Guilherme Fiuza
O bilionário parece ter a resposta para a pergunta da sua afilhada no Congresso. Como fazer para tirar o presidente do palácio?
Nós, quem? Nós, as pessoas “do bem”, diz o ministro — universo onde estão incluídos a deputada, o próprio ministro e todos os que se colocam contra o “inimigo”. Quem é o inimigo? É o presidente da República, [eleito para o cargo, em 2018, com quase 60.000.000 de votos, enquanto o ministro não teve nenhum voto.] assim classificado pelo representante da máxima corte judiciária do país.
Está achando absurdo demais? Então vamos colocar um pouco mais de absurdo aí, porque a realidade está muito monótona e ninguém aguenta mais tanta estabilidade democrática.
Interessante. O bilionário aparentemente tem a resposta para a pergunta da sua afilhada no Congresso. Como fazer para tirar o presidente do palácio? O padrinho sabe — como mostra a assertividade da sua “previsão”: no ano seguinte o presidente não estará mais lá. Será outro.
Se você teve a sensação de que a democracia brasileira estava sendo operada nos EUA, você é um paranoico
E o ministro? O ministro tinha acabado de deixar a presidência do tribunal eleitoral, que é dirigido por integrantes da corte suprema, da qual o ministro é membro. Ou seja: um dos árbitros da eleição brasileira afirma num evento nos EUA que um dos principais candidatos na referida eleição é “o inimigo”. E o bilionário que é o seu anfitrião no evento nos EUA diz que o “inimigo” ficará pelo caminho.
Isso não existe. Ninguém é tão guloso assim. Ninguém é tão megalômano assim. Ninguém é tão cínico assim. Ninguém arriscaria tanto o seu penteado se metendo numa enrascada desse tamanho.
Por que enrascada? Porque do lado de fora dos auditórios de Boston e dos gabinetes de Brasília tem uma quantidade grande, muito grande mesmo de pessoas que ficariam bastante aborrecidas se soubessem que meia dúzia de malandros perfumados está tramando para tirar-lhes o que é seu.
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Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste
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