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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Parada cardíaca: o que fazer além de ligar para o SAMU?

Utilidade Pública

Chamar um serviço de emergência é o primeiro passo, mas qualquer pessoa devidamente treinada pode salvar uma vida realizando manobras de ressuscitação

 Ressuscitação cardiopulmonar: manobra salva vidas (Foto: Michael E. / Unsplash/Divulgação)

Em um país onde ocorrem 400 mil óbitos por doenças do coração ao ano, não é difícil imaginar que estamos sujeitos a nos deparar com uma pessoa sofrendo uma parada cardíaca em um ambiente onde o socorro médico não será imediato.

E mais da metade dessas mortes se deve a um coração que deixou de bater. Vários estudos mundiais, incluindo no Brasil, constatam incidência de 70 casos de parada cardiorrespiratória para cada 100 mil habitantes. Mas o que fazer diante de uma situação assim?

Se você respondeu “ligar para a emergência”, saiba que faz parte dos 57,8% dos entrevistados de uma pesquisa promovida pela Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) junto a 2 236 pessoas nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital.

Este grupo respondeu que entraria em contato com o SAMU (...) para pedir socorro. Enquanto isso, 25,3% dos consultados também afirmaram que fariam o mesmo procedimento, porém estavam equivocados quanto ao telefone correto do serviço. 
Outros 17% admitiram que não saberiam como agir.

Contatar o SAMU, [fone 192] sem dúvida, é o primeiro passo, mas não dá para assistir a uma parada cardíaca de braços cruzados. Ao contrário, esse é o momento de colocar, literalmente, mãos à obra.

A parada cardíaca súbita ocorre quando os impulsos elétricos do coração se tornam rápidos ou descoordenados, fazendo com que pare de bater repentinamente. As manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) ou massagem cardíaca, como é popularmente conhecida, devem acontecer enquanto o socorro formal não chega.

Isso porque, sem atendimento nos primeiros dez minutos, a vítima perde 10% da chance de sobreviver a cada minuto passado. Quando estiver disponível – e seria ideal que estivesse em locais, como parques, academias, estádios de futebol, supermercados –, o desfibrilador, aparelho que emite corrente elétrica com o objetivo de restabelecer o ritmo cardíaco, também deve ser usado por quem conhece o protocolo.

Da mesma maneira, a RCP pode ser praticada por qualquer pessoa, desde que tenha recebido treinamento adequado. A American Heart Association (AHA) é uma organização americana que dissemina cuidados cardíacos para reduzir ocorrências de lesões e mortes por cardiopatias e acidente vascular cerebral (AVC). A instituição oferece cursos de ressuscitação cardiopulmonar para diversos públicos, incluindo crianças, adolescentes e idosos.

A Socesp mantém um Centro de Treinamento, credenciado pela AHA, com cursos presenciais e on-line para atendimento a emergências cardiovasculares. Os instrutores são treinados de acordo com as diretrizes da associação americana e as aulas contam com equipamentos especiais, como manequins simuladores e desfibriladores externos automáticos.

Uma barreira nos treinamentos de RCP é o custo dos manequins para treinar a população. Pensando nisso, a Socesp criou um feito com material reciclável, de garrafa pet, para ampliar de forma lúdica e sustentável o número de pessoas treinadas a partir dos 12 anos. E com isso tem promovido cursos, inclusive em escolas públicas e privadas.

Como temos alertado, precisamos estar cientes de que todos nós, independente de sermos do grupo de risco para doenças cardiovasculares ou não, somos um elo dessa corrente pela vida. A informação e o treinamento fazem a diferença nessa história.

