Análise Política
Este novembro deve ser interessante na corrida presidencial. Saberemos
enfim se Sergio Moro se apresentará candidato a presidente da República,
se o contendor do PSDB será João Doria ou Eduardo Leite, quanto o
relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da
Covid-19 impactará a musculatura política de Jair Bolsonaro e, talvez,
se André Mendonça será mesmo ministro do Supremo Tribunal Federal.[o senador que preside a CCJ tem plena convicção que expirando seu mandato, não será eleito para mais nada. Tenta, desesperadamente, retardar o ostracismo que o aguarda (aliás, que com uma única exceção, sempre foi seu companheiro). Vai fracassar mais uma vez.] Sem
contar os imprevistos.
Notícias não devem faltar.
Novembro será também o mês em que saberemos melhor se continuará
sustentável a até agora surpreendente resistência dos brasileiros à
variante Delta do novo coronavírus. Por alguma razão ainda não
completamente esclarecida, estamos melhor no confronto contra a variante
de origem aparentemente indiana, na comparação com países adiante de
nós na vacinação. [No campo da opinião, acreditamos que graças a DEUS alcançamos paralelamente outras medidas a 'imunização de rebanho'.] Os exemplos mais evidentes são os Estados Unidos e
Israel.
O jornal digital Poder 360 levantou as informações. O
desempenho brasileiro diante da Delta tem sido muito melhor que o
norte-americano e o israelense. Mas também muito melhor que o dos
habitantes do Reino Unido. Sabe-se ainda que dois países das
redondezas, Uruguai e Chile, acompanham o Brasil no bom momento do
combate ao SARS-CoV-2. Espera-se que os cientistas algum dia consigam
explicar por quê.
Talvez demore, mas, como se diz, o tempo vai ser o senhor da razão, e,
um dia, quando a poeira baixar, saberemos o que aconteceu. Até lá,
infelizmente, enquanto os exércitos se engalfinham de olho nas urnas
eletrônicas, medidas deixam de ser tomadas pela insuficiência de
racionalidade.
Haveria algumas hipóteses principais para o Brasil estar indo melhor que
a concorrência contra a Delta. Talvez o surto da Gama (“de Manaus”),
com seu trágico saldo de infecções e mortes, especialmente em
março/abril, tenha ajudado a produzir em larga escala imunidade capaz de
proteger contra a Delta. Talvez a CoronaVac, aplicada aqui, no Uruguai e
no Chile, e não aplicada nos EUA, no Reino Unido ou em Israel, seja
mais efetiva que as competidoras nesse particular (anti-Delta).
A terceira possibilidade é uma combinação das várias.
Outro detalhe é por que as curvas de casos e mortes (por data real)
estão declinando desde março/abril, quando a vacinação ainda estava no
início. Na teoria mais aceita, a imunidade de rebanho para o SARS-Cov-2
só seria alcançada com um mínimo de 60% de imunizados. E
ainda estamos, agora em outubro, com apenas metade (49%) de
completamente vacinados, apesar de 75% já terem tomado pelo menos uma
dose.
São ou deveriam ser achados instigantes, que se olhados e estudados com
honestidade intelectual e acadêmica poderiam ensejar políticas públicas
mais eficazes para adiante. Ainda mais contra um vírus que parece ser
uma fonte de surpresas.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político