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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Ministro é convidado a explicar o disparate que foi o Enem - Alexandre Garcia

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e a Comissão de Agricultura do Senado aprovaram convite ao ministro da Educação, Camilo Santana, para explicar esse disparate de domingo passado, que foi essa prova do Enem. Eu não quero nem falar da politização, da ideologia; quero falar é da falta de entendimento. 
O próprio ministro diz que ele não conseguiria responder as questões; eu também não conseguiria, porque eu não entendi os enunciados, os pressupostos, que estão redigidos em um português horrível, sem nenhuma clareza ou simplicidade. Isso mostra a complexidade mental desses tais “professores independentes” que confeccionaram a prova.
 
Pobre do aluno do ensino médio que teve de tentar entender aqueles absurdos, como a proposta de redação. 
Era para falar sobre a profissional que também é dona de casa, mas eles inventam termos que não existem: “desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. “De cuidado”? 
Que trabalho é esse? Seria o de cuidar da casa, mas eles são muito obtusos, já pressupõem a “invisibilidade”. Como assim? Todas as famílias aplaudem a mãe, a avó, que cuidam da casa. Nunca esquecemos desse cuidado.

Vamos ver o que vai acontecer com o ministro da Educação indo lá. Ele disse que não é responsável, mas é responsável, sim. O governo é responsável.

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Marina Silva terá de explicar “perseguição ao agro” na Câmara
Também houve a convocação – não um mero convite, mas convocação – da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pela Comissão de Agricultura da Câmara. Ela terá de explicar por que, segundo os deputados, o Ministério do Meio Ambiente está perseguindo a agropecuária brasileira, principalmente na Amazônia. 
Como no caso daqueles pobres coitados que foram postos lá pelo Incra, em 1994, e agora estão sendo retirados de uma terra onde eles estão plantando há 30 anos, tudo porque criaram depois uma reserva indígena. 
 São pessoas que não têm para onde ir e estão sendo tratados pelo governo como criminosos, quando na verdade deveriam receber pedidos de desculpas, indenização, casa nova e terra equivalente à área em que o Incra os tinha colocado. 
Além disso, Marina Silva também terá de explicar por que as queimadas desse ano estão sendo maiores que as do ano passado no Amazonas, em Roraima e no Acre; e será questionada sobre a burocracia que está amarrando o setor agropecuário.
PF prende dois suspeitos de ligação com o Hezbollah
Tenho dito aqui que os problemas da Amazônia estão mais perto de nós que os problemas do Oriente Médio, da Faixa de Gaza
Mas agora vimos que a Polícia Federal prendeu duas pessoas – uma no aeroporto de Guarulhos (SP) – suspeitas de ligação com o Hezbollah, grupo que segue as ordens do Irã, considerado país terrorista pelos Estados Unidos
Segundo a PF, eles estavam planejando atentados e manifestações contra a comunidade judaica aqui do Brasil – e recrutando brasileiros para isso! Não foi pouco, foram sete ações da Polícia Federal em Minas Gerais, duas no Distrito Federal e mais essas duas prisões; e há outros dois brasileiros no Líbano fazendo ligação com o Hezbollah e que estão na lista da Interpol.
 
O Hezbollah é uma milícia xiita, como xiita foi o atirador que descarregou um fuzil AK-47 em mim, em 1982. 
Se eu não tivesse formação de infantaria estaria morto. 
Quando eu vi o zumbido que eu conhecia, fui para o chão. 
Levantei a cabeça, deu mais uma rajada. 
Eu rastejei até uma proteção de uma floreira de concreto e rolei para dentro. Só que eu estava desarmado.
 
Temos um histórico na região da Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu (PR), de pessoas que, perseguidas por terrorismo, vão “esfriar” naquela região. Respeitam as leis brasileiras, até para serem esquecidos. Ficam lá anos. 
E o terrorismo islâmico já agiu contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992. O atentado de lá matou 30 pessoas. Não há como descansar. É a eterna vigilância para não aparecer o terror aqui no Brasil. É uma guerra que chega aqui dentro, infelizmente. Por isso, parabéns para a PF, que inclusive recebeu informações de agências de inteligência de Israel e dos Estados Unidos.
 
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
 
Alexandre Garcia, colunista, Gazeta do Povo - VOZES
 

terça-feira, 7 de novembro de 2023

O ENEM, a redação do ENEM, os valores do ENEM e… Ludmilla - VOZES

Paulo Polzonoff Jr. - Gazeta do Povo

"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

"O vira do Piranga"

 ENEM Ludmilla

Ludmilla se fantasiou de Whitney Huston para passar vergonha esquecendo a letra do Hino Nacional. Será tão difícil assim?| Foto: Reprodução/ Twitter

1. O ENEM nasceu como Exame Nacional do Ensino Médio, mas essa historinha para boi dormir não engana mais ninguém – se é que enganou algum dia. 
Hoje, o ENEM se tornou símbolo do fracasso que é a transmissão de conhecimento no Brasil e virou Exame Nacional do Energúmeno Médio. Ou, para usar a definição quase perfeita de um amigo, Exame Nacional da Estupidez Militante.