Letra de Médico - Revista VEJA

*Agnaldo Piscopo é cardiologista e diretor do Centro de Treinamento da Socesp – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo


quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Nova ‘emergência’ climática é falsa, hipócrita e mal-intencionada - O Estado de S. Paulo

Declarações do secretário geral da ONU, de que o mundo caminha para ‘o suicídio coletivo’ se ‘nada for feito’ para impedir a ‘mudança do clima’ é parte da guerra ideológica para submeter as sociedades a novas regras, novos controles e novos interesses materiais

Órfãos da covid, que saiu das manchetes e do rol das preocupações públicas de primeiro grau, burocratas e militantes da “reconstrução radical da sociedadecontinuam fazendo tudo para conservar as suas posições e os poderes que atribuíram a si próprios durante a pandemia a começar pelo mais cobiçado de todos eles, que tem sido o poder de dar ordens às pessoas e mandar nos governos sem nunca terem disputado uma eleição popular. A sua arma, agora, é a “mudança do clima”. Estão jogando tudo nela para provocar um novo terror – o de que o mundo vai acabar a curto prazo, destruído pela “deterioração” do meio ambiente.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, aderiu à onda de histeria para enfrentar a 'emergência climática'.

 O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, aderiu à onda de histeria para enfrentar a 'emergência climática'. Foto: Evan Schneider/Divulgação ONU

O último a se lançar nessa onda de histeria foi o secretário-geral da ONU, um cargo que não significa mais grande coisa e nem impressiona mais ninguém, mas ainda serve para fazer ruídos na segunda linha do noticiário e ajudar nas fantasias de que existe gente virtuosa cuidando dos problemas da humanidade. O secretário pareceu particularmente desesperado em sua conclamação ao pânico. Disse, pura e simplesmente, que o mundo caminha para o suicídio coletivo” se “nada for feito” para impedir a “mudança do clima”. É mesmo? 
Ele não explicou quando, mais exatamente, os 8 bilhões de moradores do planeta vão morrer. Já, agora em agosto? 
Ainda neste ano de 2022? Daqui a 1000 anos? Daqui a 1 milhão de anos?
 
Mas não importa, e nem o homem está interessado em fazer qualquer nexo do ponto de vista da ciência séria. Seu objetivo é tornar mais agressiva a lavagem cerebral pós-covid: o mundo vai acabar, e a sua única chance de salvação é obedecer às ordens que lhe serão dadas pelos especialistas, em controlar 'o clima'.
 
O “suicídio coletivo” anunciado pelo secretário-geral poderia ser apenas mais uma estupidez, ou um ato irresponsável de peixe gordo que não precisa fazer nexo para se manter no emprego. É isso, claro, mas também é mais – é parte da guerra ideológica para submeter as sociedades a novas regras, novos controles e novos interesses materiais.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Operação no Jacarezinho deixa pelo menos 25 pessoas mortas no Rio de Janeiro

Entre as vítimas há um inspetor da Polícia Civil; duas pessoas foram atingidas por balas perdidas dentro de vagão do metrô, mas não correm risco de vida

Pelo menos 25 pessoas morreram na manhã desta quinta-feira, 6, em uma operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas no bairro do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria de Polícia Civil do Estado, a ação foi baseada em “informações concretas de inteligência e investigação” e teve reação dos criminosos “não apenas para fugir, mas com o objetivo de matar”. Entre os mortos está o policial civil André Leonardo de Mello Frias, que trabalhava como inspetor na corporação. “Ele honrou a profissão que amava e deixará saudade. Mas também deixa o sentimento de que o trabalho não pode parar”, lamentou em nota a PCRJ. O número exato de suspeitos atingidos entre os outros 24 mortos não foi esclarecido pela polícia até o momento.

