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quinta-feira, 2 de março de 2023

Economia avança 2,9% em 2022, mas aponta desaceleração para 2023 - PIB totalizou R$ 9,9 trilhões, segundo ano consecutivo de avanço

Revista VEJA

No último trimestre de 2022, atividade recuou -0,2% [NÃO CAUSA SURPRESA a queda do PIB no último trimestre de 2022 - precisamos ter em conta que no terceiro dia de outubro, último trimestre de 2022, ocorreu o primeiro turno da eleição presidencial e o candidato petista passou para o segundo turno = ocorrência mais que suficiente para desacelerar a economia.
O que realmente entristece é que de agora para a frente só queda - tanto que,hoje, em entrevista a TV, o poste Haddad (que está ministro da Economia) reconheceu desaceleração do crescimento. ]

A economia brasileira registrou em 2022 a continuidade do ciclo de recuperação após o choque da pandemia de Covid-19. No ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 2,9%, segundo crescimento anual consecutivo. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de serviços, principal parcela do PIB, foi o grande responsável pelo bom resultado, com avanço de 4,2%.

 .

 Avanço nos serviços sustentou a economia em 2022 (Elena Pontes/Agência IBGE Notícias/Divulgação)

“Desses 2,9% de crescimento em 2022, os Serviços foram responsáveis por 2,4 pontos percentuais. Além de ser o setor de maior peso, foi o que
mais cresceu, o que demonstra como foi alta a sua contribuição na economia no ano”, analisa Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE. No ano, o Produto Interno Bruto totalizou 9,9 trilhões de reais. Já o PIB per capita alcançou 46.155 de reais no ano passado, um avanço, em termos reais, de 2,2% em relação ao ano anterior. 

Ainda sob a ótica da produção, houve avanço da indústria, de 1,6%. O setor, junto com serviços, representam cerca de 90% do PIB. Por outro lado, a Agropecuária recuou 1,7% no ano passado. “As duas atividades que mais chamam atenção estão entre as que mais cresceram em 2021, após as quedas de 2020: Transportes e Outros Serviços, que inclui categorias de serviços pessoais e serviços profissionais. Foi uma continuação da retomada da demanda pelos serviços após a pandemia de Covid-19. Em outros serviços, podemos destacar setores ligados ao turismo, como serviços de alimentação, serviços de alojamento e aluguel de carros”, explica Palis.

O comportamento dos setores do PIB

Variação do PIB em 2022 pelas óticas da produção e da demanda, em %

Chart
Fonte: IBGE

 

O resultado foi marcado por um crescimento robusto no primeiro semestre, com surpresas positivas no mercado de trabalho, reabertura de atividades e deflação por conta da queda nos preços de combustíveis e energia, esses últimos decorrentes de medidas populistas do então presidente Jair Bolsonaro, às vésperas das eleições presidenciais. A economia, entretanto, perdeu ritmo no quarto trimestre, e indica a realidade que o país deve encontrar em 2023, com uma estimativa de crescimento muito mais lento.

O PIB do Brasil, trimestre a trimestre

Variação ante os três meses imediatamente anteriores (em %)

 


FONTE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE)

Segundo o IBGE, no período, a atividade registrou recuo de 0,2%, sob forte influência da desaceleração global e dos impactos da política monetária brasileira. 
A taxa básica de juros, que estava em 2% ao ano em março de 2021 e chegou em 13,75% ao ano em agosto de 2022 e permanece nesse patamar desde então. 
A conjuntura do fim de 2022 se faz presente em todo este ano, sendo assim as perspectivas de crescimento da economia brasileira em 2023 são bem mais tímidas. [óbvio que em 2023 o Lula e PT estão governando e a queda do crescimento, infelizmente, é inevitável.] De acordo com o relatório Focus, do Banco Central, o mercado financeiro projeta um avanço na casa dos 0,8%, sustentado principalmente pelo setor agropecuário.
 
