Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Projeções do boletim Focus, Banco Central, pioram para 2016




Mais uma semana de piora nas expectativas para 2016. No relatório Focus, o mercado agora vê inflação em 6,29% no fim do ano que vem, a 13ª alta seguida. 

A mediana para o PIB ficou em -1,51%, o quarto recuo seguido.


Entre os que mais acertam, a projeção é ainda pior. Para o Top 5 de médio prazo, o IPCA deve terminar o ano que vem em 7,33%.

Para 2015, a mediana de todas projeções para o PIB caiu a -3,05%, o 16º recuo seguido

A expectativa para a inflação, após a 7ª elevação consecutiva, ficou em 9,91%. 

 O Top 5 vê o IPCA de 2015 chegando aos dois dígitos, em 10,23%.

Fonte: Blog da Míriam Leitão - Marcelo Loureiro



O tumulto - Para desburocratizar Senado pretende reeditar normal instituída 47 anos atrás

A confusão burocrática é tão grande que o Senado vai reeditar norma instituída 47 anos atrás e, outra vez, tentar extinguir o reconhecimento de firma

A fila do cartório estancou. No balcão, uma jovem senhora de cabelos prateados arriscava a serenidade diante do indecifrável. Para conceder um documento, exigiam-lhe o CPF da mãe.
Ela argumentava: — Mas a minha mãe morreu há trinta anos e nunca teve um CPF...
— Só com o CPF dela — repetia a cartorária. 

Ao perceber que a fila a conduzira à fronteira de uma dimensão irreal, onde o absurdo é a regra, aventurou-se num quase patético pedido de ajuda: — Por favor, então me explique: como é que eu tiro o CPF de alguém que não é mais uma pessoa?
A escrevente mirou-a com firmeza, e retrucou: — Eu não sei, mas sem o CPF não faço. 

Cármen Lúcia Antunes Rocha agradeceu e foi embora mastigando seus versos prediletos de Carlos Drummond de Andrade: “As leis não bastam/Os lírios não nascem da lei/ Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra...” Três décadas atrás, nas aulas de Direito Constitucional na PUC de Minas, aprendera que o Estado existe para servir às pessoas. Hoje, na vice-presidência do Supremo Tribunal Federal, continua acreditando que o Estado não existe para infernizar a vida dos outros. 

A vida real, porém, insiste em discordar. Milhares de brasileiros atravessaram o feriado prolongado em luta com a Receita Federal para pagar tributos. O governo juntou uma sopa de siglas (GFIP, FGTS, Caged, Rais, CAT, PPP, Dirf e TRSD, entre outros) num portal eletrônico, eSocial, que não funciona. Os prazos se esgotam e a Receita avisa: a multa será automática. 

A burocracia permite colher impostos e plantar funcionários, especialmente num governo à caça de alianças com o baixo clero da política, para garantir aquilo que chama de governabilidade, traduzível em novos tributos para alimentar a máquina de 31 ministérios com 49,5 mil áreas administrativas que se dividem em 53 mil núcleos devotados, aparentemente, a azucrinar a vida das pessoas. 


A sociedade resiste. Sexta-feira, por exemplo, uma comissão consultiva do Senado deve anunciar um pacote de iniciativas com o objetivo de acabar com parte do papelório inútil do Estado que tumultua a vida nacional. O primeiro projeto é simbólico da confusão burocrática brasileira: pretende-se reeditar norma instituída 47 anos atrás, no interminável ano de 1968, quando as tropas soviéticas esmagaram a Primavera de Praga e o regime militar brasileiro decidiu invadir a Universidade de Brasília. Trata-se da extinção do instituto da firma reconhecida. 

Outra ação prevista é o fim das licenças conhecidas como alvarás, herança do absolutismo estatal. O emaranhado desse tipo de papelório oficial criou situações esdrúxulas como a do Leblon, bairro da Zona Sul do Rio, onde oficialmente não existem restaurantes. Todos os locais onde há comida para venda são classificados como “lanchonetes”. 

É assim porque uma antiga norma municipal de 49 páginas, com 102 artigos e inúmeros derivativos em resoluções e decretos, determina que o Leblon só pode abrigar comércio de refeições ligeiras e frias. É outro desses casos em que a burocracia persiste na defesa do status quo, muito tempo depois que o quo perdeu o status.

Fonte: José Casado, jornalista
 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma aventura insólita na Coreia do Norte


No país isolado, turistas seguem regras rígidas, e presença do Estado é forte no dia a dia dos cidadãos

[não pode ser esquecido que maus brasileiros - incluindo Dilma Rousseff, Zé Dirceu, Genoíno, Pimentel - pretendiam transformar o nosso Brasil em um misto de Coreia do Norte e Cuba.
FRACASSARAM. Graças a coragem dos brasileiros do BEM, especialmente os militares, que estabeleceram em 1964 o Governo Militar e sem vacilar cumpriram com o DEVER e derrotaram a corja de traidores.
Entre estes brasileiros, verdadeiros HERÓIS, figura o nome do coronel Carlos Alberto Brilhante USTRA.]
Um barulho alto mas não histérico, como uma espécie de sirene afônica, me acordou antes das 7h. Em qualquer outro hotel do mundo, eu teria ligado para a portaria, com mais curiosidade do que apreensão, para saber do que se tratava; mas eu estava no Yangakddo, no coração de Pyongyang — e, na Coreia do Norte, qualquer barulho fora do normal ativa sinais de alarme. Abri a porta do quarto — tudo parecia tranquilo no corredor. O vizinho do lado também pôs a cara para fora. Esperamos para ver o que acontecia, mas depois de alguns minutos o barulho diminuiu. Quando acabou, sem que nada de excepcional houvesse ocorrido, nos despedimos como velhos amigos e voltamos cada qual para a sua toca, para dormir os últimos momentos de um dia que prometia ser cheio.


Smartphone limitado. Militar checa o telefone: o país tem - Picasa / Cora Ronai

ÁRDUO TRABALHO DE OBTER VISTO
ADVERTISEMENT
Dez de outubro é o aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, e a septuagésima comemoração da data seria feita em grande estilo. Haveria uma gigantesca parada militar, festas populares, um show inédito nas águas do Taedong. Desde o dia anterior, grupos de crianças e adultos ensaiavam movimentos coreografados nas praças pelas quais passávamos. Excepcionalmente, a cidade estava cheia de estrangeiros, vários deles jornalistas, convidados pelo governo para os festejos. Não era o meu caso: eu era apenas uma turista em férias.
 