2. O ENEM é o ápice da educação planificada. É uma abominação. É uma confissão de derrota nascida da preguiça de uma sociedade que relegou ao Estado, na figura sentimentaloide dos professores, a educação de sua prole. O ENEM é o apogeu da doutrinação – mas isso é o de menos. O ENEM é o sacrifício anual da vocação para a excelência no altar de um supostíssimo sucesso profissional.

Questão de lógica
3. Está com tempo? Ótimo. Então vamos ler juntos a questão sobre o agronegócio. Vamos ler com calma. “No cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio”, começa o enunciado da questão. Que lógica é essa? Os autores dessa burrice-com-selo-do-MEC parecem pressupor que é a lógica do lucro a qualquer custo. E não é porque Marx ensinou, não. É porque essa gente se olha no espelho e sabe que está disposta a tudo, que paga qualquer preço para se manter no poder. E não consegue conceber um mundo habitado por pessoas que tenham valores menos corrompidos.

4. Adiante, a questão diz que “de um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos”, blá, blá, blá, ”e de outro [que na verdade é o mesmo], o modelo capitalista subordina”, mó, mó, mó, mó [LER COM A VOZ DA PROFESSORA DO CHARLIE BROWN] homens e mulheres à lógica do mercado. Olha ela aí de novo, a tal da lógica como inimiga. Não é à toa. Eles sabem que, para impor o comunismo, é preciso substituir a lógica, qualquer lógica, pela força. Afinal, ironicamente essa é a “lógica” do comunismo: o triunfo da vontade de uns poucos sobre os demais.

5. “Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens comuns) tornam-se propriedade privada”, continua a questão. E, dessa forma, ficamos sabendo que o aluno do ENEM tem de demonizar a propriedade privada simplesmente porque alguém decidiu que as águas, as sementes, os minerais e a terras são “bens comuns”. Provavelmente destinados à exploração sustentável por uma casta de iluminados imunes a qualquer tipo de pecado. E tem gente que ainda acredita nisso.

6. E finalizam a questão com uma lista de outros “fatores negativos”. Fatores negativos de um setor que só tem gerado riqueza e alimentado o mundo. Um setor sem o qual seríamos hoje ainda mais miseráveis do que somos. Um setor que, a despeito da propaganda suja, contribui muito mais para a proteção do que para a devastação do meio ambiente. Um setor cujo pecado é ser bem-sucedido.

7. Mas quais seriam esses fatores negativos? A eles, pois: “a mecanização pesada [é para voltarmos ao tempo do carro de boi? ], a ‘pragatização’ [ãhn?] dos seres humanos e não-humanos [é piada, né? diz que sim, por favor], a violência simbólica [ai!], a superexploração [do quê?], as chuvas de veneno [poesia numa hora dessas?] e a violência contra a pessoa [que pessoa?]”.

Visibilidade
8. Aí teve a redação. O tema era
“Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Fiquei pensando, pensando, pensando. E cheguei à conclusão de que provavelmente tiraria ZERO na redação do ENEM porque, para começo de conversa, desde quando “invisibilidade” é um problema? Diria mais. Diria que, no meu mundo ideal, na utopiazinha que também trago comigo, a invisibilidade deveria ser um objetivo – e não só entre as mulheres que cuidam de idosos, crianças e doentes.

9. Insuportavelmente contemporânea é essa obsessão pela visibilidade. Como se só existissem aqueles que são visíveis nas redes sociais ou nas manchetes de jornal ou nos gabinetes da vida. Como se só fossem dignos aqueles que fazem sucesso. Algum tipo de sucesso. O que vai totalmente na contramão de valores como a humildade e a modéstia – duas palavras que os corretores da redação provavelmente desconhecem.

10. Mas suponho que se no meu texto eu propusesse um, sei lá, Only Fans para cuidadoras, enfermeiras e babás, uma plataforma que desse a elas a tão sonhada (e inútil) visibilidade, minhas chances de tirar uma nota alta a fim de continuar meu processo de doutrinação na universidade pública aumentaria bastante, né? Que lástima!

Ludmilla
11. A especialista em lacração e dublê de cantora Ludmilla foi a escolhida para interpretar o Hino Nacional
antes do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Mas teria sido melhor se ela tivesse tentado cantar o hino durante a corrida. 
Assim pelo menos o tal do ronco dos motores teria abafado o vexame do episódio
Porque Ludmilla simplesmente se esqueceu da letra. 
Nem o embromation básico ela conseguiu entoar.