 Larissa Quintino - Economia - Revista VEJA
 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Verdades absolutas - Revista Oeste

Alan Ghani

Não acredite cegamente nas projeções do início do ano para o que acontecerá com a economia em 2022

Foto: Montagem/Shutterstock
Foto: Montagem/Shutterstock

É justamente nessa época que muitas empresas realizam o planejamento de seus investimentos para os próximos meses. Querem saber se a economia vai crescer, se o aumento de renda vai se transformar em mais demanda por seus produtos, se o dólar vai impactar o custo da importação dos seus insumos de produção, se a taxa de juros vai subir e afetar o custo de suas dívidas e se os seus consumidores serão penalizados pela inflação.

Esses são apenas alguns exemplos de como o cenário econômico influencia todo o planejamento estratégico de uma empresa. Antecipar corretamente as tendências econômicas é fundamental para minimizar riscos e maximizar as oportunidades para uma companhia. Não à toa o investidor estrangeiro institucional (fundos) tem entrado pesado na bolsa brasileira, “comprando Brasil”. Esse movimento levou o Ibovespa a subir mais de 10% desde o início deste ano, na contramão do viés de baixa dos índices americanos no mesmo período, por exemplo.

Porém, muitas vezes as previsões econômicas do início do ano são bem distantes da realidade do final de dezembro. No início de 2021, por exemplo, o Relatório Focus do Banco Central, com as previsões dos economistas de várias instituições financeiras do país, trazia a Selic em 3% ao ano para o fim do ano; enquanto, na realidade, a taxa básica de juros ficou em 9,25% ao ano. Um erro e tanto.

E esse não foi o único erro de previsão contido no relatório. A tabela abaixo traz um comparativo das previsões do Focus do início e do fim de 2021 para as principais variáveis econômicas.

É evidente que o relatório de 24/12/2021 não traz os números efetivos do fechamento de 2021 (exceção à Selic, de 9,25%, e ao câmbio, que fechou em R$ 5,58/US$ 1). No entanto, com uma série de informações já divulgadas, é razoável assumir que as projeções do último relatório do ano serão muito próximas dos dados efetivos.

Isso posto, a diferença dos números entre 4 de janeiro de 2021 e 24 de dezembro de 2021 representa a divergência entre a previsão e a realidade. Pela tabela, constata-se que nós, economistas, erramos as previsões de 2021 — e muito.

Nos EUA, a inflação acumulada em 12 meses é 3,4 vezes maior que o padrão pré-pandemia

E por que erramos? Por que tanta diferença entre a previsão e a realidade? O que explica isso?

Seguramente, a inflação é em grande parte a responsável por explicar essa divergência. Os efeitos da Selic a 2% em 2020 (expansão monetária) combinados com demanda reprimida, gargalos nas cadeias produtivas e elevação de custos de energia e combustíveis geraram uma inflação bem acima da projetada, conforme já explicado em edição anterior da Revista Oeste.

Enquanto no início de 2021 se projetava um IPCA (indicador oficial da inflação no Brasil) de 3,32%, o índice fechou com alta de 10,06%. Aliás, isso não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas mundial. Nos EUA, a inflação acumulada em 12 meses, de 6,8%, é 3,4 vezes maior que o padrão pré-pandemia (2% em 2019). Já na Zona do Euro, a inflação acumulada em 12 meses, de 4,9%, é três vezes maior do que a de 2019 (1,6%). Por fim, no Brasil, a inflação anual de 10% é aproximadamente 2,3 vezes maior do que os 4,3% de 2019.

Com uma inflação mais elevada por aqui, o Banco Central teve de subir os juros, para conter a alta generalizada e persistente dos preços, o que também explica a diferença da previsão de Selic, de 3,5% ao ano (início de 2021) para 9,25% ao ano de taxa efetiva.  Infelizmente, essa alta da Selic é um remédio amargo, porém necessário, para a economia.  
Com juros mais elevados, o crédito para o consumidor e para as empresas se torna mais caro, desaquecendo a economia e contendo a inflação.
 
Grandes desafios
Mas os juros elevados não serão o único obstáculo para o crescimento econômico em 2022. Outro desafio será a piora das expectativas trazida ao ambiente fiscal com a PEC dos Precatórios. Para abrir espaço no Orçamento, o governo federal, junto com o Congresso Nacional, criou um subteto para o pagamento dos precatórios, no valor de aproximadamente R$ 45 bilhões (inicialmente deveria ser pago o valor de R$ 89 bilhões em 2022) e alterou a regra de periodicidade de atualização do teto dos gastos (de janeiro a dezembro de 2021, em vez de julho de 2020 a junho de 2021).

