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domingo, 29 de maio de 2022

Questão indígena - “Cadê os Yanomami”: o outro lado do desaparecimento de uma aldeia e da morte de uma criança

David Ágape, especial para a Gazeta do Povo

Indígenas ianomâmis na cidade de Alto Alegre, em Roraima, foto de 30 de junho de 2020
Indígenas ianomâmis na cidade de Alto Alegre, em Roraima - Foto: EFE/Joédson Alves
 
No início de maio, percorreu o mundo a história do suposto desaparecimento de uma aldeia com 24 indígenas ianomâmis, depois que estes denunciaram que uma indígena de 12 anos teria morrido após ser estuprada por garimpeiros. 
Os garimpeiros também teriam sequestrado uma criança de três anos, que em algumas versões da história teria morrido afogada após cair de um barco

A denúncia foi feita em abril (25), por Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Ianomâmi e Ye’kwana (Condisi-YY). Este ‘desaparecimento’ foi o gancho necessário para uma intensa campanha nas redes sociais, de artistas e personalidades que aderiram à causa e repercutiram a hashtag “Cadê os Yanomami?”.

Em uma das publicações a cantora Anitta aproveitou para relembrar o prazo final para a regularização de títulos de eleitor para a votação nas próximas eleições, parte de uma campanha que contou com artistas de e foi bancada por organizações internacionais. “Nos próximos anos eu quero um governo que se preocupe com a nossa natureza”, escreveu.[Quem é essa cantora para tentar impor o seu querer?]

Em reação a isso, o procurador-geral da República, Augusto Aras, declarou que o esclarecimento do caso era uma prioridade e que os autores não ficariam impunes. Durante uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia chamou o estupro da menina ianomâmi de “perversidade que não pode permanecer como dados estatísticos, como fatos normais da vida”, e cobrou investigações sobre o caso. O presidente do STF, ministro Luiz Fux, classificou o caso como gravíssimo.

Dias depois, entre 27 e 28 de abril, uma comitiva composta por Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF), e Fundação Nacional do Índio (Funai), com a presença de um intérprete, esteve na comunidade para investigar. Entretanto, após análise, não encontraram indícios de que os crimes aconteceram. Em entrevista à Jovem Pan News, em 12 de maio, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, questionou o fato de serem difundidos boatos como esse, principalmente em ano eleitoral. [foi o maior mico já pago por uma chefe da PGR e por duas supremas autoridades. Curioso é que o assunto foi desmentido e nenhuma das autoridades que combatem as FAKE NEWS se manifestaram = ministro presidente do TSE e o ministro condutor do 'inquérito do fim do mundo.]

Mesmo após o “reaparecimento” dos indígenas, dias depois, alguns na companhia de garimpeiros, Hekurari manteve a narrativa e acrescentou que está recebendo ameaças de garimpeiros. A denúncia foi corroborada pela Hutukara Associação Ianomâmi, que afirma que este estupro não é um caso isolado e que a Terra Ianomâmi sofre sua pior ofensiva de garimpeiros em 30 anos.

A Gazeta do Povo conversou com moradores do local e indígenas ianomâmis, e obteve com exclusividade vídeos com o líder da aldeia Aracaçá, Tuxáua Morô, que revela que o incêndio na aldeia não foi realizado pelos garimpeiros, mas pelos próprios indígenas, em um ritual fúnebre tradicional não relacionado às denúncias.

Indígenas de Aracaçá negam as acusações
A comunidade Aracaçá fica dentro da Terra Indígena Yanomami, em local de difícil acesso, próximo à fronteira com a Venezuela. De Boa Vista, até a região dos Waikás, são cerca de 1h15 de voo. Para chegar a Aracaçá são necessários mais 30 minutos de helicóptero, ou cinco horas de barco pelo rio Uraricoera.

Em vídeo gravado na comunidade, por um missionário evangélico não identificado, dias depois do “desaparecimento” da comunidade Aracaçá, aparecem Tuxáua Morô, líder da comunidade e os demais indígenas da aldeia. É perguntado para eles se foram atacados por garimpeiros e eles dizem que não. Um outro missionário que esteve na aldeia, conhecido em Manaus como Evangelista Hilton, conta que os indígenas afirmavam todo o tempo que as denúncias de Hekurari eram mentira.

Em 8 de maio, Tuxáua Morô e sua esposa Cláudia estiveram em Boa Vista a convite de integrantes do Movimento Garimpo Legal, para que esclarecessem os fatos à imprensa local. Em vídeo, gravado por Jailson Mesquita, integrante do movimento, Morô conta que é falsa a acusação de Júnior Hekurari de que uma menina indígena de 12 anos havia sido estuprada e morta durante um ataque de garimpeiros à aldeia Aracaçá, e que, na sequência uma menina de três anos teria desaparecido ao cair de um barco quando a tia da moça estuprada tentou salvá-la.

Quanto ao incêndio na aldeia, Morô explica que foi causado por sua esposa em decorrência do suicídio de seu filho. “Ela estava zangada, por isso acendeu um isqueiro", diz. Por este motivo, a comunidade seguiu para outro local nas proximidades.

Segundo o antropólogo Diogo Oliveira, doutorando em antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina, e pesquisador do tema suicídio indígena, diversas etnias têm por hábito queimar as moradias, desfazer aldeias e se mudar de locais onde acontecem mortes, sobretudo quando se tratam de situações traumáticas, o que também acontece conforme cada cultura. "Os indígenas têm lógicas culturais particulares em relação ao suicídio, associadas com as suas visões de mundo específicas, como a noção de espiritualidade e religião, nem sempre sendo vista como algo negativo”, diz.

Segundo ele, em algumas circunstâncias, a desestruturação da sociedade pode aumentar o número de mortes autoprovocadas, como em casos de uso abusivo de bebidas alcoólicas, perda de terras, conflitos familiares e intergeracionais, afetando principalmente jovens e adolescentes. Jailson Mesquita afirma que a denúncia no MPF foi realizada pelo pessoal ligado ao garimpo, para que tudo fosse esclarecido, e não por Junior Hekurari, que somente comentou sobre o caso nas redes sociais. “Quem denunciou o caso no MP, pedindo apuração imediata, fomos nós. Hekurari só comentou nas redes sociais. E fomos também na comunidade e encontramos os indígenas desaparecidos. Detalhe: como estavam sumidos se a gente encontrou? Lá nenhum deles sabia sobre caso de estupro de menina ou criança jogada em rio”, afirma.