Chegar à Coreia do Norte é relativamente fácil para a maioria dos viajantes, mas quase impossível para sul-coreanos e jornalistas. O visto é obtido pela internet através da meia dúzia de agências que organizam viagens ao país, mas todas avisam, de saída, que não atendem a jornalistas. Mandei muitos e-mails para cá e para lá até convencer a Koryo Tours a abrir exceção para uma colunista de tecnologia que, às vezes, atua como cronista de viagens. No fim consegui o visto como travel writer, mas para isso precisei me comprometer a falar apenas da minha experiência como turista, e a manter meu texto dentro de linhas gerais mais ou menos bem comportadas.

A Coreia do Norte se preparou com esmero para receber as visitas. Todos os edifícios de Pyongyang, e todos os prédios e casas das estradas pelas quais fomos autorizados a passar, receberam uma mão de tinta. Na capital, centenas de árvores foram plantadas nas ruas, novos parques foram criados e uma loja de departamentos e um bateau mouche foram inaugurados pelo comandante supremo Kim Jong-un. Ficamos sabendo disso ainda no avião da Koryo Air através do “Pyongyang Times", jornal em língua inglesa para visitantes.

A viagem para a Coreia do Norte é ao mesmo tempo curiosa e frustrante. O turista tem acesso, afinal, a um país sobre o qual pouquíssimo se sabe, e vive, em primeira mão, experiências relativamente raras num mundo em que cada vez mais gente disputa as mesmíssimas vistas e selfies. Por outro lado, nenhuma viagem é tão controlada e vigiada.

Quem acha que chegando a Pyongyang vai desvendar o mistério norte-coreano e descobrir toda a verdade sobre o país engana-se redondamente. Ainda em Pequim, recebemos instruções minuciosas sobre o que fazer e, sobretudo, sobre o que não fazer — não fotografar nada que não seja expressamente permitido, por exemplo, é uma instrução várias vezes repetida. Os grupos de turistas, em geral entre 15 e 20 pessoas, ficam sob vigilância constante: não é possível nem ir ao banheiro sem um guia atrás. A primeira consequência disso é que passamos a desconfiar de tudo o que nos é mostrado, e lendas urbanas acabam colorindo a realidade mais prosaica. 
 Turistas seguem regras rígidas no país - Picasa / Agência O Globo
O dia da grande parada foi uma aula de campo sobre os meandros da misteriosa burocracia do regime. Saímos do hotel sem destino certo e sem saber se poderíamos ou não assistir ao desfile; nossa sorte dependia de telefonemas aflitos que os guias davam e recebiam. Mas nem eles sabiam com certeza a que horas começaria o espetáculo. O dia amanhecera chuvoso, e as autoridades estavam esperando o tempo melhorar. 

Fomos levados a uma exposição de flores e a um parque aquático, demos voltas intermináveis de ônibus e, no fim, passamos a tarde em pé, enregelados, numa esquina por onde passaria a dispersão, junto com todos os outros 300 turistas que estavam na cidade. Do outro lado, uma multidão de coreanos esperava também. Já era noite fechada quando, enfim, os primeiros tanques apareceram no horizonte.

‘SIRENE’ ERA APENAS ÁGUA NOS CANOS
Durante mais de uma hora, a terra tremeu sob os nossos pés, enquanto uma banda tocava e o cheiro da fumaça do escapamento das máquinas empesteava o ar. Para quem esperava ver a maior parada militar do mundo, foi uma decepção só; mas o que vimos foi, apesar de tudo, uma cena única, que rendeu lembranças inusitadas e belas fotos.

Mais tarde, de volta ao Yangakddo, um funcionário nos explicou o que havia sido a estranha sirene que nos acordara pela manhã. Era a água correndo pelos velhos canos do hotel, reclamando de tantos turistas tomando banho ao mesmo tempo.

Por:  Cora Rónai - O Globo

Fundo do poço

País não pode mais suportar três anos do atual governo, incapaz de reconhecer seus próprios erros

 A situação do País é de extrema gravidade e, no entanto, a maior parte dos atores políticos age como se nossos problemas fossem menores e facilmente equacionáveis. A política termina se reduzindo a uma equação medíocre dos maiores e menores benefícios que certos políticos e partidos possam obter, como se o Brasil pudesse suportar infinitamente a duração dessas contendas. Acontece que quanto mais decisões forem postergadas, maiores serão seus efeitos perversos no futuro. Há limites que não deveriam ser ultrapassados, mas o jogo político é feito como se tudo fosse possível e permitido.

Parece tornar-se um consenso que o País não pode suportar mais três anos do atual governo, incapaz de reconhecer os seus erros e persistente no desconhecimento das causas que nos levaram a esse buraco. Ou seja, o País não aguenta esperar até o final de 2018, sob pena de que, nesse longínquo futuro, os problemas a serem enfrentados se tenham tornado ainda mais graves. Decisões corretas hoje tomadas certamente abreviarão o sofrimento futuro; decisões não tomadas ou equivocadas só aprofundarão a quebra de expectativas, a frustração e, mesmo, o enfraquecimento institucional do Brasil. Crises sociais têm repercussões políticas e institucionais.

Contudo, paradoxalmente, os atores políticos agem como se o fundo do poço ainda não tivesse sido atingido. É como se dissessem: “O País ainda pode aguentar mais!”. A resposta sensata seria: até quando? Ou: qual é o limite? Ou ainda: será que há um limite para a deterioração econômica e política, a desagregação social e o enfraquecimento institucional?

Infelizmente, nossos vizinhos, nossos “hermanos” ou nossos “companheiros”, na linguagem petista e na de nossa diplomacia terceiro-mundista, mostram que a decadência pode não ter limite. O lixo ideológico acompanha essa mentalidade atrasada. A  Argentina pode ser o símbolo do Brasil amanhã. Economia totalmente desarrumada, indicadores econômicos falsificados, crise social, miséria, desrespeito ao Estado Democrático de Direito, censura, falta de liberdade de imprensa e dos meios de comunicação em geral e um populismo esquerdista desenfreado. De próspero país no passado, tornou-se uma paródia de si mesmo. E isso com a total conivência dos governos petistas que não cessaram de apoiar os Kirchners e, em particular, a atual presidente. Nossa presidente gosta de aparecer publicamente com Cristina Kirchner, mostrando uma afinidade para lá de eloquente.

