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quarta-feira, 1 de março de 2023

Gordofobia: Lula culpa gente como Flavio Dino pela fome no Brasil - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

"Se tem alguém passando fome no Brasil é porque tem gente comendo mais do que deveria", disse o presidente Lula, culpando os gordinhos pela crise famélica no país que, segundo Marina Silva, atinge mais de cem milhões de pessoas (somos uma Etiópia muito piorada).

Na boca de Bolsonaro, essa fala seria imediatamente rotulada como "gordofobia"
Onde já se viu culpar os mais rechonchudos pela falta de comida dos pobres? 
Então quer dizer que o problema da fome seria resolvido não com o Fome Zero fracassado do PT, mas com uma dieta forçada imposta pelo estado?
 
Não sei se Lula reparou bem, mas em seu governo há gente muito, muito acima do peso
É o caso do ministro Flavio Dino, obeso e comunista, que não gosta de ser chamado de obeso comunista. 
Seu sobrepeso salta aos olhos, ainda que a marquise preparada no Carnaval resistiu bravamente ao ministro saltitante, que fazia o L - talvez de Leveza.

 
Por trás da fala preconceituosa do presidente há a velha cartilha marxista: a vida é um jogo de soma zero em que alguns tomam dos outros o que existe. 
Se João é pobre, então é culpa de Pedro, que é rico. 
Se Manuel está magrinho sem a prometida picanha em sua mesa, então só pode ser culpa de Flavio, que devora tudo que vê pela frente. 
Falta tudo para uns pois há fartura para outros.

Enquanto a esquerda destila tal ladainha ridícula, a turma da elite cosmopolita "progressista" simula virtudes luxuosas. É o caso do jornalista André Trigueiro, que escreveu: "Deixei de comer carne bovina há 3 anos pra não correr o risco de ingerir proteína animal c/ cheiro de floresta queimada ou digital de mão de obra equivalente à escravidão. Agora é hora de prestar mais atenção na carta de vinhos". Puxa, que nobre!

O pobre faminto - um entre uns cem milhões, segundo o governo petista - doido para ver aquela chuva de picanha prometida por Lula na campanha, enquanto o jornalista esnobe se acha a melhor pessoa do mundo pois recusa carne em nome de uma causa idiota, e pretende agora ser mais seletivo com a escolha dos seus vinhos também. 

Quem sabe um Romenée-Conti, bem ao gosto do seu presidente querido?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Governo tem de começar a reconhecer a importância do agronegócio - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Seca no RS

Na manhã desta quinta está chegando a São Sebastião, no litoral de São Paulo, a nau capitânia da Marinha brasileira, o Atlântico. É um navio-aeródromo com e múltiplas tarefas: leva seis helicópteros e tem um hospital de campanha com 200 leitos. 
Os 150 fuzileiros navais a bordo vão chegar à praia com barcaças de desembarque para ajudar as pessoas.

Também na manhã de quinta está saindo de Brasília uma comitiva, enviada pelo presidente da República, para o interior do Rio Grande do Sul, que tem 371 municípios em emergência por causa da seca. São 371 de 497 municípios no estado. É muita seca: 90 dias sem chuva, principalmente na região sul do estado, exatamente para onde vai a comitiva, que pousa em Porto Alegre e segue via rodoviária até Bagé, onde vai anunciar medidas. Acho até que tem dois ministros nesse grupo que nunca foram ao Rio Grande do Sul: Wellington Dias, que foi governador do Piauí, e Waldez Góes, que foi governador do Amapá. Também vai o futuro presidente da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab). [a função mais importante de um ministro do governo Lula é fazer turismo por conta dos cofres públicos; o que tanta gente inútil vai fazer em terras gaúchas?]

O governo mostra disposição de reconhecer a importância do agronegócio.  
Um governo que foi eleito por muita gente que tem preconceito contra o agro, que detesta o agro, que apoia o MST, por exemplo.  
Mas é um sinal que o governo envia depois de ter cortado linhas de crédito do BNDES para o agronegócio. 
E quem pulou carnaval sabe que tudo dependeu do agro, não? 
Se tomou cerveja, tem cevada, lúpulo, malte. Se tomou refrigerante, tem açúcar, guaraná, laranja, limão. 
Se viu o carro alegórico passando, ele estava movido a biodiesel ou álcool. No combustível do carro tem álcool de qualquer maneira. 
Na fantasia tem o algodão. Comeu sanduíche? Estão lá o trigo, a linguiça, o ovo. Tudo veio do agro. 
Não tem como ignorar. É preciso parar com esse negativismo, é ridículo tentar negar a existência do agro brasileiro e sua importância nas nossas contas. O agro está precisando empregar muita gente também, está cheio de vaga, está precisando de gente. O agro brasileiro é um caso de sucesso.

Veja Também:

O Brasil do agro, o bloco que saiu ileso e Daniel Silveira que segue preso

916 presos políicos de   Brasília, seguem esquecidos. Até quando? 

Reforma tributária não vai reduzir impostos

Reforma tributária para bancar governo inchado
O governo está anunciando reforma tributária em seis meses. Que pressa é essa? Por quê? Porque é preciso arrecadar mais. Porque subiu o gasto do governo com o próprio governo. Eram 22 ministérios e agora são 37, então a despesa aumenta, não é?  
Vejo gabinetes lotados de gente, como na Lei de Parkinson, que diz que o trabalho aumenta na medida em que houver gente disponível para fazê-lo. 
Então, inventam coisas para a pessoa fazer, coisas que não têm nenhuma produtividade, nada, zero. 
Para que serve o Estado, se não for para prestar serviço público? 
Não produz nada, não cria riqueza, só tira a riqueza de uns para aplicar, mas se aplicar no próprio Estado não adianta nada. 
Tem de aplicar em serviço público. Em outras palavras, duvido muito que uma reforma tributária seja para baixar os impostos. Só se eu fosse muito ingênuo para acreditar numa coisa dessas.

Senador Girão quer detalhes sobre prisões pós-8 de janeiro

O senador Eduardo Girão está oficiando para o ministro de Direitos Humanos, atrás de esclarecimentos sobre as cerca de 900 pessoas que estão presas, com dificuldades de saúde, de alimentação, de higiene, sem saber exatamente o porquê
 Essa é uma questão básica, que tem de ser considerada pelos deputados, senadores, nossos representantes. 
O Congresso vai se encolher ou vai investigar o fato político que teve repercussão mundial? Vai deixar que esse fato político, com essas dimensões, seja tratado apenas como uma ocorrência policial?

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

STF agora decide ignorar confissão de quem pagou e pegou propina - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Efeito Lula

STF agora decide ignorar confissão de quem pagou e pegou propina
| Foto: Divulgação STF


Queria começar esta coluna citando uma reportagem da Folha de São Paulo de ontem, cujo título é “Delação do fim do mundo acumula derrotas no STF sob efeito Lula e trava ações”. O Supremo Tribunal Federal tem bloqueado processos, que usam dados entregues pela Odebrecht, em acordo que impactou o meio político.