Mesquita diz que não é a primeira vez que utilizam mentira para desmerecer o garimpo. Ele conta que Hekurari também foi o autor da denúncia, feita em 2021, de que dois meninos yanomami, de quatro e de sete anos, morreram afogados após serem sugados por uma draga de garimpeiros. Após investigações também não foi constatado que a draga dos garimpeiros causou a morte das crianças. “No final das contas a PF concluiu que a morte das crianças foi por afogamento, e não por causa da draga. Tecnicamente é impossível uma draga sugar uma criança pois a ponta da mangueira tem cerca de 30 cm. Como suga uma criança muito acima do rio? É subestimar a inteligência dos outros!”, afirma.

Para Mesquita, não faz sentido a acusação de que os garimpeiros estejam atacando os Yanomami, "pois o que mais os garimpeiros querem é ter uma convivência pacífica entre eles". Ele explica que a maioria dos garimpeiros têm baixa escolaridade e se eles forem procurar uma profissão honesta fora do garimpo o salário, provavelmente, será baixo. Por isso, a relação entre garimpeiros e indígenas seria de ajuda mútua. “A PF, a Funai e o MPF foram até a aldeia e disseram que não há indícios de que aconteceu. Não acredito que iriam mentir para fazer apologia para o garimpo”, diz Mesquita.

Acusações de autopromoção e oportunismo
Mesmo com a declaração das autoridades de que não foi encontrado indício de estupro ou sequestro na aldeia, Hekurari sustentou as acusações e acrescentou que os indígenas teriam sido subornados e coagidos pelos garimpeiros com barras de ouro em troca de silêncio.

Um indígena yanomami, que pediu para não ser identificado por ter recebido ameaças, diz que Hekurari conta estas histórias por oportunismo, para se autopromover. Este indígena conversou com seus “parentes” yanomami de Aracaçá, logo após as primeiras denúncias virem a público, e eles confirmaram que as acusações de Hekurari não procedem.“Eles disseram: aqui tem garimpeiros, sim. Mas os garimpeiros ficam no canto deles trabalhando e a gente na nossa localidade”, afirma.

Garimpeiros prometem processar Hekurari
Como resposta às denúncias de Junior Hekurari, garimpeiros do Movimento Garimpo é Legal, que negam as acusações, dizem pretender processá-lo por calúnia após o fim das investigações.

Na quinta-feira da semana retrasada (dia 12), o grupo organizou manifestação em frente à Assembleia Legislativa de Roraima, que naquele momento recebia uma comitiva de parlamentares, liderada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, que seguiu até o estado para investigar as acusações feitas pelos indígenas.

O coordenador geral do Movimento Garimpo é Legal, Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas, esteve no dia 29 de abril no MPF solicitar que fossem investigadas as acusações de Junior Hekurari de que garimpeiros coagiram os indígenas da comunidade Aracaçá, com 5 gramas de ouro, para que negassem o que teria ocorrido na aldeia.

“Tomei conhecimento de que eu estaria perseguindo e ameaçando o indígena Junior Hekurari. Esse cidadão é aquele que falsamente denunciou a morte de uma criança indígena e agora alega que está sofrendo ameaças de garimpeiros”.

“Junior Hekurari não me conhece, como ele próprio afirma. Do mesmo modo eu não o conheço, mas percebo que este rapaz tem se esforçado tanto quanto outras pessoas para colocar-me como o algoz de suas denúncias”, diz.


A história de Haximu
Para antropólogo, consultor e intermediador de conflitos étnicos Edward Luz, o surgimento destas denúncias contra garimpeiros, há pouco menos de um mês das comemorações de 30 anos da criação da Terra Indígena Ianomâmi —- maior território étnico do mundo, com área equivalente a três Bélgicas, e população de apenas cerca 35 mil indígenas -- não é coincidência, devido às atuais propostas de legalização de mineração em terra indígena votadas no Congresso e a votação do marco Temporal no STF.

Segundo Luz, o aparato socioambiental indigenista aprendeu a utilizar esta estratégia com eficiência: “Sempre que um projeto de lei ou uma proposta não interessam ao movimento, eventos como esse surgem, recaindo contra o Estado brasileiro a acusação de ineficácia e ineficiência”
“As recorrentes denúncias de invasão e violência garimpeira contra ianomâmis é a mais acabada prova da ineficiência de um modelo de interação de relações interétnicas, permeadas pelo estado, que parece ter sido construída para não dar certo. Este modelo foi criado para ser um caos e as relações de ianomâmis só funcionarem com o aparato das ONGs”, diz.

Para Luz, antes mesmo de haver o resultado das investigações, a imprensa já levantava paralelos sobre outros casos de violência entre os ianomâmis, como o Massacre de Haximu.  Haximu foi uma suposta chacina de ianomâmis por garimpeiros, ocorrida em 1993, no estado de Roraima. Foi o primeiro e único crime julgado no Brasil como genocídio e até hoje tem implicações. Na quinta-feira (5), a PF prendeu em Roraima o garimpeiro Eliézio Monteiro Neri, foragido da Justiça, condenado por participação no massacre.

A história de Haximu foi intensamente criticada pelo jornalista Janer Cristaldo (1947-2014), que dedicou anos a analisar o caso e disse acreditar que este era o maior blefe já registrado na imprensa nacional e internacional até então, provocando lesões irremediáveis na imagem do Brasil no exterior. Para ele, os jornalistas estavam mais preocupados com vírgulas e acentos, se o termo tinha acento circunflexo ou não, do que com os fatos e provas.

Em seu livro "Ianoblefe", Cristaldo apresenta os diversos indícios de que tal genocídio nunca aconteceu: como número de mortos inconsistente. começou com 19 mortos, depois 40, depois 73, depois 89, depois 120, e por fim 16 — sendo uma ossada encontrada no local, com data da morte desconhecida, a única prova de que alguém morreu. Além disso, nem ao menos no Brasil o evento teria acontecido.

Ele relembra o caso do suposto massacre ianomâmi ocorrido na Venezuela, em setembro de 2012, denunciado pela Survival International, principal organização indigenista mundial. Na ocasião, após ser esclarecido que 80 indígenas não foram assassinados e sua aldeia queimada, a Survival veio a público informar que seu papel não é questionar as organizações indígenas que passaram a informação, mas divulgar internacionalmente. O argumento “índios não mentem”, diz Luz, foi o mesmo utilizado no caso Haximu.