A Venezuela, ícone de nosso esquerdismo decadente,
é mais um símbolo da deterioração da esquerda e do populismo. Rica em petróleo, tornou-se um país de inflação descontrolada, desabastecimento e queda de renda da população em geral. O Estado apropriou-se do mercado e da sociedade. Mais especificamente, numa política de fazer inveja ao Lênin e ao Stalin de antanho, seu governo, “socialista”, se caracteriza por perseguir a oposição, usar milícias para aterrorizar a população e todos os que dele ousam demarcar-se. A violência e a mentira tornaram-se meros instrumentos da “arte de governar”, como se assim a “promessa bolivariana” pudesse ser implementada.

Seu fracasso salta aos olhos. A democracia está lá em frangalhos, dando lugar, cada vez mais explicitamente, à ditadura. E o atual governo brasileiro é conivente com as flagrantes violações dos direitos humanos e dos processos democráticos! O ex-presidente Lula chegou a dizer, em seu apoio ao finado presidente Hugo Chávez, que havia “democracia demais” naquele país. Retrospectivamente, faz todo o sentido!

Torna-se evidente que a atual mandatária já não governa, tendo abdicado de equacionar os problemas nacionais.
O ajuste fiscal nada avançou, o PIB só afunda, o desemprego desponta, a inflação aproxima de dois dígitos... e o governo permanece no total imobilismo! O discurso da ilusão, amplamente utilizado no marketing eleitoral do ano passado, não funciona mais. A presidente já deu suficientes mostras de que não consegue liderar o País e levá-lo a porto seguro. Está perdida nos problemas comezinhos da política atual, incapaz de fazer um gesto que possa fazer o Brasil sair de sua difícil situação.

Uma vez que é incapaz de fazer esse gesto, seja mediante nova política de unidade nacional, seja por meio de sua própria renúncia, apresenta-se como uma saída deste impasse que se inicie o processo de impeachment. A sua irresponsabilidade administrativa e fiscal é patente, além de sua omissão diante de todos os desmandos na Petrobrás e de seu aparelhamento partidário. Tal processo sinalizaria que o País não suporta mais permanecer num poço sem fundo e que poderia vislumbrar outro futuro.

Acontece, porém, que a atual governante, seu criador e o seu partido se aferram a seus privilégios e interesses mais imediatos, como se os “trabalhadores” e os brasileiros em geral fossem sem nenhuma importância. São meros instrumentos de uma narrativa ideológica, como se apenas isso fosse uma garantia de alguma competitividade eleitoral para 2018. O País também não suporta mais tal narrativa.

O início do processo de impeachment está nas mãos do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que, por sua vez, tudo faz apenas para sobreviver, tentando conservar seu mandato. Todos os seus passos são calculados em função dessa única finalidade. O País, também para ele, parece não ser o objetivo maior. As provas materiais de seu envolvimento com a corrupção parecem ser robustas e as chances de preservação de sua atual posição se esvaem conforme transcorre o tempo. Queira ou não, termina, apesar de si, fazendo o jogo da presidente e do PT. O impasse continua, as posições ficam congeladas e o País continua refém desse jogo.

Urge sair de tal impasse e que, num gesto de grandeza, o deputado se ponha em sintonia com a imensa maioria da população brasileira. Sairia por cima, como se diz em linguagem popular.  

Tiraria o foco de si mesmo e obrigaria o País a fazer um novo jogo, o de assegurar o seu futuro.

Fonte: Denis Lerrer Rosenfield  - O Globo

Canibalismo, esquartejamento, decapitação e estupro coletivo estão entre punições estabelecidas em presídiosdo entre outras:

Detentos impõem 'códigos penais' próprios em presídio

Presídios brasileiros têm 'códigos penais' criados pelos próprios presos

Punições entre os detentos incluem canibalismo, ataque com cães e estupro coletivo

Canibalismo, esquartejamento, estupro coletivo, decapitação, “jogo de bola” com cabeças, sevícia com cabo de vassoura, olhos vazados, ida para cela sem luz e com escorpião. 
 
São exemplos de punições talvez as piores — da espécie de “código penal” que se criou entre presos do sistema penitenciário brasileiro, segundo levantamento do GLOBO em denúncias da Justiça Global, do Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
[o abuso das ONGs que defendem direitos humanos de bandidos, esquecendo os DIREITOS dos HUMANOS DIREITOS,  prejudica os próprios bandidos que defendem.
Quando o Brasil era um país sério, quando presos se rebelavam a polícia imediatamente invadia, restabelecia a ordem e começavam as negociações com os bandidos - não era permitido negociar com preso revelado - e a ordem era restabelecida e os presos não tinham condições de impor, pelo menos com a desenvoltura atual, leis internas.
Agora, quando os presos se rebelam, a primeira coisa que as tais ONGs fazem é impedir a entrada da polícia, fazendo com que os presos se tornem 'donos do presídio' e imponham suas próprias leis.
A segurança pública só voltará a ser confiável no Brasil, fora e dentro dos presídios, quando a polícia tiver autoridade para agir, tiver liberdade para usar a força necessária, de forma progressiva e sem receio de controlada a situação, os policiais serem tratados como bandidos.]
 
Mais do que regras de organização entre presos em cadeias superlotadas e insalubres, as “penas” aplicadas por detentos a outros também são, principalmente nos casos mais violentos, forma de demonstrar poder. À semelhança dos tribunais do crime em áreas dominadas por facções fora das cadeias, também dentro delas grupos de presos fazem seus julgamentos e dão seus vereditos. — Há grupos com poderio nos presídios, e não só por serem de alguma facção. Em Recife, no Complexo do Curado são os “chaveiros”, presos que ficam com as chaves das celas. Em outros locais há os “celas livres”, como em Rondônia; ou os “faxinas”, os detentos que, em tese, cuidam da limpeza e têm circulação mais livre — conta Sandra Carvalho, coordenadora-geral da Justiça Global, ONG de direitos humanos. — As rixas entre presos são exponencializadas pelas condições em que o Estado os mantém: superlotação, má alimentação, insalubridade, assistência médica precária. São condições nas quais o preso com mais acesso a um ou outro serviço pode se impor. Fica evidente a incapacidade do Estado em relação ao sistema prisional.
 