12. Ludmilla que, se calhar, vira tema de redação do ENEM ano que vem. “Desafios para o enfrentamento da tirania do conhecimento e do talento a que são submetidas as cantoras de funk no Brasil”. Ou qualquer outra balela do tipo. Duvida?


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

TV Globo é obrigada a noticiar a verdade e inimigos de Bolsonaro e do Brasil, perdem a principal testemunha

Globo se vê obrigada a noticiar a verdade. Bateu o desânimo na redação 

Aliás,  testemunha que é uma testementira e um dos maiores mentirosos do Brasil. O MAIOR MENTIROSO dispensa apresentações, todos sabem quem é.
 

Veja vídeo do locutor da Globo se explicando  


Veja acima vídeo do Trali  tentando se explicar

Mais lorotas vão caindo por terra e algumas não dá nem pra não noticiar.

 

 

sexta-feira, 10 de março de 2023

Os segredos sujos da pandemia - Ideias

Gazeta do Povo - Eli Vieira

“Podemos fazer todos tremerem nas bases com a nova variante”: governo britânico fez uso do medo para controlar população na pandemia

Matt Hancock, que foi secretário da saúde do Reino Unido nos primeiros 18 meses da pandemia, teve 100 mil mensagens de WhatsApp do período vazadas para o jornal The Telegraph.

Os cidadãos britânicos ganharam acesso privilegiado aos bastidores da resposta de seu governo à pandemia. Cem mil mensagens do WhatsApp de Matt Hancock, que atuou como secretário da saúde do país entre julho de 2018 e junho de 2021, foram vazadas pela coautora de seu livro de memórias “Pandemic Diaries” (“Diários da Pandemia”, em tradução livre, 2022) para o jornal The Telegraph. Ele ocupou, portanto, o cargo do Reino Unido equivalente à de ministro da Saúde no Brasil nos primeiros 18 meses da pandemia, a fase mais crítica da crise de saúde global. Representantes de Hancock disseram que um acordo de confidencialidade foi violado com o vazamento.

Desde a semana passada (28), as revelações com base nas mensagens têm sido publicadas pelo Telegraph.  
Matt Hancock deixou um assessor oferecer tratamento especial para ao menos um político ter acesso a testes quando eram escassos, superestimou a cobertura da testagem, fez uma lista secreta de 95 parlamentares a serem pressionados para aceitar o lockdown, considerou usar um centro para deficientes como moeda de troca para obter o voto de um parlamentar a favor do lockdown, pediu que a polícia endurecesse contra quem furasse o confinamento, descartou a imunidade de rebanho como parte da estratégia, defendeu fechamento de escolas, ficou chocado que havia consultores científicos ganhando até um milhão de libras por dia (R$ 6,1 milhões, na cotação atual) do governo.

Hancock falou mal pelas costas da chefe da Força-Tarefa da Vacina porque ela questionou na imprensa sua promessa de vacinar toda a população em prazo arbitrário, e continuou a política chamada de “desumana” por uma colega de banir visitas a idosos, impondo solidão a eles. Ele também rejeitou conselho de especialista para testar toda pessoa que entrasse nos asilos de idosos, lançando dúvida na alegação do governo de que havia posto um “cordão de proteção” em torno do grupo vulnerável.

Algumas mensagens são pouco lisonjeiras sobre a impressão que o ex-secretário de saúde tinha de si mesmo. Ele fez elogios às próprias fotos na imprensa e via na pandemia um trampolim político para alturas maiores, rejeitou conselhos de dar trégua no isolamento porque “implicaria que estávamos errados”.  Muitos outros atores estão nas mensagens, inclusive o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson. Na maior parte, Hancock não agiu sozinho.

Projeto do Medo e Lockdowns
Em 23 de março de 2020, o Reino Unido começou o primeiro de três lockdowns. O último foi encerrado mais de um ano após o início do primeiro. Boris Johnson pedia que os cidadãos ficassem em casa e prometia que a curva do crescimento e queda do vírus, que ele chamava de “sombreiro”, seria achatada em três semanas.

Como contou a Gazeta do Povo em fevereiro do ano passado, o governo britânico usou teorias de ciência comportamental, a conselho de especialistas, para manipular psicologicamente sua população a aderir ao lockdown por medo. Hancock participou disso. Em uma das mensagens vazadas, para um assessor em 13 de dezembro de 2020, ele planeja como superar uma possível resistência do prefeito de Londres a mais um lockdown. O assessor sugere usar uma nova variante. “Podemos fazer todos tremerem nas bases com a nova variante”, diz Hancock. “Sim, é isso que vai dar na mudança de comportamento apropriada”, responde o colega. “Quando acionamos a nova variante?”, pergunta o secretário da saúde.