A Máfia Verde
Segundo o escritor Lorenzo Carrasco, jornalista, ex-correspondente da revista Executive Intelligence Review (EIR) e atualmente editor da revista Solidariedade Ibero-Americana e autor do livro "Máfia Verde", a reserva ianomâmi é criação da oligarquia inglesa, que em 1969 criou a Survival International, tendo o objetivo principal de suas campanhas a criação do “Parque Ianomâmi”. Segundo Carrasco, o motivo para este interesse na região são as imensas riquezas minerais que existem ali.

Outra organização importante neste processo foi a Rainforest da Noruega, responsável por financiar diversas ONGs menores no Brasil, numa estratégia de nacionalização do discurso pró Ianomâmi. O interesse é tanto que o rei da Noruega, Harald V, esteve pessoalmente em Terra Yanomami, em 2013, onde foi recebido pelo líder ianomâmi Davi Kopenawa. A Rainforest é uma das financiadoras da Hukutara, instituição presidida por Kopenawa.

Por décadas a Survival pressionou as autoridades brasileiras, financiando campanhas, até que em 15 de novembro de 1991, o ex-presidente Fernando Collor de Melo cedeu à pressão e satisfez as pressões da casa de Windsor. Assinou o decreto conferindo a cerca de seis mil ianomâmis uma área de 90 mil quilômetros quadrados, o equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro.

Segundo Luz, até o termo "Ianomâmi" foi inventado por antropólogos estrangeiros — como o americano Napoleon Chagnon, o inglês Robin Hanbury-Tenison e o italiano Ernesto Migliazza — e não existia entre os indígenas até meados da década de 70. Ali, diz ele, existiam diversas tribos com denominações étnicas distintas que viviam, e ainda vivem, em intensas guerras tribais.


Ele cita o livro "A farsa Ianomami", do coronel do Exército e ex-Secretário de Segurança de Roraima Carlos Alberto Lima Menna Barreto, que argumenta que o termo nunca foi encontrado por exploradores e estudiosos que já estiveram na região. "Vigora no Brasil uma enorme economia do ‘cuidadismo’. Somos um dos únicos países do mundo em que existe um setor que vive exclusivamente de cuidar do índio. Neste modelo, criado para um caos e as relações de ianomâmis só funcionarem com o aparato das ONGs, não existe possibilidade de se falar de autonomia. Sempre que se sustenta a fala de autonomia diz-se que vão comprar os índios”, diz.

David Ágape, especial para Ideias - Gazeta do Povo


A frase das frases da semana: “Não deixarei o Supremo isolado” - IDEIAS - Gazeta do Povo

Jones Rossi e Paulo Polzonoff Jr.

As frases da semana: “Não deixarei o Supremo isolado”
As frases da semana: “Não deixarei o Supremo isolado”

Foto: Agência Brasil

"Não deixarei o Supremo isolado" Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, em flagrante conluio com o poder que ele deveria fiscalizar. Sabe o que acontece com as ovelhas que acham que podem conviver com os lobos, né?

"O que a Bíblia diz sobre o aborto" Universa, cantinho ultraprogressista do UOL, recorrendo à exegese herege para justificar o assassinato de bebês. O texto começa sugerindo que a defesa da vida é coisa de “religiosos fundamentalistas”. Sente o nível!

“Quer baixar a inflação? Então garanta que as empresas mais ricas paguem seus impostos” – Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Como assim Biden fez um intensivão com os economistas da Unicamp e ninguém nos avisa?

"Só um psicopata ou um imbecil para dizer que os movimentos de 7 de Setembro e 1º de Maio atentam contra a democracia. Quem diz isso é um psicopata ou imbecil" Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, sobre a fala tresloucada de seu arqui-inimigo Alexandre de Moraes, o ministro do STF que confunde toda e qualquer crítica a ele com "atos antidemocráticos".

"Na data comemorativa da abolição da escravatura é oportuno relembrar as dívidas históricas com a população negra e a importância de enfrentar o racismo estrutural que nos diminui a todos." Luis Roberto Barroso, ministro do STF, usando todos os clichês possíveis em sua incansável militância progressista dentro da Suprema Corte.  Resta saber se ele vai pagar nossa parte nessa dívida histórica por TED ou Pix.

"Metáfora de macho adulto branco sempre no comando" – Jean Wyllys, tomando as dores do parça Gregório Duvivier na treta com Ciro Gomes, que cometeu o pecado de chamar o comediante (cof! cof!) para um debate com (atenção!) “paridade de armas".

"Empresas precisam de capital para o seu desenvolvimento. Precisamos de tecnologia, precisamos de novos mercados e iremos avançar" – Nicolas Maduro, ditador, ao anunciar a venda de ações de estatais venezuelanas. Fontes anônimas registraram choro e ranger de dentes na sede do PSOL após esta notícia.

"Mas ela é artista?"
– Samantha Schmutz, incontestavelmente artista (tive que procurar quem ela é no Google para não errar o nome), questionando os dons... artísticos de Juliette, só porque a ex-BBB (ainda) não faz parte da panelinha.

“Fãs brancos se divertem com atletas negros um dia depois de um racista matar negros em Buffalo – eis o supremacismo branco” - Deadspin, blog esportivo americano. A gente até tinha pensado num comentário legal, mas acabamos nos distraindo com mais uma cesta de 3 pontos de pontos do Stephen Curry. Desculpe.

"Eu certamente deixarei a Suprema Corte quando fizer u trabalho tão porcamente quanto você faz o seu" – Clarence Thomas, juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, para um jornalista. Apesar da frase, tanto o juiz quanto o jornalista e a plateia riram do chiste.

“Quadro da independência serviu aos militares” – Lilia Schwarcz, historiadora que curte destruir obras históricas por conveniência política. Aliás, como é que alguém que adora ostentar títulos acadêmicos se escandaliza com o uso político circunstancial de uma obra de arte? Escândalo seria se os militares se inspirassem em Francis Bacon.

"Vereador de Curitiba está sendo cassado por suas virtudes e não por seus defeitos" –
Julio Lancelotti, padre de passeata (para usar a expressão criada por Nelson Rodrigues), passando pano para o vereador e enfant terrible Renato de Freitas, que gosta de passar os domingos invadindo igrejas e atrapalhando Missas para fazer manifestações blasfemas. É mais fácil avistar o chupa-cabra do que encontrar virtude nas ações do futuro ex-vereador.

"É muito 'disgusting' ter que passar, de novo, por isso que nós estamos passando" – Marco Aurélio, diretor de teatro, recorrendo ao inglês para expressar seu nojinho pelo governo e, assim, pagar o devido pedágio à turma que supostamente compra ingresso para ver suas peças de teatro. Awful.