Como a inflação de 2021 foi maior, o governo aumentou o teto de gastos em R$ 62 bilhões. Somados ao adiamento de R$ 44 bilhões restantes para o pagamento dos precatórios, o governo conseguiu uma economia de aproximadamente R$ 106 bilhões no Orçamento para emendas parlamentares e viabilização do Auxílio Brasil de R$ 400.

Evidentemente, o mercado reagiu mal à manobra, ao entender que, na prática, houve inadimplência de R$ 45 bilhões em precatórios e um “jeitinho” no teto dos gastos, quebrando a confiança de uma regra fiscal importante para controle das despesas públicas. Consequentemente, a PEC dos Precatórios afetou negativamente as expectativas em relação ao crescimento econômico do país, junto com a elevação da Selic, incertezas no campo eleitoral, além das questões sanitárias da pandemia, aumento de juros nos EUA, problemas no mercado imobiliário chinês (Evergrande) e tensões na Ucrânia.[fácil de perceber que as dificuldades que o capitão tem enfrentado não é para qualquer um. Além das dificuldades destacadas, o presidente Bolsonaro tem tido seu governo sistematicamente atrapalhado por evidente má vontade política do STF e muitas vezes do Congresso Nacional.
Muitas vezes fica claro a intenção de boicotar o governo Bolsonaro ou mesmo sabotar.
A chamada mídia militante tem se empenhado ao máximo para atrapalhar, no caso sabotar define melhor, o governo do capitão. Um dos métodos utilizados, não sendo o único, é 'narrar' fatos de forma a MAXIMIZAR o que pode ser interpretado contra o governo e MINIMIZAR aspectos  favoráveis ao atual governo. Tentam tornar realidade a  narrativa mentirosa de: NÃO SEI DO QUE SE TRATA, MAS O CULPADO É BOLSONARO ]
 
O lado microeconômico

Por outro lado, não damos a devida importância para reformas essenciais que ocorreram do lado microeconômico, como o Marco Cambial, Marco Ferroviário, Marco do Saneamento, Marco do Gás, privatização da Eletrobras, investimentos em infraestrutura e independência do Banco Central, entre outras. Essas reformas não costumam ter efeitos imediatos, mas afetam positivamente a economia no médio e longo prazos. Infelizmente, damos muitas vezes mais valor às políticas macroeconômicas, que afetam mais a demanda no curto prazo, do que as reformas microeconômicas, cujos efeitos recaem sobre o potencial de crescimento econômico do país no médio e longo prazos.

Além da ênfase exagerada no lado das políticas macroeconômicas, há também o viés das projeções, o “efeito manada”.  Por exemplo, em meados de 2021, a expectativa de crescimento econômico para o ano passado girava na casa de 1,5%. Até que um grande banco revisou sua projeção de 1,5% para 0,5%. Aparentemente, naquele momento, não havia nenhum fato que justificasse tamanha revisão. Acontece que esse banco tem grande credibilidade e acaba sendo um “formador de opinião” do mercado, influenciando os analistas de outras instituições a revisar as suas projeções.

No entanto, se todo mundo acreditar que o país crescerá 0,5%, o PIB ficará próximo desse valor. Quando todo mundo acredita numa expectativa, ela se realiza (profecia autorrealizável). A verdade é que ninguém sabe ao certo como essas variáveis irão se desenrolar e como o imponderável irá se impor.

Na nossa história econômica recente, quem imaginou que venceríamos a hiperinflação da década de 1980, passaríamos pelas crises da década de 1990 (México, Ásia, Rússia e Argentina) e do subprime nos EUA, que resistiríamos há 13 anos de PT (farra fiscal, aumento do tamanho do Estado e corrupção sistêmica do mensalão/petrolão) e enfrentaríamos a pandemia, com um índice de vacinação superior ao dos EUA e da União Europeia?

Apesar de todas as crises, o pragmatismo econômico prevaleceu, e o país avançou com o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a reforma trabalhista, a reforma da Previdência, o teto dos gastos, os avanços no agronegócio, o fortalecimento do mercado financeiro e o desenvolvimento em infraestrutura, entre outros avanços.
 