As mensagens vazadas mostram que Liam Booth-Smith, hoje assessor especial do primeiro-ministro Rishi Sunak, tentou quatro dias antes do início do primeiro lockdown introduzir uma crítica à ideia de fechar o país. Booth-Smith via uma contradição na “lógica do lockdown”. “Se os negócios estão vendo sua renda cair”, disse ele em um grupo do WhatsApp, “isso sugere que as pessoas estão na verdade obedecendo [às regras de segurança] e não indo a restaurantes, lojas etc... Então, qual benefício adicional o ‘confinamento’ traz?”

Dominic Cummings, na época consultor político sênior de Johnson, respondeu que todos deveriam parar de usar o termo “lockdown” por ser confuso, e que o problema era definir o que seria uma atividade “não essencial”. No mesmo mês, Cummings violou as regras do confinamento e viajou para fora de Londres enquanto tinha sintomas de Covid-19.

Hancock e Sunak (então ministro das Finanças) defenderam Cummings na época, mas em mensagens privadas um ao outro se disseram aliviados por se livrarem dele em novembro daquele ano: “Um pesadelo que espero que nunca tenhamos que repetir”, disse Sunak. Estrategista político profissional, Cummings usou sua posição no governo para sua empresa de pesquisas ganhar um contrato de 580 mil libras (R$ 3,5 milhões), sem concorrentes, para monitorar a opinião pública durante a pandemia.

E foram pesquisas de opinião pública, não “seguir a ciência”, como dizia o governo Johnson, o que muitas vezes determinava o curso das decisões. Em 6 de junho de 2020, Boris Johnson mandou uma mensagem a Hancock dizendo que queria encerrar o lockdown antes que o pretendido. Ele queria promover um “dia da liberdade” que marcasse o fim das medidas restritivas. Mas dois assessores de imprensa com carreira nos tabloides Daily Mirror (Lee Cain) e The Sun (James Slack) aconselharam contra antecipar a reabertura porque isso estaria “muito à frente da opinião pública”. Hancock concordou: “Slack e Lee têm um bom argumento”.

Como Cummings, o próprio Hancock também caiu de sua posição por ter furado regras de confinamento em junho de 2021. Ele foi flagrado dando um beijo em sua amante, Gina Coladangelo, também oficial do governo e casada, hoje sua companheira. As mensagens vazadas mostram que ele também escondeu convites à amante para jantares do G7.

A menina dos olhos de Hancock na questão do confinamento foi seu plano de lockdown com zonas baseadas em prevalência da Covid em outubro de 2020. Foi em nome deste plano que ele ignorou uma mensagem de Helen Whately, ministra de serviço social. “Estou ouvindo que há pressão para banir visitas aos asilos na zona 2 e na zona 3. Você pode ajudar?”, escreveu Whately. “Eu me oponho a isso. Onde os asilos têm visitação segura contra Covid, devemos permitir. Impedir maridos de verem suas esposas porque elas por acaso vivem em asilos, por meses e meses, é desumano”.

“Ouvindo de quem?”, respondeu Hancock. “A zona 2 teve consenso ontem, até onde sei”. Whately repetiu sua opinião: “foi errado para os asilos”. Dias depois, quando as regras foram implementadas, a zona 1, de maior relaxamento, só permitia dois visitantes recorrentes por idoso. O segundo lockdown geral começou em 5 de novembro, com o governo permitindo que os asilos fizessem suas próprias políticas de visitação, uma parte dos quais chegou a banir todos os visitantes. A segunda onda da Covid, concomitante às medidas, foi a mais letal para os idosos do país. Quase todos os internos de asilos haviam sido vacinados em janeiro de 2021, quando Whately voltou a falar em relaxar as regras para visitações “dados os riscos de vidas perdidas pelos idosos desistirem [de viver], além de pela Covid”. Hancock respondeu “sim para as visitas, mas só depois de algumas semanas”. As visitações retornaram a um nível próximo da normalidade só seis meses depois.

Em novembro e dezembro de 2020, quando Hancock queria introduzir seu sistema de confinamento em zonas, muitos dos parlamentares conservadores, partido do governo, estavam ficando céticos quanto à eficácia das medidas. Os votos deles eram necessários na Câmara dos Comuns para o plano ser implementado. Foi então que, junto a seu assessor Allan Nixon, o secretário da saúde fez uma planilha com uma lista negra de 95 parlamentares resistentes do Partido Conservador. Os mais irredutíveis eram marcados em vermelho (57 deles), os mais persuasíveis em amarelo.