Ainda no começo da manhã, a SuperVia paralisou o funcionamento dos trens nas linhas entre as estações Belford Roxo e Del Castilho e Gramacho e Bonsucesso por causa da operação. O metrô do Rio também anunciou a paralisação de circulação entre as estações Maria da Graça e Triagem. Ainda assim, dois passageiros que estavam dentro de um vagão foram atingidos por balas perdidas. Em nota, além de lamentar a morte do policial, a Secretaria lamentou as “vítimas inocentes atingidas no metrô”, mas informou que elas sofreram apenas ferimentos leves e passam bem. O número de vítimas feridas não foi divulgado até o momento, mas a PCRJ confirmou mais dois policiais feridos. Boa parte das vítimas foi levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no bairro do Méier. Do lado de fora da emergência, o desespero de parentes dos atingidos foi registrado. Segundo a plataforma Fogo Cruzado, a operação ainda estava ocorrendo em pontos do bairro por volta das 13h.

[mais uma vez a violência domina o Rio, assusta os cariocas e mata inocentes.
Enquanto o trabalho da Polícia depender da permissão judicial para ser executado - recente decisão do Supremo proíbe que a Polícia realize operações em áreas de favelas, sem antes cumprir um rigoroso protocolo para ser autorizada.
Sabemos que os bandidos agem quando e onde querem e que o fator SURPRESA é essencial para o êxito de qualquer operação policial. Enquanto as autoridades do Rio tiverem de cumprir trâmites burocráticos para combater bandidos, o crime estará vencendo.
Apesar do absurdo da decisão ora comentada, pior é a falta de noção da apresentadora de conhecido jornal da TV, que enquanto o repórter tentava passar informações sobre a notícia, a apresentadora insistia no questionamento da legalidade da operação, pelo que se constata a jornalista está mais preocupada com eventual desrespeito da vedação judicial ao trabalho policial do que com os bandidos. A jornalista, já se destacou por algumas escorregadas e deboches aos que assistem o JH.]

Brasil - Notícias - Jovem Pan

 

domingo, 28 de junho de 2020

Justiça - O “abuso” do abuso de poder






Vozes - Gazeta do Povo


Nesta temporada de pandemia cada vez mais proliferam denúncias de abusos de direitos
. Seja na esfera privada, quando alguém se aproveita de uma situação de vulnerabilidade sem o necessário tempero da ética e tenta se locupletar em determinada situação, seja na esfera pública, quando servidores públicos ou agentes políticos usam de sua prerrogativa para cometerem crimes contra a sociedade como um todo. Já pipocam casos de escândalos envolvendo compras superfaturadas de respiradores, ordenação de despesas com valores muito acima da média pela brecha jurídica da “situação de emergência” ou do “estado de calamidade”.





Também estamos assistindo ao desmonte do sistema constitucional de equilíbrio de poderes. Aquilo que uma vez entendemos como sendo o espírito da teoria da tripartição propalada por Montesquieu em “O Espírito das Leis” e que foi adotada por muitos países, inclusive o Brasil republicano, porque o imperial tinha quatro, sendo, além do Legislativo, Executivo e Judiciário, o Poder Moderador, a grande balança de equilíbrio dos interesses antagônicos, hoje parece estar passando por uma “revisão” nada, nem um pouco mesmo, legítima


É flagrante que o Judiciário tem feito exercícios muito perigosos na panaceia política brasileira. 
Um exemplo é a nossa corte constitucional. 
Reorganizada em 1988 para ser o grande bastião da democracia, deveria manter o diálogo respeitoso com os demais Poderes, estes sim, exercidos por representantes diretamente eleitos, e apenas falar quando chamada para exercer a verdadeira jurisprudentia – para dizer o direito e declarar a conformidade ou não conformidade constitucional de determinada norma.

Porém temos visto nos últimos anos um crescente apreço por uma corrente do chamado “neoconstitucionalismo”, que busca dar aos ministros um poder de, além de dizer o direito, criar a própria norma, no eventual silêncio dos demais Poderes. Ou seja, quando os Poderes cujos mandatários são eleitos se calam – mesmo que seja um silêncio deliberado e eloquente, pois “não” também é uma opção de voto – os “iluminados” do Poder Judiciário usam sua caneta para trazer à existência determinado regramento que não ecoou no desejo do povo através de seus legítimos representantes. Onde estás, ó Democracia?? Vem e acode-nos!

