humano”), referindo-se ao bebê que carrega no ventre
É difícil encontrar palavras para classificar esse gesto: uma mulher que afirma que o ser que ela sente vivo dentro dela, cuja vida ela gera, não é humano.
 
O aborto nunca foi e nunca será um tema trivial, por mais que se esforcem para nos convencer de que um feto “ainda não é um humano”, ou de que eliminar um feto é um direito reprodutivo” da mulher, um ato tão insignificante quanto descartar uma roupa velha ou um objeto indesejado
Qualquer pessoa que já tenha ouvido o coração do seu filho bater durante uma sessão de ultrassonografia, durante uma gestação, sabe, em um nível muito profundo, que isso é apenas uma mentira.

Voltarei ao tema no próximo artigo, em que abordarei as origens intelectuais da agenda abortista – e seus vínculos com o pensamento marxista.

Luciano Trigo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 27 de junho de 2022

Infanticídio Sem uma definição legal de aborto, em breve estaremos falando de “aborto pós-parto” - VOZES

Gazeta do Povo - Bruna Frascolla

 O Brasil permite aborto em caso de estupro, bem como em caso de risco de vida da mãe. É razoável entender o aborto como a interrupção da gravidez num estágio em que o embrião ou feto ainda não tem capacidade de viver fora do útero
Interrupção da gravidez não é a mesma coisa que aborto. 
A interrupção da gravidez inclusive é proposta pelo médico pró-vida Jacyr Leal como uma opção ao aborto para mulheres com risco de vida: ou seja, mesmo que a lei deixe essas mulheres abortarem, elas devem ter a opção de deixar o embrião se desenvolver e levar a gravidez pelo maior tempo possível, até interrompê-la. Aí tira-se vivo o feto prematuro e coloca-se numa UTI neonatal.



Sem uma definição legal de aborto, em breve estaremos falando de “aborto pós-parto” - | Foto: Bigstock

Esta deveria ser uma distinção de senso comum: aborto espontâneo não precisa de parto; morte do feto precisa de parto. Aborto espontâneo não gera um natimorto. 
Penso que o Congresso deveria dar uma definição legal do aborto, pois, se não o fizer, em breve estaremos falando em aborto pós-parto. Peter Singer, o filósofo do vegetarianismo, defende a ideia há pelo menos 26 anos. 
Os pró-vida que são contra toda forma de aborto deveriam pensar nisso e se aliar ao CFM provisoriamente, jogando no colo dos carniceiros a defesa do “aborto tardio”.[incontestavelmente, houve assassinato, infanticidio, por ser a vítima uma criança com SETE MESES de gestação, em perfeitas condições de nascer e viver ;  milhões de HOMENS E MULHERES,  hoje adultos nasceram com SETE MESES DE GESTAÇÃO e são absolutamente normais. Tanto Que por uma questão de JUSTIÇA deve ser aberta investigação para identificação dos envolvidos - os que participaram e/ou de alguma forma colaboraram para o ato criminoso - e todos denunciados à Justiça.]

No caso da menina grávida de sete meses, a discussão não era se ela deveria ser poupada de uma gravidez. Não era se, após a penetração, uma menina fértil de 11 anos não deveria receber uma pílula do dia seguinte, nem se, logo após descobrir que a filha criança foi estuprada (o que deveria acontecer cedo), uma mãe não deveria levar a filha a um hospital para fazer o aborto.  

O feto ia nascer de qualquer jeito, fosse de cesárea ou parto normal. A discussão é se a criança deveria ser natimorta ou não. Para ser natimorta, o Estado precisaria matá-la antes que nascesse. 
O Intercept, O Globo e um punhado de “operadores do direito que fazem o que querem mesmo sendo funcionários públicos decidiram que o Estado deveria matar o feto, para que ele fosse um natimorto. Gera-se uma jurisprudência e, se restarem dúvidas, alguém aciona o Supremo.

O Brasil é uma democracia só nominalmente. Quem manda aqui são os ativistas judiciais, e aquilo que chamamos de imprensa é na verdade seu instrumento de propaganda.
Veja Também: OPINIÃO DA GAZETA: Uma prova de fogo para a sociedade brasileira 

Como o MPF e a imprensa apoiaram o aborto de um bebê de sete meses
Em decisão histórica a favor da vida, Suprema Corte dos EUA derruba
Roe x Wade


História mal contada

A história da menina grávida estava muito mal contada. De fato, nessa idade a relação sexual é estupro aos olhos da lei; e a lei permite aborto em caso de estupro. A mãe da menina levou-a ao hospital com mais de cinco meses de gravidez querendo fazer aborto.  
 Dado o estado avançado da gravidez, o hospital negou, amparado inclusive pelas diretrizes da OMS. Daí a mãe da criança acionou o Ministério Público para resolver o problema.
 
Quando a mãe de uma garotinha dá as caras no hospital querendo um aborto para a filha grávida de cinco meses, é inevitável concluir que há algo de errado com a mãe
É impossível ela ter percebido só aos cinco meses que uma menina de 10 ou 11 anos estava grávida, e é muito provável que fosse conivente com os abusos. A juíza então tirou a menina da casa e pôs num abrigo. O processo corria em segredo de justiça e veio a público com o Intercept, que divulgou uma seleção de vídeos da audiência da juíza com a menina e sua mãe. Como o Intercept conseguiu esse material? Segundo revelou o jornalista Sílvio Grimaldo, do Brasil Sem Medo, a advogada da mãe é colunista do Catarinas, um portal feminista catarinense que também divulgou dados do processo sigiloso. Não é nenhuma suposição ousada, a de que a advogada ativista tenha passado os dados para o Intercept.

