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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

“Soros odeia a humanidade”, diz Elon Musk

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Quase três horas de conversa informal. Assim foi o episódio #2054 do Joe Rogan Experience, que recebeu o bilionário Elon Musk. Dá para focar em muita coisa que foi dita pelo dono da Tesla, mas um aspecto chamou mais a minha atenção: a análise psicológica que ele fez do também bilionário George Soros.

Com sua mentalidade de engenheiro e empreendedor, Musk colocou em termos um tanto matemáticos: Soros percebeu, como arbitrador que é, que havia muito valor a ser obtido por investimento em eleições, não só presidenciais, mas principalmente estaduais e municipais. Ele virou o maior financiador dos democratas e, acima de tudo, bancou várias campanhas de promotores distritais.

Na visão de Musk, Soros se deu conta de que não precisava mudar as leis, o que dá bem mais trabalho, pois bastava mudar como as leis são interpretadas e aplicadas. [Soros é, ou foi em passado recente, assessor de um tribunal aqui no Brasil?] Foi assim que Soros criou um exército de promotores pelo país, alguns deles perseguindo Donald Trump hoje com processos patéticos.

E por que Soros faz isso tudo? 
Segundo Musk, porque ele odeia a humanidade. 
Não há outra explicação possível. 
Afinal, por que alguém faria esse esforço para garantir que criminosos fiquem impunes? 
Rogan questionou se não era um ódio profundo à América, mas Musk lembrou que Soros financia esse tipo de radicais esquerdistas no mundo todo - no Brasil inclusive. Ele quer ver o circo pegar fogo.

Joe Rogan perguntou, então, por que ninguém puxava o freio, permitindo que ele faça isso sem resistência. Elon Musk soltou na lata: "Eu estou puxando o freio". E, de fato, Musk tem sido um herói da liberdade, principalmente de expressão. Como ele mesmo colocou na entrevista, a Primeira Emenda não existe para discursos com os quais concordamos. Liberdade de expressão pressupõe aceitar falas que detestamos.

Todas as outras plataformas cederam às pressões do governo democrata e adotam um controle enviesado, uma censura contra um espectro político. Somente o Twitter, agora X, segue realmente o princípio de liberdade de expressão, para ter representada na praça pública da era moderna a humanidade como um todo, não a parcela que certa elite "ungida" prefere.

Para Musk, a grande divisão que existe hoje é entre quem deseja extinguir a humanidade e os verdadeiros humanistas. Não podemos menosprezar a misantropia e o niilismo como fatores psicológicos importantes para a defesa de ideologias nefastas que claramente atentam contra os pilares da humanidade.

Na guerra dos terroristas do Hamas contra os judeus isso fica muito claro: é a pura barbárie contra a civilização
E fica claro também como o projeto de Soros avançou no Ocidente, transformando por meio das universidades e da mídia os jovens "progressistas" em massa de manobra de assassinos selvagens. 
Que Soros seja ele mesmo judeu apenas acrescenta um tom mais macabro a isso tudo.

Musk não é pessimista, porém. Para ele, o grande despertar para a ideologia "woke" aconteceu, pois muitos viram que não se trata de um modismo boboca de jovens, mas sim de uma ideologia totalitária abjeta que faz gente "inteligente" se posicionar ao lado de monstros. Esse despertar é positivo para a civilização, diz Musk. Amém!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 17 de abril de 2022

O juiz, a deputada e o bilionário - Revista Oeste

Guilherme Fiuza

O bilionário parece ter a resposta para a pergunta da sua afilhada no Congresso. Como fazer para tirar o presidente do palácio? 

O juiz, a deputada e o bilionário | Foto: Montagem Revista Oeste
O juiz, a deputada e o bilionário -  Foto: Montagem Revista Oeste

Nós, quem? Nós, as pessoas “do bem”, diz o ministro — universo onde estão incluídos a deputada, o próprio ministro e todos os que se colocam contra o “inimigo”. Quem é o inimigo? É o presidente da República, [eleito para o cargo, em 2018,  com quase 60.000.000 de votos, enquanto o ministro não teve nenhum voto.] assim classificado pelo representante da máxima corte judiciária do país.

Está achando absurdo demais? Então vamos colocar um pouco mais de absurdo aí, porque a realidade está muito monótona e ninguém aguenta mais tanta estabilidade democrática.