Nesta semana fomos surpreendidos com o voto do ministro Edson Fachin no Recurso Especial Eleitoral nº 82-85.2016.6.09.0139, nos autos de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, sobre um suposto “abuso de poder religioso” em pleito de 2016. Este assunto tem crescido nos tribunais eleitorais pelo Brasil curiosamente no momento em que o elemento religioso também passou a ser relevante (se não decisivo) nas últimas eleições. O incômodo tem sido sempre naquela premissa de que o povo brasileiro é “burro” demais para tomar suas próprias decisões, sendo ou tutelado por coronéis do cabresto, ou seduzido pelo “vale-galeto”, ou imbecilizado pelo pastor no púlpito.

A lei eleitoral – a Lei nº 9.504/1997, veja-se: lei, aquele diploma que passa por todo um processo perante o Congresso Nacional, e, depois de  aprovado por nós, o povo, é sancionado pelo presidente da República, eleito por nós, o povo, reconhece três possibilidades de “abuso de poder” para fins eleitorais. 
O primeiro é o chamado abuso do poder econômico, quando os recursos próprios ou de terceiros é utilizado para o desequilíbrio do pleito eleitoral. Pode ser verificado pela ação do próprio candidato ou de apoiadores, com entrega de dinheiro diretamente ou mediante prestação de bens ou serviços, como a entrega de cestas básicas. 
O segundo é o abuso do poder político, o chamado “uso da máquina” em benefício de quem já está investido de autoridade pública, e tem a seu dispor toda a estrutura do Estado na sua esfera de influência para que possa beneficiá-lo na disputa. 
E o terceiro é conhecido como abuso nos meios de comunicação, também velho conhecido do cenário eleitoral. Quantas disputas foram desequilibradas em nossa história recente através da construção ou desconstrução da imagem pública de candidatos. 

Mas, e o “abuso do poder religioso”?
Este não consta do Código Eleitoral Brasileiro. A laicidade brasileira sempre respeitou a religião como grande parceira e colaboradora do Estado na promoção do bem comum – como temos repisado aqui na coluna. O zeitgeist atual, porém, tem na religião uma “ameaça” à estabilidade das instituições (ou da manutenção de certa ordem de subserviência ao status quo) e tem-se avolumado um olhar de desconfiança ou de reprovação quanto à dimensão pública da fé religiosa. Aquela que vai acabar mostrando que a religião é, sim, uma parte indissociável da própria cidadania para que seja exercida em sua plenitude. E, lembremos, a cidadania é um dos fundamentos da República (art. 1º, II, da CFRB/88).
O Código Eleitoral não permite que candidatos recebam doações, sejam em espécie ou em bens e serviços estimáveis, por parte de organizações religiosas, e também colocam o próprio templo como um espaço chamado “de uso comum do povo”, ou seja, por causa do potencial de aglomeração (saudade desse tempo, antes da pandemia), não é permitida a campanha eleitoral no espaço físico do templo.
Porém atingir a liderança eclesiástica por exercer sua vocação de formação política do povo sob seus cuidados espirituais é, sim, uma restrição à plena dimensão do art. 5º, VI da constituição. Pois, para além da consciência e crença na dimensão privada, o Brasil celebra a liberdade para se portar na arena pública de acordo com os ditames de sua fé. E isto também se refere à escolha daqueles que os representam na promoção do bem comum através do Estado. Escolher um candidato político pode muito bem ser, sim, um ato de fé!

