Seria considerado
lunático ou alarmista mal-intencionado quem tivesse afirmado, dois ou três anos atrás, que
o espírito do mensalão baixaria novamente, ampliado a ponto de colocar em risco
o futuro da maior estatal brasileira e complicar gravemente a situação
político-institucional do País. Pois o
escândalo da Petrobrás está aí para comprovar que, na espantosa surrealidade fomentada pelo lulopetismo, nada é
impossível.
O
assalto à Petrobrás não é o resultado da associação casual de eventos de
geração espontânea. Tampouco
é apenas o produto da cumplicidade de funcionários corruptos com empresários
inescrupulosos. O escândalo da Petrobrás é o efeito de
uma fria e ousadamente elaborada estratégia de consolidação de hegemonia
política. Uma armação urdida à
sombra do poder, com muitos protagonistas - os mais importantes ainda ocultos. É, enfim, a obra do lulopetismo
na ocupação do aparelho estatal por uma nomenklatura a serviço de si mesma.
A Petrobrás, que antes de ter seu valor de mercado reduzido
a menos da metade ostentava o porte de uma das maiores corporações
do planeta, sempre teve uma enorme importância estratégica não apenas no campo
vital da energia, mas para o desenvolvimento econômico do País. Como empresa de
economia mista e capital aberto de grande prestígio internacional, a petroleira
propiciava ao País, além de tecnologia de ponta criada por seu quadro técnico,
importantes investimentos privados, nacionais e estrangeiros, provenientes das
mais variadas fontes.
Ao assumirem o poder com planos
de não mais largar o osso, Lula e o PT rapidamente se deram conta de que
a riqueza da Petrobrás teria um importante papel a desempenhar nesse ambicioso
projeto. E trataram logo de aumentar o poder de fogo da empresa, trocando o sistema de concessão para a exploração de
petróleo - até então vigente - pelo controvertido sistema de partilha, que aumentou o
controle estatal sobre a extração e assim a perspectiva de lucros mirabolantes
provenientes dos campos do pré-sal.
O pré-sal, aliás, foi politicamente apropriado e explorado por Lula. O então presidente da República vestiu um macacão da Petrobrás, sujou as mãos de óleo e saiu a anunciar a nova era de prosperidade como resultado da autossuficiência energética do país que se tornaria grande exportador de petróleo, e da cornucópia que a partir daí se abriria para realizar todos os sonhos dos brasileiros. Prognósticos que também a incompetência de gestão, no governo e na empresa, se encarregou de frustrar.
O pré-sal, aliás, foi politicamente apropriado e explorado por Lula. O então presidente da República vestiu um macacão da Petrobrás, sujou as mãos de óleo e saiu a anunciar a nova era de prosperidade como resultado da autossuficiência energética do país que se tornaria grande exportador de petróleo, e da cornucópia que a partir daí se abriria para realizar todos os sonhos dos brasileiros. Prognósticos que também a incompetência de gestão, no governo e na empresa, se encarregou de frustrar.
Além da falta de
cerimônia
com que a
Petrobrás foi colocada a serviço da promoção
da imagem do lulopetismo, a empresa,
já no primeiro mandato de Dilma Rousseff, foi
descaradamente usada como instrumento de apoio ao controle da inflação, mediante a
contenção artificial do preço dos derivados de petróleo. Esse desrespeito às regras do mercado - mas, principalmente, às leis das sociedades
anônimas e de criação da Petrobrás - resultou, obviamente, em prejuízos bilionários para a companhia, para seus acionistas
e para o Tesouro Nacional.
Mas nada
se compara à sangria a que a Petrobrás foi submetida
pelo esquema de propinas implantado para captar
recursos destinados a financiar as atividades político-eleitorais do PT e de
seus aliados, de acordo com a estratégia de perpetuação no poder da qual
o mensalão tinha sido a primeira experiência. Depois de um curto período de
aparente recuo em que Lula chegou a se declarar traído pelos mensaleiros, a reeleição de 2006 surgiu como que um sinal verde para a
continuidade do projeto e os petistas se
adonaram completamente da Petrobrás, contando com a muito bem
recompensada colaboração de diretores da empresa e de um bando de empreiteiros
desonestos.
Os
envolvidos no escândalo - todos, enfim, que urdiram e
deram aval à trama criminosa - brevemente estarão enfrentando as consequências
de seus atos. Um a um, eles vão aparecendo. Sua identificação é fácil: no histórico da corrupção e dos
desmandos administrativos que ameaçam o futuro da Petrobrás ficaram,
indeléveis, as
impressões digitais do lulopetismo.
Fonte: Editorial – O Estado de São Paulo
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