A estratégia discutida nas conversas privadas de Hancock e Nixon era ameaçar tirar verbas para projetos favoritos dos políticos caso não votassem com o governo a favor das zonas sanitárias. James Daly, parlamentar que representava o distrito de Bury Norte, na zona metropolitana de Manchester, tinha deixado claro que não estava contente com os lockdowns. Em mensagem de 22 de novembro, Nixon menciona que “James quer seu Centro de Deficiência do Aprendizado em Bury”, para deficientes mentais, e sugere que “a equipe da Saúde quer trabalhar com ele para entregar isso, mas fica fora de questão se ele se rebelar”. A resposta de Hancock: “sim, 100%”. Daly havia aparecido antes em fotos com Hancock dando a entender para seus eleitores que obras de saúde viriam para o distrito com a ajuda do secretário.


“Galinha sem cabeça” e a Força-Tarefa da vacina da AstraZeneca
Clive Dix, doutor em farmacologia e diretor executivo de uma empresa especializada em descobrir novos medicamentos, que chefiou a Força-Tarefa da Vacina do governo britânico, disse em artigo no Telegraph que Hancock era “o mais difícil de todos os ministros” porque não dedicava tempo a “entender coisa nenhuma”. O ministro parecia perdido, “meio como uma galinha sem cabeça”. A vacina da AstraZeneca, que foi aplicada no Brasil, enfrentou problemas de fabricação que levaram Hancock ao “pânico”.

“Ele não acreditava em nós”, escreveu Dix. “Estávamos trabalhando dia e noite para fazer a coisa funcionar, mas ele virava e dizia ‘eu disse que toda a população do Reino Unido será vacinada’. Mas não podíamos mudar a natureza do processo [de fabricação] e ele não entendia isso”. Em consequência, diz o profissional, Hancock acabou tomando para o país doses que eram destinadas à Índia, fabricadas no país em desenvolvimento, para cumprir “um cronograma arbitrário”. Essa atitude levou Dix a abdicar de sua posição.

Em outubro de 2020, quando a investidora de risco Kate Bingham, outra chefe da Força-Tarefa, disse ao Financial Times que no máximo metade da população britânica poderia ser vacinada no curto prazo, Hancock reagiu. As mensagens no WhatsApp mostram-no dizendo que o gabinete do primeiro-ministro “precisa sentar forte nela” pois ela teria uma “forma maluca de expressar” suas opiniões “e é totalmente indigna de confiança”. Em seu artigo, Dix considerou essa opinião injusta e “deplorável”. Bingham ganhou da Rainha o título de Dama, o equivalente feminino de Sir, em reconhecimento por seu trabalho com as vacinas.

As primeiras conversas sobre vacinas datam de fevereiro de 2020, quando uma reportagem alegou que Israel estava a semanas de desenvolver um imunizante. Dominic Cummings perguntou sobre a credibilidade da notícia aos consultores sêniores de ciência e medicina, respectivamente, Sir Chris Whitty e Sir Patrick Vallance. Vallance não deu crédito à notícia, acertadamente. Whitty comentou que “Para uma doença com uma mortalidade baixa (1%, a título argumentativo), uma vacina tem que ser muito segura, então não se pode fazer atalhos nos estudos de segurança”. O Reino Unido iniciou seu programa de vacinação em massa em dezembro de 2020, antes de fazer testes completos em humanos, que só começaram em janeiro de 2021.

 

Repercussão
Um porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, disse que “é claro” que ele não gostaria que seus ministros se comportassem como Hancock, especialmente na ameaça do corte de verbas aos parlamentares.

O jornal Independent noticiou nesta quarta (8) que o vazamento motivou os ministros do governo Sunak, do Partido Conservador, a ligarem a função de deleção automática de mensagens no WhatsApp. Membros do partido Liberal Democrata acusaram os ministros de “se esconder por trás de mensagens que desaparecem”.

Delito contra a ética jornalística?
As mensagens de Hancock foram obtidas porque ele próprio confiou na jornalista Isabel Oakeshott, coautora de seu livro de memórias da pandemia, que as vazou para o Telegraph. Em texto publicado na semana passada, no dia em que o jornal começou a publicar matérias com base no material (28), ela se justifica citando um poema de luto de uma viúva deixado no Muro Memorial Nacional da Covid, em Londres: “Sei que sua vida poderiam ter salvado; O governo, se tivesse se comportado”. A viúva foi proibida de estar na companhia do marido em seu leito de morte e de vê-lo no funeral pelas políticas sanitárias.

Há no momento uma investigação pública independente da resposta à pandemia no país chefiada pela Baronesa Heather Hallett, juíza aposentada e membro da Câmara dos Lordes que também liderou um inquérito independente sobre os ataques terroristas de 7 de julho de 2005. Oakeshott julga que “podemos ter que esperar muitos anos antes que ela chegue a quaisquer conclusões. É por isso que decidi liberar esse arquivo chamativo de comunicações privadas — porque não podemos esperar mais por respostas”. A jornalista também teme que os resultados da investigação sejam inócuos devido aos esforços judiciais, com gasto de dinheiro público, para censurar nomes e proteger reputações.