Os próximos passos
É claro que ainda há muito por fazer para tirar o Brasil do fraco crescimento econômico dos últimos anos, aumentar a renda e reduzir o elevado desemprego — herança do descontrole fiscal e da mudança da matriz econômica do segundo mandato de Lula e do governo Dilma. Para isso, uma reforma tributária, que traga simplificação no pagamento de impostos, e uma reforma administrativa, que torne o Estado mais eficiente, são fundamentais para desafogar o setor privado, tornando-o mais eficiente na geração de renda e empregos para o país.

Independentemente de quem ganhe as eleições em 2022, é fundamental que se mantenha um ciclo de reformas iniciado desde o governo Temer que vise à diminuição do tamanho do Estado e ao controle do gasto público. Se esse ciclo reformista for mantido, somado aos efeitos de médio e longo prazos das reformas mencionadas ao longo deste texto, poderemos ter surpresas positivas para a renda, o emprego e a inflação para os próximos anos.

Por fim, não tomem as projeções econômicas do início do ano como verdades absolutas do que acontecerá com a economia em 2022. As previsões poderão errar, para cima ou para baixo, assim como aconteceu em 2021. Seja cético em relação às projeções e à opinião deste humilde economista.

Alan Ghani é economista-chefe da Sarainvest e professor do Insper

Leia também “A economia na balança”

Revista Oeste

 


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O ano que pode interromper o ciclo de más notícias – Editorial - O Globo


Pela primeira vez desde a grande recessão de 2015/16, há indicadores mais firmes de uma recuperação

A economia ensaiou uma reação no início de 2017. Parecia que, como em crises anteriores, o PIB bateria no chão e subiria em ritmo firme. Mas não aconteceu. No biênio 2015/16, o Brasil mergulhou na mais funda recessão de que se tem notícia no pós-guerra, de mais de 7%. Devido às barbeiragens fiscais cometidas por Dilma Rousseff. Seja como chefe da Casa Civil do segundo governo Lula, quando inspirou um desastroso “pé no acelerador”, seja como presidente, quando insistiu no erro. Até sofrer impeachment em 2016, ao atropelar a Lei de Responsabilidade Fiscal. [o eleitor brasileiro foi estúpido ao votar, elegendo e reelegendo, (desculpem a redundância, mas, é para enfatizar a estupidez) uma mulher que conseguiu levar a falência o único negócio que dirigiu na vida = uma lojinha de R$1,99.
Mas, ele está aprendendo e se corrigindo. Ver post abaixo.]

Se a economia brasileira costumava se recuperar em pouco tempo das crises causadas por insolvências externas, puxada por exportações estimuladas por maxidesvalorizações cambiais — causa também de choques de inflação —, desta vez a insolvência foi interna, do Tesouro. A desvalorização do real de nada valeria. Seja como for, seguiu-se um período de virtual estagnação, com elevações minúsculas do PIB na faixa de 1%, fase que parece estar sendo superada agora. Esta é a boa notícia para 2020: o crescimento está acelerando. Mesmo os movimentos débeis nos subterrâneos da economia vêm conseguindo criar empregos. Boa parte informais, de baixos salários, mas capazes de aumentar a massa salarial.

No segundo trimestre, por exemplo, ela cresceu 2,4% sobre o mesmo período do ano anterior, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Este é um fator fundamental para a recuperação da economia, porque o Estado não pode repetir o seu clássico papel de indutor do crescimento por meio da elevação dos gastos. Pois ele quebrou do ponto de vista técnico. A demanda terá de continuar a ser impulsionada pelo poder de compra das famílias e pelos investimentos, internos e externos.

O último relatório Focus de 2019, feito pelo Banco Central, a partir da mediana das expectativas de analistas do mercado coletadas no dia 27, sexta-feira, confirma um cenário otimista para 2020: crescimento de 2,30% — 2,22% há quatro semanas — e uma inflação sob controle, em 3,6%, abaixo da meta, que é de 4%. As boas perspectivas vêm sendo acompanhadas por indicadores positivos: também ajudadas pela liberação do FGTS, as vendas no Natal foram fortes — em São Paulo, crescimento no varejo foi de 6,6%, o maior desde 2010, de acordo com a Associação Comercial, e, no Rio, 7%, na mesma faixa. Além disso, no mês anterior, novembro, o número de empregos formais criados foi o maior também desde 2010 (99 mil).