ADVERTISEMENT
 Mutirão Carcerário do CNJ realizado em Rondônia - Luiz Silveira/CNJ/26-04-2011
São sempre destacadas as marcas que o preso porventura apresente. Mas, nunca são mostradas o que o preso fez, as marcas que causou em sua vítima

APÓS ESQUARTEJAMENTO, FÍGADO ASSADO E COMIDONo último dia 13, o MP do Maranhão denunciou à Justiça o caso de um detento do Complexo de Pedrinhas que no fim de 2013 foi torturado por horas por outros presos; morto a facadas; esquartejado em 59 partes; e teve pedaços de seu fígado assados e comidos.

"Tudo se iniciou a partir de desentendimento com um detento” de uma facção, relata o promotor Gilberto Câmara França Júnior na denúncia. A vítima também teria “ofendido” outro detento, que seria “torre” desse grupo, “última instância antes da liderança geral”. Após a tortura, ligaram para o “comandante” do grupo — “preso em estabelecimento prisional federal” —, e o veredito foi a morte. 
 Após execução e esquartejamento, “chegaram a pôr sal nos pedaços do corpo (...), para que não exalasse odor desagradável”. Então, os denunciados “fizeram um fogo e assaram o fígado (...), repartindo esse órgão em pedaços, que foram ingeridos por esses indivíduos, os quais mandaram pedaços para outros detentos também comer”. O corpo só pôde ser reconhecido por um familiar porque um dos pedaços trazia uma tatuagem: “Vitória razão do meu viver”, dizia a homenagem da vítima à filha.

GAY E COM DÍVIDA DE R$ 15. PENA: ESTUPRO COLETIVO
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), enviou, no último dia 14, resolução ao Brasil determinando que o país tome medidas para garantir a integridade física dos presos do Complexo do Curado. Segundo uma das denúncias, um detento homossexual, este ano, recebeu como “sanção” de outros presos passar por estupro coletivo numa cela de isolamento com mais de 30 detentos. [convenhamos que apesar da aparente 'barbaridade' da pena, o condenado sendo homossexual... .]  A “acusação”, segundo os presos, era o fato de que a vítima devia R$ 15 a um preso “chaveiro”. Depoimento da mãe da vítima indica que a homossexualidade do detento (que é transgênero, com corpo com traços femininos devido a hormônios) também teria sido levada em conta para a pena. Por causa do estupro, a vítima contraiu Aids. — No Curado, nos últimos dois anos, já temos conhecimento de pelo menos cinco sanções de estupro. Parece-nos que tem se tornado uma prática — diz a advogada Natália Damazio, da Justiça Global, contando que a entidade não tem conhecimento de que o detento estaria recebendo coquetel anti-Aids. — Um preso heterossexual foi submetido a tortura por outros, sendo que parte da tortura foi ser estuprado com um cabo de vassoura.

Outro tipo de punição é enviar o detento “condenado” por seus pares a celas de isolamento ou castigo — que no Curado, são locais sem iluminação e com presença de escorpião. Houve relato de castigo que consistiu em ataque a detentos por cães rottweiler, sob a vista de “chaveiros”.


‘JOGO DE BOLA’ COM CABEÇAS
Este ano, na Paraíba e na Bahia, presos foram decapitados por outros, que, depois, chegaram a “jogar bola” com a cabeça do corpo degolado, diz Sandra Carvalho. Essa situação já foi vista em presídios de São Paulo e do Espírito Santo.  — Em São Paulo, os atos de violência entre presos ocorreram principalmente entre o fim dos anos 90 e a primeira década dos anos 2000, no processo de dominação dos presídios do estado por uma facção criminosa — conta ela.

Fauzi Hassan Choukr, coordenador das Promotorias de Execuções Criminais da cidade de São Paulo, ressalta:  — Essas anomalias são evidências de que temos um simulacro de sistema penitenciário. Estamos devendo isso à sociedade.

PAÍS NUNCA FOI CONDENADO NA OEA PELO SISTEMA PRISIONAL
Em Rondônia, no presídio Urso Branco, houve presos esquartejados; que tiveram os olhos vazados e golpeados com “chuços”, armas brancas improvisadas (pedaço de ferro preso num pedaço de madeira). Soube-se de corpos de presos encontrados dentro de paredes de celas.

Urso Branco pode fazer com que o Brasil receba sua primeira condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos devido à situação do sistema prisional do país, avalia a coordenadora da Justiça Global. Uma condenação pela OEA pode gerar, por exemplo, obrigação de o Estado pagar reparações a vítimas e seus familiares; ou seguir determinadas diretrizes em políticas públicas.[a condenação também pode ser simplesmente ignorada - é sem sentido que contribuintes extorquidos por impostos, ainda sejam obrigados a indenizar familiares de bandidos.]  — Nas instâncias de direitos humanos da OEA (a Corte e a Comissão Interamericanas), o Brasil tem, em relação ao seu sistema penitenciário, processos sobre os complexos de Pedrinhas e do Curado, e sobre o presídio Urso Branco. Mas nunca foi condenado com relação a isso (o sistema prisional). Urso Branco pode ser a primeira condenação — diz Sandra.

O presídio teve duas grandes chacinas entre presos: em 2004 e no Réveillon de 2001 para 2002, quando mais de 20 detentos foram executados por outros, diz Sandra, porque decisão judicial determinando que não houvesse mais presos “celas livres” foi erroneamente interpretada. — Em vez de coibir a circulação dos “celas livres”, misturaram esses presos com os do “seguro”, fecharam a porta e foram para o Ano Novo. Os presos mais vulneráveis a receberem castigos são os do “seguro”, os que cometeram, por exemplo, estupro; além de gays, idosos e presos que não recebem visita, porque não têm dinheiro para pagar as cobranças que muitos grupos fazem em várias prisões — diz Sandra. — Há quase dez anos a OEA faz determinações ao Estado brasileiro sobre Urso Branco e as renova, porque não são integralmente cumpridas. Há cerca de dois meses enviamos novo documento sobre Urso Branco à OEA. Houve melhorias, mas ainda há violações graves, superlotação, péssimo atendimento de saúde.