Não é a oposição que está contando isso. É a Folha de São Paulo. O acordo de colaboração que chegou a ser apelidado de ‘delação do fim do mundo’ pelo seu impacto na política nacional agora tem sido gradualmente considerado inválido pelo Supremo, travando uma série de processos na Justiça. 
A partir de um precedente, que beneficiou o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, ordens do Tribunal têm declarado suspensas ações penais que tiveram como base dados do acordo de leniência da empreiteira Odebrecht.”
 
Quer dizer, a própria Odebrecht afirmou que pagou propina. Tem lá a lista, tem a contabilidade da propina. 
Teve muita gente que pegou dinheiro da Petrobras e devolveu. 
E isso está passando assim. Estamos consagrando aquele dito popular de que o Brasil é o país da impunidade
O Supremo começou a fazer isso por causa de Lula. Ou melhor, por causa de Jair Bolsonaro, por algum tipo de antipatia que se tinha por ele, e aí foi buscar uma solução e a gente está vendo isso. 
Fica aqui o registro da Folha de São Paulo.
 
No litoral, tragédia que se repete
O outro registro que eu quero fazer é dessa região do litoral norte de São Paulo, em que há mais de quarenta mortos.  
Eu vejo isso nos últimos sessenta anos, todos os anos, todo santo ano. 
Na mesma região, na mesma época, com as mesmas consequências, e isso se repete no ano seguinte. Ninguém aprende.
 
Só que quem fez alguma coisa foi o governador Carlos Lacerda, quando desabaram os morros no Rio de Janeiro. Se vocês andarem pela cidade, vão ver muita obra de engenharia de concreto segurando morro. 
E funcionou. Já em Angra dos Reis, Petrópolis, Mangaratiba, Teresópolis, Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela... Tudo de novo. 
E morrendo gente, milhares de desabrigados, os políticos fazendo sempre grandes promessas. Só que se repete. 
Parece óbvio que, se for proibido erguer edificações em área de risco, de certa forma resolve. As casas não seriam tragadas pela lama. 
Se for possível segurar a lama, uma vez que não é possível segurar a chuva, de fazer desvio, fazer obras de engenharia, inclusive para proteger as rodovias, identificar todas as áreas de risco... Mas está aí o problema.
 
Carnaval em casa
O mesmo problema dos acidentes do Carnaval. A ponte que caiu lá no Rio Mampituba, na divisa de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Uma ponte com capacidade pra dezesseis pessoas, segundo os bombeiros, tinha mais de cinquenta. Era uma ponte de pedestre
Tiroteio tem lá em Magé (RJ), violência, a pessoa não vai para o Carnaval para se divertir, brincar, dançar. Vai para brigar. Mas também não é de agora, não. Desde adolescente que vejo briga em Carnaval. 
E aí as pessoas estão cada vez mais se distanciando do que era uma festa muito popular brasileira. A maior parte das pessoas está ficando em casa. Até gostaria de ver alguma pesquisa de opinião para saber da população brasileira qual o percentual que vai para o Carnaval.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Um conjunto de barbaridades econômicas - Ubiratan Jorge Iorio

Revista Oeste

Como pensar em austeridade se a PEC da Transição, do Lula ou da Gastança vier a ser aprovada à velocidade da luz por uma legislatura em fim de mandato? 

O país está sendo sacudido por forte turbulência institucional, em que se acirram os conflitos entre os Poderes e em que algumas instituições — cuja própria razão de existência é a garantia da normalidade — vêm sistematicamente atuando, a um andamento cada vez mais acelerado, justamente para estimular a anormalidade, a insegurança e as anomalias, seja pelas omissões e covardia do Congresso, especialmente por parte dos presidentes de suas duas Casas, seja por uma sucessão já longeva e intolerável de ações absolutamente descabidas do Judiciário, merecedoras sem dúvida de estudos psiquiátricos.

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock 

Há 40 dias, completamente ignorados e até criminosamente desqualificados pela imprensa tradicional, muitos milhares de brasileiros vêm se postando nas portas dos quartéis, expostos a sol, chuva, calor e frio, clamando pelo restabelecimento da normalidade, manifestando o seu descontentamento com a bagunça generalizada, queixando-se da possibilidade real de um homem condenado por unanimidade em todas as mil e uma instâncias da Justiça — e posto em liberdade por filigranas, arabescos e rococós jurídicos — voltar a presidir o país, protestando contra a supressão de liberdades básicas como a de livre expressão, reclamando da falta de transparência e da consequente desconfiança em relação à imparcialidade de quem teria de ser isento na condução do processo eleitoral e indignando-se com o despotismo e arrogância de algumas autoridades do Judiciário, que, segundo eminentes, probos e respeitados juristas, vêm extrapolando flagrantemente suas atribuições e finalidades. Até este momento, ninguém sabe como e quando o Estado de Direito e a estabilidade das instituições serão restabelecidos.

As causas da instabilidade são conhecidas por qualquer cidadão bem informado, que não se deixa manipular pela velha imprensa, e este artigo não pretende esmiuçá-las. O que desejo enfatizar é que, nas circunstâncias atuais, não podemos ignorar os efeitos contagiosos da insegurança jurídica e da baderna política sobre a economia — entendida não como aqueles elegantes modelos teóricos que dão aparência de ciência aos livros e fascinam a maioria dos economistas —, mas às atividades econômicas do mundo real, às incontáveis decisões tomadas por milhões de seres humanos que compram, vendem, poupam, investem, fazem planos, abrem e fecham empresas, exportam, importam, fazem Pix, enfim, que realizam transações.

Em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, 
manifestantes protestam contra o resultado da eleição presidencial 
pedindo ajuda das Forças (24/11/22) | Foto: Shutterstock

Essa multidão de agentes busca incessantemente objetivos individuais, em que cada um sempre procura obter a maior satisfação possível, avaliando os meios para que possa ter êxito e com base no conhecimento de que dispõe. É incontestável que os indivíduos, para que possam empregar com eficácia seus conhecimentos na elaboração de seus objetivos, devem procurar estar em condições mínimas de prever as ações do Estado que podem afetar seus propósitos. Em outras palavras, as decisões econômicas, desde as mais simples, como a de comprar um aparelho de TV, até as mais importantes, como a de trocar de emprego ou abrir um negócio, dependem, obviamente, de fatores puramente econômicos, mas também daquilo que podemos, generalizadamente, denominar de “ambiente”, composto do conjunto de leis, normas, regulamentos, confiança, desconfiança, segurança e insegurança física e jurídica e outros elementos.

Em quadros de instabilidade institucional, como o que se está verificando nestes dias, é inequívoco que a importância desses componentes ambientais aumenta em relação à dos fatores meramente econômicos. Por isso, acredito que a tarefa dos economistas nesse contexto precisa ser mais abrangente do que aquela que normalmente desempenham em períodos em que prevalecem circunstâncias de normalidade nas instituições.