Acrescentemos ao enredo inverossímil o seguinte contexto: a deputada e o ministro da suprema corte não estão no Brasil. Estão num evento nos Estados Unidos da América. 
Esse evento é bancado pelo mesmo bilionário que banca a carreira política da jovem deputada em questão.  
E nesse mesmo evento, o próprio bilionário declara que no ano seguinte o Brasil terá um novo presidente — ou seja, afirma categoricamente que o “inimigo”, conforme classificado pelo ministro da suprema corte, perderá a eleição.

Interessante. O bilionário aparentemente tem a resposta para a pergunta da sua afilhada no Congresso. Como fazer para tirar o presidente do palácio? O padrinho sabe — como mostra a assertividade da sua “previsão”: no ano seguinte o presidente não estará mais lá. Será outro.

Se você teve a sensação de que a democracia brasileira estava sendo operada nos EUA, você é um paranoico

E o ministro? O ministro tinha acabado de deixar a presidência do tribunal eleitoral, que é dirigido por integrantes da corte suprema, da qual o ministro é membro. Ou seja: um dos árbitros da eleição brasileira afirma num evento nos EUA que um dos principais candidatos na referida eleição é “o inimigo”. E o bilionário que é o seu anfitrião no evento nos EUA diz que o “inimigo” ficará pelo caminho.

Se você teve a sensação, lendo esse enredo absurdo, de que a democracia brasileira estava sendo operada nos EUA, você é um paranoico. Está tudo bem com a democracia brasileira. A suprema corte nacional só tem ministros sóbrios que jamais pronunciariam uma vírgula mesmo que vírgula fosse pronunciável — com teor de interferência política
Os supremos togados sabem que a vontade popular é a base da democracia e que qualquer conduta capaz de trazer dúvidas sobre o respeito absoluto a essa vontade poderia jogar tudo pelos ares. Inclusive as togas.
 
Sobre bilionários com assanhamento suficiente para tentar tomar o papel dos governos e mandar em todo mundo, isso não passa de ficção científica. Um bilionário já tem tudo que quer para si e para seus tataranetos. Por que tentaria tomar para si o poder público? 
Por que tentaria usar seu mar de dinheiro e seu oceano de influência para encantar almas legislativas e judiciárias em favor dos seus interesses particulares?

Isso não existe. Ninguém é tão guloso assim. Ninguém é tão megalômano assim. Ninguém é tão cínico assim. Ninguém arriscaria tanto o seu penteado se metendo numa enrascada desse tamanho.

Por que enrascada? Porque do lado de fora dos auditórios de Boston e dos gabinetes de Brasília tem uma quantidade grande, muito grande mesmo de pessoas que ficariam bastante aborrecidas se soubessem que meia dúzia de malandros perfumados está tramando para tirar-lhes o que é seu.

Leia também: Bomba e purpurina

“Fake news — modo de usar”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste

 


domingo, 12 de julho de 2020

Bolsonaro precisa do tumulto - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Se o capitão Bolsonaro evitasse confrontos irracionais, seu governo mostraria a confusão em que está

Problema não está apenas no despreparo, mas na inércia produzida pela inépcia     

No dia 21 de maio, quando já se estava no patamar de mil mortos por dia pela Covid e a pandemia já havia matado 20.047 pessoas, a juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, mandou um ofício à Casa Civil, oferecendo R$ 508 milhões dos cofres da Lava-Jato para remediar a situação. Pedia apenas que lhe dissessem para onde o dinheiro deveria ir. Nada. Gabriela Hardt reiterou a oferta a 17 de junho, e a Casa Civil respondeu apenas que havia recebido os dois ofícios. No dia seguinte o Ministério da Saúde informou que estava estudando o caso. Nessa altura batera-se a marca do milhão de infectados e 48.426 mortos.

Na semana passada o dinheiro continuava esperando um destino. Os mortos chegam a 70 mil. (Em meados de abril o Itaú Unibanco anunciou que doaria R$ 1 bilhão para o combate à pandemia. Partindo do zero, criou um conselho, buscou iniciativas e já entregou mais de R$ 156 milhões. Foram 16 milhões de máscaras, cinco milhões de testes rápidos, 190 respiradores, cestas básicas para sete mil famílias, mais doações à Fiocruz e a hospitais de campanha em São Paulo.)