“Um amigo do futuro, jornalista, me enviou matérias de janeiro de 2023. Adianto algumas : inflação, desemprego, alta do dólar, culpa de Lula. Gasto de bolsonaro no cartão corporativo, foi Lula. Uma nova variante da Covid, a PTrômico: saiu da barba de Lula, e 2 pedalinhos da Ferrari que Lula já comprou!” Juninho Pernambucano, ex-jogador de futebol, craque incontestável em campo, mas um pereba irredimível com as palavras, apelando antecipadamente para a vitimização diante dos fracassos de um terceiro mandato de Lula (toc, toc, toc).

"O casamento hoje de Lula e Janja, conforme o convite, começa às 19h. (...) Que tal fazermos aqui, juntos, nesse exato horário um brinde aos recém-casados?" – Hildegard Angel, colunista social, encontrando uma justificativa mais ou menos plausível para se empanturrar de espumante em plena quarta-feira.

“Deixem Lula se casar em paz” – Mariliz Pereira Jorge, a mais histriônica das jornalistas antibolsonaristas, engolindo o ciúme de Janja.

"Sim" - Lula, ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado, em sua luxuosa festa de casamento. Supõe-se que a noiva também tenha dito "sim".

“A decisão individual de dar início a uma invasão brutal e sem justificativa ao Iraque. Digo, à Ucrânia..." –
George W. Bush, ex-presidente dos Estados Unidos, num ato falho espetacular.

"Moças. Machexplicação é uma corruptela de ‘macho’ e ‘explicação’" – Elon Musk, bilionário e dublê de comediante, testando o nível de liberdade de expressão do Twitter.

“Elon Musk no Brasil, em encontro secreto com o Presidente Miliciano, na véspera das eleições, só pode significar uma coisa: GOLPE DE ESTADO”
– Leonel Radde, vereador em Porto Alegre (PT), e que se define como "Policial Civil Antifascista, Aikidoka, vegetariano e Zen Budista". A declaração foi feita na rede social golpista Twitter.

#MEMÓRIA

Ostentação deveria ser crime previsto no Código Penal – Leonardo Sakamoto, jornalista, numa grande sakada do Saka, saka? Será que ele foi convidado para o casamento de Lula?

Ideias - Gazeta do Povo

 

COMO UM SUJEITO IGNORANTE E ESPERTO CONSEGUE MANIPULAR UM ELEITORADO IGNORANTE E BURRO - Sérgio Alves de Oliveira

Li com toda a atenção o discurso de Lula, propondo uma “ação internacionalista”(sic,sic,sic),em apoio ao candidato presidencial esquerdista da Colômbia, Gustavo Petro,nas eleições desse domingo, 27 de maio de 2022. Esse discurso vai reproduzido na íntegra no portal “Poder 360” (Em jogral,Lula pede apoio para candidato da esquerda na Colômbia). Vale a pena dar uma conferida e “apreciar” tamanha baboseira.

O “papo” de Lula equivale mais ou menos às tergiversações gravadas no imaginário dos brasileiros, representadas pela expressão “pero que si,pero que no”, que não diz e não leva a nada, nem chega à qualquer conclusão, ou seja, só “enrola”, geralmente associada ao incrível personagem revelado ao mundo pelo cinema mexicano, o CANTINFLAS , que tanto sucesso fez durante grande parte do século 20.

Portanto,enquanto o mundo de Cantinflas foi o cinema; o mundo de Lula é na “política” a única diferença

O “repeteco” do palavreado de Lula, invariavelmente puxado pelas expressões “companheiros” e “companheiras”,defende uma “democracia” que em último análise é a negação da própria democracia, protagonizada por políticos com péssima  formação de caráter,que se sustentam da má formação política e da ingenuidade do povo. Essa falsa democracia foi denominada “oclocracia” pelo historiador e geógrafo da Grécia Antiga chamado Políbio. Lula representa a “oclocracia” ,ou a “cleptocracia”, segundo alguns, jamais democracia.

O problema todo reside na “cara-de-pau” de Lula  em criticar a candidatura à reeleição do seu principal opositor, Jair Bolsonaro, com o qual tem polarizado essa eleição, por problemas que foram plantados justamente durante as gestões do próprio PT,de 2003 a 2016, com aparelhamento esquerdista do Estado e das leis, feitas à luz de uma constituição também esquerdista. Por isso Bolsonaro tem governado com “camisa-de-força”, agravada nos últimos tempos pela pandemia do novo coronavírus, e pela guerra após a invasão da Rússia à Ucrânia .[não podemos olvidar o boicote sistemático que o capitão tem sofrido aplicado desde os tempos em que o "botafogo" presidia a Câmara e por supremas decisões do STF, em sua maioria contrárias ao presidente Bolsonaro.]

A famigerada campanha de lula “bate” muito mais no “antibolsonarismo”, do que em qualquer outra coisa, tentando reproduzir e inverter  em 2022 o antipetismo de 2018,  mesmo porque o PT não tem absolutamente nada do que se orgulhar das suas gestões anteriores,nem propostas para o futuro,a não ser mentiras,e expectativas para novos assaltos ao erário,onde o que mais foi plantado foi a corrupção irrefreada,estimada em cerca de 10 trilhões de reais.

O grande perigo reside no alerta que nos foi repassado pelo principal filósofo da contrarrevolução francesa,Joseph-Marie de Maistre: “cada povo tem o governo que merece”.

Não é sem razão,portanto,  o apelido dado  a Lula de “encantador de jumentos”. Se “eles” constituírem  maioria nas eleições de outubro de 2022, não seremos nós que pagaremos essa pesada  conta,mas nossos filhos, netos, e toda uma  descendência biológica e social.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


O que sua intuição lhe diz? - Percival Puggina

A pergunta está no ar e me faz pensar muito sobre o que dizem as pesquisas e sobre o que milhões de brasileiros percebem observando as ruas e praças do país.

Em quem devo crer, se os números e curvas exibidos pelos veículos de mídia me dizem algo diferente daquilo que eu sinto e vejo? Numa opção assim, eu fico com minha intuição. Fico com o “relatório” dos meus sentimentos. E sei que conto para isso com apoio de um bom filósofo alemão chamado Shopenhauer que estudou minuciosamente essa forma de conhecimento, identificando-a como a que mais frequentemente usamos para orientar nossas ações.


 [Inserção efetuada Blog Prontidão Total]

Vamos aos exemplos.

