Pesquisas mostram que eleitores da petista irritados ainda não aderiram em massa
Nem a caricatura de uma passeata inteira de banqueiros e golpistas nem a apaziguadora imagem televisiva do Brasil, heterogêneo, unido e de verde-amarelo contra corrupção. O retrato que as reportagens e os institutos de pesquisa, o Datafolha em São Paulo e o Index em Porto Alegre, revelam sobre domingo é um pouco mais complexo e nem por isso menos aterrador para a presidenta Dilma Rousseff.O que os números mostram é que há potencial de crescimento na onda anti-Governo, entre outras coisas, pelo "contágio afetivo" e potente das contundentes imagens dos últimos dias. Se juntarmos a análise do perfil de quem foi à marcha pró-Governo na sexta na avenida Paulista, o quadro piora mais. E, ao que parece, a primeira resposta de Brasília e de Dilma não tem como amainar essas insatisfações.
Segundo o instituto Datafolha, 82% dos que foram à passeata de centenas de milhares na Paulista no domingo votou no candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB). Quase metade deles (47%) disseram ter se motivado pela luta anticorrupção enquanto menos de um terço (27%) disseram defender o impeachment da presidenta. Disseram ganhar mais de dez salários mínimos 41% do entrevistados. Em termos de renda, um panorama bastante parecido emergiu na medição do instituto Index, em Porto Alegre, que monitorou a grande passeata de estimados 100.000 na capital gaúcha - 40,5% disseram receber mais que dez mínimos-- e se conhece a correlação entre o dado e eleitores de Aécio. Sobre Curitiba se pode dizer algo semelhante.
Esse contingente provavelmente já sensibilizado pela campanha opositora no ano passado, e com um núcleo antipetista consistente ao menos em São Paulo, só encontrou mais motivação e discurso com o tarifaço do começo de janeiro e o desfile de tragédias da estatal Petrobras e seu enorme escândalo de corrupção entre janeiro e fevereiro.
Mas, provavelmente, nesse grupo, ainda está sub-representado o eleitorado que votou em Dilma, mas a classificaram de mentirosa por aplicar um ajuste fiscal que não foi adiantado na campanha (vide as vaias que a presidenta recebeu no evento em São Paulo). São os que começam a sentir e a reclamar dos efeitos da estagnação econômica e da inflação.
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