A República pode entrar em quarentena
Faz sentido falar na suposta versão de Bolsonaro paz e amor se ele insiste no propósito de expor a maior quantidade possível de brasileiros à morte e à contaminação pelo coronavírus? Quem sabe como ele reagiria se descobrisse ser mais uma vítima da doença?
Mudaria de posição?
Ou continuaria da mesma forma?
"Estou bem, estou normal. Em comparação a ontem [segunda], estou muito
bem. Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas não vou fazê-lo
por recomendação médica, mas eu estou muito bem", afirmou.
[o presidente concedeu entrevista à TV Brasil e a duas emissoras de TV convidadas, ocasião em que informou:
- seu exame deu positivo para covid-19;
- ontem, dia 6, se sentiu indisposto, cores no corpo e febre de 38º;
- por volta das 17h de ontem, ingeriu um comprimido de hidroxicloroquina e um de azitromicina, procedimento que repetiu hoje às 5h;
- por volta da meia noite acordou e já se sentia bem.
Bolsonaro foi dormir febril e um pouco ofegante, segundo um ministro que
esteve com ele no Palácio do Planalto. À sua chegada ao Palácio da
Alvorada, desceu do carro para cumprimentar um bando pequeno de devotos.
Usava máscara. E parecia um tanto cansado de encenar o mesmo número
duas vezes por dia. É fato que o cercadinho onde os devotos costumam se reunir deixou de ser
o mesmo de há duas semanas. Pouca gente tem aparecido. O entusiasmo
arrefeceu. Isso se reflete também na Vila Planalto, encravada entre os
dois palácios. Hotéis e pousadas que abrigavam bolsonaristas em trânsito
estão às moscas.
Um dos devotos queixou-se a Bolsonaro de um problema da administração
pública de Brasília. Bolsonaro respondeu: “Isso não é comigo, é com o
governador”. Outro sugeriu uma reza coletiva capaz de curar todos os
males – Bolsonaro esquivou-se. Disse que era refém da vontade dos seus
agentes de segurança. Nunca foi.
Bolsonaro já estava sob o efeito de cloroquina que tomou depois de ter
feito mais um exame para saber do que padece. De março para cá, é o
quarto exame. A República, ansiosa, aguarda o resultado que deverá ser
divulgado nesta manhã. Se o vírus pegou Bolsonaro, o Planalto e o
Alvorada entrarão em quarentena. [o isolamento faz parte do protocolo do Planalto e busca impedir que terceiros sejam infectados.
O que vai deixar os inimigos do presidente Bolsonaro chateados será a recuperação total da sua saúde ocorrer apenas com cloroquina e azitromicina.
Será excepcional e comprovará mais uma vez o acerto do presidente - afinal, se o remédio não for eficaz, ele tem tudo para sofrer complicações, tem mais de 65 anos = gruo de risco.] Mas não só. E a embaixada americana onde Bolsonaro almoçou no último
sábado?
O embaixador Todd Chapman, famoso pelo chapéu de vaqueiro que
usa até para conceder entrevistas, abraçou e foi abraçado por Bolsonaro.
Um dia antes, um grupo de empresários paulistas almoçou com Bolsonaro e
apertou suas mãos.
O mais recente ato de Bolsonaro diretamente ligado ao combate à pandemia
foi o de vetar o uso obrigatório de máscaras em presídios. Pouco lhe
importa que 5.022 presos, até ontem, tenham contraído a doença, e que 63
morreram. Nem que apenas um terço dos agentes penitenciários tenha
recebido máscaras e luvas. [O isolamento dos presos já favorece o controle de eventuais contaminações.
Manter as visitas suspensa, além de ser um meio eficiente para evitar contaminação dos presos, será obtido o bônus de reduzir o ingresso nos presídios de celulares, drogas e outros silicitos - as visitas são a causa principal do ingresso de objetos proibidos em presídios.
O cuidado com a contaminação dos agentes penitenciários, que precisam circular entre os presídios e o mundo exterior, já está sendo devidamente atendido.]
Com as visitas aos presos suspensas, os agentes se tornaram os maiores
propagadores do vírus porque somente eles entram e saem das
penitenciárias. Podem contaminar os presos, ou contaminados por eles,
contaminarem seus familiares. E daí? Daí que todos estão sujeitos a
morrer um dia, segundo Bolsonaro
O presidente que se vangloria de sua saúde de atleta está posto à prova. Boa sorte!
[As bênçãos de DEUS e a boa sorte acompanharão o presidente - para o BEM dele e do Brasil.]
Blog do Noblat - Veja - Ricardo Noblat, jornalista