A intuição sempre me disse que o STF de base petista iria abusar do poder que lhe está concedido pela Constituição porque é isso que o petismo sempre faz quando está no poder. Não deu outra. O STF quase bucólico dos anos petistas, que praticamente só condenou o publicitário Marcos Valério no mensalão, morreu em outubro de 2018, dando origem a esse cuja conduta observamos.

A intuição sempre me disse que o PSDB não fez sua prévia por não ter excesso de candidatos, mas por falta deles. É o que acabamos de assistir no apoio dos tucanos à candidata do MDB, que tampouco preparou alguém para carregar a legenda no futuro pleito.  Aliás, a intuição sempre me disse que a senadora pelo Mato Grosso do Sul suicidou-se politicamente ao crer que as câmeras das TVs fixadas na CPI da Covid a tornariam nacionalmente conhecida. Sim, fizeram isso. Mostraram-na como alguém que anda em muito más companhias. [também mostraram ser a candidata uma descompensada, descontrolada.]

A intuição sempre me disse que, por motivo diverso, João Dória morria politicamente a cada aparição na TV. Ele cometia o erro que os críticos de teatro chamam de overacting, erro do mau ator que exagera na representação. Estaria perfeito se fosse para representar um mau personagem dissimulando suas intenções. A intuição, aliás, sempre me disse que a Rede Globo, desde 2018, vem fazendo exatamente isso e só os tolos não veem. Não se pode confiar na intuição dos tolos.

A intuição sempre me disse que a candidatura de Sérgio Moro, apesar de empurrada pela “mídia tradicional”, para ficar com a expressão elitista do gentleman Alexandre de Moraes, não tinha espaço no mundo dos fatos. E não teve.

A intuição, por fim, sempre me disse e continua repetindo que o eleitor brasileiro não vai chamar de volta ao poder a organização criminosa apátrida, que saqueou o país, que o humilhou internacionalmente, que combate conservadores e liberais e está por trás de quase todas as ações destrutivas em curso na sociedade brasileira. [o POVO BRASILEIRO não deixará os ladrões voltarem à cena do crime.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Até quando? - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

O que aconteceu nesta semana em Uvalde, no Texas, e em outras ocasiões semelhantes na história norte-americana vai além do raso debate “mais armas ou menos armas" 

Cruzes com os nomes das vítimas do tiroteio em Uvalde, no Texas, são colocadas do lado de fora da escola Robb Elementary | Foto: Jae C. Hong/AP/Shutterstock
Cruzes com os nomes das vítimas do tiroteio em Uvalde, no Texas, são colocadas do lado de fora da escola Robb Elementary | Foto: Jae C. Hong/AP/Shutterstock

Qualquer tragédia que arrebata vidas humanas é devastadora. Mas uma tragédia que ceifa vidas de crianças inocentes é algo tão avassalador que deixa marcas profundas em todos nós. É difícil sequer imaginar o que os pais e os familiares das 19 crianças mortas nesta semana por um atirador em uma escola no Texas podem estar passando. Como alguém pode cometer uma atrocidade dessa magnitude? E aqui, antes de seguirmos com a nossa conversa semanal, peço, por gentileza, que fechem os olhos por alguns segundos e façam uma prece para essas famílias.

Como sempre fazem, as almas vazias do mundo aproveitaram a tragédia para empurrar suas agendas políticas. Durante uma coletiva de imprensa das autoridades do Texas, com a presença de policiais, do prefeito da cidade de Uvalde e do governador, Gregory Abbott, todos visivelmente abalados pelo terrível evento, o candidato democrata ao governo do Estado, Beto O’Rourke, um dos que participaram das primárias democratas em 2020, resolveu se levantar e ir até a mesa “cobrar” uma resposta do governo sobre o banimento de armas, pauta de seu partido. De maneira desprezível e oportunista, O’Rourke usou a tragédia para impulsionar sua candidatura ao governo do Estado e continuar sob os holofotes.

Enquanto as autoridades do Texas identificavam as vítimas do massacre, avaliavam suas consequências e tentavam, dentro do humanamente possível, cuidar dos familiares das vítimas do massacre, o ex-presidente Barack Obama divulgou uma mensagem no Twitter invocando a morte de George Floyd, assassinado pelo policial Derek Chauvin, em Minneapolis, durante uma prisão, em 25 de maio de 2020. Em um malabarismo insensível e bizarro, Obama conectou o tiroteio da escola em Uvalde ao segundo aniversário do assassinato de Floyd: “Enquanto lamentamos os filhos de Uvalde hoje, devemos ter tempo para reconhecer que dois anos se passaram desde o assassinato de George Floyd sob o joelho de um policial. Sua morte permanece com todos nós até hoje, especialmente aqueles que o amavam”, tuitou o ex-presidente. Narcisismo e psicopatia em estado puro.

Mais armas X menos armas
Longe das abjetas tentativas de usar a inimaginável dor de pais e mães para as agendas políticas, é preciso abordar de maneira honesta e com maior profundidade alguns pontos importantes que podem estar mudando os perfis da sociedade norte-americana, principalmente dos adolescentes. O que aconteceu nesta semana em Uvalde e em outras ocasiões semelhantes na história norte-americana vai além do raso debate “mais armas ou menos armas”. A própria expressão “tiroteio em massa” (mass shooting), usada em eventos como esse, já carrega em si uma ansiedade difícil de ser controlada. Nos Estados Unidos, existem várias definições diferentes, mas comuns, de “tiroteios em massa”.

O Serviço de Pesquisa do Congresso define tiroteios em massa como incidentes múltiplos, com arma de fogo e homicídio envolvendo quatro ou mais vítimas em um ou mais locais próximos uns dos outros. A definição do Federal Bureau of Investigation (FBI) é essencialmente a mesma. Muitas vezes há uma distinção entre tiroteios em massa privados e públicos, como uma escola, um local de culto ou um estabelecimento comercial. Os tiroteios em massa realizados por terroristas estrangeiros não estão incluídos, não importa quantas pessoas morram ou onde o tiroteio ocorra. Essas formulações são certamente viáveis, mas o limite de quatro ou mais mortes é arbitrário. Há também exclusões importantes. Por exemplo, se 20 pessoas são baleadas, mas apenas duas morrem, o incidente não é um tiroteio em massa. Mas nada disso importa quando essas tragédias acontecem. O fato é que, em menos de duas semanas, Salvador Ramos, 18 anos, matou 19 crianças e dois professores em uma escola primária no Texas, e Payton Gendron, também de 18 anos, assassinou dez pessoas em um supermercado em Buffalo, Nova Iorque.

