Confrontos em protestos entre Gaza e Israel deixam 41 palestinos mortos
Palestinos se manifestam contra 70 anos de Israel e inauguração da embaixada americana em Jerusalém
Palestino
carrega manifestante ferido em protesto na fronteira de Gaza - IBRAHEEM ABU
MUSTAFA / REUTERS
Pelo
menos 41 palestinos foram mortos nesta segunda-feira por soldados israelenses em confrontos próximos
à cerca fronteiriça que separa Israel da Faixa de Gaza, informou o Ministério da Saúde
palestino nesta segunda-feira. A violência começou em meio a protestos
árabes contra os 70 anos da fundação do Estado de
Israel que, este ano, coincide com a
transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, cuja
cerimônia de inauguração acontece nesta segunda-feira. A Autoridade Nacional
Palestina acusou Israel de "cometer um massacre em Gaza",
enquanto a União Europeia pediu moderação.
Milhares
de palestinos se concentraram em pontos próximos à divisa com Israel. Os
soldados israelenses dispararam tiros de fuzil contra os manifestantes quando
eles se aproximaram da cerca fronteiriça. Entre os mortos, há um
adolescente de 14 anos.
O
Comitê da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial pediu nesta
segunda-feira a Israel que "suspenda imediatamente o uso
desproporcional da força contra manifestantes palestinos" e que garanta que os
feridos tenham acesso a atendimento médico. Já Federica Mogherini, chefe da diplomacia da UE,
pediu a "máxima moderação" após as mortes em Gaza.
Os atos
de protesto são normalmente organizados às sextas-feiras, mas devem atingir seu
ápice em 15 de maio — data conhecida pelos palestinos
como Nakba ou "Catástrofe", que marca o deslocamento de centenas de milhares de árabes
no conflito desencadeado com a criação de Israel em 14 de maio de 1948. O
movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa da Gaza, alertou que apoia
qualquer tentativa dos manifestantes de romper as barreiras fronteiriças.
O
Exército israelense anunciou no sábado que vai duplicar suas unidades de
combate em torno da Faixa de Gaza e da Cisjordânia
ocupada por Israel para reforçar a segurança diante possibilidade de protestos
palestinos. O presidente americano, Donald Trump, que anunciou a
transferência da embaixada no ano passado, não estará presente na inauguração.
Sua filha Ivanka e seu genro e assessor Jared Kushner já estão em Jerusalém
para representá-lo. A decisão de Trump, que despertou fúria no mundo árabe,
rompeu um antigo consenso internacional de que status de Jerusalém seria
determinado por um acordo de paz entre Israel e os palestinos.
POSIÇÕES
CONTRÁRIAS
No Twitter,
o presidente americano anunciou a transmissão ao vivo da inauguração,
comemorando o ato: "Um grande dia para Israel!".
O premier
israelense Benjamin Netanyahu se disse emocionado com as várias comemorações no
mesmo dia:
— Que
dia comovente para o povo de Israel e o Estado de Israel.
Jason
Greenblatt, enviado de Trump ao Oriente Médio, disse no Twitter que
"tomar o devido passo de mudar nossa embaixada não é uma saída de nosso
forte compromisso em facilitar um acordo de paz duradouro. Ao contrário, é uma
condição necessária para isso".
No entanto, o primeiro-ministro palestino Rami
Hamdallah disse que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por
parte de Trump é uma "violação flagrande da lei internacional".[Clique aqui e conheça mais sobre a 'manobra suja' feita por um brasileiro quando presidiu parte da Assembleia Geral da ONU, que permitiu a criação de Israel, usando território pertencente ao Povo Palestino e invadido por Israel. ]
JIHAD
CONTRA OS EUA
O líder
da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, convocou no domingo a Jihad contra os Estados
Unidos, ao
afirmar que a instalação da embaixada do país em Jerusalém é a prova de que as
negociações e o "apaziguamento" não ajudaram os
palestinos. Em um vídeo de cinco minutos com o título titulado "Tel Aviv também é um território dos muçulmanos", o
médico egípcio que assumiu a liderança da Al-Qaeda após a morte de seu
fundador, Osama bin Laden, em 2011, chama a Autoridade Palestina de "vendedores
da Palestina" e convoca seus adeptos a pegar em armas.
— (Donald
Trump foi claro e explícito e revelou a verdadeira face da Cruzada moderna
(...) O apaziguamento não funciona com ele, e sim a resistência (...) pela via
da Jihad — afirmou
Al-Zawahiri de acordo com uma transcrição do grupo SITE, que monitora os sites
de internet islamitas.
Para o
líder da al-Qaeda, os países islâmicos fracassaram em atuar a favor dos
muçulmanos ao integrar a ONU, instituição que reconhece Israel, e ao aceitarem as
resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao invés da Sharia (lei
islâmica). Os líderes da Autoridade Nacional Palestina se recusam em conversar
com os representantes do governo americano desde o anúncio da transferência da
embaixada, sequer com o genro do presidente, Jared Kushner, que havia sido
designado para estimular o processo de paz.
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