Assim sendo, ao entender que dificilmente o Congresso Nacional irá sancionar lei no sentido de restringir esta amplitude – lei essa que seria inconstitucional no seu nascedouro, posto que viola disposição pétrea da  Constituição  essa formação atual do Supremo Tribunal Federal parece querer arrogar-se mesmo a pretensão de ser um “supremo poder”. [está mais para PODER ABSOLUTO.] Quando vemos situações horripilantes como os inquéritos instaurados pelo mesmo órgão que depois vai julgar o feito, mandando prender opositores, ou seja, o “direito penal da vítima” em ação, e uma proliferação de decisões que legislam positivamente – criam comandos legais que não existiam, podemos saber que uma “sugestão” tem poder de muito mais do que a palavra expressa.
Foi justamente este o fim do voto do ministro Fachin no recurso acima mencionado. Eis as palavras: “Em face desses argumentos, venho propor ao Tribunal que, a partir das Eleições deste ano de 2020, seja assentada a viabilidade do exame jurídico do abuso de poder de autoridade religiosa no âmbito das ações de investigação judicial eleitoral”.

A proposição é, em outras palavras: “não existe LEI para resolver isso. Mas, como nós SOMOS a lei, proponho que comecemos a verificar tal situação para as eleições deste ano”. Mais que uma lástima, soou como uma ameaça, um verdadeiro perigo. Espero, sinceramente (talvez um sonho inatingível, mesmo pueril), que um dia alguém se levante naquela bancada, algum ministro ou ministra, imbuído  de verdadeiro espírito público, levante sua voz contra a ameaça do“abuso do Poder Judiciário”.


Crônicas de um Estado laico - Vozes - Gazeta do Povo

domingo, 5 de abril de 2020

Coronavírus: nossos soldados estão se alistando para a guerra e merecem apoio - Gazeta do Povo

Madeleine Lacsko

Estudantes universitários da área de saúde são os soldados brasileiros que estão se alistando voluntariamente para a guerra contra um inimigo invisível, o coronavírus. Vários deles estão postando nas redes sociais o cadastramento no programa "O Brasil Conta Comigo", que não é uma ação de governo, é um movimento da juventude brasileira e da nossa sociedade civil que devemos apoiar e reconhecer.

O chamamento, lançado pelo Ministério da Saúde é, no discurso público, direcionado a estudantes. Mesmo em tempos de pandemia pareceria ridículo convocar profissionais experimentados de uma área que remunera tão bem para se expor a um vírus mortal, em condições que podem vir a ser precárias, em troca de um auxílio financeiro simbólico.

Ocorre que, na publicação do Diário Oficial, há dois programas diferentes. O primeiro é destinado a estudantes de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia das universidades públicas, que seriam voluntários no atendimento à emergência do coronavírus. Eles precisam fazer um cadastro e receber aprovação dos gestores nos Estados e Municípios. O tempo que dedicarem será remunerado com os mesmos valores de bolsa de pesquisa e contará como estágio. A maior bolsa disponível é de um salário mínimo por mês.

Há ainda um segundo programa, "O Brasil Conta Comigo - Acadêmico", direcionado a profissionais experimentados que se voluntariam no enfrentamento da pandemia. As condições são as mesmas: alto risco e baixo retorno. E os nossos acadêmicos estão se apresentando.  Numa emergência humanitária, só há uma forma de dividir as pessoas: as que clamam atenção para si e as que estão dispostas a se dedicar aos que sofrem. O primeiro grupo é obviamente mais barulhento. Felizmente, o segundo é muito mais numeroso.

Há muita gente insegura e ansiosa com a pandemia porque acha e imagina muita coisa. Esses profissionais não, eles são cientistas. Cientista não acha nem deixa de achar, ele sabe ou não sabe. Todos os que se inscrevem, alunos e professores, sabem muito bem que estão se alistando como soldados que vão a uma guerra.

Sabe-se muito sobre a família dos coronavírus mas ainda estamos lutando para achar uma vacina ou uma cura para essa cepa específica que causou a pandemia. Ele é altamente contagioso, quem lida diretamente com doentes é o grupo de maior risco e não há ainda estudos que possibilitem saber quem tem mais ou menos risco de desenvolver a modalidade grave da doença. Todos eles vão mesmo assim, são patriotas como inúmeros outros brasileiros.