Durante todo esse tempo esteve natimorto na Casa Civil o tal “Plano Marshall” do ministro-general Braga Netto, reciclado com o nome de Pró-Brasil e detonado pelo doutor Paulo Guedes na fatídica reunião de 22 de abril com poucas palavras: “Não chamem de Plano Marshall, porque revela um despreparo enorme”. O problema não está apenas no despreparo, mas na inércia produzida pela inépcia.
[os valores ofertados não alcançam nem metade do valor total dos Fundos Eleitoral e Partidários que, por decisão da Justiça atendendo pedido do senador Davi Alcolumbre,não pode ser aplicada no combate ao coronavírus.
E considerando que a doação do Itaú Unibanco vai bem, obrigado, fica difícil levar para o tronco o presidente Bolsonaro, usando como argumento um entrava burocrático de um órgão do Poder Executivo.] 

(.....)

Cadê, Guedes?
O ex-deputado Bruno Araújo pegou leve ao cobrar do ministro Paulo Guedes o futuro e as reformas que oferecia: “Cadê o Brasil novo que o atual ministro tanto promete e nunca entrega?”.
Faltou perguntar a Guedes onde foi parar aquele seu amigo inglês que em abril ofereceu-lhe 40 milhões de testes para Covid por mês.

[não pregamos golpe, não desejamos golpe, nem contragolpe - além das nossas convicções políticas não permitirem, somos muito pequenos para ter tais desejos - expressamos  apenas o pensamento, a opinião, o entendimento que se o boicote, as críticas que nada somam, = uma verdadeira sabotagem = nome adequado, já que a continuidade, o método, o padrão, não permite  chamar apenas de  oposição = é algo bem pior, mais danoso, o governo do presidente Bolsonaro perde as condições de governabilidade e algo terá que ser feito. 
Ou todos aceitam o presidente Bolsonaro, conforme vontade soberana de quase 60.000.000 de eleitores, ou o CAOS CAÓTICO estará estabelecido e precisará ser contido.]

Estatais imortais
Desde 2008 a Viúva sustenta o Centro Nacional de Tecnologia Avançada (Ceitec). Entre outras atribuições, ela seria uma estatal fabricante de chips. A repórter Luísa Martins informa que fracassou a tentativa do ministro Paulo Guedes de liquidá-la.
A primeira fábrica de circuitos integrados brasileira surgiu em 1978, com o óbvio amparo da Boa Senhora. De lá para cá a Apple virou a Apple, Bill Gates tornou-se um bilionário com a Microsoft e os chineses da Lenovo compraram a operação da IBM no país, mas os chips nacionais nunca emplacaram.

As estatais, como o Fantasma da Selva, são imortais. A Valec, que deveria operar o trem-bala, ligando o Rio a São Paulo em três horas, vai bem, obrigado. O governo dizia que o trem estaria rodando na Copa de 2014, mas o seu projeto foi transferido para outra estatal, a EPL. A ideia do trem-bala sumiu, mas a estatal continua lá.

Brooks Brothers
Entrou em recuperação judicial a Brooks Brothers, a mais antiga loja de roupas dos Estados Unidos. Ela vestiu 41 dos 45 presidentes americanos, de Lincoln a Obama. A capa preta que Franklin Roosevelt usou em 1945 na conferência de Yalta saiu da loja da Madison Avenue. Seus vendedores eram bestas, mas neste século tomaram jeito.

A loja fez fama numa época em que preço e qualidade determinavam o prestígio de uma marca. A epidemia das grifes abalou-a, e a Covid derrubou-a.
Tomara que se recupere.

Gabeira e as alas
Fernando Gabeira disse tudo quando mostrou seu espanto diante da frequência com que se fala em “ala ideológica”, “ala militar” e “ala pragmática” no Palácio do Planalto:
“Parece escola de samba.”

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista 


domingo, 7 de junho de 2020

Os crimes de Bolsonaro, Pazuello e Wizard: alô, Aras e demais procuradores - Blog do Reinaldo Azevedo

A decisão de esconder os dados da Covid-19 implica várias esferas de ações criminosas, e urge que as instituições e a sociedade civil organizada reajam. Não vai haver golpe, mas não podemos viver como se o golpe já tivesse acontecido.

[Parafraseando o imexível do ex-ministro Rogério Magri: aceitem o inevitável,  com certeza doerá menos, que é: o presidente Bolsonaro é 'inderrubável', 'inimpichável'.
Os impedidos do passado recente eram acusados de vários crimes, especialmente corrupção ou conivência com a prática.
O presidente Bolsonaro, apesar de toda a ginástica até agora efetuada para enquadrá-lo no crime de corrupção, continua intocável, pelo simples fato de ser INOCENTE e HONESTO.]