COM AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, COMBATE À SUPERLOTAÇÃO
Para tentar mudar o quadro do sistema prisional brasileiro, um dos caminhos que o Judiciário tem tomado é a realização de audiências de custódia, em que a pessoa precisa ser levada à presença de um juiz em até 24 horas após ser presa. Segundo o CNJ, em oito meses, desde que as audiências de custódia começaram a ser implantadas, 21.273 presos foram atendidos — cerca de 3% dos presos no país (711,4 mil), segundo relatório do CNJ de 2014. Dos 21,1 mil que passaram por essas audiências, “46,4% tiveram a concessão de liberdade provisória”, diz o Conselho.


— Antes de 2008, quando começaram os mutirões carcerários do CNJ, nem os juízes iam aos presídios. Nos últimos anos, começou uma cultura no Judiciário de entender as prisões. Um dos instrumentos tem sido a audiência de custódia — diz Fernando Mendonça, juiz de Execuções Penais de São Luís e presidente do Fórum Nacional de Alternativas Penais do CNJ. — Também são necessários mais presídios, mas muitos poderiam receber penas alternativas. Só no estado de São Paulo, são presas, em média, 300 pessoas por dia. Precisaríamos construir prisões em velocidade inexequível para atender a isso — afirma Fauzi Hassan, do MP de São Paulo.

Procurado pelo GLOBO, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, disse que, sobre a resolução da OEA quanto ao Curado, a União está prestando “apoio financeiro e assistência técnica” ao governo de Pernambuco, que inclui “R$ 82,6 milhões para abertura de 2.754 vagas”. “O Depen reafirma compromisso com o apoio aos estados na gestão do sistema”, diz, destacando que “disponibiliza sua Ouvidoria como defesa dos direitos da população carcerária”.
Fonte: O Globo
 
 

domingo, 1 de novembro de 2015

SEM CRISE - Mercado de moradia de luxo não sente crise e apresenta crescimento no DF

Faixa etária dos clientes é de 30 a 50 anos, com objetivos diferentes na hora da compra - que, em geral, é feita para habitação e não investimento

Perdas de rendimento e baixo desempenho do comércio são apenas uma das diversas facetas da crise econômica. Para quem tem capital, o momento é favorável à compra de imóveis de alto padrão. Por não dependerem de linhas de crédito habitacional e, em geral, já possuírem patrimônio, os consumidores desse segmento têm facilidade nas negociações e são responsáveis por manter aquecido esse nicho de mercado. Assim, uma tendência das principais capitais do país se confirma no Distrito Federal. Aqui, registrou-se um aumento de 32% na busca por apartamentos de luxo, no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com estudo de uma empresa da área. Os números mostram também uma nova forma de consumir, em que a internet é o meio principal de busca imobiliária.

A faixa etária do público-alvo é variada: abrange consumidores dos 30 aos 50 anos. São pessoas que já possuem um imóvel próprio e têm, em caixa, a maior parte da quantia a ser investida. A escolha pelo apartamento de alto padrão é baseada em argumentos diretamente relacionados ao momento de vida dos compradores. Os mais novos, por exemplo, tendem a procurar um imóvel melhor em razão da família que cresce, seja pelo nascimento de mais um filho ou pelo desenvolvimento das crianças. Por isso, buscam um apartamento maior e com mais opções de lazer. Piscina, playground e espaço são os principais atrativos.

Filhos fora de casa
No caso dos consumidores com 40 anos ou mais, o motivo da compra é a necessidade reduzir cômodos sem perder a qualidade de vida. São casais cujos filhos já saíram de casa e a residência se tornou um espaço grande demais. Ainda assim, a área social, como espaço gourmet e sala de estar, se torna uma prioridade. A atenção a esses espaços tornou-se um pedido recorrente à arquiteta Denise Zuba. O trabalho dela é focado no público que adquire imóveis de alto padrão. “O cliente quer qualidade de vida e introspecção familiar. Ele preza pelo conforto de poder, por exemplo, receber os amigos em casa e, assim, evitar deslocamentos. Não à toa, a varanda gourmet e a cozinha passaram a ser integrar a área social”, descreve.

O investimento em área de convivência transformou-se o critério do advogado Benjamin Caldas Galotti Beserra, 43 anos, ao optar por um imóvel no Noroeste. Os filhos entraram na adolescência e, em breve, Galotti acredita que a vida social vai ser uma questão relevante para eles. “Minha ideia é trazer os filhos e os amigos dos filhos para dentro de casa. Procurava um apartamento com atrativos, como piscina e churrasqueira, para que eles queiram estar em casa”, explica. Proprietário de outros imóveis, o advogado avaliou o mercado e se cercou de garantias para fechar o negócio, em setembro. “Tinha o recurso para investir e me certifiquei de que o patrimônio que tenho é maior do que a dívida contraída”, diz.

Diferenciais
Os imóveis desse segmento têm metragens e valores significativos. São apartamentos a partir de 150m² e com custo de R$ 1 milhão. Até a tradicional visita ao decorado é realizada de forma diferente, em momento mais avançado, quando o comprador já está prestes a fechar o negócio. Em Brasília, de acordo com recorte da pesquisa, 68% das buscas para alto padrão são focadas nos imóveis de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. Aqui, a oferta de apartamentos de luxo se concentra no Setor Noroeste, mas é possível encontrar alguns na Asa Sul.

Os estoques a pronta entrega estão esgotados e há até mesmo uma lista de espera para desistência, explica o diretor de vendas da Via Engenharia, Tarcísio Leite. “O imóvel é um produto necessário e, no atual cenário econômico, não existe investidor que compra para revender. O cliente que adquire é o que, de fato, vai morar”, destaca Leite. O lançamento de novas projeções deve ocorrer de forma lenta. Um dos motivos são os trâmites burocráticos, como a liberação de habite-se — que depende, entre outras exigências, da elaboração de Relatórios de Impacto de Trânsito (RIT) —, matéria que vem sendo discutida pelo GDF e pela Câmara Legislativa.

Fonte: Correio Braziliense
 

"CARDOZO, O ALVO NA MIRA"


Um teste de ferro para o Governo Dilma foi armado através das pressões visando a derrubada do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Setores do PT, liderados por Lula, deixaram clara sua insatisfação com o ministro devido aos rumos das investigações da PF, que correm soltas e apontam os filhos do ex-presidente como intermediários de negócios suspeitos. Cardozo tem a convicção de que ninguém está acima da lei.

