Um acordo nuclear não significa necessariamente uma retomada de relações diplomáticas entre os EUA e o Irã
Com o término do prazo,
semana que vem, para o anúncio de algum tipo de acordo nuclear entre os
EUA, a Grã-Bretanha, a França, a Rússia, a China e a Alemanha, de um
lado, e o Irã, de outro, tem havido muita agonia no Oriente Médio e nos
Estados Unidos, devido à percepção de como isso pode ser um mau negócio
para os países do Golfo, Israel e os americanos. Mau porque o presidente
Barack Obama está supostamente sendo mole demais nas negociações com os
iranianos, na esperança de chegar a um acordo histórico que deixaria um
legado duradouro de sua Presidência, mesmo sendo prejudicial para os
interesses americanos.
Primeiro, tivemos o aparecimento descarado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu perante o Congresso dos EUA no dia 3 de março, fazendo um discurso para os políticos americanos sobre os perigos de um mau negócio com o Irã. Nancy Pelosi, líder da minoria na Câmara dos Deputados, visivelmente insatisfeita com o discurso, disse que sua fala foi “condescendente” e “um insulto à inteligência dos Estados Unidos.” Em seguida, tivemos a carta escrita por 47 senadores republicanos no dia 9 de março, dirigida aos líderes iranianos, advertindo-os de que qualquer acordo nuclear firmado entre Obama e o Irã sem a aprovação do Congresso americano poderia ser revogado pelo presidente a ser eleito em 2016. Além disso, o Parlamento poderia modificar os termos do acordo.
Com certeza, o crescimento do programa nuclear iraniano e a descoberta de um componente secreto e militar dele em 2002 levaram muitos críticos a desconfiar das verdadeiras intenções do país. Ninguém duvida de que o Irã precisa de energia nuclear para produzir eletricidade, assim como os países do Golfo estão investindo nisso, pelas mesmas razões. Ao fazerem isso, o Irã e as nações do Golfo poderão desviar muito menos petróleo bruto para produzir eletricidade e serem capazes de exportar esse combustível, ganhando assim muito mais dinheiro.
Em 2006, o Irã tinha apenas 164 centrífugas, usadas para enriquecer urânio. Hoje, tem mais de 15 mil. Jeffrey Lewis, diretor do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação nos EUA, escreveu recentemente na revista “Foreign Policy” que a relutância dos conservadores americanos para chegar a um acordo nuclear com o Irã nos últimos dez anos é o que permitiu, em parte, o programa nuclear iraniano se expandir de forma tão agressiva. “Uma das coisas mais frustrantes relativas à última década de negociações foi assistir ao Ocidente fazer uma concessão após outra — mas somente depois que os iranianos tinham andado tanto para a frente que a concessão não tinha mais valor. As pessoas que argumentam agora em favor de um “melhor" negócio em alguma data futura são as mesmas que, em 2006, diziam que 164 centrífugas eram demais e que, se nós apenas esperássemos o tempo suficiente, poderíamos diminuir o total iraniano para zero. Olha o que nos trouxe,” escreveu Lewis.
Continuar Lendo............................... Rasheed Abou-Alsamh é jornalista - O Globo
Primeiro, tivemos o aparecimento descarado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu perante o Congresso dos EUA no dia 3 de março, fazendo um discurso para os políticos americanos sobre os perigos de um mau negócio com o Irã. Nancy Pelosi, líder da minoria na Câmara dos Deputados, visivelmente insatisfeita com o discurso, disse que sua fala foi “condescendente” e “um insulto à inteligência dos Estados Unidos.” Em seguida, tivemos a carta escrita por 47 senadores republicanos no dia 9 de março, dirigida aos líderes iranianos, advertindo-os de que qualquer acordo nuclear firmado entre Obama e o Irã sem a aprovação do Congresso americano poderia ser revogado pelo presidente a ser eleito em 2016. Além disso, o Parlamento poderia modificar os termos do acordo.
Com certeza, o crescimento do programa nuclear iraniano e a descoberta de um componente secreto e militar dele em 2002 levaram muitos críticos a desconfiar das verdadeiras intenções do país. Ninguém duvida de que o Irã precisa de energia nuclear para produzir eletricidade, assim como os países do Golfo estão investindo nisso, pelas mesmas razões. Ao fazerem isso, o Irã e as nações do Golfo poderão desviar muito menos petróleo bruto para produzir eletricidade e serem capazes de exportar esse combustível, ganhando assim muito mais dinheiro.
Em 2006, o Irã tinha apenas 164 centrífugas, usadas para enriquecer urânio. Hoje, tem mais de 15 mil. Jeffrey Lewis, diretor do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação nos EUA, escreveu recentemente na revista “Foreign Policy” que a relutância dos conservadores americanos para chegar a um acordo nuclear com o Irã nos últimos dez anos é o que permitiu, em parte, o programa nuclear iraniano se expandir de forma tão agressiva. “Uma das coisas mais frustrantes relativas à última década de negociações foi assistir ao Ocidente fazer uma concessão após outra — mas somente depois que os iranianos tinham andado tanto para a frente que a concessão não tinha mais valor. As pessoas que argumentam agora em favor de um “melhor" negócio em alguma data futura são as mesmas que, em 2006, diziam que 164 centrífugas eram demais e que, se nós apenas esperássemos o tempo suficiente, poderíamos diminuir o total iraniano para zero. Olha o que nos trouxe,” escreveu Lewis.
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