Diga-se desde logo: ao determinar a manipulação dos dados sobre a doença — e a ordem partiu do Ministério da Saúde, obedecendo a determinação do presidente — , estamos falando de crimes tipificados no Código Penal, de improbidade administrativa e de agressão flagrante aos direitos humanos.

[o complicado do enquadrar determinado ato na tipificação do Código Penal ou de outra legislação é que a literalidade não existe.

Se enquadrar um bandido em crimes tipificados no Código Penal ou em qualquer outra norma legal fosse um ato literal Lula, para ficar só em um exemplo e bem conhecido, já teria sido condenado a mais de trezentos anos e não estaria aguardando em liberdade o julgamento do seu centésimo recurso.
Outro ponto: o enquadramento tem o péssimo hábito de exigir provas - as mesmas são consideradas essenciais em um 'estado democrático de direito'.]

Código Penal
Mais uma vez, o procurador-geral da República, Augusto Aras, será testado: ou entra para a história como aquele que se opôs a ação criminosa de homens públicos contra a população ou serve de capacho aos interesses do Executivo. O que o sr. Eduardo Pazuello, general da ativa que comanda a Saúde, está fazendo, sob as ordens do presidente, está devidamente tipificado como crime no Código Penal, a saber:

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.


Aras está obrigado a determinar que a Polícia Federal abra imediatamente inquérito contra o general Pazuello e, por óbvio, tem de pedir ao STF autorização para que se investigue também o presidente da República. Afinal, Bolsonaro confessou que a mudança de critério busca exclusivamente condicionar o noticiário segundo o seu interesse. Nada tem a ver com uma política de saúde pública. [a modificação tem como suporte a necessidade de apresentar para o público informações já consolidadas, evitando que as informações sejam apresentadas faltando alguns estados completarem. 
Os atrasos são inevitáveis, além do que nada será capaz de provar que um atraso de uma ou duas horas na apresentação do 'boletim da morte' atrapalhe o combate à pandemia.
Fornecer o total de mortos até o dia anterior do total das mortes ocorridas no dia em curso, também não traz prejuízo = uma simples conta de somar resolve.
Aliás, em documentos oficiais a praxe é se evitar destaques, se adotando um padrão de apresentação sem excessos de recursos gráficos.]

A mais nova celebridade do Ministério da Saúde, o tal Carlos Wizard — notável por ser bilionário, o que não lhe dá o direito de esconder mortos —, também tem de entrar na mira do procurador-geral. Afirma sobre a mudança de critério: "Eu acredito que vai ter um dado mais real, porque o número que temos hoje está fantasioso ou manipulado". Diz isso com a notável autoridade que a condição de bilionário lhe confere.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Chegou a hora de o Ministério Público Federal acordar da letargia -- a menos que esteja preparado para caçar corruptos, mas não para caçar homicidas da burocracia. Presidente da República e ministros de Estados não respondem, na esfera cível, por improbidade administrativa. Entende jurisprudência do Supremo ainda em vigor que atos de improbidade estão caracterizados na Lei 1.079, que definem os crimes de responsabilidade desses agentes.

As demais autoridades da Saúde, no entanto, diretamente ligadas à tentativa de falsificar os dados sobre a Covid-19, atentam também contra a probidade da administração, segundo dispõe a Lei 8.429, a começar deste buliçoso sr. Wizard, que, do alto de sua ignorância específica, resolveu se comportar como professor de Deus. A maquiagem dos números está caracterizada no Artigo 11 da Lei de Improbidade: atos que atentam contra os princípios da administração pública. Reproduzo:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo


O Inciso III do Artigo 12 da Lei da Improbidade traz a punição para quem incidir na transgressão prevista no Arrigo 11:
"III - Na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos."
A iniciativa, no caso da Lei da Improbidade, é do Ministério Público Federal de primeira instância. Cabe a qualquer procurador da República. Não depende de Augusto Aras. Sim, é fato: será a sociedade civil organizada a dar o "basta" político à fascistização do poder promovida pelo presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de luta política. Mas é preciso que o Estado legal reaja aos desmandos. E tem de ser já, não daqui a pouco.

TAMBÉM CRIME COMUM
E que se note: no caso dos quadros da Saúde notoriamente comprometidos com a maquiagem dos números -- e Wizard é o exemplo mais saliente --, também há as imputações na esfera penal. Pode, igualmente, ser enquadrado nos Artigos 319 e 313 A e B do Código Penal.

E isso não depende de Aras.