Expressou isso claramente na entrevista exclusiva que concedeu a ISTOÉ e, sutilmente, convocado a barrar tais “abusos” disse não. Os partidários do lulopetismo consideram que a justiça está passando dos limites e exigem a interferência do Governo. Nessa contenda está em jogo o poder da presidente Dilma de continuar a dar as cartas. Se ceder aos apelos mais uma vez entrega a mesa. O movimento da eventual saída de Cardozo neste momento dá margem a duas interpretações, ambas perigosas. A primeira: de que Lula e o PT pretendem mesmo interferir nos trabalhos de apuração da polícia e até alterar suas conclusões, ferindo assim um dos principais instrumentos garantidores da democracia. 

Nesse caso se estabelece um contrassenso, dado que o próprio PT vangloriava-se até aqui de ter viabilizado as condições para que os escândalos fossem apurados “como nunca antes na história do País”. Outra dedução, igualmente grave, decorrente de um afastamento abrupto de Cardozo, seria a de que Dilma entregou em definitivo o comando político do segundo mandato ao seu mentor. Na prática – todos sabem! – esse movimento já foi feito. 

A troca de Mercadante na Casa Civil sinalizou a mexida maior nessa direção. Lula quis e Dilma, a contragosto, atendeu. É voz corrente no Planalto, na Esplanada e em qualquer gabinete de Brasília: ela não possui o controle, muito menos a interlocução adequada, seja no Congresso, muito menos com o Partido que lhe dá base. A insatisfação vem principalmente de lá. Por objetivos e atitudes, Lula e Dilma estão hoje em direções opostas. O tempo de permanência da presidente no poder é inversamente proporcional às chances de reeleição de Lula. Quanto mais ela ficar a frente do cargo, com a impopularidade recorde e decisões equivocadas aqui e ali, maior será o desgaste de Lula. As pesquisas já registram o estrago. 

No último levantamento da CNT, Lula perde implacavelmente para todos os opositores tucanos, em especial para Aécio Neves (32% contra 21%) na consulta sobre uma possível disputa eleitoral. Lula culpa Dilma e, por tabela, seu preposto na Justiça, Cardozo, pela queda de prestígio. Exige reparação. Ensaia nomeações e nos bastidores veicula versões de que não confia mais na pupila. Com o bombardeio do aparato de Cardozo sobre seus filhos arranjou um pretexto para uma separação litigiosa de criador com a criatura.  

Fonte:  Carlos José Marques, diretor editorial - IstoÉ

 

 

Óbvio que o secretário errou feio e deveria ser exonerado. Mas, a pergunta fica: se ele tivesse enfiado fotos de gays, estaria sendo tão criticado? ou elogiado e nomeado defensor das minorias.

Pornografia para o governador do Distrito Federal

[Veicular pornografia ou imagens, digamos, 'adultas', é desaconselhável e quando a divulgação é bancada com recursos públicos é crime e tem que ser punida.

O chato é que o estardalhaço todo só está ocorrendo por se tratar de  imagens de mulheres enviadas para homens.

Caso as imagens fossem de homens e enviadas para homens e/ou  de mulheres para mulheres seu autor estaria sendo aplaudido.

Ensinou Nelson Rodrigues, na crueza e grandeza de sua dramaturgia, “que toda nudez será castigada”. Nos próximos dias veremos se o “toda” inclui o Distrito Federal e a baixaria que por lá aconteceu.


 Imagens de mulheres nuas e seminuas partiram do celular pessoal do secretário de Justiça, João Carlos Souto, e chegaram a um grupo de WhatsApp que reúne o governador Rodrigo Rollemberg (foto), sua mulher, Márcia Rollemberg, e chefes de quinze secretarias do executivo. Souto diz que não foi ele quem enviou as imagens e afirma que outras pessoas usam o seu celular. Uma das fotos recebidas pelo governador é a que ilustra essa nota.   

'Mein Kampf' - Minha luta - por Adolph Hitler - opus magna do Führer, muito criticada, só que seus críticos, em sua maioria, nunca o leram


Teste de maturidade 

Talvez nenhuma outra obra traga embutidos tantos mitos, desperte tanto asco e medo quanto ‘Mein Kampf’

Quem mexe com Hitler sabe que vai atrair polêmicas. Mexer com a opus magna do Führer, “Mein Kampf” (“Minha luta”), é mais tóxico ainda. Por isso, o mercado editorial enfrenta hoje um momento de decisão tão histórico quanto coalhado de armadilhas. 

Exatamente à meia-noite do próximo 31 de dezembro expira o instrumento jurídico que proibia a reedição da obra. Em outras palavras, na virada do ano “Mein Kampf” passará a domínio público e poderá ser republicado por quem quiser se arriscar. Dias atrás a centenária editora Fayard, da França, tornou-se a primeira empresa literária da Europa a anunciar para 2016 o lançamento do texto maldito. A decisão deixou o país em polvorosa — não apenas a intelectualidade, como os círculos políticos, religiosos e acadêmicos do país.

Embora a Fayard esclareça que o texto original virá acompanhado de extensa pesquisa crítica e de anotações histórico-científicas para corrigir o vitriólico conteúdo, a polêmica adquiriu vida própria. Tampouco adiantou garantir que a editora não terá qualquer lucro financeiro com a empreitada, pois repassará a eventual receita a entidades de pesquisa. O embate entre os que consideram indispensável a reedição de um documento de tamanho peso histórico, e os temerosos da ressurreição de um texto que negou a própria ideia de humanidade, não tem data para terminar.

Talvez nenhuma outra obra traga embutidos tantos mitos, desperte tanto asco e medo, gere tamanha curiosidade e especulação, além de se beneficiar da aura de leitura proibida por 70 anos.  Hitler escreveu “Mein Kampf” em dois tempos. A primeira parte data de 1924 e pretendeu ser sua autobiografia estilizada, mesclada às raízes do Partido Nacional-Socialista. Escreveu-a da prisão onde cumpria pena por participação num fracassado putsch em Munique contra o governo da Baviera. Vendeu perto de dez mil exemplares. O segundo tomo, publicado dois anos depois, contém o programa do nacional-socialismo, a formulação da ideologia nazista e o papel alocado à raça ariana.

Traduzido para 18 idiomas e com mais de 12 milhões de cópias impressas entre a ascensão ao poder do autor, em 1933, e sua queda no final da Segunda Guerra, “Mein Kampf” tornou-se leitura quase obrigatória na Alemanha. Tanto quanto os “Pensamentos” do camarada Mao Tsé-tung reunidos no famoso Livrinho Vermelho de 1964.