Não basta analisar se a famigerada PEC do Lula vai fazer a taxa Selic subir ou cair x% ou y%, o PIB aumentar ou diminuir w% ou z%, nem se a inflação, ou o dólar, ou o desemprego vão para a lua, Mercúrio ou Marte. Exige-se muito mais do que isso. Quando existe risco de ruptura institucional, é preciso ligar o farol de milha e buscar análises mais penetrantes, que contemplem a interdependência entre os fenômenos econômicos, políticos, geopolíticos, jurídicos, éticos, morais, sociológicos e históricos, entre outros. Para simplificar, podemos agrupar todos esses fenômenos em três grandes sistemas, o econômico, o político e o ético-moral-cultural.  
Cada um apoia-se nos outros dois e, quando um dos três entra em colapso, a sociedade torna-se instável. 
Nada de errado que os economistas se manifestem sobre taxas de juros, metas fiscais, inflação, desemprego e quaisquer outros fenômenos econômicos, mas só isso não basta. 
As relações entre economia, política e ética no mundo real são muito mais complicadas do que muita gente imagina e em ocasiões como a atual são muito mais relevantes.

No último artigo aqui em Oeste enfatizei o perigo da chuva de incertezas que a vitória do candidato do PT desencadeou na economia. Neste, vou tratar de algumas certezas, porque elas também existem e, infelizmente, porque nenhuma é agradável. Vou me limitar a cinco delas, que considero as mais importantes.

A primeira é que soa como uma enorme ingenuidade, como um sentimento quase infantil, acreditar que a simples indicação de algum economista ligado ao mercado financeiro para ser o futuro ministro da Fazenda do candidato que o TSE declarou ter sido eleito vai “acalmar” o mercado e que isso vai produzir bons resultados. 
Não basta levar um cavalo para beber água num rio; é preciso que o rio não esteja seco. 
E sabemos que no rio do PT não se encontra uma solitária gota d’água.
‘Se a Bolsa cair, paciência’, disse Lula, na COP27 - 
  [hoje, com a simples 'dipromação' 
do analfabeto eleito, a Bolsa já despencou e o dólar decolou.]
Sem meias palavras, de nada servirá chamar para tomar conta dos cofres públicos um técnico que defenda a responsabilidade fiscal, porque esse técnico vai necessariamente ter de se ajustar a um governo que certamente trata toda e qualquer austeridade com desdém, ou será demitido. 
Como pensar em austeridade se a PEC da Transição, do Lula ou da Gastança vier a ser aprovada à velocidade da luz por uma legislatura em fim de mandato? 
Como acreditar em algum ministro tucano mago das finanças, se, antes de assumir, o eventual futuro governo já está cavando um buraco quase equivalente, em valor, aos R$ 800 bilhões da reforma da previdência, negociada e aprovada a duras penas pelo atual governo? 
E se, em vez de um técnico, o ministro escolhido for um político, como não acreditar que, nesse caso, nem sequer se cogitará de levar o cavalo até a margem do rio?

De nada servirá chamar para tomar conta dos cofres públicos um técnico que defenda a responsabilidade fiscal, porque esse técnico vai necessariamente ter de se ajustar a um governo que certamente trata toda e qualquer austeridade com desdém

A segunda certeza é que não se pode esperar nada de bom — nada, mesmo! — das ideias econômicas do PT.  
Seus economistas vivem nos anos 80 do século passado e suas teses são por demais conhecidas e tresandam naftalina: é Estado para um lado, Estado para o outro, Estado para cima, para baixo, para a frente e para trás. 
Não haverá reformas modernizantes, algumas minirreformas feitas recentemente poderão ser revogadas, privatizações não serão realizadas e algumas em andamento poderão ser interrompidas, “grandes fortunas” serão taxadas, não haverá redução da burocracia e certamente os problemas crônicos que impedem historicamente o crescimento do Brasil, como o sistema tributário e o Estado hipertrofiado e ineficiente, não serão enfrentados corretamente.
 
Essa é a cara do PT e não há motivo para esperar que seja diferente, mesmo porque eles não têm escondido suas intenções de ninguém. 
Os argumentos econômicos utilizados no relatório apresentado no Senado para justificar a PEC da Gastança são um formidável conjunto de barbaridades contra a boa teoria econômica e uma confissão explícita de que não aprenderam nada com os erros que cometeram no passado.
 
A certeza é que, um tempo bem menor do que normalmente se costuma supor, a nossa economia será argentinizada e, em seguida, venezuelizada
É que as cabeças dos economistas e dos políticos do PT e de seus puxadinhos são rigorosamente semelhantes às dos seus pares que vêm destruindo impiedosamente a América Latina. 
Ora, não existem teorias econômicas específicas para cada país, ou aplicáveis apenas a uma região, ou válidas somente em um dos hemisférios, só existem simplesmente teorias certas e teorias erradas. 
E, da mesma forma que uma política econômica baseada em uma teoria boa tem de ser válida em qualquer lugar ou país, uma política baseada em falácias econômicas tem de ser prejudicial em qualquer latitude e longitude. 
Se adotarem mesmo as políticas que vêm anunciando, não receio afirmar que em nove a 15 meses viraremos Argentina e em dois a três anos estaremos bem perto de uma Venezuela
Aliás, esse — criar um clone da antiga União Soviética na América Latina — é o objetivo estabelecido desde 1990 pelo Foro de São Paulo, agora rebatizado de Grupo de Puebla. Ou não é?

Existe uma quarta certeza, que, infelizmente muitos não percebem ainda e tratam como se fosse um devaneio conspiratório, que é a da existência de uma aliança mundial entre comunismo e globalismo, com base na interseção das vocações doentias de ambos para controlar as vidas das pessoas, estabelecer o que é bom ou mau para elas, determinar o que podem ou não falar, escrever, comer, produzir, consumir, enfim, com base no pendor autoritário de um e outro.

Sim, há muitos interesses e pautas comuns entre tiranos pretensiosos do naipe de Klaus Schwab e seus amigos de Davos e da ONU — todos entupidos de reis e de dinheiro em suas barrigas — e sindicalistas tupiniquins sofrendo de abstinência do imposto sindical compulsório
entre os doidos varridos das “mudanças climáticas” e os líderes dos invasores de terras; 
- entre a Agenda 2030, a sigla ESG, o Foro Mundial com sua proposta de abolir a propriedade privada e a implantação da Unasul; [ou maais provavelmente a URSAL.]
- entre o governo da Holanda, que deseja estatizar 3 mil fazendas para que não produzam mais alimentos e os ataques sistemáticos dos progressistas de Macunaíma ao agronegócio brasileiro, que alimenta 20% do mundo; 
- entre os que atacam igrejas e obras de arte na Europa e Estados Unidos e os que fazem o mesmo aqui; 
- entre os discursos patéticos de Macron e os diretores de ONGS e políticos que, há muitos anos, exploram os indígenas no Brasil; 
- entre a permissão para praticar delitos até certo valor mágico na Califórnia e a contemporização e transigência com o crime em nosso país.
 
Caros leitores, já é tempo de pôr na cabeça que não é só a esquerda adoradora de ditadores latino-americanos que está ameaçando a nossa liberdade e que, caso o “descondenado” venha mesmo a subir a rampa, a agenda globalista será acelerada no Brasil. No cardápio, coisas como governo mundial, criptomoeda única, imposto universal, banco central mundial, abolição da propriedade privada, supressão da liberdade de expressão, ideologia de gênero, perseguição ao cristianismo e judaísmo, alimentação à base de carne produzida em laboratório e de insetos, etc. 
Não podemos ser tão loucos a ponto de duvidar da extensão da loucura dessa gente.