LEIA TAMBÉM:  Sem “corte na carne”: o que o Congresso já fez para combater o coronavírus

Que nós saibamos dar valor a todos eles, todos mesmo. Teremos os que irão, nos ajudarão a vencer essa guerra contra um inimigo invisível e estarão de volta para celebrar a vitória. E haverá também aqueles que irão dar a vida por essa causa e deixarão famílias divididas entre o orgulho e o luto.

O Brasil costuma dar muita atenção a bravateiros e chavequeiros, à turma que fala. É hora de dar atenção a quem carrega o piano. Não temos tradição de reconhecer nossos militares. Comecemos agora, já que o mundo está em mudança. Que saibamos nos orgulhar, honrar, apoiar e reconhecer esses soldados anônimos da saúde, alunos e acadêmicos de universidades públicas, que estão indo para a guerra em nosso nome.

Madeleine Lacsko, Reflexões - Gazeta do Povo


sábado, 25 de maio de 2019

Roubar e roubar

Ou o Brasil se livra dos educadores, ou os educadores conduzirão o Brasil ao nível de instrução vigente na Idade da Pedra




Publicado na edição impressa de VEJA

Quer fazer um teste para saber em alguns segundos como você ajuda a manter de pé um dos mais notáveis monumentos à concentração de renda que existem atualmente no mundo? Pegue as suas últimas contas de telefone ou de luz e vá até onde está escrito “total a pagar”. Se você é um morador de São Paulo, por exemplo, verá que 25% desse total é imposto puro, o ICMS — ao qual se somam outras taxas que o governo ainda consegue lhe arrancar. O que não se vê na conta é que quase 10% do ICMS arrecadado a cada vez que alguém acende a luz ou fala ao telefone vai direto para o caixa das três universidades públicas de São Paulo. Acontece todo santo mês, sem falhar nunca, e provavelmente vai continuar acontecendo até o fim da sua vida. Mais: esse pedágio é retirado de todo ICMS pago no estado não só nas contas de luz, telefone ou gás, mas em qualquer outra coisa cuja existência o Fisco paulista consiga identificar dentro do território estadual.

Uma vez sacado do seu bolso, o dinheiro vai para jovens, em geral de boa família, estudarem de graça temas como arte lírica, ou educomunicação, incluindo aí “prática epistemológica do conceito” e “gestão democrática de mídias”. Podem estudar armênio. Podem tentar um diploma de semiótica sobre “linguagens imaginárias”, ou sobre a “imanência e transcendência na emergência do sentido”. É claro que o contribuinte paga todos os cursos das três universidades — e muitos deles são indispensáveis. [sem esquecer que universidades públicas além de promoverem seminários sobre o impeachment da escarrada ex-presidente Dilma, também promovem fóruns sobre 'filosofia do sexo anal'; tudo isso com DINHEIRO PÚBLICO.] Mas isso não melhora nada. Só significa, na prática, que os cursos úteis para a sociedade recebem menos dinheiro porque têm de dividir a verba com os inúteis. Aliviado por não morar em São Paulo? Esqueça. Há o dragão das universidades federais — um bicho que pega geral, até o último confim do Acre. A diferença é que o paulista, e os cidadãos de todos os estados que mantêm universidades, toma duas contas no lombo.
 
O fato é que os impostos pagos por todos os trabalhadores brasileiros são doados aos filhos das classes média e alta para que estudem na universidade pública sem pagar um centavo. Isso se chama transferência de renda do mais pobre para o mais rico — que passou no vestibular porque foi capaz de financiar seu ensino básico em escolas particulares. Não tem conversa: se o governo tira de todos e dá a alguns, está tomando dinheiro da pobralhada, que é 80% desse “todos”, e fazendo um presente para a minoria que forma o “alguns”. É um método praticamente infalível, se você quer manter as desigualdades neste país exatamente como elas estão. Uma excelente escolha, também, para fazer a pobreza no Brasil durar o máximo de tempo possível. Em compensação, o sistema nos dá as universidades federais “gratuitas” — são nada menos que 63 ao todo, que talvez sejam 68, segundo os caprichos da burocracia educadora nacional.
 
