Lula é um assunto aborrecido.
Lula é um assunto chato.
Lula é um assunto do passado.
Lula é um assunto do Brasil que está morrendo.
Lula é um assunto contra o país nascente.
Lula é, em suma, e aqui já se disse, o cadáver adiado que procria.
Lula é um assunto chato.
Lula é um assunto do passado.
Lula é um assunto do Brasil que está morrendo.
Lula é um assunto contra o país nascente.
Lula é, em suma, e aqui já se disse, o cadáver adiado que procria.
Mas somos, os jornalistas,
obrigados a falar dele, não é? Afinal, está por aí, se movimentando,
tentando tirar o nariz fora d’água, sobreviver à sua triste decadência, incapaz
de ser generoso com a própria história, com a própria biografia. Poderia, de fato, como
prometeu, ter se retirado de cena quando estava no auge. Poucos se atreveriam
— porque este é um país que gosta de
alimentar mitos — a pôr o dedo na ferida, a apontar que as dificuldades
pelas quais passamos agora tiveram origem, sim, no governo do companheiro, especialmente
nos quatro anos finais.
Ocorre que Lula não é generoso consigo
mesmo porque não consegue ser generoso com os outros. A glória de mandar e a vã cobiça sempre vêm
primeiro. E eis que o vemos desesperado, mexendo-se como mosca presa numa teia
de aranha, para tornar viável a sua candidatura à Presidência em 2018. Na terça-feira à noite, lá estava Lula a descer o porrete em Dilma num encontro fechado com
jovens sindicalistas, depois de ter dado algumas bordoadas na imprensa,
que, segundo disse, dá crédito à palavra de bandidos. Os bandidos, no caso,
são aqueles que, até outro dia, operavam em favor do seu partido, no esquema
criminoso montado na Petrobras. Agora, o Apedeuta anuncia que vai sair país afora
arregimentando as esquerdas e os movimentos sociais em defesa do PT.
Nesta quarta, Lula participou de um
seminário no instituto que leva o seu nome, promovido em parceria com a tal
Unasul (União das Nações Sul-Americanas), aquela estrovenga que
ele criou em companhia de Hugo Chávez. [Lula e o imbecil
venezuelano pretendiam que a Unasul fosse a URSS em novo continente; não
contavam com Putin que iniciou um processo de recuperação da URSS e que tudo
indica levará a Rússia a dividir a liderança mundial com os EU – com uma
vantagem: uma Rússia capitalista.] E lá estava ele com a ladainha bolorenta
da necessidade de integração dos países do continente, oferecendo como
exemplo de ação virtuosa, santo Deus!, a
construção do porto de Mariel, em Cuba, que teve financiamento secreto do
BNDES.
Para o chefão petista, que deveria receber um raio
fulminante enviado por Nelson
Rodrigues lá do outro mundo, é o “complexo de vira-lata de parte da classe política que faz privilegiar
acordos comerciais com Estados Unidos, em vez de América Latina e África”. Este senhor diz tal barbaridade quando, já está
demonstrado,
o Mercosul se transformou num dos fatores de atraso do Brasil.
Já disse aqui há
algum tempo e volto a fazê-lo: Lula
não está a criar uma só facilidade a Dilma Rousseff. Ao contrário. Na véspera da votação
da MP 665, o horário político do PT, de que ele foi a estrela, quase pôs tudo a
perder. O homem acusou o Congresso de atuar
contra os trabalhadores, e, por muito pouco, a emenda não foi rejeitada. Agora, às vésperas da votação da MP 664, ele volta a
fazer agitação sindical e proselitismo rombudo. Assim, a sua sucessora é
obrigada a enfrentar, de um lado, a pressão dos “companheiros” — a CUT conseguiu liminar do STF para ocupar
as galerias do Senado — e, de outro, de partidos da base dispostos
a arrancar mais alguns nacos de poder.
É evidente que Lula
tem consciência de que a sua ação é desestabilizadora. Mas ele só sabe
jogar assim. Que coisa impressionante! Todos
conhecem o mito da alma penada. Em essência, ela é o quê? É o vagar de alguém que já morreu, mas que ainda
não sabe; é o perambular de um ente que não aceita o lugar
que lhe está reservado na terra dos mortos.
Lula é essa alma penada na política brasileira. Mas custa caro!
Fonte:
Veja OnLine - Blog do Reinaldo Azevedo
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