De acordo com o IBGE, no trimestre de setembro a novembro a taxa de desemprego caiu de 11,6% para 11,2% — em relação aos três meses anteriores. Coerente com este quadro geral. Mas ainda há 11,9 milhões de desempregados. Falta muito para a economia se reequilibrar e não ser apenas uma retomada cíclica. Para novos avanços, é certo, precisa-se retomar as reformas. O impulso dado pelas mudanças na Previdência tem prazo para acabar.

 Editorial - O Globo 



segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Novo corte nos juros esta semana é amplamente esperado - O Globo

Marcelo Loureiro

A inflação acelerou e o crescimento do PIB surpreendeu, mas o relatório Focus manteve a projeção para o corte dos juros esta semana. A mediana prevê a redução de meio ponto na Selic, para 4,5%. O Banco Central divulgará sua decisão na quarta-feira. Já o crescimento do PIB do terceiro trimestre provocou mudanças no Focus. Os especialistas revisaram os cálculo e esperam alta de 1,1% na economia em 2019.


Sede do BC



Na sexta-feira, o IBGE informou que o IPCA do mês passado subiu 0,51%, bem acima do 0,10% de outubro. A aceleração, puxada pelo preço das carnes, elevou a estimativa para o IPCA deste ano. A mediana no Focus saltou de 3,52% para 3,84%. Mesmo com o avanço, a inflação será menor que o centro da meta para 2019, que é de 4,25%.

Em relação ao PIB, as previsões melhoraram após o resultado do terceiro trimestre, divulgado na terça-feira, apontar alta de 0,6%. O dado veio mais forte do que se previra. A mediana subiu de 0,99% para 1,1% na semana, mas ainda está bem abaixo do que o mesmo Focus estimava em janeiro. Naquela época, a projeção era de alta de até 2,6%. Para o ano que vem, a estimativa ficou quase estável, em 2,24%.

Blog da Míriam Leitão, em O Globo - Marcelo Loureiro

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Um ano de crescimento fraco - Míriam Leitão



A atividade finalmente cresceu em maio, após quatro meses de quedas. A alta do IBC-Br, um indicador do Banco Central, foi de 0,54% na comparação com abril. O dado positivo corrige um pouco a queda dos últimos meses nesse indicador. O IBC-Br tem fórmula diferente do cálculo do PIB, feito pelo IBGE. Mas o que já se sabe é que esse é um ano de crescimento mais fraco que em 2018 ou 2017.

Estacionamento de shopping vazio

A economia não está em recessão, mas não sai do ponto-morto. Infelizmente, a alta do IBC-Br não é o reinício da retomada. Os dados estão oscilantes, às vezes negativos, outras vezes positivos. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, me disse semana passada que no segundo semestre haverá um ponto de inflexão.

A economia deve crescer mais, mas não será suficiente para garantir um crescimento robusto em 2019. O governo, também na semana passada, cortou sua projeção para o PIB de alta de 1,6% para 0,81%, em 2019. É o mesmo nível da mediana das projeções no relatório Focus, com expectativas de especialistas. Há 20 semanas seguidas essa estimativa sofre quedas. Os novos números do segundo semestre poderão confirmar se a expectativa de Campos Neto.

O Globo - Coluna da Miriam Leitão


segunda-feira, 29 de maio de 2017

Vocês preferem que se torne realidade a alternativa A ou a B? Congresso parado = A

a) Incerteza já afeta projeções no Focus

As estimativas começam a reagir às incertezas. As projeções para a economia pioraram no relatório Focus. A mediana para a inflação deste ano subiu para 3,95%, ou 0,03 ponto pior que na pesquisa anterior. Para o PIB, a previsão caiu a 0,49%. A crise política mudou a tendência. A publicação da semana anterior ainda não refletia os efeitos da delação da JBS e de seus executivos. A expectativa para os juros ficou estável em 8,5% para o final deste ano e do próximo; nesta semana o Copom se reúne para decidir sobre a taxa, atualmente em 11,25%.  