Esse monstro é caro, injusto e burro. Dos cerca de 120 bilhões de reais do Orçamento federal de 2019 para a educação, quase metade vai para as universidades — o contrário do que a inteligência mais rudimentar recomenda a um país onde o ensino básico está em colapso há anos e que, por causa disso, ocupa o 119º lugar na classificação mundial dos países segundo a qualidade da sua educação. Grande parte dessa despesa vai para o lixo. Na Universidade Federal do ABC, que custa mais de 250 milhões de reais por ano, há uma licenciatura em “afro-matemática” — aparentemente, a equação de segundo grau ou a progressão geométrica, do jeito que os alunos aprendem hoje, são “brancas”, e “reproduzem o racismo nas salas de aula”. É preciso, portanto, “descolonizar os referenciais teóricos”. Há uma Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Há uma da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Há uma Universidade Federal da Fronteira Sul e uma Universidade Federal do Pampa.
 


Nenhuma delas está entre as 150 melhores universidades do planeta segundo o ShanghaiRanking, um dos termômetros mais respeitados para medir a qualidade mundial da educação superior. Em outra lista de prestígio, a Times Higher Education, o resultado é pior: não há nenhuma brasileira entre as melhores 250. Dá o que pensar. Ou o Brasil se livra dos educadores, ou os educadores conduzirão o Brasil ao nível de instrução vigente na Idade da Pedra. Há outra consideração a fazer, na sequência. Um jeito conhecido de roubar dinheiro público é fechar-se numa sala com Marcelo Odebrecht, por exemplo. Outro é ensinar imanência e transcendência na emergência, com o dinheiro do ICMS que você pagou na sua última conta de luz. O primeiro jeito talvez acabe saindo mais barato.

Blog Fatos - Veja - J R Guzzo

Edição da semana 2636 01/01/1970 
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sábado, 25 de abril de 2015

O comportamento do condenado Rodrigo já era esperado - é uma tentativa inútil para simular loucura. Poderia ter algum resultado se tivesse sido tentada durante o julgamento

Brasileiro reagiu com "surpresa e delírio" a anúncio de execução, diz diplomata

O paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte reagiu com "surpresa" e um discurso "delirante" ao ser informado de sua execução por tráfico de drogas na Indonésia, disse um diplomata brasileiro que acompanhou o anúncio.  Gularte, de 42 anos e condenado à morte em 2005 ao tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína em pranchas de surfe, foi diagnosticado com esquizofrenia. A família tenta convencer autoridades a rever sua pena e transferi-lo para um hospital.

Ele foi notificado neste sábado da execução, que é por fuzilamento. O anúncio foi feito na prisão de Nusakambangan, a 400 km de Jacarta, e foi acompanhado pelo encarregado de negócios do Brasil em Jacarta, Leonardo Carvalho Monteiro. Autoridades não divulgaram uma data, mas as penas poderão ser cumpridas a partir da tarde de terça-feira (horário local), após as 72 horas de aviso exigidas pela lei indonésia.   "Ele reagiu com muita surpresa e pensou que toda a movimentação ao redor dele não estava relacionada ao seu caso", disse Monteiro à BBC Brasil por telefone.  "Ele fez uma série de declarações desconexas, estava totalmente disperso, com um discurso aproximando-se do delirante. Ficou evidente o grau de desconexão dele com a realidade".  "Ele foi gentil com todos, cavalheiro, e num momento admitiu que o seu erro tinha sido gravíssimo, mas que tinha sido uma única vez e achava injusto receber esta pena".