Se o manifesto alemão foi efetivamente lido com ardor de ponta a ponta, não se sabe, pois, ao contrário dos ensinamentos do líder chinês, breves e de compreensão fácil, o texto de Hitler é atroz. Mas passou a representar a matriz do pensamento nazista. Com o suicídio do Führer em 1945 e a derrocada de seu regime, as tropas americanas de ocupação intervieram na editora Franz Eher, que publicava os textos nazistas em Munique, e repassaram os direitos autorais de “Mein Kampf” às autoridades da Baviera. Desde então, a proibição de reeditar ou distribuir a obra em qualquer formato vinha sendo imposta com zelo de cão farejador pelos sucessivos governos bávaros.

É este instrumento jurídico que expira agora no final do ano, decorrido o prazo de 70 anos após a morte do autor. É claro que nesse longo hiato sempre circularam cópias disponíveis. Ainda esta semana bastava entrar no site Estante Virtual para encontrar 24 edições em português, além de outras em espanhol, italiano e até mesmo uma em alemão gótico, de 1933, para quem estiver disposto a desembolsar R$ 4.700. Mas, de um modo geral, “Mein Kampf” virara fetiche, enquanto os demais textos de Hitler discurso, testamento, conversas com diplomatas, instruções militares — sempre estiveram liberados. Era uma lacuna abissal para pesquisadores.

Esta lacuna está prestes a ser preenchida pelo Instituto de História Contemporânea de Munique (IZG, da sigla em alemão). Há seis anos, um núcleo de sete pesquisadores, auxiliados por especialistas em disciplinas tão variadas como Germanística e Genética Humana, Judaísmo e História da Arte, Pedagogia e Economia, trabalha numa edição comentada de “Mein Kampf”. Às quase 800 páginas do texto original foram somados 3.500 comentários científicos e anotações que visam desconstruir o discurso nazista e contextualizá-lo academicamente.

Este colosso crítico em dois volumes e perto de duas mil páginas já está no forno e será publicado com o selo do IZG tão logo a obra caia em domínio público. No futuro também estará disponível on-line, grátis, portanto livre da acusação de possível lucro imputada à versão anunciada pela Fayard. Independentemente do texto de Hitler em breve ter seus direitos autorais liberados, a lei francesa pode continuar a vetar sua publicação a menos que o texto original venha acompanhado de material explicativo sobre os crimes cometidos em seu nome. Isso porque a incitação ao ódio racial é uma das raras restrições da liberdade de expressão na França e a obra pode ser usada como instrumento de propaganda racista.

“Publicar ‘Mein Kampf’ logo agora, nesse contexto político sufocante em que o antissemitismo está avivado, junto com sua nauseabunda contrapartida, o ódio ao muçulmano?”, indaga o secretário-geral do Partido de Esquerda, Alexis Corbière. “Sua publicação por uma grande casa editora romperá a fronteira de todas as proibições morais”, acredita ele. As reticências do professor da Sorbonne Johann Chapoutot, especialista em História do Nazismo, são de outra ordem. “Não vejo o motivo para se focar tanto num livro que não tem a importância que lhe é atribuída, nem seu autor tem a centralidade absoluta imaginada, mas uma boa edição crítica poderá mostrar isso”, declarou ao jornal “Libération”.

No fundo um mesmo receio permeia o debate: e se “Mein Kampf” vier a se tornar o grande sucesso de livraria de 2016? É um risco a correr e não representará necessariamente o naufrágio da civilização ocidental. Ela já esteve a pique várias vezes, por sinal. Tanto a França como o resto da Europa assolada por levas de refugiados precisam passar por este teste de amadurecimento. A melhor maneira de compreender e não repetir a história é estudá-la e conhecê-la.

Por: Dorrit Harazim, jornalista - O Globo

BNDES dribla norma para emprestar R$ 102 MI a empresa do Bumlai, de amigo de Lula

José Carlos Bumlai - BNDES,  banco público financiou amigo de Lula mesmo em crise. Parte do dinheiro foi repassado para uma nora de Lula, a esposa do fenomenal Lulinha


O BNDES contornou uma norma interna que o proíbe de conceder empréstimos a empresas cuja falência tenha sido requerida na Justiça e concedeu crédito de R$ 101,5 milhões ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se tornou um dos alvos da Operação Lava Jato.  O empresário conseguiu o apoio do BNDES em julho de 2012, num momento em que seus negócios enfrentavam sérias dificuldades financeiras. Nove meses depois da operação, a empresa de Bumlai entrou na Justiça com pedido de recuperação judicial por não conseguir pagar as dívidas que tinha no mercado.
 
Na época em que conseguiu o crédito do BNDES, o empresário já tinha sido alvo de um pedido de falência, apresentado à Justiça em novembro de 2011 por um fornecedor que levara calote numa dívida de R$ 523,2 mil. As normas do BNDES proíbem empréstimos a empresas nessas condições, para evitar que o banco dê crédito a quem não tem capacidade de pagar. 
 
Usina de etanol São Fernando Açúcar e Álcool, que fica em Dourados (MS) -  A empresa de Bumlai que recebeu os R$ 101,5 milhões é a São Fernando Energia 1, criada para produzir eletricidade a partir de bagaço de cana. Ela integra um grupo de cinco empresas de Bumlai que vive situação pré-falimentar. Com dívidas de R$ 1,2 bilhão, o grupo São Fernando, cujo principal negócio é uma usina de etanol em Mato Grosso do Sul, teve a falência requerida na Justiça pelo próprio BNDES e pelo Banco do Brasil mais tarde, porque não tem conseguido honrar os pagamentos que se comprometeu a fazer no processo de recuperação judicial.
 
O grupo deve R$ 330 milhões ao BNDES, incluindo empréstimos recebidos antes da operação feita em 2012. Parcelas da dívida de Bumlai com o banco estão atrasadas desde o fim do ano passado. Os pedidos de falência feitos pelo BB e pelo BNDES foram apresentados à Justiça em julho e agosto deste ano.
 