Por fim, há uma quinta certeza, que é do conhecimento de todos: o estado atual das coisas no Brasil não pode continuar por muito tempo. Toda essa instabilidade, incerteza, tensão, apreensão, ansiedade, todos os milhares de pessoas pedindo algum tipo de socorro em frente aos quartéis, todas as investidas do Judiciário sobre os outros Poderes, todo esse ambiente de medo, de supressão da liberdade, de boatos, todo esse sobe e desce emocional, tudo isso, afinal, vai ter de ter um fim, simplesmente porque nenhuma sociedade pode funcionar nessas condições. 

Não se sabe o que vai acontecer, o que se deve esperar é que os macacos dos Três Poderes principalmente os do Judiciário sejam levados de volta aos seus devidos galhos e obrigados a lá permanecerem e que o retorno à normalidade se dê o mais rapidamente possível. 

Leia também “Retomando o caminho para a miséria”

Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor
Instagram: @ubiratanjorgeiorio
Twitter: @biraiorio

Revista Oeste


domingo, 4 de dezembro de 2022

Faltou combinar com o povo - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Que eleição foi essa em que o árbitro escolhe um lado de forma tão escancarada e apela até para a censura para blindar seu companheiro? 

 
 Rampa do Planalto, Brasília | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
 Rampa do Planalto, Brasília | Foto: Montagem Revista Oeste - 
Shutterstock
Ao julgar pela velha imprensa, Lula foi eleito de forma absolutamente normal e inquestionável, não deve nada à Justiça, e devemos debater com toda a seriedade do mundo os nomes que ele prepara para formar seus ministérios e suas equipes, como se ninguém mais lembrasse do que ele fez no verão passado. 
 É como se todos tivessem vindo de Marte e nunca tivessem tomado consciência de quem é Lula e do que fez o seu PT com o Brasil.

O povo nas ruas não quer saber desse teatro chinfrim, dessa palhaçada toda. Está mais interessado em voltar algumas casas e debater todo o processo, clamando por transparência. O povo quer saber, por exemplo, como pode um ministro do STF agir de forma tão ilegal e ficar por isso mesmo.  
Como podem esses ministros supremos terem soltado Lula e o tornado elegível com base em malabarismos patéticos?
 
Em seguida, o povo questiona todo o processo eleitoral, opaco, centralizado, comandado por um ministro totalmente partidário que fez tudo para proteger Lula e perseguir Bolsonaro
Que eleição foi essa em que o árbitro escolhe um lado de forma tão escancarada e apela até para a censura para blindar seu companheiro? Isso é coisa de país normal, republicano?

Meu colega de revista Guilherme Fiuza tem sido uma das vozes mais enfáticas ao apontar para esse teatro do absurdo que estamos vivendo no Brasil. Ele comentou: “Brasileiros de norte a sul reagem à tramoia — expostos a chuva, sol, bombas de gás e perseguição judicial. Brasileiros de norte a sul abandonados pelas instituições e aviltados pelos cínicos clamam pelo cumprimento da lei. Ainda há autoridade no país disposta a cumprir a lei?”.

Em outro comentário, Fiuza desabafou: “Não é que a eleição tenha sido roubada. A questão é que a urna brasileira tem vontade própria — e a liberdade de escolha dela é garantida pelo TSE. Se as nossas urnas curtem um amor bandido, isso é problema delas. A dúvida é se os brasileiros vão aceitar bancar essa lua de mel”.

O PT não tem aliados, mas, sim, comparsas. Todos que estão em torno de Lula querem participar da divisão do butim da coisa pública, atuar na pilhagem do Estado brasileiro

Por fim, ele fez um alerta importante: “A conduta marginal do STF/TSE, passando por cima dos indícios de irregularidades na eleição e respondendo com tentativas de intimidação, é percebida por milhões de brasileiros como a substituição da lei pela brutalidade. É um caminho perigoso”.

De fato, estão brincando com fogo ao achar que essa parcela da população vai simplesmente engolir o sapo barbudo e fingir que tudo transcorreu dentro da completa normalidade institucional. 

Para calar essa gente indignada, o sistema podre e carcomido tem dobrado a aposta, tentando intimidar os manifestantes, tratados como golpistas e criminosos pela velha imprensa cúmplice dos verdadeiros golpistas.

No “pacotão da democracia”, assim chamado com total escárnio e deboche, os petistas querem criar crimes de “intolerância política” ou “injúria política”, sem falar de “obstrução de via pública”. São os mesmos que defendem o MST, o MTST, os black blocs e até a Antifa, sem falar do lockdown, bancando de repente os preocupados com o “direito de ir e vir”. São os mesmos que defendem a política de desencarceramento de marginais ou soltura de corruptos, querendo prender “criminosos” que simplesmente expressam sua ojeriza por uma quadrilha disfarçada de partido político.

O PT não tem aliados, mas, sim, comparsas. Todos que estão em torno de Lula querem participar da divisão do butim da coisa pública, atuar na pilhagem do Estado brasileiro.  
Alckmin sabia que o ladrão queria voltar à cena do crime; ele apenas resolveu participar dessa volta, auxiliada pelo TSE. 
Os militantes disfarçados de jornalistas simulam normalidade e querem debater a “qualidade” dos nomes indicados, como o mais cotado para assumir a pasta econômica no lugar de Paulo Guedes, o perdedor Fernando Haddad, o pior prefeito que São Paulo já teve.
Querem nos obrigar a fingir que Lula é um presidente eleito normalmente, e que não sabemos do que sua turma é capaz. 
Temos de fechar os olhos para o Foro de São Paulo e o que vem acontecendo nos países vizinhos dominados pela mesma esquerda lulista radical, apoiada abertamente por Lula e seu PT. 
Se Macron já reconheceu a vitória de Lula, então devemos nos curvar e aceitar o teatro mequetrefe montado por esse sistema apodrecido. Resta só combinar com o povo…
 
O gigante acordou, e não está muito interessado em cumprir ordens do Alexandre de forma dócil e passiva. 
Cada vez mais o brasileiro decente e patriota se dá conta do que está em jogo aqui, e não vai tolerar essa palhaçada em nome da “democracia”. São pessoas que não aceitam a ideia nefasta de alguém como Lula, da forma de que foi a eleição, subir a rampa do Planalto e voltar a “governar” como se nada tivesse acontecido. 
São brasileiros que não esqueceram do Mensalão nem do Petrolão só porque Fachin confundiu o CEP do processo legal anos depois
Para essa enorme massa, só há uma maneira de pacificar o Brasil: Fora, Lula!

Leia também “Teatro farsesco”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

ELES ESTÃO AQUI... - Cmdt. Luciano Pimentel Jorge de Souza

Nesta última noite vivi um momento "Mar da China" em pleno Atlântico Sul, cerca de 220 milhas náuticas da costa argentina, mais precisamente do Golfo de San Jorge, portanto, em águas internacionais.