As sentenças deverão ser cumpridas na prisão de Nusakambangan, onde Gularte está preso. Ele foi transferido para uma unidade onde presos aguardam pela execução. "Ele está confiante que a família vai resolver tudo rapidamente e ele vai voltar para a rotina dele anterior", disse Monteiro. [certamente pensa que está no Brasil onde tudo termina em pizza; Na Indonésia vai terminar em sua execução sumária e merecida.]

A mãe de Gularte, Clarisse, está no Brasil e não deverá viajar à Indonésia, disse o diplomata. Angelita Muxfeldt, prima de Gularte que está na Indonésia acompanhando o caso, deverá visitá-lo nos próximos dias.  Gularte poderá ser o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado à morte por tráfico de drogas.

"Vozes de satélite"

Familiares e conhecidos relataram à BBC Brasil que Gularte passa seus dias conversando com paredes e ouvindo vozes de satélites. [uma tentativa tosca de passar a idéia que o sentenciado tem problemas mentais.
Mesmo que os tivesse, a legislação da Indonésia impede que doentes mentais sejam condenados à pena de morte.
Quando o traficante Rodrigo foi julgado e condenado à pena de morte não foi constatada, sequer alegada, suposta doença mental.]

A prima citou conversas frequentes sobre "vidas passadas no Egito e histórias surreais", e que ele se recusa a tirar um boné, que usa virado para trás, que alega ser sua proteção.

Uma equipe médica reavaliou o brasileiro na prisão em março à pedido da Procuradoria Geral indonésia, mas o resultado deste laudo não foi divulgado, apesar de repetidos pedidos da defesa e do governo brasileiro.

Ricky Gunawan, advogado de Gularte, disse que entrará com outro recurso na segunda-feira para tentar reverter a decisão.
"Condenamos fortemente esta decisão. Isto prova que o sistema legal indonésio não protege os direitos humanos. O fato de que um prisioneiro com uma doença mental possa ser executado é mais do que um absurdo". [esse advogado certamente esquece que não está no Brasil - onde é costume as sentenças levarem anos e anos para ser executada. Na  Indonésia o processo é bem mais rápido e o Gularte será executado e que sua morte desestimule outros bandidos.]
A embaixada brasileira encaminhou pedido oficial à Procuradoria Geral indonésia para que a execução seja postergada até que o recurso da defesa seja analisado, disse Monteiro.

Autoridades indonésias haviam dito que as execuções não seriam realizadas até que todos os apelos dos condenados fossem considerados.
Segundo o Ministério de Relações Exteriores, o "Brasil está se coordenando com os demais países para identificar eventuais vias de ação e buscar meios de evitar a execução".
Além de Gularte, oito condenados também foram notificados - sete estrangeiros e um indonésio.
Entre eles estão os australianos Andrew Chan e Myuram Sukumaran, considerados os líderes do grupo de traficantes "Os Nove de Bali", além de cidadãos das Filipinas e Nigéria.  O presidente indonésio, Joko Widodo, que assumiu em 2014, negou clemência a condenados por tráfico, dizendo que o país está em situação de "emergência" devido às drogas. Em janeiro, seis presos foram executados, inclusive Marco Archer Cardoso Moreira.
Brasil e Noruega convocaram seus embaixadores na Indonésia em protesto e, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff recusou temporariamente as credenciais do novo representante indonésio no Brasil em meio ao impasse com Jacarta diante da iminente execução de Gularte. [a pergunta é: a Indonésia teve algum prejuízo com o gesto da Dilma em apoio a bandido condenado?]


Austrália e França alertaram que as relações com o país poderiam ser afetadas se seus cidadãos fossem executados. Grupos de direitos humanos também têm pressionado a Indonésia para cancelar a aplicação das penas.
Mais de 130 presos estão no corredor da morte, 57 por tráfico de drogas, segundo a agência Associated Press.