Também é de se supor que o caso tenha sido pro bono, ou então pago por alguma ONG, já que a mãe da menina é pobre

Outro dado importante é que o pai do bebê seria o filho do padrasto da menina, e que o sexo entre ambos era regular tão consensual quanto o possível. Ou seja: ao que parece, os pais deixavam tudo correr e, só quando a menina ficou grávida de um jeito que não dava para esconder a barriga, a mãe resolveu tomar providências. Mas aí descobriu que não dava mais para abortar. De algum jeito, os abutres do ativismo ficaram sabendo do caso e afinal apareceu uma advogada grátis para a mãe da menina.

A mídia pinça o tipo de crime ao qual quer dar cobertura nacional. O Datena sempre mostrou violência doméstica, mas o Jornal Nacional só passou a mostrar violência doméstica quando havia ativismo judicial em prol do conceito de “feminicídio”. Crianças e mais crianças são abusadas Brasil afora; algumas engravidam. Mas, ao que parece, agora havia “operadores do direito” dedicados a encontrar um caso particular, uma advogada pronta para defender judicialmente e uma imprensa pronta para propagandear o infanticídio intrauterino. 

Vale lembrar que isso ocorre pouco depois de a Colômbia, na canetada, liberar o infanticídio até seis meses de gestação. Quanto à menina e sua mãe, é provável que tenham de mudar de cidade ou até de estado. Porque a fama deve ter se espalhado pela cidade, e as consequências imediatas podem ser mais graves do que fazer um parto discreto noutra cidade e dar para a adoção.

 “A mulher” sempre é vítima
Pela cobertura da ex-imprensa, parece que o estupro é uma coisa perfeitamente normal, uma consequência natural do Patriarcado.           Não se pergunta pela punição do estuprador, nem como diabos a mãe esperou cinco meses de gravidez para tomar uma providência. Todo o tom de denúncia, no caso, era voltado contra a juíza e a promotora – retratadas como agentes do Patriarcado, e não como mulheres. As vítimas do Patriarcado eram a mãe e a menina. O algoz, o Patriarcado – não o eventual estuprador.

Na manhã de 23 de junho, o Brasil Sem Medo confirmou os boatos que circulavam pela internet: o pai do bebê era o filho do padrasto da menina, um garoto de 13 anos que morava na mesma casa. Somente no fim da tarde, depois de realizado o infanticídio, O Globo informou que ter ouvido "de fontes ligadas às investigações criminais, que correm em sigilo, que a menina admitiu em depoimento aos policiais ter mantido relações sexuais com um menino de 13 anos. Uma fonte diz que além da vítima, o outro menor confirmou que teria se tratado de uma 'relação consentida'." Com esse contexto, entende-se por que a juíza falava do pai da criança na audiência. Duas coisas chamam a atenção aí: primeiro, ter se dado após o infanticídio; depois, a omissão de que a “relação consentida” se dava dentro de casa. Ou seja, dava-se sob os olhos da mãe, que de vítima não tinha nada.

Entende-se que a história teve um final feliz. Mais feliz, só se o hospital tivesse "abortado" um feto de 5 meses 
Ninguém se pergunta como uma menina de 10 anos tinha um namorado com o qual fazia mais coisas do que as nossas avós faziam com os noivos. 
Ela deve ter iniciado a vida erótica sem ter nenhum instinto para isso. Possivelmente o mesmo se deu com o menino – lembremos que o corpo dos meninos costuma amadurecer depois do das meninas. 
Meu chute é que alguém tenha exposto esses dois a pornografia
A polícia deve investigar se essa pessoa não era pelo menos um dos adultos da casa. 
E a opinião pública, se ainda existisse, deveria clamar pela responsabilização destes dois.

Veja Também: A glorificação do QI é uma nova forma de hierarquização da humanidade
    O ativismo judicial retira dos partidos políticos (e dá às ONGs) a promoção de ideologias

Utopia abortista
Que tipo de mundo os progressistas querem?
Todos os seus esforços são no sentido de dar “educação sexual” a crianças que não deveriam se interessar pelo assunto. A internet está aí, é verdade, mas os pais bem intencionados também estão. Há muitos pais que acham que os filhos estão seguros por estarem dentro de casa, mas deixam-nos soltos na internet. Isso é um perigo, e uma campanha de esclarecimento público nesse sentido seria bem vinda.

A internet deve, sim, estar sob o controle dos Estados nacionais: assim como crimes passados no território físico são objeto da polícia, crimes digitais também deveriam passar pelo mesmo processo. Em vez disso, vemos os ativistas judiciais clamando para que agentes privados as Big Techsajam como soberanas e punam crimes que não existem no ordenamento jurídico brasileiro.  
 Temos visto um enorme cerceamento à internet. Mas esse cerceamento se volta exclusivamente para a atividade política e para críticas a posturas médico-sanitárias ligadas à Covid. É legal defender cloroquina e convocar manifestações antidemocráticas; por isso, pede-se que entidades privada exerçam censura. Por outro lado, o CV e o PCC podem divulgar à vontade seus funks no YouTube e suas promoções no Twitter. Em outras plataformas, meninas aprendem que é perfeitamente normal vender foto pelada, embora posse de fotos de menores peladas seja crime.