Mais de cem navios oceânicos de pesca chineses apareceram no radar bem na nossa proa.
Quem já navegou no Mar da China sabe a que estou me referindo. 
Nota do Editor: a imagem é ilustrativa (Mundo Militar) e mostra um desses "cardumes" de pesqueiros chineses atuando no sul da América do Sul.

Principalmente no Estreito de Taiwan, além da parte leste da ilha Taiwanesa e na parte norte deste mar do extremo-oriente. Já passei madrugadas inteiras no passadiço me desviando das embarcações pesqueiras chinesas, que surgem como uma chuva de gafanhotos nos mares da China, como aquela narrada pelo profeta Joel na tradição bíblica. Se bem que pelo simbolismo bíblico, a "chuva de gafanhotos” pode ser entendida pela chave simbólica de leitura como a manifestação do espírito, com a devida vênia aos literalistas, enquanto que os "gafanhotos" a que me refiro no extremo-oriente são navios de pesca literais e concretos. As noites no Mar da China são iluminadas não pela Lua, e sim pelas centenas de milhares de luzes desses pesqueiros. Assim como foi a noite de ontem no Atlântico Sul.

Não são embarcações artesanais não. São navios de pesca modernos, de cerca de 50 a 70 metros de comprimento, devidamente equipados com AIS, dois radares, cartas eletrônicas, e tudo que se possa imaginar de equipamentos modernos de navegação. Em relação aos pesqueiros encontrados na noite de ontem, presumo que tenham vindo para essas águas através do Cabo Horn, e não pelo Estreito, principalmente pelo custo envolvido.

O que não é capaz de fazer uma demanda de 1,3 bilhões de bocas 
para se alimentar, não é mesmo?
Os pesqueiros chineses hoje são como os navios baleeiros americanos do século XIX, imortalizados na literatura universal através de um marinheiro que navegou nesses navios. Herman Melville nos deixou "Moby Dick" como testemunho da luta do homem contra os elementos, ou de um capitão (Ahab) enlouquecido contra seus monstros interiores expressados pelo cetáceo mitológico..

Transcrito site Percival Puggina - *O autor é Comandante da Marinha Mercante.


quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A lenda da agropecuária como vilã da crise hídrica - Revista Oeste

Sabrina Nascimento 

Especialistas esclarecem que o baixo volume de água nos reservatórios brasileiros é consequência do ciclo natural da chuva 

Não é novidade que o Brasil passa por uma das piores crises hídricas dos últimos 91 anos e que o Serviço Nacional de Meteorologia emitiu um alerta de emergência hídrica para a Bacia do Paraná, que abrange as Regiões Sudeste e Centro-Oeste do país. Especialistas apontam o baixo volume de chuva dos últimos dez anos como o responsável por esse cenário. No entanto, ambientalistas a serviço da desinformação encontraram outro culpado: a produção agrícola no Cerrado.

Cenário das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, no dia 16/6/2021 | Foto: Luis Moura/WPP/AE
Cenário das Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, no dia 16/6/2021 | Foto: Luis Moura/WPP/AE

Atualmente, o Cerrado é o segundo maior bioma do país, atrás apenas do bioma Amazônia, e tem cobertura de 2 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 204 milhões de hectares mais de 200 milhões de campos de futebol. O bioma inclui os Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e o Distrito Federal, mas também está presente em pequenas coberturas no Paraná e em Rondônia.

E, apesar de sua maior cobertura ficar na região central do país, nas últimas semanas parte da imprensa relacionou a produção agrícola e pecuária no bioma com o baixo volume de água nas Cataratas do Iguaçu, localizadas em Foz do Iguaçu, no Paraná.  Mas, afinal, as Cataratas do Iguaçu têm alguma relação com a produção agropecuária na Região Centro-Oeste do Brasil? “Nada!”, explica Luiz Carlos Baldicero Molion, professor e pesquisador aposentado da Universidade Federal de Alagoas. “Como o próprio nome diz, as cataratas são do Iguaçu, que divide o Paraná e Santa Catarina. Não tem nada a ver com o Centro-Oeste. É um argumento falso, que não sei se foi feito por ignorância ou de propósito.”

Molion explica que, para entender a atual situação, é preciso olhar o regime de chuvas. Desde o segundo semestre de 2020 até o começo de maio de 2021, a Região Sul ficou sob efeito do fenômeno La Niña, responsável por deixar o tempo mais seco e com pontos de estiagem em algumas localidades. O La Niña, ao contrário do El Niño outro fenômeno climático —, diminui a temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico tropical central e oriental, gerando uma série de mudanças nos padrões de precipitação (queda de água do céu) e também em relação à temperatura.

Quando esse fenômeno está vigente, o que acontece é uma mudança no padrão de ventos, que se tornam mais ou menos intensos, o que muda a chegada das frentes frias. Como efeito, há redução no volume de chuvas na Região Sul, enquanto no Norte e no Nordeste há aumento.  Mas esses baixos volumes de chuva na principal estação úmida não foram registrados somente nos últimos meses. “Se fosse só um ano, aí, tudo bem, é uma crise passageira, mas como é o acumulado dos últimos dez anos, o problema fica um pouco mais grave”, esclarece o pesquisador, que fez uma análise nacional da precipitação no período 2011-2020, comparada com o ciclo de 1981-2010 (média usada pela Organização Meteorológica Mundial):

No mapa, é possível ver o efeito ao longo do país. O leste (cor verde-abacate), por exemplo, apresentou reduções de até 30 milímetros de chuva por mês, em média. Isso resulta em uma baixa anual da precipitação de 360 milímetros. “Como houve uma tendência entre 2010-2021 de a pressão atmosférica aumentar nessa região entre Bahia, Centro-Oeste, na Bacia do São Francisco, na costa leste brasileira como um todo — e isso vai desde São Paulo, norte do Paraná até lá no Rio Grande do Norte, Maranhão, Piauí —, por toda essa faixa leste o país apresentou nos últimos dez anos uma redução de chuva”, diz Molion. “A problemática é exatamente essa: a chuva. As Cataratas do Iguaçu não têm nada a ver com a agricultura.”

Brasil mais seco?
Recentemente, algumas pesquisas mostraram que regiões brasileiras estariam perdendo água da superfície, com destaque para o Pantanal, conhecido pelas enchentes causadas pela alta do nível dos rios durante o trimestre chuvoso (entre novembro e janeiro). Isso, de fato, é verdade, pois houve uma “redução de chuva na ordem de 10% no país desde 2010”, destaca Molion. Porém, não é a expansão de áreas destinadas à produção agropecuária no Cerrado ou o desmatamento da Amazônia que provocam esse efeito. “A floresta existe porque chove, e não o contrário”, ressalta. “Uma árvore não é uma ‘máquina’ de produzir água, apenas recicla a água da chuva que caiu anteriormente e que estava armazenada no solo.”

A agricultura irrigada também tem sido alvo de críticas nesse momento de baixo volume de água nos reservatórios

Vale lembrar que, em anos anteriores, o país já passou por quadros hídricos semelhantes ao atual. Em 1926, por exemplo, quando nem se falava em desmatamento da Amazônia e o Brasil não era um grande exportador de alimentos, a população vivenciou um período de seca causado pelo fenômeno climático El Niño. Já em 1964, foi o Oceano Atlântico tropical norte mais quente que provocou a deficiência de chuva. Essa última “variabilidade natural” é o agente causador da seca de 2021. “Portanto, o desmatamento não afeta as chuvas no restante do país.