A previsão do IPCA deste ano vinha caindo há 11 semanas. A mediana para 2018 também piorou e agora marca 4,4%. Para o PIB do ano que vem, a estimativa encolheu um pouco, para 2,48%. No caso dos juros, perdeu força a perspectiva de que o BC iria acelerar o ritmo de cortes. 

A piora nas revisões deve se acentuar. Com a demora no desfecho da crise política, a votação das reformas atrasa e atrapalha a frágil recuperação da economia. 

) É forte a possibilidade de o IPCA registrar deflação em junho

Há uma chance grande de a taxa mensal do IPCA ficar negativa em junho, conta o professor Luiz Roberto Cunha. A redução no preço da gasolina nas refinarias deve chegar aos postos no início do mês. A Aneel também anunciou que em junho a bandeira tarifária será verde, ou seja, a conta ficará menor após três meses de cobranças extras. A última vez que o IPCA registrou deflação foi em junho de 2006.

Para maio, o professor projeta a taxa em torno de 0,45%, o que levaria a inflação em um ano para algo próximo a 3,75%.  

Fonte: Coluna da Míriam Leitão - O Globo

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Corte nos juros melhora expectativas

Inflação em baixa permite redução forte da Selic, perspectivas são animadoras para taxas ainda mais baixas, e isso aumenta otimismo com relação à volta do crescimento

A aceleração no corte dos juros, empreendida pelo Banco Central na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), representa, antes de tudo, um realinhamento da autoridade monetária com a posição que vinha se tornando majoritária, entre economistas e analistas em geral, de que o BC precisava apressar o passo do afrouxamento da política anti-inflacionária. Depois da segunda reunião com o modesto corte de 0,25 ponto percentual, deixando a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%, aumentou a crítica de que a autoridade monetária estava muito conservadora diante de um cenário claro de inflação em baixa.

Foram feitas, inclusive, análises de cunho mais político sobre uma hipotética — e desnecessária — preocupação de Ilan Goldfajn de, por meio de um conservadorismo em excesso, marcar a autonomia de sua equipe no BC em relação ao Planalto, muito diferente do que acontecera no relacionamento no governo Dilma entre o Planalto e a instituição, no período de Alexandre Tombini.

Importa é que o corte de 0,75 ponto nos juros, deixando a Selic em 13%, injeta mais otimismo nas expectativas para 2017, que não eram muito animadoras no início de dezembro.  Mas a inflação se manteve ladeira abaixo, o IPCA foi de apenas 0,3% em dezembro — abaixo mesmo do 0,36% da última previsão para o ano feita pelos analistas no relatório Focus, do BC —, e houve confiança no Copom na redução mais forte. Que poderá se repetir na próxima reunião.

Neste último relatório, fechado na sexta-feira passada, a mediana das apostas do mercado é que a inflação de 2017 será de 4,81%, muito próxima da meta de 4,5%. Talvez ela seja atingida ainda este ano. Os 6,29% da elevação dos preços, no ano passado, já foram importante vitória, porque representou uma corte de aproximadamente quatro pontos percentuais em relação aos 10,67%, de 2015, símbolo da desregrada política fiscal da gestão Dilma Rousseff. Foi, assim, possível encerrar o ano com a inflação abaixo da margem superior de tolerância de 6,5%. As expectativas de que a economia crescerá no segundo semestre começam a ser antecipadas. Reforçam o otimismo as estimativas de uma safra agrícola das melhores — e que também ajuda a impedir que os alimentos voltem a pressionar o IPCA.


Juros e inflação em baixa são variáveis básicas da equação do crescimento do PIB. Mas não as únicas. É certo que a tendência do cenário é de melhoria, mas ainda existem dúvidas sobre o ajuste fiscal, muito dependente da reforma da Previdência, ainda a ser deliberada pelo Congresso, e da situação dos estados, também cruciais para o equilíbrio das contas da União.

A Lava-Jato e seu potencial de desestabilização política do governo não pode ser esquecido, nem deve ser descartada a possibilidade de, a depender da forma com que Donald Trump assuma a Casa Branca, no final da semana que vem, o Copom ter de ajustar seus sensores, caso o banco central americano (Fed) acelere a elevação dos juros. Basta que Trump e seu anunciado protecionismo aticem a inflação americana. Mas não se trata de problemas que não possam ser esgrimidos pelo BC. Não apenas os juros brasileiros continuam com boa margem para cortes, como a própria distensão do ambiente econômico e dos negócios é um fator a ser levado em conta.