Em suma: a internet precisa de limites legais já existentes; ainda assim, toda tentativa de limitá-la se circunscreve à limitação ilegal da liberdade de expressão. Defender o fechamento do Supremo não pode; apologia do PCC, pode. Afirmar que a Covid saiu de laboratório não pode; apologia da pornografia de menores, pode.

Que solução nos oferecem para as drogas? Descriminalização e movimento manicomial – ou seja, impedir o drogado de ser preso ou hospitalizado, garantindo que continue drogado 
Qual solução nos oferecem para a sexualização de menores? 
Falar de sexo pra criança. Aí ela sabe como não engravidar. Mas se engravidar, tem aborto – aos 9 meses, se preciso for. 
Aos 9 meses depois de nascido, de preferência, já que o mundo está superpovoado e precisamos diminuir a pegada de carbono.  
Somado a tudo isso há a glorificação da "liberdade sexual feminina" em detrimento do casamento. 
 O mundo vai ser bom quando toda garotinha tiver aula de contracepção na escola antes da menarca e tiver maturidade para conviver com os padrastos rotativos que sua mãe empoderada lhe fornece. 
Para aguentar essa vida, ou melhor, "desconstruir preconceitos patriarcais", nada como o uso de substâncias alternativas.

Resta saber se vai ficar por isso mesmo. Se for, paremos logo de chamar isto de democracia. Vivemos uma juristocracia progressista operada por ONGs estranhas ao interesse do Brasil. Alguém vê uma saída institucional para a situação? Se sim, que informe, pois eu não vejo.

Bruna Frascolla, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sábado, 8 de janeiro de 2022

A cepa invisível da covardia - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

A vida de um covarde é juntar outros covardes para tentar momentaneamente uma sensação de potência

Uma organização de covardes enrustidos chamada Sleeping Giants (em tradução livre: Anões Sonâmbulos), que atua tentando organizar linchamentos enquanto finge defender a bondade, deu um gemido contra este signatário no Twitter. Os Anões pediram a eliminação de uma conta com quase 1 milhão de seguidores. Por que fizeram isso? Porque a vida de um covarde é juntar outros covardes para tentar momentaneamente uma sensação de potência.

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Os valentes invisíveis destacaram quatro posts que o Twitter havia desclassificado para pedir o extermínio da conta. Esses posts já haviam sido republicados por este signatário, com o questionamento aos administradores da plataforma sobre quais seriam as informações enganosas contidas neles. O Twitter não removeu, nem desclassificou as republicações. Estão lá. Mas os Anões Sonâmbulos, com a onisciência de uma pulga, querem ser os corregedores da rede social.

Vamos tentar imaginar o que os Anões Sonâmbulos, do alto da sua sagacidade bovina, pretenderam carimbar como falsidade

Vamos então verificar aqui o conteúdo dos referidos posts, para tentar supor o que essa milícia digital não quer que seja dito. Ela já foi instada publicamente a provar o que é falso nas postagens. Se não provar, terá que responder por tentativa de difamação. Enquanto isso, vamos tentar imaginar o que os Anões Sonâmbulos, do alto da sua sagacidade bovina, pretenderam carimbar como falsidade.

Post 1:
“Passaporte vacinal para restaurante e salão de beleza. O decreto de Eduardo Paes foi refeito em cima da perna liberando shopping e Uber porque seria ‘exagero’. Só ele sabe onde o vírus está. Deveria saber também onde estão os lesados pela vacina experimental. E que isso não vai acabar bem.”

Onde será que a milícia checadora viu incorreção aí? Terá sido na expressão “em cima da perna”? É possível. Talvez os linchadores de teclado considerem que a expressão correta é “nas coxas”.

Post 2:
“Médicos acabam de demonstrar, em audiência na Assembleia Legislativa do RS, que a vacinação de covid não funciona como bloqueio sanitário, nem como controle da doença. Refutem isso, higienistas do lobby. Ou respondam por induzir a população a um experimento.”

Nesse caso, os gênios da milícia podem ter se confundido com a expressão “bloqueio sanitário” interpretando-a como interdição de banheiros, que é um entendimento muito comum entre intelectuais da nova epidemiologia de Zoom. Se as modernas diretrizes pandêmicas conseguiram interditar até carrocinha de pipoca, por que não seriam capazes de interditar sanitários também?

Post 3:
“O prefeito do RJ, Eduardo Paes, construiu uma ciclovia que desabou, matando pessoas. Agora ele tornará obrigatória uma vacina sem estudos conclusivos para riscos graves como miocardite, trombose e neuropatias (e que não impede o contágio). Vocês vão ficar assistindo à nova experiência dele?”

Nesse aí talvez os milicianos tenham considerado enganosa a afirmação de que a ciclovia construída na famosa Avenida Niemeyer desabou. Como o fato ocorreu após o impacto de uma onda do mar, é possível que os corregedores da galáxia entendam que o correto seria dizer que a ciclovia surfou.

Post 4:
“O governador de Nova Iorque renunciou por assédio sexual. Mas ele é também o tarado do lockdown e da vacina experimental — incitador desse assédio moral aos que não se vacinaram porque não sabem quais os riscos de trombose, miocardite, neuropatias, etc. Todos os abutres da pandemia vão pagar.”
 
Nessa postagem, poderíamos conjecturar que o que incomodou a milícia da bondade transversa foi a palavra “abutres”. Isso aí sempre dá problema. Por um motivo muito simples: o Sindicato dos Abutres é muito menos organizado e influente que o Sindicato dos Urubus
 
Por isso, sempre que os créditos referentes a alguma grande ação de rapinagem vão para os abutres, o bicho pega com o Sindicato dos Urubus — que têm muito poder de persuasão em certas redações jornalísticas espiritualmente devotadas aos Anões Sonâmbulos.