Ambos, Gendron e Ramos, tinham sérios distúrbios mentais. As pessoas ao seu redor sabiam disso. Família, amigos, escolas. Ambos os assassinos disseram a outras pessoas que planejavam cometer um tiroteio em massa e então o fizeram. O atual sistema de alerta em vigor não está funcionando. O que, de fato, está acontecendo com muitos jovens? 
Uma pessoa que tem a intenção de cometer violência é muito difícil de ser parada em qualquer circunstância. 
Um ato do Congresso norte-americano não vai fazer isso, nem o controle de armas, nem a extinção da Segunda Emenda. 
Há mais armas nos Estados Unidos do que pessoas, cerca de 400 milhões. Sempre houve. 
Seja qual for sua opinião sobre esse fato, os norte-americanos nunca se disporão de suas armas. 
A Constituição proíbe isso e uma nova guerra civil provavelmente seria desencadeada se a proposta fosse adiante.
 
Sobre controle de armas, quer você concorde com ele ou não, isso não impedirá o próximo Payton Gendron ou Salvador Ramos de agirem, e toda pessoa racional sabe disso. 
Quem puxa o gatilho, esfaqueia, queima, atropela são pessoas, e a única maneira de parar muitos desses assassinatos é descobrir por que a sociedade norte-americana (assim como a brasileira) está produzindo tantos jovens violentos. 
Há uma razão pela qual eles estão agindo dessa maneira. Qual é esse motivo? 
E não são apenas atiradores em massa na América, esses que aparecem diabolicamente de tempos em tempos na televisão. 
Nos Estados Unidos e também no Brasil, são bandidos armados com armas ilegais, ladrões de carro, de estabelecimentos e residências. 
Por que estão agindo assim? 
Essa deveria ser uma das principais perguntas em todo esse contexto. Obviamente, é um dos pontos que democratas odeiam abordar, porque cavar soluções dentro de problemas complexos acabaria por enterrar as agendas políticas.

Armas, big techs e big pharmas
Poucas horas depois de 19 crianças terem sido assassinadas, o presidente dos Estados Unidos fez um pronunciamento na televisão e o tom não foi de união ou elevação do espírito de uma nação profundamente ferida e em agonia.  
Em vez disso, ele aproveitou a oportunidade para mais uma vez discutir com quem não votou nele, e o fez, como sempre, de maneira vergonhosa. Biden disse: “Como nação, temos de perguntar: ‘Quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas? Quando, em nome de Deus, saberemos dentro de nós o que precisa ser feito? Para que, em nome de Deus, você precisa de armas, exceto para matar alguém?’ É simplesmente doente e os fabricantes de armas passaram duas décadas comercializando agressivamente armas, o que os torna maiores e com maior lucro. Pelo amor de Deus, temos de ter a coragem de enfrentar a indústria”.
 
As crianças estão morrendo porque o lobby das armas está lucrando. A desonestidade chega a ser inacreditável. E irracional também. Logo após o terrível tiroteio, o New York Times publicou a mesma ideia sobre o lobby das armas. Só não contaram que a National Rifle Association (NRA) declarou falência no ano passado, enquanto as big techs gastaram mais de US$ 70 milhões fazendo lobby no Congresso. 
As big pharmas gastaram US$ 92 milhões também fazendo lobby em Washington apenas no primeiro trimestre de 2021, enquanto a NRA gastou US$ 2,2 milhões em todo o ano de 2020, ano de eleições presidenciais. Seja qual for o problema, não é o lobby das armas que está matando pessoas inocentes. Este é um assunto muito sério para bobagens como essa, empurrada pela assessoria do Partido Democrata, ou a velha imprensa norte-americana, como preferirem.
 
Segundo uma pesquisa feita pela ABC News, “cerca de 11% dos crimes violentos na cidade de Los Angeles envolveram um sem-teto em 2018, 13% em 2019 e 15% em 2020”
Tenha em mente que os moradores de rua representam cerca de 1% da população total de Los Angeles, mas estão envolvidos em quase um quinto de todos os crimes violentos na cidade. 
Ah, mas não há nada para ver aqui. Circulando, circulando. 
Todos aqui em Los Angeles sabem que isso está acontecendo porque esses números aumentam a cada ano. 
E o que está acontecendo nas ruas também acontece nas escolas.

O que mudou?
O diretor-executivo da Associação Nacional de Oficiais de Recursos Escolares, Mo Canady, disse recentemente em uma entrevista que as escolas estão “vendo mais agressão em termos de brigas e roubos”. Segundo Canady, isso não costumava acontecer, mas está acontecendo agora em grande intensidade. Por quê? Não são armas. Não é sobre o lobby de armas
Mais famílias norte-americanas tinham armas em casa há 50 anos do que agora. De acordo com a Rand Corporation, 45% dos lares norte-americanos tinham uma arma em 1980. Em 2016, isso caiu para 32%. Então o problema não é que estamos mais armados do que estávamos. O problema é que as pessoas mudaram. Os jovens mudaram e estão mais violentos. Por quê?

Essa deveria ser a conversa bipartidária aqui nos Estados Unidos e a que deveria unir políticos de todos os espectros no Brasil. Mas ela vem sendo abafada por lunáticos que buscam atenção e que esperam apenas ganhar a próxima e a próxima e a próxima eleição, sem se preocupar, de fato, com as raízes profundas de problemas que não são simples.

Mais de 107 mil norte-americanos morreram de overdose de drogas em 2021. Esse é o maior número anual de mortes já registrado e um aumento de 15% em relação ao ano anterior

Provavelmente existem muitas causas para essas dificuldades e transtornos em adultos e adolescentes. O uso de antidepressivos nos Estados Unidos — como no Brasil — está aumentando dramaticamente. Entre 1991 e 2018, o consumo total de Selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs), ou inibidores seletivos da recaptação de serotonina, aumentou nos EUA em mais de 3.000%. Esses inibidores deveriam reduzir doenças mentais, mas algo não está indo na direção correta. No Canadá, as prescrições de antidepressivos financiadas pelo Estado para jovens dobraram na última década
Durante os lockdowns da pandemia, as prescrições dos inibidores aumentaram ainda mais. Um grupo de farmácias chamado “Express Scripts” relatou que as prescrições de antidepressivos aumentaram mais de 20% durante a pandemia de covid. De acordo com os números mais recentes, mais de 40 milhões de norte-americanos estão tomando drogas psicoativas. Isso é aproximadamente uma em cada dez pessoas!