Como se trata de um ciclo que se repete ao longo dos anos, a irregularidade climática tem um início e um fim. Os mais pessimistas acreditam que uma regularidade só será vista a partir de 2040. Entretanto, Molion estima que “entre 2030 e 2035 já poderemos ver uma normalidade”, sem eventos excepcionais, como secas extremas. O último longo período de precipitação baixa foi entre 1946 e 1975.

Uso da água para irrigação
A agricultura irrigada também tem sido alvo de críticas nesse momento de baixo volume de água nos reservatórios. A categoria corresponde a menos de 20% da área total plantada no Brasil e produz mais de 40% dos alimentos, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Atualmente, os pivôs centrais (estrutura de irrigação suspensa com motor e rodas para que haja o deslocamento na lavoura) são o principal sistema de irrigação brasileiro, superando o método de inundação adotado para o cultivo do arroz na Região Sul.

Originalmente, os pivôs centrais começaram a ser usados para o cultivo de grandes culturas, como soja e milho. Porém, já são encontrados em plantações de batata, cenoura, café nas áreas de Cerrado, cebola, alho e cana-de-açúcar. “Esses equipamentos são também indutores do cultivo das culturas de inverno, como o trigo e a cevada na região do Cerrado”, comenta Daniel Pereira Guimarães, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. “Sob condições irrigadas, o trigo tem apresentado alta produtividade, inclusive no semiárido brasileiro, indicando o potencial da irrigação para a redução das importações desse cereal.”

Apesar dessa contribuição, o aumento da rigidez na gestão de distribuição da água por parte de governos estaduais volta seu olhar para os agricultores que utilizam a técnica. Há um receio por parte do poder público e de ONGs do uso excessivo de recursos hídricos com os pivôs. No entanto, eles se esquecem de que muitos produtores rurais têm açudes (tanques) em suas propriedades para armazenamento de água no período de abundância. Além disso, “sistemas eficientes de irrigação podem inclusive contribuir para a mitigação da deficiência hídrica nos períodos de estiagem”, explica o pesquisador.

Diante desses fatores, ao que tudo indica, o único setor que registrou crescimento econômico em 2020, mesmo durante uma pandemia global, continuará a ter pela frente inúmeros desafios, não só climáticos, que atingirão diretamente a produção no campo. Apesar de seu protagonismo mundial na produção de alimentos — ou justamente por isso —, terá de lidar com críticas de ambientalistas que atribuem ao setor a responsabilidade pelo desmatamento e pela falta de chuva no país

Leia também “Agricultura lidera a preservação ambiental”

Sabrina Nascimento, jornalista - Revista Oeste


sexta-feira, 16 de julho de 2021

Recesso? - Alon Feuerwerker

Análise Política
E a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 entrou num teórico recesso, acompanhando a parada parlamentar decorrente da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Mas é possível, ou provável, que continue abastecendo o noticiário com achados a partir de documentos das já aprovadas quebras de sigilo. Que até agora parece não ter rendido muita coisa, mas sem as oitivas (interrogatórios) para ocupar o tempo abre-se a oportunidade de avançar nesse outro caminho.

A sessão de hoje recolheu mais detalhes sobre a suposta negociação, afinal abortada, para a aquisição por meio de atravessadores de centenas de milhões de doses da vacina AstraZeneca. E da Janssen. É uma teia com a participação fulgurante de diversos militares da reserva, que naquele momento estavam em escalões inferiores (do segundo para baixo) da Saúde. Afinal, acabou acontecendo o previsível, e que foi previsto: quem sai na chuva (militares da reserva em cargos civis) corre o risco de de molhar.

[caso a CPI Covidão arranje alguma noção - condição difícil de ser alcançada, com os dirigentes que possui - vai constatar que tem milhões de bytes registrando narrativas fantasiosas e nenhum fiapo de provas. 
Para ferrar de vez com a turma do Aziz, Calheiros, Rodrigues, 'drácula' e Barbalho, os fatos relevantes que ocorreram envolvendo integrantes da CPI foram:
a - indiciamento pela Polícia Federal do relator Calheiros; e,
b - a doença do presidente Bolsonaro e a viagem do vice-presidente Mourão, que trouxeram  à tona, a possibilidade de Arthur Lira não ter condições de assumir a presidência da República. Entendimento do Supremo proíbe que réus em ações penais no STF, possam assumir, ainda que temporariamente, a presidência da República. Imagine quem presidia o Senado, se tornou réu em ação penal, e foi impedido pelo STF de assumir a presidência da República?  o relator Calheiros.
Os fatos apontados em 'a' e 'b' diminuem mais ainda a credibilidade, que é praticamente nenhuma,   da Covidão.]
Há várias lacunas nesta história das vacinas e dos atravessadores, mas uma é mais intrigante.  
Se autoridades tomaram conhecimento de centenas de milhões de doses de vacinas disponíveis para comercialização, num cenário global de escassez de imunizantes, por que não ocorreu a ninguém ligar, ou mandar uma mensagem, ou um ofício, aos fabricantes? 
Para perguntar se, afinal, as vacinas existiam mesmo. Porque se existissem seria então o caso de comprar direto da fábrica.
Sem contar que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é parceira da AstraZeneca, vacina hoje presente, em ordem de grandeza, nos braços de metade dos vacinados no Brasil. Imagina-se que não haveria dificuldade de a Fiocruz negociar diretamente com a AstraZeneca. 
Ou seja, a presença da plêiade de personagens que hoje desfilam pela CPI era absolutamente dispensável no palco político-sanitário montado em torno do tema Covid-19 e vacinas.

Para o governo, a boa notícia é que a CPI, apesar do esforço, quando a pauta é corrupção, ainda sequer resvalou no primeiro escalão ministerial ou na presidência da República. Prorrogada, ela tem agora mais três meses para tentar aproximar-se do verdadeiro objetivo.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


segunda-feira, 31 de maio de 2021

A Ordem Pública tem que ser mantida, custe o que custar; a Polícia tem o DEVER de agir com energia e usar a força necessária

Malu Gaspar - O Globo

GOVERNO EM XEQUE 

A violência [(sic) - agora, a ação enérgica da autoridade policial contra desordeiros tem o nome de violência.] da PM em Recife e o perigo de conflitos em 2022 

A comparação entre a postura da Polícia Militar nos protestos do último sábado, contra Bolsonaro, e na manifestação do final de semana anterior, a favor do presidente, traz um alerta preocupante para as eleições de 2022: o de que o bolsonarismo enraizado nas polícias e a insubordinação contra governadores de oposição ao presidente possa  provocar ainda mais conflitos num ambiente político já polarizado e conflagrado. 