Matt Hancock teria mandado para Isabel Oakeshott, logo após o anúncio do vazamento, na madrugada do dia seguinte (1º), uma mensagem “ameaçadora”, diz a jornalista. Dessa vez, ela não revelou o conteúdo da mensagem, mas aproveitou para dizer que também fez o vazamento pelas crianças, dando estatísticas que mostram que a saúde mental delas piorou bastante na pandemia por causa do fechamento de escolas do qual Hancock foi um dos proponentes. Ela também mostrou gráficos ilustrando o declínio das capacidades dos alunos em redação, gramática, matemática e ciência durante o mandato dele como secretário da saúde.

O ex-ministro da saúde acusa Oakeshott de “traição” e o jornal Telegraph de ter de alguma forma tirado de contexto ou manipulado as mensagens. Sobre o bloqueio à construção do centro para deficientes em Bury, um porta voz de Hancock disse à BBC que “o que foi acusado aqui nunca aconteceu”. Daly confirmou à BBC Manchester que a ameaça não foi cumprida, mas que ficou “muito decepcionado” ao saber da conversa. “Só pensar que alguém usaria possíveis verbas que poderiam ajudar alguém vulnerável na nossa comunidade para conseguir votos para o governo é simplesmente inaceitável”, completou.

Eli Vieira, Colunista - Gazeta do Povo - Ideias


domingo, 11 de dezembro de 2022

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Agora querem mais cotas: para salários entre homens e mulheres e para bonecas negras. E os empregos extintos pela pandemia são apenas mais um detalhe.

Correio Braziliense - Agência Senado

Projeto de igualdade salarial entre homens e mulheres volta à Câmara

Deve voltar à Câmara o projeto de lei que estabelece multa para empresas que pagarem salários diferentes para homens e mulheres que exerçam a mesma função. O PLC 130/2011, havia sido aprovado pelo Senado no dia 30 de março e aguardava sanção presidencial, mas o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, solicitou à Presidência da República a volta do projeto.

A alegação é de que as alterações feitas pelo Senado ao projeto iniciado na Câmara não foram só de redação, mas de mérito. Quando uma Casa altera o mérito de projeto iniciado na outra, é preciso que o texto retorne à Casa de origem para que as alterações sejam analisadas. Essa necessidade não existe quando as emendas são de redação, ou seja: não alteram o sentido do texto.

Pelo projeto aprovado pela Câmara, a empresa punida deverá compensar a funcionária alvo da discriminação com o pagamento de valor correspondente a cinco vezes a diferença verificada em todo o período da contratação (até o limite de cinco anos). No Senado, o texto foi alterado com a inclusão da palavra “até” antes do valor da multa, ou seja: a multa seria de até cinco vezes o valor da diferença, podendo ser menor.

Após a decisão da Câmara, na sexta-feira (30), o Senado enviou ofício ao ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, solicitando a volta dos autógrafos do projeto (documento oficial com o texto da norma aprovada pelo Senado). Os autógrafos já foram corrigidos com a inclusão da emenda e o texto deve seguir para a Câmara dos Deputados.

Bancada Feminina
A líder da Bancada Feminina, senadora Simone Tebet (MDB-MS), demonstrou preocupação com a devolução do projeto, especialmente com o pedido tendo partido do Legislativo, já que o texto aprovado foi elaborado “de forma coletiva, com acordo dos líderes”. A senadora disse esperar que o projeto, apresentado em 2009 e enviado ao Senado em 2011, não fique parado por mais uma década. — Isso deixa, sim, a bancada feminina no Senado indignada. Sabemos que o texto tem o apoio da bancada feminina na Câmara dos Deputados. Só não sabemos se houve artimanha, se houve acordo, se isso foi combinado para que esse projeto permaneça dormitando nos escaninhos por mais uma década — disse Tebet.

Bolsonaro
A desconfiança de que a volta do projeto possa representar uma manobra para evitar a sanção se dá em razão de declarações recentes do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o texto. Na última quinta-feira, em uma transmissão ao vivo pela internet ele havia declarado, ter dúvidas sobre sancionar o projeto. O presidente disse temer que as empresas não contratassem mulheres, o que as prejudicaria no mercado de trabalho. [procede o justo receio do presidente da República: se as mulheres, por força de lei e não por produtividade, ou qualidade,  ganham mais que os homens, o esperado é o que produzem seja vendido, também por força de lei, a um preço superior.]

As declarações geraram reação da maior parte das senadoras, que se manifestaram nas redes sociais rebatendo o argumento e pedindo a sanção do texto. Para elas, o veto do presidente serviria para perpetuar desigualdades.

