Em reação ao PT, ministro da Fazenda estuda novos cortes
Contra fogo amigo, equipe de Joaquim Levy planeja ‘medidas adicionais’, como elevar tributos, para manter meta fiscal
[o melhor para o Brasil é que as três partes se explodam.]
Diante da rebelião do PT e das centrais sindicais contra as medidas de
ajuste fiscal, a equipe econômica do governo planeja tomar medidas
adicionais para garantir a economia prometida no fim do ano passado.
Técnicos do governo afirmam que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e
sua equipe vão tentar cumprir a meta de superávit primário (economia
para o pagamento de juros da dívida) de 1,2% do Produto Interno Bruto em
2015, mesmo que seja preciso cortar mais gastos, incluindo
investimentos, rever algumas desonerações ou aumentar novos tributos.
A própria Executiva Nacional do PT cobrou, em documento elaborado após reunião da semana passada, que a presidente Dilma Rousseff cumpra sua promessa de campanha de impedir que o ajuste fiscal prejudique os direitos trabalhistas. No documento, o PT também afirma que o governo deve dar “continuidade” ao diálogo com o movimento sindical. “(Queremos) Propor ao governo que dê continuidade ao debate com o movimento sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias de ajuste incidam sobre direitos conquistados — tal como a presidenta Dilma assegurou na campanha e em seu mais recente pronunciamento”, diz o texto do PT.
Não mexer nos direitos trabalhistas foi uma das principais promessas de campanha de Dilma, que usou a frase “nem que a vaca tussa” para dizer que não alteraria benefícios.
Fazenda reagirá ao fogo amigo
O Ministério da Fazenda acompanha de perto o fogo amigo. Segundo fontes do governo, por enquanto a área econômica tem ficado fora do debate e deixado que o núcleo político do governo trate do assunto. No entanto, a Fazenda já está preparada para entrar em ação quando as propostas que garantem o ajuste — como as mudanças nas regras do seguro-desemprego e de pensão por morte — começarem a ser votadas pelos parlamentares.
O primeiro passo seria chamar a base aliada para conversas em que mostrará a importância do resgate da credibilidade da política econômica e a necessidade de se corrigir desequilíbrios na concessão de benefícios sociais. O segundo passo seria deixar claro que não há opção para se fechar as contas do ano, e que as medidas não são um capricho do governo. Se as medidas que estão no Congresso para votação forem rejeitadas, outras terão que vir em seu lugar.
Nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, e defendeu as medidas do governo. Segundo o ministro Miguel Rossetto (Secretaria Geral), a CUT pediu mudanças nas propostas, mas Dilma não demonstrou disposição de recuar. — Evidentemente a presidente, de forma muito clara e muito objetiva, informou sobre os limites fiscais que o Brasil tem neste momento. O governo já manifestou confiança na qualidade e na necessidade dessas medidas. De todas elas — disse Rossetto.
Mais importante aliado do governo no Legislativo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), disse que o Congresso encontrará “alternativas” para que o trabalhador não seja “duramente sacrificado”. — Não podemos transferir a conta do ajuste para o trabalhador. Acho que temos que usar o protagonismo do Congresso para construir alternativas para o ajuste. Porque ele significa, do ponto de vista econômico e social, um retrocesso. Temos preocupações com as medidas provisórias que instabilizam as relações jurídicas. Isso precisa ser resolvido pelo Congresso, o trabalhador não pode receber a conta do ajuste — disse Renan.
Além das centrais sindicais, Renan disse que quer conversar com os empresários. Até mesmo o relator do Orçamento de 2015, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o Congresso não pode apenas aprovar propostas do governo: — O Congresso não é carimbador das ações do Executivo.
Fonte: O Globo
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