Se você se perdeu na lógica da coisa, não se preocupe. São relações e princípios sofisticados mesmo.

Tão sofisticados que o TSE fechou uma parceria com os Sleeping Giants (o nome da milícia em inglês) para dizer o que é verdade e o que é mentira na eleição deste ano. Perfeito
Tribunais são mesmo lugares apropriados para a ação de linchadores de boa aparência, ou melhor, de aparência nenhuma, porque essa cepa de covardia é invisível. 
Deve ser por isso que dizem que a justiça é cega.

Leia também “A tela e a toga”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste

Pela relação entre os assuntos, sugerimos os vídeos abaixo:

                         Sleeping Giants tenta calar Guilherme Fiuza

 

                                         Míriam Leitão surtada


domingo, 24 de outubro de 2021

O efeito dominó do bem - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Kyrie Irving | Foto: Divulgação
Kyrie Irving - Foto: Divulgação 
 
Um dos atletas que seguiram a mesma linha foi Kyrie Irving, estrela do Brooklyn Nets. Ele se recusa a ser espetado, apesar da marcação cerrada dos Nets e da mídia. Continua firme, com uma postura amparada em princípios e não na da maioria dos colegas, frequentemente elogiados pelo ativismo a favor do grupo Black Lives Matter. Não há como esconder a hipocrisia. No caso de Irving, essa vida negra não importa tanto assim para a patrulha da covid.

Durante semanas, a imprensa militante e lobista das big pharmas tenta retratá-lo como alguém que tem opiniões malucas sobre a vacinação. Rumores sobre suas reais razões para não se vacinar inundaram as páginas de notícias. Até que, cansado das falácias e dos ataques da mídia, ele decidiu usar seu perfil no Instagram na semana passada para fazer uma transmissão. Quase 100 mil pessoas acompanharam ao vivo o atleta exibindo seus motivos — numa clara demonstração de coragem — para não seguir a corrente do momento: vacine-se e cale-se. Aqui, um detalhe importante: Irving nunca se declarou “antivacina”. Ele apenas argumenta que está preocupado porque as pessoas estão perdendo seus empregos por causa da imposição da vacina.

A transmissão ao vivo foi uma ode à liberdade, à responsabilidade, à ética, à honestidade intelectual e aos direitos civis e divinos. De acordo com Irving, seus princípios estão acima de determinações draconianas e inconstitucionais, projetos de controle social, da própria liga norte-americana de basquete profissional e até dos milhões de dólares que pode perder por não se vacinar — a consequência imediata deverá ser a proibição de entrar em quadra.

A conversa durou 20 minutos e já foi vista por milhões de pessoas. Trata-se de um conteúdo rico e profundo do início ao fim. Irving fez questão de deixar claro que não será refém de grupos ideológicos. “Se sou responsável pela minha própria vida, então tenho de falar sobre coisas que realmente importam para mim. Tive de parar de fugir e usar a minha plataforma para falar sobre o que é verdadeiro e o que é meu”, disse.

“Ninguém vai sequestrar a minha voz, ninguém vai tirar de mim o poder que tenho de falar sobre essas coisas. Preste atenção no que está acontecendo no mundo real: as pessoas estão perdendo seus empregos devido a essas ordens (refere-se à obrigatoriedade das vacinas). Eu respeito isso e não quero brincar com as emoções das pessoas. Mas use a lógica: o que você faria se se sentisse desconfortável ao entrar na temporada quando foi prometido que você teria isenções ou que não teria de ser forçado a tomar a vacina?”

Ele também demonstrou estar cansado de ouvir “especialistas” e os juízes da pandemia: “É impressionante ouvir a maneira como as pessoas falam, cheias de convicção sobre o que eu deveria estar fazendo da minha vida e o que os meus companheiros deveriam estar sentindo por mim, ou o que a organização está pensando de mim…”

“Não estou aqui para dar a vocês todas as informações ou mostrar sabedoria e conhecimento. Estou aqui apenas para permanecer real. Eu sempre serei fiel a mim e essa é a minha vida. Faço o que eu quiser com ela, este é um corpo que eu recebi, um único corpo que eu recebi de Deus, e você está me dizendo o que devo fazer com ele?”, afirmou, em tom de desabafo. “Estou sendo pressionado em algo que é muito maior do que apenas um jogo de basquete.”

Durante todo o tempo de sua live, Kyrie Irving não se colocou em um pedestal de soberba, como outros jogadores milionários da liga que usam a plataforma para dizer como são oprimidos: “Sou um ser humano, tenho emoções, sentimentos, pensamentos, coisas que guardo para mim, coisas que compartilho, e vou me manter fundamentado no que acredito. É simples assim”.

Na conversa com milhares de fãs, o jogador chamou a atenção para a preocupante cegueira dos tempos atuais, na qual lockdowns e vacinas experimentais são obrigatórios — e questionamentos se tornaram crimes inafiançáveis. “Estamos num tempo louco! Quantas pessoas estão realmente pensando com uma visão equilibrada? Quantas estão realmente pensando sobre o futuro do que está acontecendo?”, disse. “Não machuquei ninguém nem cometi nenhum crime. Não estou aqui agindo como um idiota, mas cuidando da minha família. Não é normal o que está acontecendo.”

Questionado sobre uma possível suspensão a Irving caso ele se recuse a tomar a vacina, o Brooklyn Nets declarou que essa é uma possibilidade, assim como o bloqueio do milionário salário. Irving não se intimidou e rebateu: “Ninguém deveria ser forçado a fazer nada que não queira com seus corpos. Se você escolher tomar ou não a vacina, apoio. Faça o que for melhor para você, mas isso não significa começar a julgar as pessoas pelo que elas estão fazendo com suas vidas.”

Assim como todos os “cancelados” nesta pandemia, nenhum argumento que a estrela da NBA apresentou foi rebatido por nenhum veículo de repercussão mundial. Em vez disso, os abutres usaram a velha tática de matar o mensageiro, demonizando suas falas e fazendo chacota de seu comportamento. Mas e Kyrie Irving? Com tranquilidade, mostrou que não vai ceder à turba sedenta de sangue. “Eles me chamam de pouco inteligente e outros nomes que nunca vão dizer na minha cara. Defendo coisas muito maiores do que um jogo de basquete. E, agora, não é mais sobre o jogo, é sobre ajudar seu próximo a entender que tem uma escolha.”

Irving finalizou sua transmissão com a mensagem que sempre sustentou: “Você tem de ter certas convicções por si próprio. Tenho de tomar minhas decisões por mim mesmo, porque tudo isso vai continuar a evoluir em torno de ‘você vai sair e vai perder dinheiro’. E daí? Não se trata mais do dinheiro. Nem sempre se trata de dinheiro, mas de liberdade”.

O fato é que ele assumiu uma posição muito mais baseada em princípios do que a maioria dos atletas elogiada por ativismos toscos. Originalmente, Irving teria perdido apenas metade da temporada do Nets por causa da imposição da vacina em Nova Iorque. Ocorre que o Nets decidiu dar um passo adiante e o proibiu de treinar ou jogar — em casa e fora.

Agora compare a postura de Kyrie Irving com a de Colin Kaepernick, que desistiu de sua carreira medíocre na NFL para receber milhões para ser um ativista da justiça social — enquanto fingia o tempo todo que queria continuar jogando. Ou aos atletas que foram elogiados por atrasar jogos da NBA em um ou dois dias por causa da morte de George Floyd. E que tal a estrela da NBA LeBron James? Ex-companheiro de equipe de Irving, ele não sacrifica nada além de sua própria dignidade sempre que decide falar sobre política ou protestar ajoelhando em toalhinhas macias.

A comunidade médica ainda tem muitas perguntas sobre esse vírus e as vacinas, mas não há dúvida de que Irving está realmente arriscando sua carreira por algo em que acredita.  No ano passado, já com a pandemia em curso, o jornalista norte-americano Tucker Carlson, cancelado pela enésima vez por trazer a verdade à tona e expor os jacobinos virtuais, disse: “Tenha certeza de que, se você defende a verdade, eles virão atrás de você. A tentação é entrar em pânico. Não entre em pânico. Você tem de manter a cabeça e dizer a verdade. Se você demonstrar fraqueza, eles te esmagarão”.

Carlson termina afirmando que o resultado é um só: “Antes que você perceba, estará confessando crimes que não cometeu. Portanto, mantenha sua dignidade. No final, você ficará muito satisfeito com isso, porque a vida não vale a pena ser vivida sem ela”.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A corrupção cria um novo genocídio no Brasil - Juan Arias

EL PAÍS

Os abutres estão se aproveitando da dor da pandemia para engordar suas barrigas. Quantas vidas poderiam ter sido salvas com esse dinheiro?

Não é só o coronavírus que está criando um genocídio no Brasil, pecado do qual o próprio chefe de Estado, Jair Bolsonaro, é acusado por seu comportamento negacionista diante da epidemia. Outro genocídio não menos importante é o da corrupção que infestou todas as instituições do Estado, da política à Justiça, começando pelas próprias igrejas. Os abutres estão se aproveitando da dor da pandemia para engordar suas barrigas. Quantas vidas poderiam ter sido salvas com esse dinheiro? A corrupção cria morte e dor como um vírus da alma. Quem se apropria do dinheiro público dedicado a criar vida é um genocida.


Instalação da ONG Rio de Paz na praia de Copacabana em memória aos mortos por coronavírus no Brasil, agosto de 2020.RICARDO MORAES / REUTERS

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Dias atrás vi se encherem de lágrimas os olhos de uma mãe de duas meninas, desempregada, ao receber uma cesta básica. E veio aos meus olhos, como um pesadelo dantesco, a fila de políticos, empresários, juízes e até religiosos em uma dança de morte de milhões roubados dos pobres. Ao mesmo tempo, com dor, vejo aflorarem os pecados dos maiores responsáveis pela Lava Jato chamados a exigir justiça. Vejo a dança de alegria dos corruptos diante do colapso da cruzada contra a corrupção e não sei qual crime é pior.

A verdade é que os pecados daqueles que foram aclamados por terem tido a coragem de desafiar os corruptos poderosos não podem servir de detergente para limpar a sujeira dos corruptos. É preciso dizê-lo em voz alta: a corrupção que move milhões e até bilhões em um país onde correm rios de dor de milhões de pobres que sofrem porque não podem alimentar seus filhos deve ser punida como assassinato e genocídio. [Lembrete: a pobreza e a fome dela decorrente, e outras penúrias, não seguem o regime do cotas - atingem os pobres, os desassistidos sem exceção.

Para estes a igualdade prevista na Carta Magna é igual, ignora supremas decisões, interpretações criativas, etc...]. E são sempre os mesmos, na pandemia e na corrupção, os que mais sofrem e morrem: os negros e afrodescendentes herdeiros da escravidão; os que cresceram sem uma educação que os preparasse para a vida, os indígenas cada vez mais massacrados, os idosos e os doentes incapazes de sobreviver por conta própria.