Solução imediata
Na manhã desta segunda-feira (26), o relator do texto, senador Paulo Paim (PT-RS), lembrou pelas redes sociais que o projeto foi aprovado por unanimidade e disse esperar a sanção do texto. “Foram longos 10 anos de debates e discussões até chegarmos a um acordo. Espero que o projeto seja sancionado no dia de hoje. É uma questão de justiça”.

Já a líder da bancada feminina pediu uma solução para o problema, que poderia vir com a edição de uma medida provisória ou com a votação do projeto em regime de urgência pela Câmara. — Queremos crer que o governo federal, em parceria com a Câmara dos Deputados, vai dar uma solução imediata para essa questão. O que nós não podemos é nos calar. O grito da bancada feminina será ouvido até o momento de esse projeto ser aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado pelo presidente da República — afirmou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Cotas para bonecas negras 

Uma boneca negra; um sorriso negro

Representatividade e inclusão importam. Esse precisa ser nosso ponto de partida em comum para iniciar um debate que, à primeira vista, parece desimportante, mas é, ao contrário, um planejamento de futuro da maior parcela da população brasileira: a mulher negra. Ela representa algo em torno de 27% de todos os brasileiros, segundo a PNAD do IBGE.

Entretanto o mercado não oferece o mínimo razoável de opções para um nicho das bonecas, que tem gerado bons dividendos para quem nele investe. Em 2018, a linha correspondia a 19,2% do total de faturamento, que chegou em 2019 a mais de R$ 7 bilhões, conforme o último relatório da Abrinq.

Com um cenário tão favorável, a lógica seria haver uma seção específica para bonecas negras, atendendo a esse mercado consumidor. Todavia elas correspondem a somente 6% da totalidade das fabricadas e 9% das comercializadas em lojas on-line, de acordo com a ONG Avante, que elaborou um relatório sobre essa triste realidade das meninas negras brasileiras.

Ao entrar numa loja de brinquedos, a criança, que precisa de um referencial para construir sua autoimagem, não tem acesso ao mínimo. Dentro de uma perspectiva psicológica, a mudança ocorrida a partir do contato com um brinquedo parecido consigo mostra a oportunidade de sonhar mais concretamente, gera uma sensação de pertencimento, que traz efeitos de maior segurança para desenvolver suas potencialidades no futuro.

Infelizmente, o Brasil revela a cruel exclusão do negro, desde o início da vida, com a ausência de opções. Se não somos vistos nos lugares, evidencia-se que esses espaços não são para nós.Mas, se tem mercado consumidor e demanda, qual a justificativa racional para tamanho desperdício de oportunidade? Por isso, é importante buscar diversidade na oferta, tendo em vista que nossas crianças querem ser vistas, ouvidas e incluídas na sociedade como um todo. Mas é necessário ir além: não basta colocar qualquer boneca, com qualquer história por trás. O imprescindível é levar boas referências para as meninas negras, com princesas e heroínas, médicas e engenheiras, advogadas e juízas...

Mas, para que isso ocorra, é relevante também estar atento para não impedir o acesso dos mais pobres a esse tipo de bem. Uma rápida pesquisa em sites de lojas de brinquedo apresenta um fenômeno perverso relativamente ao preço das bonecas negras, que acaba sendo elevado significativamente, em comparação com as brancas, pelo fato de serem raridade nas prateleiras.

Felizmente, a própria comunidade negra, ciente de suas necessidades, vem trabalhando no sentido de valorizar a produção e a comercialização do brinquedo voltado para um público tão grande quanto especial. Isso já foi sentido pelas grandes marcas, que também abriram espaço a novas personagens e a novas linhas de atuação.Portanto, devemos fortalecer tais iniciativas e fazer com que elas possam crescer e florescer, levando o encanto dos sonhos, fazendo nascer sorrisos genuínos nos rostos de nossas lindas meninas negras.

[o que complica, e até assusta, é que com o enfraquecimento irreversível do cotismo desenfreado  - na verdade, este ano o sistema de cotas raciais deverá sofrer inevitáveis ajustes, até mesmo para impedir que a pretexto de uma inclusão promover uma maciça exclusão - leia: sistema de cotas acaba em 2022 -. Nos dias atuais, qualquer pseudo administrador, também conhecidos por gestor, acorda com uma ideia de resolver os problemas do lado do mundo (dele) e logo pensa em cotas. 

Esquece, que as cotas geram despesas que precisam ser absorvidas, ocupam vagas que geram desemprego, são o terrível 'cobertor curto'.

É preciso gerar empregos para todos, sem nenhuma diferenciação, não podemos é em função de alguns detalhes físicos e/ou sociais criar exclusões.