Mostrei esses dados a uma amiga médica que está no campo da psiquiatria há quase 30 anos, e ela relatou que está assustada com o movimento dos antidepressivos na América. O objetivo dessas drogas é tornar o indivíduo mentalmente mais saudável, reduzir o suicídio e a violência, mas, ainda assim, as taxas de suicídio e violência estão aumentando. Não sabemos se isso é causalidade, mas precisamos encarar esse assunto com profissionalismo e preocupação. Novos números divulgados nesta semana pelo Centers for Disease Control and Prevention, o hoje famoso CDC, mostram como as overdoses de drogas aumentaram durante a pandemia. Mais de 107 mil norte-americanos morreram de overdose de drogas em 2021. Esse é o maior número anual de mortes já registrado e um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

O isolamento humano através das telas digitais
Mas, então, as pessoas estão usando mais drogas, estão mais instáveis, estão se matando com maior frequência e, em outros casos, matando outras pessoas. O problema é tentar encontrar a raiz da mentalidade de quem mata crianças em uma escola primária! A pessoa deve estar tão terrível e profundamente desconectada de outros seres humanos que isso pode parecer normal, como uma regra que se aplicaria a todos nós. O que poderia estar aumentando o sentimento de desconexão que temos um do outro? Pesquisando alguns dados na internet, encontrei que, em 2020, os adultos nos Estados Unidos passavam em média oito horas todos os dias nas mídias e nas plataformas digitais olhando para uma tela. Os lockdowns eternos pioraram, e muito, essa situação. É claro que não estou apontando para uma, duas ou qualquer causa certa para insanos possuídos matarem pessoas, não acredito que haja uma única causa, mas não é difícil ver que esse isolamento humano através das telas digitais pode estar pesando mais do que imaginamos. Em relação a 2019, esse aumento foi de 20%.

Charles Krauthammer, proeminente escritor norte-americano, comentarista político, médico psiquiatra por Harvard e colaborador-chefe do terceiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (falecido em 2018), disse, após um tiroteio em massa no Washington Navy Yard, em setembro de 2013, que há muitos doentes mentais em nossa sociedade e que precisamos parar de ignorá-los, especialmente quando políticos travestem esse isolamento covarde e vil com vestes de falso amor e cuidado. Krauthammer, vencedor do Prêmio Pulitzer em 1987, disse: “Ele (o atirador) precisava de ajuda. Há 30 anos, os policiais o teriam levado para uma sala de emergência psiquiátrica. Ele provavelmente teria recebido antipsicóticos e provavelmente teria sido hospitalizado por algumas semanas. Era assim que se fazia nos anos 1970, quando eu exercia a psiquiatria, mas hoje isso não acontece. Os policiais foram embora e ele foi deixado sozinho. Ele era um homem que não deveria estar sozinho. Ele deveria ter o Estado cuidando dele e acabou matando pessoas. Olha, você quer respeitar as liberdades civis de todos, mas há um ponto em que, se você não assumir o controle de pessoas que estão claramente fora da realidade, você está prejudicando essas pessoas, expondo-as e, claro, expondo tragicamente muitos inocentes ao seu redor”.

No rescaldo de tragédias como a desta semana no Texas, e outras como Columbine, Parkland, Sandy Hook, os norte-americanos ouvem as características compartilhadas dos atiradores: normalmente são jovens do sexo masculino que obtiveram uma arma normalmente de maneira ilegal, usaram drogas ou estão fazendo uso de antidepressivos pesados, abandonaram a escola e cometeram ou planejaram suicídio como o grand finale para seus assassinatos, além de sérios problemas familiares com lares sem pais.

A mente humana é complicada. Fato. Mas paramos de falar de pessoas para dar lugar ao coletivismo macabro que ignora o indivíduo, seus problemas e as consequências muitas vezes diabólicas de seus atos. O que esses assassinos têm em comum? A resposta aos tiroteios em massa nos Estados Unidos ou à criminalidade no Brasil não pode ser a sempre fácil e rasa retórica de confisco universal de armas. A falsa bondade em ignorar doentes mentais ou viciados em drogas, sejam as ilícitas, sejam as com prescrição médica, pode ter um preço alto demais e sem volta. Foi assim que, nesta semana, a pequena cidade de Uvalde, no Texas, mudou para sempre.

Leia também “O ativismo judicial e a barbárie”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


Aliados ocidentais começam a discordar entre si quanto às condições para um acordo de paz com a Rússia - O Estado de S.Paulo

The Economist: Como terminará a guerra na Ucrânia?

Foto: SERGEY KOZLOV

A guerra na Ucrânia, segundo o presidente do país, Volodmir Zelenski, será vencida no campo de batalha, mas só poderá chegar ao fim por meio de negociações. Mas quando parar os combates? E de acordo com quais termos? O Ocidente diz que cabe à Ucrânia decidir. No entanto, passados três meses desde o início do conflito, os países ocidentais estão assumindo diferentes posicionamentos diante do seu desenlace.

Eles estão se dividindo em dois grupos, explica Ivan Krastev, do Centre for Liberal Strategies, um centro de estudos com sede em Sofia, na Bulgária. Um deles é o “partido da paz”, que deseja uma interrupção nos combates e o início das negociações o quanto antes. O outro é o partido da justiça”, para quem é preciso exigir da Rússia que pague um alto preço pela agressão cometida.

Ônibus passa em frente a prédio destruído em Borodianka, perto de Kiev; Ocidente ainda não sabe como iniciar negociações para o fim da guerra
Ônibus passa em frente a prédio destruído em Borodianka, perto de Kiev; Ocidente ainda não sabe como iniciar negociações para o fim da guerra  Foto: EFE/EPA/OLEG PETRASYUK
O debate começa com o território: 1)deixar a Rússia manter os que conquistou até o momento; 
2) fazê-la recuar até as fronteiras de 24 de fevereiro; 
3) ou tentar empurrá-la para trás, para dentro de suas fronteiras, para recuperar os territórios perdidos em 2014? 
É um debate que envolve muitos outros aspectos, incluindo o custo, o risco e a recompensa de se prolongar a guerra, e o lugar que a Rússia deve ocupar na ordem europeia. [queiram ou não a Rússia está ganhando a guerra - não no ritmo esperado, mas de forma lenta e consolidando posições - e, em nosso entendimento, jamais aceitará voltar para o antes de 2014 - opção 3.
O dilema está entre as opções 1 e 2 - e será dificil para a Ucrânia conseguir a opção 2, a conveniência da Rússia fortalece optar pela alternativa 1.]