Durante a pandemia, dois demônios se juntaram no Brasil para criar morte e dor, o do vírus e o da corrupção nascida no próprio coração da tragédia. Um trabalhador que recebe salário mínimo me perguntou: como podem ter alma aqueles que roubam até o dinheiro destinado a salvar vidas? Fiquei me perguntando como podem dormir tranquilos. E não apenas não parecem ter remorso, mas dançam felizes vendo desabar alguns dos pilares da luta contra a corrupção. Na verdade, observar hoje o regozijo de alguns políticos sobre os quais recai até uma dúzia de processos de corrupção e que continuam em liberdade por sua cumplicidade com magistrados e procuradores ou por suas chantagens a eles é algo que não deixa de causar indignação e repulsa.

Este Brasil que a corrupção está corroendo não é aquele com que os brasileiros sonharam e pelo qual se empenharam e lutaram —um país onde ninguém passasse necessidade, pois é atravessado por rios de riquezas naturais. E que, além disso, tem um povo criativo e capaz, se o deixarem, de produzir riquezas para que todos possam ter o que precisam sem ter de ver a fome aflorar nos olhos de seus filhos.

Sou exagerado? Não. Ainda fico aquém porque nem eu nem a maioria dos meus leitores conhecemos por dentro as entranhas dos dramas da pobreza e até da miséria de milhões de pessoas expostas ao mesmo tempo à violência cruzada do crime organizado e da ausência do Estado.

E enquanto isso, onde estão as vozes dos justos que não ouvimos seus gritos de condenação a tanto genocídio? Onde está aquele punhado de políticos e líderes decentes e não corruptos que não levantam a voz? Onde estão aqueles que foram escolhidos para fazer justiça e defender os mais fracos e que vivem de mãos dadas com os outros poderosos, defendendo mutuamente seus privilégios?

Às vezes me vêm à memória as vozes do Deus da Bíblia quando, na cidade corrupta de Sodoma e Gomorra, não encontrava um único justo capaz de salvar os demais. Ou me lembra o lamento daquele profeta dos descartados e abandonados à própria sorte quando dizia: “Tenho compaixão por eles porque são como ovelhas sem pastor”. Onde estão no Brasil os pastores, os governantes, os políticos, os juízes e até os religiosos capazes de proteger os mais expostos sempre à patada dos lobos?

Se os pecados da Lava Jato não redimem os corruptos, tampouco uma vitória nas urnas autoriza a tirania e a perseguição aos diferentes e mais expostos a serem escravizados. A classe brasileira que está em boa situação, a que nunca passou necessidades e pôde até dar caprichos aos seus filhos, os políticos e juízes corruptos, nunca compreenderá a imensidão da dor acumulada no coração dos que trabalham e não conseguem nem uma vida digna.

É triste para o Brasil, como país, se distinguir por ser um dos países mais corruptos do mundo ao mesmo tempo em que é um dos povos mais religiosos do planeta.

Os evangelhos cristãos dizem que o demônio, para tentar Jesus, o levou ao alto da cidade e, mostrando-lhe todos os reinos a seus pés, lhe disse: “Tudo isso te darei se, prostrando-te, me adorares”; o Brasil aparece hoje rendido à tentação dos demônios da corrupção diante dos quais todas as instituições parecem de joelhos. E o pior e o mais sarcástico é que este é um país que chegou a ser invejado de fora porque se dizia que “Deus era brasileiro”. Será que voltará a ser algum dia? Recursos não faltam. O que falta é decência aos responsáveis pelo seu destino.

Transcrito do jornal El País

Juan Arias - EL PAÍS



quinta-feira, 21 de maio de 2020

Cassação da chapa é o labirinto mais curto - Valor Econômico

Maria Cristina Fernandes


Se cabo, soldado e Centrão deixarem, bastam quatro votos no TSE

Das saídas constitucionais para o fim do governo Jair Bolsonaro, a da cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral é aquela que parece mais simples. Não carece de convencer o capitão a renunciar, nem de alargar o funil dos 343 votos necessários à chancela parlamentar para um processo de impeachment. Bastam quatro votos. [uma mudança constitucional via imprensa?] O caminho para esta maioria pró-cassação, porém, é de um sinuoso labirinto.

São seis os processos que correm no TSE. Tem de tudo lá, mas nenhuma das acusações agrega maior apelo hoje do que o disparo de mensagens falsas. Andam com o vagar próprio dos processos da Justiça Eleitoral, mas podem ser pressionados por duas investigações em curso. A primeira é aquela que apura a manipulação da investigação do desvio de verbas no gabinete do senador Flávio Bolsonaro na campanha de 2018. Não tem repercussão processual para o TSE mas joga água no moinho da percepção de que um gol de mão contribuiu para o resultado eleitoral. Foi esta, aliás, a tese que prevaleceu no processo de impeachment de Richard Nixon, abreviado por sua renúncia.

[é general Mourão, estão querendo cassar o senhor de qualquer forma;
os inconformados com a não existência de um terceiro turno e cientes, ainda que traumatizados pelo inconformismo, de que com as bençãos de DEUS  a pandemia vai passar e o presidente Bolsonaro vai recuperar o rumo, intensificaram seus esforços idiotas e estúpidos para cassar o Chefe do Poder Executivo,
Pior ainda, sabem que não possuem, nem possuirão,  os 342 votos para abrir um processo de impeachment e caso conseguissem, caso o processo fosse aprovado e o presidente Jair Bolsonaro fosse impedido, o senhor assumiria. 
Para eles, que vivem em devaneios, é importante que o senhor não assuma e assim querem cassar o presidente e o vice-presidente.
A eles não importa que o senhor não tenha nenhuma culpa, tão pouco o presidente da República - agora tentam, em um gesto se imbecilidade típica do  'apedeuta' ex-presidente petista - associar suposto crime do senador Flávio Bolsonaro ao pai e associar o presidente ao vice.
O pior é  que ainda estão prontos a tentar fazer para tirar o presidente Bolsonaro,agora querem levar o senhor na mesma espanada.
Tudo começou com uns, mais apressados e imbecis,  tentando a solução 'adélio bispo', tentaram outras que sequer merecem uma citação, e agora chegam a solução estender culpabilidade do filho para o pai e do pai  para o vice-presidente.
Não causa surprese que enquanto aguardam um resultado, fiquem em pé sobre milhões de desempregados e milhares de cadáveres.
Abutres se sentem bem em tal ambiente.]

A segunda investigação é aquela conduzida, no Supremo Tribunal Federal, sobre a máquina de notícias falsas. Este inquérito pode vir a compartilhar provas com a Justiça Eleitoral, a exemplo do que aconteceu no processo que julgou a chapa Dilma Rousseff/Michel Temer. O inquérito é conduzido, a sete chaves, pelo ministro Alexandre de Moraes. Apesar de dispor de policiais federais para as investigações, apenas os juízes auxiliares e o delegado da Polícia Civil de São Paulo lotados em seu gabinete têm acesso ao conjunto de provas colhidas. O comando é de um ministro que, de tão obcecado por investigações, fez fama em São Paulo por chegar às 4h da manhã na sede da Secretaria de Segurança Pública, sob seu comando, para participar de operações policiais.

Com a saída da ministra Rosa Weber, na segunda-feira, Moraes assume um assento no TSE. Comporá, junto com Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, que presidirá o tribunal, a trinca de ministros do Supremo que atuarão como juízes eleitorais no restante do mandato presidencial. A nova composição do TSE impulsionou a campanha de 100 entidades que atuam no campo da corrupção eleitoral (reformapolitica.org.br) pela agilização dos processos que hoje correm no TSE. Esta campanha pode dar amplitude ao que hoje está restrito a alguns gabinetes brasilienses. É uma articulação ora favorecida pela reaproximação de antigos adversários, como os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, ora contida por espantalhos como o artigo do vice-presidente Hamilton Mourão atacando as instituições.

Ao contrário do que se passou por ocasião do julgamento da chapa Dilma/Temer, em que a cassação foi derrotada por 4x3, os carpinteiros da tese da separação da chapa, hoje estão de quarentena. Se for para cassar, que seja o presidente e seu vice. Por isso, o artigo de Mourão assustou.  Ao proteger o titular do cargo e bater em todas as demais instituições da República, o vice-presidente, na leitura dos artífices da “saída TSE”, buscou blindagem das Forças Armadas contra qualquer desfecho que o alije. A ocupação do Ministério da Saúde e a negociação com o Centrão hoje são vistos como um sinal de que, seja com Bolsonaro, seja com Mourão, os militares não pretendem arredar pé.

As dúvidas não se limitam à reação da farda em relação à cassação da chapa. Estende-se à composição do TSE. Ao contrário do tribunal que inocentou Dilma e Temer, aquele que estará empossado a partir de segunda-feira, conta com três ministros do Supremo que não são de sentar em cima de provas. Três ex-ministros do TSE, em anonimato, concordam que o quarto voto não viria de nenhum dos dois ministros do Superior Tribunal de Justiça com assento na Corte eleitoral. O mandato do atual relator, Og Fernandes, se encerra em agosto. Como Fernandes também é o corregedor da Casa, o processo ficará com o futuro ocupante do cargo, o também ministro do STJ, Luis Felipe Salomão, que passará a ter, como colega, também no TSE, Mauro Campbell. Nenhum dos dois desfruta, em Brasília, da mesma reputação do independente Herman Benjamin, o ministro relator do processo Dilma/Temer que votou pela cassação. Sobre Salomão pesam ainda as expectativas de que ambiciona uma vaga no Supremo, situação que o deixaria em pé de igualdade com o procurador-geral Augusto Aras na condição de personagens-chave a quem o presidente poderia buscar atrair com as duas vagas que terá a preencher até julho de 2021.

Ainda que ambos venham a jogar no time anti-cassação, o quarto voto poderia ser buscado nos dois advogados do tribunal. A expectativa de recondução ao cargo, prerrogativa do presidente da República, pode vir a inibir um deles (Sergio Banhos), mas é inócua em relação ao segundo (Tarcísio Vieira), que está no último mandato na Corte. Somados os quatro votos, restaria ainda a dúvida sobre o prosseguimento do processo com um relator que venha a se mostrar desinteressado no desfecho. Os percalços não param por aí. A lei diz que se a chapa é cassada no primeiro biênio do mandato presidencial, faz-se nova eleição. Se for no segundo, convoca-se eleição indireta, em até 90 dias. “Na forma da lei”, diz a Constituição. Lei esta que não existe. Teria que ser formatada e votada em pontos sensíveis, como desincompatibilização e filiação partidária, em meio ao caos de uma pandemia que, além de vidas, também vitima o bom combate da política.