Irapuã Santana - O Globo

 


 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A pátria que deseduca



A língua portuguesa é achincalhada por presidentes, governadores – e a população em geral
A quem interessa um povo que não sabe raciocinar, não sabe ler, não sabe escrever, não sabe argumentar? A ninguém, apenas a ditadores. Por isso, até em benefício próprio, para marcar seu nome na História, a presidente Dilma Rousseff escolheu um slogan apropriado para seu segundo mandato: “Brasil, pátria educadora”. Ela ainda não sabia que o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2014 mostraria o fracasso de seu primeiro mandato na Educação, quando teve três ministros na Pasta. Mais de meio milhão de jovens tirou nota zero na redação – cuja nota máxima era 1.000.

A palavra para definir a nota zero da redação, nessa escala, é “catástrofe”. De 2013 para 2014, o número de zeros na dissertação do Enem quase quintuplicou. Não relativizem o resultado. Uns dizem que o tema “ética na publicidade infantil” era difícil. Outros, que os corretores foram rigorosos demais. Ainda há os que não acham importante uma dissertação no Enem. O ministro da Educação, Cid Gomes, minimiza a queda nas notas de português e matemática: “O que é importante é a média. Na média, menos 1% está na margem de erro”. A média é um recurso medíocre para justificar o injustificável. Quando viu o resultado pior dos alunos de escolas estaduais, Cid Gomes admitiu: “Não dá para fugir, camuflar ou tentar dizer que o ensino público é bom. O ensino público brasileiro está muito aquém do desejável”.

O vexame não surpreende a quem vive da palavra escrita e oral. A língua portuguesa é achincalhada por nossos presidentes, ministros, governadores, senadores, deputados, executivos, empresários e, claro, pela população em geral. Ortografia, concordância e regência verbal erradas, vocabulário pobre e ausência de um pensamento coerente. Não é preciso ir à Europa para encontrar povos que se expressam direito em sua língua materna. Basta ir à Argentina. Com toda a crise de nossos hermanos e a decadência de suas universidades, ali está um povo articulado, que sabe ler e escrever, e tem um raciocínio com começo, meio e fim. Não há analfabetos funcionais concluindo o ensino médio.

O que aconteceu no Enem de 2014? Ao todo, 8,7 milhões de alunos da última série do ensino médio inscreveram-se no concurso. Mas só 6,2 milhões apareceram no exame. A nota máxima de cada prova é 1.000. Só 250 tiraram a nota máxima na redação e 529.374 alunos tiraram zero. Desses, 280.903 entregaram a prova em branco porque não faziam a menor ideia de nada. Dos outros zeros, 217.300 fugiram do tema (talvez inspirados em nossos políticos, que fazem o mesmo nos debates), 13 mil copiaram o texto motivador, 7.800 escreveram menos de sete linhas, 3.300 incluíram textos desconectados, 955 ofenderam os direitos humanos. A média em matemática também ficou abaixo da metade, 476,6 pontos. No meu tempo, abaixo de 5 significava reprovação.  

Mas “reprovação” virou tabu na pátria do PT, desde Lula, que nunca achou grande coisa saber português ou gostar de ler.  Em artigo para o jornal O Globo, a filósofa Tânia Zagury diz: “Só de ouvir falar em reforma na educação, eu me arrepio”. Após mais de 40 anos de trabalho na área, ela afirma que cada programa reativa o que foi banido, joga no lixo as cartilhas, abandona boas ideias, mas mantém algo sempre: a queda da qualidade no ensino. A última “revolução” foi a “progressão continuada”, o que, traduzindo em bom português, significa aprovação automática. Para “camuflar” a repetência no 1o ano e evitar evasão escolar. A repetência aumentou no 6o ano, quando acabava a aprovação automática. O que foi feito para resolver “o probrema”? Os professores são pressionados a não reprovar. “Teria sido lindo aprovar todo mundo se não tivesse sido à custa do saber”, diz Tânia. Todos se formam, ficam felizes, o governo de Dilma ainda mais porque exibe estatísticas infladas. E não se aprofunda nenhum conhecimento.

Esse não é um destino inescapável. Slogans e discursos não bastam para educar crianças e jovens. Menos roubo e desvios na verba para escolas, uma gestão responsável e focada no ensino fundamental, base de tudo, a valorização do professor em salário e autoridade e maior participação da família. A receita é conhecida. O Brasil só não a adotará se houver a intenção oficial de tirar proveito de um povo sem instrução. Escolas não são fábricas. Dói imaginar que o objetivo seja formar cidadãos que não pensem, não leiam, não escrevam, não critiquem. Uma triste linha de montagem destinada a ser manipulada.


O resultado da falta de educação é, além do subemprego, essa multidão de menores carentes que depredam ônibus, assaltam e matam, rindo, sem dar valor ao patrimônio e à vida. Por enquanto, o Brasil é uma pátria que deseduca.

Fonte: Ruth de Aquino – Revista Época