Reinaldo Azevedo, jornalista - Coluna no Uol


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Até o fim, Joesley acreditou que escaparia ileso

Joesley Batista já descansava em sua casa, em São Paulo, quando Rodrigo Janot postou-se frente às câmeras, em Brasília, para anunciar que poderia cancelar a delação do empresário. Durante os quase 20 minutos em que o procurador-geral da República falou na noite da última segunda-feira, dia 4, o mundo político parou. Na Rua França, no bairro paulistano do Jardim Europa, a tevê de Joesley permaneceu desligada. O empresário preferiu não ver o pronunciamento. O insistente tilintar do aparelho celular, no entanto, foi mais difícil de ignorar. Aos mais chegados, Joesley respondeu não entender o que se passava. O delator mais famoso do País repetia não saber por que Janot estava tão irritado. 

A aparente serenidade contrastava com a percepção geral de que Janot impunha profundo revés ao empresário. Joesley, que comprara briga com o presidente da República e com boa parte da classe política, perdia naquele momento seu mais importante aliado. Por meses, o procurador-geral defendera os termos do acordo, que previa imunidade total ao bilionário. Com sua fala, Janot escancarava a possibilidade de que ele fosse parar na cadeia. Joesley, que até então parecia conseguir se antecipar aos fatos e controlar seu destino na investigação criminal, não percebeu.

Cinco dias antes, o empresário entregara ao Ministério Público Federal nova leva de áudios, incluindo a gravação que enfureceu Janot. Havia sido o próprio Joesley, com ajuda de um advogado interno da J&F, o encarregado de analisar e preparar o anexo que incluía o áudio comprometedor – seu principal advogado na delação, o criminalista Pierpaolo Bottini, estava impedido de auxiliá-lo por defender citados na gravação.

Com o conteúdo enviado à PGR, Joesley voltou-se a problemas de ordem empresarial. Preocupava a tentativa do BNDES de sacar seu irmão Wesley da presidência da JBS, companhia criada por seu pai e principal fonte de riqueza do grupo. O conglomerado lutava ainda para fechar a venda da Eldorado Celulose, que garantiria à J&F dinheiro para quitar suas dívidas. As boas notícias vieram. Com ajuda da Justiça, a disputa com o banco estatal foi adiada. A Eldorado foi passada à frente, num acordo que previa o pagamento de espantosos R$ 15 bilhões. Tudo parecia caminhar bem no mundo de Joesley. No domingo, o clima era de comemoração na casa do bilionário.

Lentidão
Joesley não admitia que o movimento de Janot representasse o fim da boa fase. Insistia com seus auxiliares que a situação era contornável. Na manhã seguinte à fala de Janot, na terça-feira, 5, fez questão de manter a rotina. Aprumou-se e seguiu para Brasília em seu jatinho para um depoimento previamente agendado. Foi quando o áudio começou a vazar. Na conversa com o lobista e também delator, Ricardo Saud, um embriagado Joesley falava de planos para manipular procuradores, enredar o STF na delação, conquistar mulheres. Abundavam palavras chulas e impropérios. Num só lance, Joesley se indispunha com a PGR, com o Supremo, com sua mulher e até com sua defesa — citada de forma grosseira por Joesley no áudio, uma de suas advogadas deixou o caso. 

Seus assessores ficaram atordoados. Reclamavam de não terem sido avisados do áudio. Diziam não entender como o bilionário, até então tão astuto, cometera erro de avaliação tão crasso. Com estilo centralizador, Joesley escolhera os passos que pavimentaram sua exitosa delação. Era também ele o responsável por levá-lo à crise que ameaçava sua liberdade.

Somente na quarta, dois dias após Janot avisar que poderia revogar os benefícios de sua delação, Joesley chamou assessores para analisar o que fazer. Rumou para o escritório de Bottini, na região da Avenida Paulista, de onde só saiu após a noite cair. Reunido com Saud e o advogado Francisco de Assis (também delator), e em meio a um vaivém de advogados, ouviu a gravação. Afirmou aos auxiliares não ter mudado de opinião. Para ele, não havia crime e, por isso, não havia o que temer, segundo pessoas próximas. Joesley fiava-se em sua capacidade de se safar de problemas. Avaliava que seu depoimento, marcado para o dia seguinte em Brasília, esclareceria os fatos, preservando sua delação premiada.