[se ocorrerão conflitos em 2022 só DEUS sabe - talvez o desespero por ter que suportar a presença do capitão por mais 4 anos, leve seus adversários a um comportamento belicoso, o que provocará reação à altura; 
se o presidente Bolsonaro terá algum adversário, merecedor de tal classificação, é notório que não.
Os eventos bolsonaristas de 1º de maio e os do final da semana 23/maio, transcorreram em perfeita ordem, a polícia estava presente mas não precisou atuar = não houve bagunça, desordem = coisas desagradáveis e que só ocorrem em manifestações da esquerda (rotina que se repete desde 68, nas ocasiões em que  os inimigos do Brasil se manifestam; desde aquele ano estão sempre a procura de cadáveres para suprir a falta de argumentos e programa de governo, que lhes falta.)

Na motociata a favor de Bolsonaro, no Rio de Janeiro, havia mais de mil policiais militares, mas a única pessoa agredida foi um jornalista – e pelos próprios manifestantes, hostis à presença da imprensa. [não há hostilidade à presença da imprensa; o que irrita profundamente é a manipulação nas narrativas, criando situações que não correspondem à verdade - felizmente, apenas parte da imprensa, a que se alinhou aos que são contra o Brasil, manipula notícias. A imprensa legítima, que narra fatos e não versões, esta sempre será bem-vinda, necessária e querida.
Se saber como os fatos ocorreram - muitas vezes por buscar duas ou três fontes de notícia, da imprensa verdadeira - e ver outros órgãos da imprensa mentindo deslavadamente, deturpando fatos, tornando o governo do capitão o causador de todos os males (incluindo pandemia,desemprego, falta de chuvas, etc) é algo que irrita ao extremo.]
No ato em Recife, a escaramuça começou sem motivo aparente, e foi desencadeada pela própria PM - contra a orientação do chefe da polícia, o governador Paulo Câmara (PSB), que recomendava apenas acompanhar a manifestação e evitar excessos. [por óbvio, a recomendação acompanhar a manifestação inclui seguir o roteiro autorizado e a de evitar excessos inclui conter bagunça, vandalismo, etc.]
Imagens registradas pelos manifestantes mostram que o ato transcorreu pacificamente até o final do trajeto, quando os policiais passaram a disparar balas de borracha e spray de pimenta sobre as pessoas. Nas apurações preliminares, os PMs disseram ter disparado balas de borracha porque os manifestantes não se dispersaram no local combinado e seguiram caminhando por mais um trecho. [desobedeceram o trajeto autorizado e a PM cumprindo o DEVER de acompanhar a manifestação, sendo pacífico que a desobediência dos manifestantes ao combinado, buscava apenas provocar a polícia e balas de borracha e spray de pimenta são métodos eficazes, não letais, de conter desordeiros. Quanto aos feridos - estranhamente não participavam do protesto, mas estavam no meio. Quanto a vereadora do PT, dispensa comentários, pois o simples fato de pertencer ao perda total = pt,  já a credencia como capaz de provocar qualquer situação, desde que contrária à Ordem Pública.]
Nos dias anteriores à manifestação, o Ministério Público estadual notificou o governo para que o ato não fosse permitido, mas a decisão final foi de autorizá-lo. 

Na confusão, ao final do protesto, a vereadora do PT Liana Cirne foi derrubada com um jato de spray de pimenta. E  duas outras pessoas que nem sequer participavam do protesto [(sic) = tem muitos que acreditam em Papai Noel, Saci-Pererê] Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, de 29 –, foram atingidos no rosto por balas de borracha disparadas por policiais militares. Daniel perdeu a visão no olho esquerdo e Jonas, no olho direito. O governador afastou os comandantes da operação, abriu um procedimento disciplinar e já determinou que as vítimas da PM sejam assistidas e indenizadas. [estranho é a celeridade do governador Paulo Câmara em decidir quem são as vítimas e que merecem indenização. Tudo isso em  procedimento de minutos - já um cidadão de bem que sofra um acidente de responsabilidade do Estado,  tem que ingressar com ação, esperar anos e anos e quando a decisão o favorece, tem que esperar mais alguns anos, já que  o Estado recorre com o único objetivo de retardar.
Provavelmente, a celeridade cairá na conta da grana que as autoridades locais receberam do Governo Federal e cujo uso não está sujeito  à prestação de contas - a grana é para combater a pandemia, mas quem no Brasil vai contrariar uma autoridade local?] O governador também gravou vídeos em que repudia a ação violenta da PM. Mas não dá entrevistas, por exemplo, para não melindrar a polícia mais do que o que considera que seria razoável. 

Câmara tem diante de si um desafio pelo qual já passaram seus colegas de São Paulo, João Doria (PSDB), do Ceará, Camilo Santana (PT), e da Bahia, Rui Costa (PT)  – todos de oposição ao presidente da República. Em maio de 2020, atos pró e contra Bolsonaro convocados para o mesmo dia em São Paulo terminaram com conflito entre a PM e manifestantes contra o governo federal. Antes dos protestos deste final de semana, porém, Doria reuniu o Conselho de Segurança Pública de São Paulo e deu ordem expressa aos comandantes das polícias para que não houvesse agressão aos manifestantes. [a polícia não agride manifestantes, porém quando agredida reage com a energia necessária - é um procedimento padrão, um protocolo,  que Doria, o governador das vacinas que estão sempre em falta, não tem autoridade para modificar. Os manifestantes se comportaram e foram tratados da forma que pessoas de bem, ordeiras, pacíficas são tratadas.] 

A preocupação de especialistas [quando os 'especialistas' entram em cena, a credibilidade desaparece, já que poucos sabem do que estão falando.  E quando se trata de  'especialistas em segurança', surge aquele que é ex-ministro de dois ou três ministérios e cuja credibilidade é inferior a ZERO.]  e de governadores é que o caldo de insatisfação e de politização das tropas Brasil afora provoque ainda mais conflitos à medida que as eleições se aproximarem, com mais manifestações contra e a favor do governo. [se a turma dos inimigos do Brasil, da oposição sem noção e sem programa de governo, mantiver uma postura só encontrada em opositores dignos e que sabem perder, a PAZ ESTARÁ GARANTIDA.
Aos PATRIOTAS, aos AMIGOS DO BRASIL, aos que respeitam e querem o melhor para a PÁTRIA AMADA, não interessam conflitos, badernas, desordens.
Queremos o ORDEM e PROGRESSO, que são essenciais para economia sólida, pleno emprego,  paz, saúde e prosperidade.

"As polícias militares são hoje um barril de pólvora", diz  Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor do Departamento de Gestão Pública da FGV-EAESP.  "Os policiais estão à flor da pele. Eles gostariam de estar reivindicando melhores salários, mas para fazer isso teriam que bater no Bolsonaro, porque os salários estão congelados por ação do governo federal", explica Lima.

Uma pesquisa publicada pelo Fórum no ano passado mostrou que 35% dos oficiais e 41% dos praças de todo o Brasil interagem em redes sociais bolsonaristas. Em geral, se posicionam de forma favorável ao presidente, que desde a pandemia alimenta conflitos com os governadores em torno da necessidade de isolamento social. [o presidente Bolsonaro tentou, nos tempos do autonomeado primeiro-ministro Maia, transferir as polícias militares para o Governo Federal e, naturalmente, a proposta de projeto de lei  foi recusada = a velha história das autoridades locais que sempre desprezam o ônus e querem o bônus.]

"Essa contradição só aumenta a tensão na tropa", explica Lima. 