Fonte: Editorial - O Globo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

BC se descredencia ao sinalizar submissão

Tombini poderia ter defendido a manutenção dos juros com argumentos técnicos, mas errou na comunicação e reforçou a imagem de um funcionário do Planalto

O desastre para a imagem do Banco Central de Alexandre Tombini, [também conhecido como 'pombini' pela notória submissão à Dilma] e, por tabela, do governo Dilma Rousseff, não se deve apenas a uma inusitada nota divulgada pelo presidente da instituição, na terça, no início da reunião de dois dias do Conselho de Política Monetária. A gravidade do fato está no conjunto da obra. Isso, não bastasse a liturgia do cargo limitar declarações sobre o Copom. Mais exótico ainda foi soltar a nota na abertura da reunião do conselho, periodicamente realizada para avaliar a taxa básica de juros da economia, a Selic, se ela deve ser recalibrada ou não.

Curto, o comunicado de Tombini considerava “significativas” as revisões das estimativas do FMI para a evolução da economia brasileira este ano e em 2017, publicadas naquele dia: de uma recessão de 1% para 3%, e de um crescimento de 2,3% para estagnação.

Nenhuma novidade. O presidente do BC, com acesso fácil a toda sorte de indicadores, não deveria ficar surpreso. O relatório Focus, elaborado semanalmente pelo próprio Banco Central com estimativas dos maiores departamentos de análise do mercado, já apontava na mesma direção.

Por que alardear o já sabido? A interpretação corrente foi que Tombini se sentiu obrigado a justificar formalmente a decisão de propor no Copom manter os juros em 14,15%, depois de ter indicado que o BC apertaria a política monetária, apesar da recessão. Uma das indicações estava na carta aberta ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, exigência legal quando o BC não evita que a inflação estoure o teto da meta.

A atitude patética funcionou como um bumerangue e atingiu o próprio Tombini e o BC, por reforçar a ideia de que o Banco Central jamais teve autonomia desde que Dilma assumiu a Presidência. E nunca terá. Causa avarias também no governo, ao realçar sua faceta intervencionista.


Foi lembrado que o BC de Tombini começou a cortar juros em 2011, em Dilma 1, quando a inflação não estava dominada. A Selic chegou a 7,12%, sob aplausos do PT e entre sorrisos no Planalto, mas as taxas tiveram de voltar a subir em 2013. A inflação jamais voltou à meta de 4,5%, nem a economia chegou a um crescimento sustentado, justificativa “desenvolvimentista” para menos juros.

A imagem de um BC submisso é reforçada pela pressão explícita do PT contra a política monetária, alvo também do ex-presidente Lula. E Tombini poderia ter feito tudo dentro do rito normal, pois até mesmo economistas ortodoxos defendiam a manutenção da Selic, temerosos da “dominância fiscal”, situação em que os juros altos, por aumentarem muito os gastos públicos, perdem eficácia como terapia anti-inflacionária.

Reforça-se, cada vez mais, a imperiosidade de um programa sério de corte de despesas públicas, para tirar o país deste beco sem saída. A situação se agrava porque, não bastasse o governo não ter compromisso confiável com um efetivo ajuste fiscal, o BC parece ter perdido de vez as condições de ancorar os preços.

Fonte: Editorial - O Globo



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Projeções do boletim Focus, Banco Central, pioram para 2016




Mais uma semana de piora nas expectativas para 2016. No relatório Focus, o mercado agora vê inflação em 6,29% no fim do ano que vem, a 13ª alta seguida. 

A mediana para o PIB ficou em -1,51%, o quarto recuo seguido.


Entre os que mais acertam, a projeção é ainda pior. Para o Top 5 de médio prazo, o IPCA deve terminar o ano que vem em 7,33%.

Para 2015, a mediana de todas projeções para o PIB caiu a -3,05%, o 16º recuo seguido

A expectativa para a inflação, após a 7ª elevação consecutiva, ficou em 9,91%. 

 O Top 5 vê o IPCA de 2015 chegando aos dois dígitos, em 10,23%.

Fonte: Blog da Míriam Leitão - Marcelo Loureiro