Baque
Tal tranquilidade não era partilhada por Saud e Assis, que já demonstravam forte apreensão. Familiares também indicavam nervosismo com a situação. Um executivo que esteve com Wesley Batista na semana passada diz que o empresário não escondia o abatimento com a ameaça de prisão do irmão. Já Joesley seguiu em estado de aparente negação até o pedido de prisão se concretizar. Já de volta a São Paulo, na sexta, argumentava que não havia motivo jurídico que o levasse à cadeia. Reclamava de cansaço e disse que emendaria o feriado.

No sábado, com o pedido de prisão consumado, restou a Joesley pensar em como seguir para a cadeia. Cogitou pegar seu jatinho e se entregar em Brasília. Foi desaconselhado por advogados, temerosos de que o movimento até o aeroporto fosse visto como tentativa de fuga. No domingo, 10, de manhã, ainda tentou tranquilizar o pai e a mãe. Partiu da casa dos dois rumo à carceragem da PF em SP.

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


segunda-feira, 25 de abril de 2016

A hora e a vez de Lula


Na tarde quente do domingo 5 de junho de 2005, um homem de meia idade e uma vidente famosa em São Paulo foram admitidos no apartamento do então presidente Lula, em São Bernardo do Campo.  Lula e a vidente conversaram a sós por vinte minutos. Depois que ela foi embora, Lula contou ao homem sobre o terremoto que ameaçava desestabilizar o seu governo e sobre o que faria para tentar sobreviver.

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Há três semanas, o noticiário da imprensa girava em torno de um único assunto: a compra pelo governo de votos de deputados para aprovar projetos do seu interesse. Feita pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, a denúncia ganhara status de escândalo e estava preste a ser alçada à condição de o maior escândalo de corrupção desde a chegada do PT ao poder.

Para isso, só faltava Jefferson conceder uma entrevista explicando em detalhes tudo o que dissera até ali, e acrescentando novas revelações. Pouco antes da chegada do homem e da vidente ao seu apartamento, Lula ficara sabendo que já não faltava mais nada. Jefferson falara à jornalista Renata Lo Prete, da Folha de S. Paulo. E a entrevista seria publicada no dia seguinte.

Entre outras coisas, Jefferson diria que deputados de partidos aliados do governo recebiam o que chamou de um "mensalão" de R$ 30 mil pago pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares. Segundo Jefferson, ele alertara a respeito vários ministros do governo – entre eles, José Dirceu, da Casa Civil, e Antonio Palocci, da Fazenda. E em janeiro último, alertara também o próprio Lula, que chorou.  “A entrevista do Roberto vai virar o país de cabeça para baixo”, comentou Lula com o amigo que o ouvia em silêncio. “Todo mundo vai achar que o governo não se sustentará mais de pé e que talvez nem consiga chegar ao fim. Mas acredite: a montanha vai parir um rato. Pensam que vão me destruir. Pois vou me reeleger e fazer meu sucessor”. 
 
Lula não contou como imaginava sobreviver. Mas como se falasse sozinho, aduziu em voz baixa: Vou aproveitar para me livrar de Zé Dirceu e até de Palocci”. De Dirceu, Lula se livraria dali a um mês ao forçá-lo a pedir demissão. Dirceu assumiu seu mandato de deputado federal, mas foi cassado. Acabou condenado a sete anos e 11 meses de prisão. Ficou 11 meses preso. Foi preso novamente pela Lava-Jato no ano passado e virou réu. 


Quanto a Palocci, Lula livrou-se dele em março de 2006 quando o caseiro Francenildo Costa teve seu sigilo bancário quebrado ilegalmente pelo governo. Francenildo havia flagrado Palocci uma dezena de vezes em uma mansão de Brasília frequentada por prostitutas e lobistas. O mensalão não foi um escândalo, e o petrolão outro. Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República, admitiu na semana passada que os dois não passam de uma coisa só – um bilionário esquema de corrupção para sustentar no poder o PT e seus aliados. Lula reelegeu-se, elegeu Dilma e a reelegeu. Mas Dilma está a poucos dias de cair. E ele, Lula...

A Lava-Jato dispõe de indícios e provas suficientes para prender Lula por obstrução da Justiça, ocultação de bens em nomes de terceiros e recebimento de dinheiro por palestras que não fez. Lula só não foi preso ainda porque o Supremo Tribunal Federal avocou a responsabilidade de decidir o futuro dele, uma vez que Dilma o havia nomeado ministro. Em breve, pode mandar prendê-lo. Ou deixar que o juiz Sérgio Moro o faça.

Fonte: Blog do Noblat