No Ceará, em fevereiro de 2020, PMs fizeram um motim e pararam durante 13 dias por melhores salários.  Situação semelhante aconteceu na Bahia, em março deste ano, quando um policial militar foi abatido depois de passar cerca de quatro horas dando tiros para o alto e gritando palavras de ordem no Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Na ocasião, houve ameaça de greve, mas a paralisação acabou não acontecendo. Nos dois casos, os governadores ameaçaram punir os policiais, mas até hoje não foi divulgada nenhuma punição. [No caso do Ceará, ao que se sabe motim é crime, se houve motim o julgamento passa a ser da Justiça Militar, governador não tem competência para julgar crimes = se ocorreu denúncia e não seguiu com certeza foi denúncia  vazia = aquelas que o denunciante narra como fatos seus desejos não realizados; quanto aos baianos houve um surto de um policial e seu abate, lamentável,  se tornou necessário para evitar mais mortes. O padrão neste caso consiste em uma investigação, mediante IPM,  que comprova a necessidade da providência, sendo o resultado  encaminhado ao MPM, por este a Justiça e é arquivado.]

Malu Gaspar, colunista - O Globo


sábado, 6 de fevereiro de 2021

O triunfo da mentira - O Estado de S. Paulo

A covid-19 foi a descoberta para os políticos brasileiros, que viram na epidemia uma belíssima oportunidade para tirar proveito pessoal

A covid-19 foi sem dúvida a descoberta do ano para os políticos brasileiros. Desde o primeiro caso de infecção, boa parte dos nossos homens públicos viram na epidemia uma belíssima oportunidade para tirar proveito pessoal e “assumir posições” - calculadas para dar mais gás (ou o que eles acham que é mais gás) para as suas carreiras. Vivem falando que agem de acordo com a “ciência”. Mentira. Eles não sabem rigorosamente nada de ciência, mas acreditam saber tudo sobre os truques mais eficazes para utilizar em seu benefício uma tragédia – e o pânico trazido por ela. O governador João Doria foi um dos primeiros a ver o potencial desta mina. Dez meses depois, continua achando que ainda há muita coisa a tirar daí.

No dia 13 de novembro, duas semanas antes do segundo turno das eleições municipais, o governador disse o seguinte, em praça pública: “Vim aqui para desmentir mais uma fake news”, disse Doria, àquela altura convencido de que manter em grau mais moderado seu sistema de repressão ao vírus, como vem ocorrendo nos últimos meses, era a postura mais rentável para dar votos ao seu candidato Bruno Covas. “Depois das eleições nós não vamos endurecer as medidas de combate à pandemia. A pandemia está sob controle.” Afirmou, também, que as previsões de endurecimento eram “um golpezinho” de campanha eleitoral.

As urnas mal tinham sido fechadas quando o governador, que então já não precisava mais dos votos, mandou fazer exatamente o contrário do que havia acabado de prometer: depois de uma campanha eleitoral vivida dentro da “fase verde” das restrições, Doria votou a impor as exigências da “fase amarela”, mais extensas e rigorosas. Qual foi, nessa história, a notícia falsa: o anúncio do endurecimento que viria depois da eleição, ou o desmentido formal do governador?

A covid-19, ao ser utilizada como ferramenta política, transformou-se no triunfo da mentira. Essa malversação dos fatos, feita de forma sistemática e maciça, leva aos disparates que se repetem diariamente à vista de todos. Há a vacina “boa” (a estadual) e a vacina ruim (a federal), com o pormenor de que nenhuma das duas existe. Há a aglomeração “ruim”, quando é feita pelos adversários políticos, e a aglomeração “boa”, quando é feita nas sedes de partidos para comemorar as vitórias do segundo turno. Há os chiliques constantes das autoridades diante de “ameaças ao distanciamento social”, e a sua mais absoluta indiferença com os ônibus, trens e metrô que viajam lotados todos os dias.

A Prefeitura de São Paulo é patentemente inepta para cuidar de tarefas elementares e essenciais, que o homem sabe executar há 5.000 anos, como manter os bueiros da cidade razoavelmente limpos – a causa direta das enchentes a qualquer chuva mais forte. É inepta para cortar árvores que ameaçam cair sobre a rua e matar gente, como acaba de acontecer na Vila Mariana – apesar de todos os pedidos de providências por parte dos moradores. É inepta para consertar os buracos de rua. Mas o prefeito e o governador são craques em usar máscaras pretas fashion, brincar de “cientista” e propor a “igualdade social”. É onde São Paulo veio parar.

JR Guzzo, jornalista - O Estado de S.Paulo - 02 dezembro 2020


terça-feira, 14 de maio de 2019

Bolsonaro deixa Moro mais de um ano na chuva

Jair Bolsonaro parece ter pretendido acalmar Sérgio Moro ao dizer em entrevista que vai nomeá-lo para a primeira vaga que aparecer no Supremo Tribunal Federal. O presidente pareceu querer dar uma satisfação à opinião pública de que seu ministro mais popular tem seu aval e, ao mesmo tempo, dizer ao auxiliar para aguentar o tranco do desgaste político porque, ao fim e ao cabo, o tão esperado prêmio da Mega Sena virá.

Será que o presidente é tão ingênuo assim politicamente? Porque ao tornar pública uma promessa que, agora revela, fez em público a Moro quando do convite para que ele aceitasse ser seu ministro da Justiça, Bolsonaro acaba por desgastá-lo ainda mais. A ficha de Moro também demorou a cair. Em entrevista a uma rádio paranaense, recostado confortavelmente numa cadeira e esboçando um risinho orgulhoso, o ex-juiz parecia feliz com a promessa pública do presidente em entrevista na manhã de ontem.

Depois, diante da evidência de que anúncio tão prematuro o expõe e o deixa ao sabor das intempéries políticas por mais de um ano, Moro passou a dizer que a futura ida ao Supremo não foi condicionante para que aceitasse a Justiça. É óbvio: ao associar os dois movimentos, Bolsonaro deixa Moro ao sabor das teorias de que agiu politicamente quando juiz da Lava Jato, transforma uma das pastas mais importantes de seu próprio governo num mero pedágio para um objetivo maior e dá tempo aos que não toleram Moro de tramar algo para dinamitar seu caminho ao Supremo nesse longo período de exposição.

Esse último movimento já começou: parlamentares se movimentam para aprovar nova extensão na idade compulsória para aposentadoria de magistrados, de 75 para 80 anos, para tentar tirar de Bolsonaro a prerrogativa de indicar o sucessor de Celso de Mello. [a ampliação para 80 anos é irrealizável, jamais irá prosperar e para voltar aos 70 anos, faltam condições políticas.
O caminho que tem sido cogitado é impor uma quarentena aos que foram ministros de Estado, ou funções similares, para que possam ser nomeados ministros do STF.
De mais fácil aprovação e pode alcançar Moro.] 
 
Moro é neófito na política, daí por que os tombos que vem levando nessa relação sejam compreensíveis. Bolsonaro, não. Que erre tanto e de forma tão sistemática em tudo que exige um mínimo de sofisticação de raciocínio é um bom indicador de por que seu governo patina tanto nesse começo.