E, finalmente, o processo de escolha de um presidente-tampão seria conduzido pelas futuras mesas da Câmara e do Senado, a serem escolhidas num Centrão repaginado pelo bolsonarismo, visto que os mandatos de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre se encerram em fevereiro. A pergunta de um ex-ministro do TSE resume o drama: “Quanto custaria esta eleição”? Se a pedreira é tão grande, por que a “opção TSE” continua sobre a mesa? Porque todas as demais saídas parecem tão ou mais difíceis. A ver, porém, se os percalços permanecerão em pé se o país, no balanço dos milhares de mortos e milhões de desempregados, decidir que não dá para seguir adiante sem afastar o principal culpado.

Maria Cristina Fernandes, colunista - Valor Econômico


sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Leões, hienas e abutres - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

As feras estão à solta, mas quem é mais perigoso: hienas ou leões pró-ditaduras?

Assim como o vídeo das hienas, os movimentos do presidente Jair Bolsonaro e dos seus filhos têm um objetivo: mobilizar os “leões conservadores e patriotas”, ou seja, os bolsonaristas. Não exatamente para defender a Pátria, mas para guerrear contra os inimigos, reais ou imaginários.

Bolsonaro e seu filho Carlos brincaram de empurra-empurra no caso do vídeo, retirado das redes depois de poucas horas e muitas reações. Na peça, Bolsonaro é um leão atacado por “hienas”, bichos de péssima reputação: Supremo, partidos, mídia, OAB, ONGs e até a ONU. No final, o “leão conservador e patriota”, representando os bolsonaristas de toda ordem, vem unir-se a ele contra as feras.

Há dúvidas, porém, sobre quem são as feras, principalmente depois que o líder do PSL na Câmara Eduardo Bolsonaro, ex-quase embaixador em Washington, dispensou metáforas e filmetes ridículos e ameaçou o País com a volta do AI-5, o mais demoníaco instrumento formal da ditadura militar, que permitiu fechar o Congresso, perseguir ministros do STF, censurar a imprensa, suprimir as garantias individuais. [O AI-5 - ATO INSTITUCIONAL N° 5, foi um instrumento legal forte, enérgico e adequado para combater os inimigos do Brasil da SOBERANIA e da SEGURANÇA NACIONAL.
Só é temido pelo que tem intenções e/ou comportamentos atentatórios contra  INDEPENDÊNCIA e SOBERANIA do Brasil.]

Os dois depoimentos nebulosos do tal porteiro do condomínio de Bolsonaro no Rio serviram de carne aos leões e de munição para a guerra contra as instituições. A longa reação do presidente, de madrugada, num país longínquo, saiu da seara da legítima defesa para a do ataque à “hiena” mídia e ao governador Wilson Witzel. Mais uma vez, soou como chamamento irado aos “leões conservadores e patrióticos”.

Em sua fala, Bolsonaro referiu-se ao que considera uma perseguição implacável contra ele, seus filhos, sua mulher, seus irmãos, seu governo, apontando motivos eleitorais no caso de Witzel e ideológicos no da mídia. Se o ex-presidente Lula chegou a ver, da prisão, deve ter no fundo concordado com tudo, já que ele, tirando o nome de Witzel, tinha exatamente as mesmas reclamações dessa mídia “canalha” que divulga o que eles não querem.

Nas redes, Carlos juntou “abutres” às “hienas”. Na CPI das Fake News, Eduardo guerreava com o deputado Alexandre Frota, um ex-“leão conservador e patriótico” que virou tucano e acaba de ser convertido em hiena. Um zoológico cômico, não fosse trágico. Tira o foco dos resultados econômicos e comerciais da viagem do presidente a países asiáticos e árabes. Ninguém mais fala de mudar a embaixada de Israel para Jerusalém e ele volta para casa com promessas de investimentos de US$ 10 bilhões só da Arábia Saudita. [o presidente Bolsonaro ao priorizar o comércio com os países árabes, mostra ser um estadista, com visão para os aspectos econômicos das relações entre países - deve sempre fazer a opção mais vantajosa para o Brasil.
Esse comportamento do presidente mostra que tem capacidade política e pode comandar os ministros sérios citados no parágrafo abaixo.] Uma ditadura brutal, mas isso é outra história.

Enquanto Bolsonaro e os filhos guerreiam contra as instituições, Paulo Guedes e os ministros sérios se articulam exatamente com as “hienas e abutres” da Câmara, Senado e STF, para retomar o desenvolvimento, destravar a economia, reduzir o dirigismo estatal e, em consequência, como eles esperam, gerar inclusão social. Todo esse otimismo com um círculo virtuoso ocorre apesar dos Bolsonaro, que parecem aguardar ansiosos os dois próximos capítulos para defender autoritarismo e convocar os “leões”.

Primeiro, o fim da a prisão em segunda instância no STF, cutucando onças e leões, conservadores ou não, com vara curta. A leãozada já estará então a ponto de bala para o capítulo final: o Lula livre. Nada mais forte e eficaz para desenjaular de vez os “leões conservadores e patrióticos” do que soltar essa hiena gigante.

Ninguém jamais dirá isso no Planalto, mas para quem adora AI-5, Ustra, Pinochet e Stroessner é uma festa o STF derrubar a prisão de segunda instância e livrar Lula, criando o ambiente ideal para os leões. Nesse script, o porteiro da Barra seria o novo Márcio Moreira Alves: apenas um pretexto. Ainda bem que tudo não passa de pura ficção.
 
Eliane Cantanhêde, colunista  - O Estado de S. Paulo