O partido da paz está se mobilizando. A Alemanha pediu um cessar-fogo; a Itália apresentou um plano de quatro pontos para um acordo político; a França fala em um acordo de paz futuro sem “humilhar” a Rússia. Entre as posições deles estão principalmente a Polônia e os países bálticos, defendidos pelo Reino Unido.

E quanto aos Estados Unidos? O mais importante defensor da Ucrânia ainda não definiu um objetivo claro, além de fortalecer os ucranianos para dar ao país mais poder nas negociações. Os EUA já gastaram quase US$ 14 bilhões na guerra até o momento, e o Congresso acaba de destinar outros US$ 40 bilhões.

Os EUA chefiaram um esforço de captação de doações envolvendo mais de 40 outros países. Mas essa ajuda não é ilimitada. Ela produziu uma artilharia, mas não os sistemas de foguetes de longo alcance que a Ucrânia está pedindo.

EUA MUDAM DE OPINIÃO A TODO MOMENTO
Comentários feitos por Lloyd Austin, secretário da defesa dos EUA, só aumentam a ambiguidade. Depois de visitar Kiev, no mês passado, ele aderiu ao partido da justiça, dizendo que o Ocidente deveria ajudar a Ucrânia a “vencer” e “enfraquecer” a Rússia.

Três semanas depois ele parecia ter aderido ao partido da paz, pedindo um “cessar-fogo imediato” após um telefonema ao ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu. O Pentágono insiste que sua política não mudou.

Outro golpe sofrido pelo partido da justiça foi um editorial publicado no New York Times defendendo que a derrota da Rússia seria um objetivo irreal e perigoso. Na ocasião, Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, disse que as negociações deveriam começar em dois meses para evitar “agitações e tensões que não serão fáceis de superar”.

Idealmente, haveria um recuo até as fronteiras de 24 de fevereiro. “Insistir na guerra além disso não seria algo em nome da liberdade da Ucrânia, e sim uma forma de guerrear contra a Rússia”, declarou Kissinger no Fórum Econômico Mundial, em Davos. De acordo com ele, a Rússia tem um papel importante a desempenhar no equilíbrio de poder da Europa e não devemos empurrar o país na direção de uma “aliança permanente” com a China.

Por enquanto, essas fissuras no Ocidente são contidas pelo mantra segundo o qual cabe aos ucranianos decidir o futuro. Mas as alternativas da Ucrânia são, por sua vez, definidas por aquilo que o Ocidente lhe oferecerá. “A Europa e o mundo como um todo deveriam se mostrar unidos. Seremos fortes enquanto vocês se mantiverem unidos”, disse Zelenski, durante uma reunião em Davos. Ele garantiu que “a Ucrânia vai lutar até recuperar todo o seu território”. Mas ele também pareceu deixar para si algum espaço para concessões mútuas. De acordo com Zelenski, as negociações com a Rússia poderão começar quando o país retirar suas forças para as fronteiras de 24 de fevereiro.

Recuo e ataqueRussos concentram ataques no leste da Ucrânia após derrotas em Kiev
AJUSTES DE OPINIÃO CONFUNDEM ALIADOS
EUA, Europa e Ucrânia precisam ajustar continuamente seus posicionamentos em relação ao que os demais considerariam aceitável. “Os ucranianos estão negociando com seus aliados ocidentais tanto quanto estão tratando com os russos, ou ainda mais”, disse Olga Oliker, do International Crisis Group, um centro de estudos estratégicos.

A indefinição também reflete as incertezas da guerra. A Ucrânia está vencendo, já que salvou Kiev e afastou os russos de Kharkiv?          Ou está perdendo, pois a Rússia tomou Mariupol e pode em breve cercar Severodonetsk?

O partido da paz teme que, quanto mais durarem os combates, maior será o custo humano e econômico para a Ucrânia e o restante do mundo. O partido da justiça responde que as sanções aplicadas contra a Rússia estão começando a fazer efeito e, com mais tempo, mais armamento e equipamento melhor, a Ucrânia pode vencer. [será?]

Por trás de tudo isso há duas preocupações contraditórias. Uma delas diz respeito à potência das forças russas, que podem prevalecer em uma guerra de atrito. 
A outra diz respeito à sua fragilidade. Em caso de derrota desastrosa, a Rússia poderia descontar na Otan, ou recorrer a armas químicas ou até nucleares para evitar uma derrota.

No longo prazo, diz Emmanuel Macron, presidente francês, a Europa terá de encontrar uma maneira de conviver com a Rússia. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, respondeu: “É muito mais perigoso ceder a Putin do que provocá-lo”.

Autoridades americanas e europeias vêm ajudando discretamente a Ucrânia a desenvolver suas posições para uma negociação. Um dos principais pontos é a exigência do país de garantias de segurança por parte do Ocidente.[como sempre o ex-comediante quer quer outros países combatam nas guerras que ele provocar. Mesmo já tendo tido tempo e mortes mais que suficientes para mostrar que sua tática não convence.] Na ausência de uma promessa direta de defesa da Ucrânia, outras ideias incluem a possibilidade de imposição automática de novas sanções à Rússia quando essas forem eventualmente suspensas e o rápido rearmamento da Ucrânia caso o país volte a ser atacado.

No momento, a Ucrânia se mostra otimista, e tem motivo para tal. O país impediu uma conquista fácil por parte dos russos, e o novo armamento ocidental está chegando à frente de batalha. Mas, falando a partir do gabinete presidencial protegido com sacos de areia, o principal negociador de Zelenski, Mikhailo Podoliak, se diz cada vez mais preocupado com a “fadiga” em alguns países europeus. “Eles não o dizem diretamente, mas é como uma tentativa de nos forçar a capitular. Qualquer cessar-fogo significa um conflito congelado.” Ele também se queixou da “inércia” em Washington, já que o armamento não estaria chegando na quantidade que a Ucrânia precisa.

O momento do fim da guerra vai depender principalmente da Rússia. O país não tem pressa em aceitar um cessar-fogo, parece determinado a conquistar toda a região do Donbas, no leste, e fala-se em tomar mais territórios no oeste. “O paradoxo da situação está no fato de ambos os lados acreditarem que podem vencer”, disse Volodmir Fesenko, analista político de Kiev. “Só poderemos falar em concessões mútuas quando chegarmos a um impasse reconhecido por Moscou e Kiev. E, mesmo assim, tal situação deve ser provavelmente temporária.”/

 The Economist - O Estado de S. Paulo

TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL