Há uma
chance de o PT não ser vítima de sua obsessão. Só mesmo o Judiciário
pode salvar o partido de si mesmo, votando contra as pretensões da
legenda — e, ora vejam!, desrespeitando a lei. Parece conversa de
maluco. Mas explico.
A ministra
Rosa Weber, presidente do TSE, recusou, no fim deste domingo, o pedido
do partido para prorrogar o prazo estabelecido pelo tribunal para
substituir Luiz Inácio Lula da Silva por outro candidato — leia-se:
Fernando Haddad. Assim, a data-limite é mesmo esta terça-feira, 11 de
setembro. Ao mesmo tempo, a ministra fez o juízo de admissibilidade do
Recurso Extraordinário impetrado pelo partido e decidiu enviá-lo ao
Supremo. O relator é o ministro Celso de Mello. O partido, obviamente,
está abusando do pensamento mágico, Insiste na elegibilidade de Lula.
Quando menos, quer estender até o dia 17 a fantasia de que é ele o
candidato.
Mas, com
efeito, cumpre destacar: as duas decisões de Rosa — negar o adiamento e
enviar o recurso ao STF — mostram o pântano jurídico a que está
submetida a questão.
Ao manter o
dia 11 como a data-limite, Rosa referenda a decisão tomada por 5 dos 7
ministros do TSE — ela mesma divergiu: votou pela inelegibilidade de
Lula, sim, mas considerou que o Artigo 17-A da Lei 9.504 permite, e
permite mesmo!, que ele permaneça candidato enquanto a questão estiver
sub judice. E está sub judice. Tanto é assim que a ministra mandou o
recurso para o Supremo. [a questão de manter preso o sentenciado Lula continua sub judice - enquanto o STF aceitar desperdiçar tempo recebendo petições dos defensores do presidiário petista (petições repetitivas, sem nenhuma argumentação jurídica séria a sustentá-las, tudo feito no estilo de rebocar paredes: joga a massa, se colar, colou.
No caso das petições poderia trocar o substantivo massa por outro, aproveitando apenas a letra M.)
O que não está mais em discussão, por ser matéria resolvida é a elegibilidade do presidiário ou não.
Lula, Marcola, Fernandinho Beira-Mar, são cartas do mesmo naipe - o petista mais sujo, já que abusou de um cargo público para cometer crimes;
e alguém aceitaria discutir que uma eventual apresentação da candidatura de Beira-mar ou Marcola deveria ser apreciada pela Justiça? A resposta única é um NÃO.
Então qual o motivo da do petista estar sub judice?]
Quem vai,
pois, dar a palavra final é esse tribunal. Mas, se é assim, como é que o
prazo para a mudança se esgota amanhã? E se o tribunal, até lá, não
tiver dado a palavra final? Sim, leitor amigo, tão certo como dois e
dois são quatro, o STF vai referendar a inelegibilidade de Lula. Mas,
por óbvio, seria preciso esperar que batesse o martelo. É claro que o
carro está adiante dos bois. Que se
note, no entanto: essa bagunça criada pelo TSE — por iniciativa de
Roberto Barroso e o endosso de outros cinco membros do tribunal — é que
pode salvar o PT de si mesmo. Reitero: pode, não sei se vai. O tempo de
Haddad se estreita. Já estamos a menos de 30 dias da eleição, e os
petistas estão apostando todas as fichas na transferência de voto. Ainda
que ela seja plausível, dado o prestígio eleitoral de Lula, está muito
longe de ser certa. Se a demora para trocar o candidato era uma
estratégia, vira, a cada hora, uma armadilha.
E que pode
ter consequências. Barroso avisou que o tribunal não mais vai tolerar
que Lula apareça no horário eleitoral como candidato ou de forma
ambígua. Ameaça cassar o tempo do partido se isso voltar a acontecer. E
tudo, insista-se, antes de o Supremo se manifestar. O
ex-presidente pode não ter percebido, mas eu lembro: desde o dia 6,
quando houve o ataque a Bolsonaro, as atenções se deslocaram da sede da
Polícia Federal em Curitiba para, agora, o paciente do hospital Albert
Einstein. Também o candidato do PSL passa a ter a vantagem do silêncio,
como Lula, falando por intermédio de outros e sem poder ser confrontado.
Blog do Reinaldo Azevedo
LEIA TAMBÉM:Será que PT, depois de agressão sofrida por Bolsonaro, pode continuar a ignorar candidato, como fazia, preferindo por bater em Temer?
".....
e o próprio PT, por enquanto, se nega a tratar o ex-prefeito de São Paulo como candidato. ..."