LAVA JATO

Bumlai, que já foi um dos maiores criadores de gado do país, tornou-se alvo das investigações da Lava Jato depois que dois delatores relataram que ele teria repassado recursos para uma nora de Lula e ajudado a quitar dívidas do PT, o que ele nega ter feito.  O balanço da São Fernando Energia em 2011 mostra a empresa em situação dramática. As dívidas da companhia eram 9,5 vezes maiores do que o patrimônio líquido. Seria como um cidadão ter R$ 100 mil em sua conta e, ao mesmo tempo, uma dívida R$ 950 mil.
 
Após a autorização do BNDES, os R$ 101,5 milhões foram repassados à empresa de Bumlai pelo Banco do Brasil e pelo BTG, que atuaram na operação como agentes intermediários do banco público e assumiram parte dos riscos.  Uma auditoria independente feita no balanço de 2011 da São Fernando Açúcar e Álcool afirmou que o "alto grau de endividamento" da companhia levantava dúvidas sobre a "capacidade de continuidade" da empresa.
 
A São Fernando Energia está em nome de filhos de Bumlai. A família hoje vê o grupo São Fernando imerso em um patrimônio negativo bilionário e às voltas com cobranças de centenas de credores. O empresário José Carlos da Costa Marques Bumlai, da Operação Lava Jato Quando entrou com pedido de recuperação judicial, em 2013, a empresa culpou a política de preços da Petrobras, que desestimulou a produção de álcool combustível, a demora para obter crédito e até prejuízos com geada.
 
De 2008 a 2009, época de euforia no setor, a São Fernando Açúcar e Álcool era parceira do grupo Bertin e obteve R$ 395,2 milhões de empréstimos do BNDES, sem intermediação de outros bancos. Bumlai, à época integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo Lula, defendeu publicamente em 2008, durante reunião do órgão, a necessidade de apoio do BNDES para estimular a indústria. Hoje, o grupo São Fernando é gerido por uma administradora judicial nomeada pela Justiça do Mato Grosso do Sul. Os administradores preparam um relatório sobre a situação financeira do grupo, que será concluído ainda neste mês e deve servir de fonte para a Justiça decidir a respeito do pedido de falência.
 
Segundo os administradores, o grupo, que já teve 3.000 funcionários, viu seu quadro de pessoal encolher para 2.000 nos últimos dois anos.
 
OUTRO LADO
Tanto o BNDES quanto o empresário José Carlos Bumlai negam que tenha havido favorecimento nos empréstimos que foram concedidos a ele. O BNDES confirma que adota uma norma que veta a concessão de empréstimos a empresas que tenham pedido de falência na Justiça, mas essa regra é flexível pelo princípio da razoabilidade, de acordo com a instituição. "Cabe ao BNDES avaliar se a simples existência de um pedido de falência é ou não um impeditivo para a contratação de financiamento", diz nota do banco. "Se não fosse assim, qualquer credor de uma empresa que protocolasse um pedido de falência poderia impedir a contratação do crédito, com ou sem um motivo razoável para isso."
 
Um exemplo hipotético: se um credor pedir a falência da Vale por uma dívida de R$ 1 mil, o BNDES não irá brecar a concessão do empréstimo porque sabe que esse valor é insignificante para o tamanho da companhia.   No caso da São Fernando Energia, no entanto, a instituição de fomento sustenta que, por se tratar de uma operação indireta, nas quais outros bancos fizeram o repasse e assumiram o risco do crédito, caberia ao Banco do Brasil e ao BTG "proceder a análise cadastral e exame das certidões das beneficiárias finais, conforme as regras do BNDES".
 
Em nota, o Banco do Brasil nega que tenha sido omisso na análise financeira da São Fernando Energia: "A operação de julho de 2012 foi efetuada exclusivamente para liquidar crédito contratado junto ao BB em 2010. Não houve qualquer liberação de recursos novos para a Usina São Fernando em 2012".
 
Na oportunidade, segue o texto, "foram analisadas, entre outros fatores econômico-financeiros, todas as restrições existentes, além de terem sido agregadas novas garantias à operação, melhorando seu posicionamento como credor".   Ainda de acordo com o banco, nenhuma das normas que regulam as boas práticas bancárias foram desrespeitadas. O BB diz ainda que não pode fornecer outras informações sobre a operação com a São Fernando Energia porque elas estão protegidas por sigilo bancário.
 
Procurado pela Folha, o BTG não quis comentar a operação que intermediou entre o BNDES e a empresa de energia de Bumlai.   Em maio de 2013, um mês após ingressar na Justiça com o pedido de recuperação judicial, o grupo São Fernando entregou ao BTG para quitar dívidas a fazenda predileta de Bumlai, chamada Cristo Rei, de 116 mil hectares e avaliada em R$ 580 milhões.  O advogado de José Carlos Bumlai, Arnaldo Malheiros Filho, diz que não houve favorecimento nos empréstimos que o BNDES concedeu ao empresário, e que as operações não seriam aprovadas por bancos privados. "Banco público e de fomento existe justamente para conceder crédito para quem não consegue tomar recursos no mercado", afirma.
 
Malheiros diz que seria um equívoco supor que o corpo técnico do BNDES, "de alto nível", segundo ele, aprovaria um "crédito temerário".   Ele afirma ainda que a prova maior de que o empresário não se beneficiou da amizade com o ex-presidente Lula é o fato de seu grupo estar em recuperação judicial, com dois pedidos de falência porque não tem conseguido cumprir os pagamentos que acertou com os credores.  "A amizade com o Lula não trouxe benefício algum a Bumlai", diz. [simples e qualquer auditoria séria e independente comprova: os recursos que o grupo do Bumlai obtinha via financiamento do BNDES - intermediado pelo Lula - não eram aplicados nas empresas do grupo Bumlai: parte era desviada para outras contas e empresas do amigão do Lula, parte para o PT, parte para familiares do Lula.

Na realidade o grupo Bumlai, incluindo a Usina São Fernando, eram utilizados apenas para se endividar, contratar os empréstimos, mas os recursos eram aplicados em outros empreendimentos aumentando a fortuna do amigão do Lula e protetor das 'noras' do ex-presidente.
É muito comum empresários picaretas usarem alguma empresa de sua propriedade, de preferencia renomada e com apoio político de peso, para contrair empréstimos em bancos de fomento, com juros subsidiados, e desviarem os recursos para outros fins. A empresa usada na contratação dos financiamentos vai a falência mas os donos ficam mais ricos.]
 
Fonte: Folha de São Paulo