O advogado Luiz Edson
Fachin, indicado pela presidente Dilma para o Supremo Tribunal Federal, tem o
posto em alta conta.
Para
alcançar a honra de integrar a mais alta corte do país, recebendo muito menos
do que profissionais tão bem sucedidos quanto ele, investiu com força em
imagem. Para apoiar sua candidatura, contratou Renato
Rojas da Cruz, que foi, pela empresa Pepper, o chefe dos marqueteiros digitais na campanha
de Dilma (segundo seu currículo, comandava a equipe de criação de redes
sociais). Rojas montou um site de apoio a Fachin, www.fachincom.br. Sua participação era desconhecida, mas o segredo foi
escancarado pelo blog https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/, do
jornalista Cláudio Tognolli. A campanha “Fachin sim” utiliza também o
Facebook, o twitter e o You Tube. Preço? Não
se conhece o número exato; mas Rojas já trabalhou na cúpula de uma campanha
presidencial e é professor da Universidade de Brasília. É bem cotado no mercado
de campanhas.
Fachin preferiu não deixar
nenhuma brecha em sua luta para chegar ao Supremo. Já que havia contratado um
marqueteiro de Dilma, e ainda dispunha de verba, fez
questão de se abrir também aos tucanos. E contratou a Medialogue, que
trabalhou na campanha de Aécio Neves, para fazer o monitoramento do que é
divulgado nas redes sociais. O preço também não foi divulgado, mas uma empresa
que já trabalhou em campanha presidencial coloca o currículo na conta.
Por que Joaquim Barbosa
se aposentou, afinal? O cargo deve ser ótimo!
Sabedoria clássica
Não, não pensem mal do candidato Fachin. Pode estar manifestando uma
característica demasiadamente humana. Como advogado de renome, ele é certamente douto em Latim e sabe que vanitas vanitatum et omnia vanitas. Está no Eclesiastes, um dos mais belos livros da
Bíblia: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”.
Segue a
frase: “que proveito tem o homem de todo
o seu trabalho (…)? ”
Jogo de sombras
Nárcio
Rodrigues, ligadíssimo a Aécio Neves, ex-presidente do PSDB mineiro, agora
integra o governo de Fernando Pimentel, do PT, adversário de Aécio. Álvaro Dias
e Beto Richa, líderes tucanos, apoiam a indicação de Luiz Eduardo Fachin para o
STF. Tasso Jereissati, Aécio Neves, José Serra, que deveriam estar no Senado
votando pela oposição, preferiram ir a Nova York assistir à milésima primeira
homenagem a Fernando Henrique Cardoso nos últimos anos.
Não há dúvida: o PSDB é
a melhor oposição que o PT jamais poderia conseguir.
Guerra contra Moro
Atenção: o comando das atividades virtuais do PT
determinou ataques maciços contra o juiz Sérgio Moro, que julga os processos da
Operação Lava-Jato. É acusado de cometer excessos; ressuscitaram
procedimentos abertos contra ele há uns 15 anos (e nos quais foi inocentado faz muito tempo); é alvejado até por ter recebido a estatueta Faz Diferença do Grupo
Globo, que a entregou a diversas personalidades cujo trabalho faz
diferença.
Exemplos
do nível dos ataques: “Como atestar
credibilidade a um juiz que recebe presentinhos do capo Marinho e seus asseclas?”; e “O novo garoto-propaganda da Globo a serviço não da Justiça, mas de um
bando de jagunços da direita brasileira sob a chancela da mídia”.
A
decisão de atacar o juiz provavelmente se deve à conclusão de que há forte possibilidade de que réus petistas
envolvidos no Petrolão sejam condenados, e é preciso transformá-los urgentemente em “guerreiros do povo brasileiro”.
Dias movimentados
Quem acha que o debate sobre o novo ministro do
Supremo foi travado em baixíssimo nível que se prepare: agora é que as coisas começam a
pegar fogo. De um lado, houve a operação policial,
autorizada pela Justiça, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e
se multiplicam notícias sobre a possibilidade de envolvimento do presidente do
Senado, Renan Calheiros, na Operação Lava-Jato; de
outro, há as CPIs sobre fundos de pensão estatais e o BNDES.
O senador Reguffe, do PDT de Brasília, pediu cópias de todos os contratos do BNDES, desde 2003, com
empreiteiras que trabalham no Exterior. E há fundos de pensão com problemas: o
Postalis, do Correio, cobra um pesado extra dos associados para
cobrir um grande buraco; o Serpros, do pessoal de processamento de dados, está há dias sob intervenção do Serviço Nacional de
Previdência Complementar.
É
muito dinheiro, muita gente prejudicada, muita coisa a explicar. É dinamite.
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