Estratégia
do Planalto é descolar imagem da presidente de desgaste após prisão de Dirceu
Embora já
fosse esperada, a
prisão do ex-ministro José Dirceu pegou ontem de surpresa o Planalto por
ocorrer justamente na volta do recesso parlamentar, em meio ao esforço do governo para tentar recuperar a
governabilidade e melhorar o ambiente político. A estratégia do Planalto é
tentar se descolar do episódio, em tentativa de blindar a presidente Dilma
Rousseff desse desgaste.
O Planalto teme que a prisão de
Dirceu sirva de combustível para as manifestações contra
o governo marcadas para o dia 16, ao alimentar o sentimento antipetista,
e para os pedidos de impeachment protocolados na Câmara. A preocupação é não deixar
a Lava-Jato ofuscar ações “positivas” preparadas para os próximos dias, como a
celebração, nesta terça-feira, dos dois anos do programa Mais Médicos.
Na
segunda-feira, durante a reunião da coordenação política com a presidente, os
participantes procuraram não tocar no assunto com Dilma. Mas, de acordo com um
integrante do Planalto, houve comentários sobre o tema feitos por alguns
participantes em conversas paralelas. À noite, nas pouco mais de duas horas do
churrasco oferecido aos líderes e presidentes de partidos no Alvorada, Dilma não falou sobre a prisão de Dirceu,
mas o assunto dominou as conversas.
O clima
descrito pelos presentes era de muita preocupação com o desfecho político das
investigações. Houve
consenso de que o alvo final é o ex-presidente Lula. Em discurso,
Dilma disse que ninguém deve temer o que vem pela frente: — Na crise política, as instituições devem ser preservadas. Devemos
fazer nossa travessia sem medo. Eu não tenho medo. Eu aguento pressão , eu
percebo o que está acontecendo, ouço para mudar e melhorar.
Dilma
também pediu que os aliados enfrentem com altivez as pautas difíceis que serão
votadas no Congresso: — Da estabilidade fiscal eu não arredo o pé.
Não quero que votem como carneirinhos, mas como uma base corajosa em nome do
Brasil e para o Brasil.
Fonte: O Globo
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