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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Um inadequado ‘puxadinho’ para as montadoras – Dilma retira recursos do ajuste fiscal para favorecer montadoras



Ao oferecer crédito com juros baixos para fabricantes de veículos, Dilma incorre em erros cometidos no primeiro governo. Demonstra não ter aprendido a lição
O conceito arquitetônico do “puxadinho” surgiu com as favelas e seu crescimento desordenado, em que as casas são ampliadas sem planejamento e sem qualquer outra preocupação a não ser resolver uma questão específica, geralmente atender ao crescimento da família.

No primeiro governo Dilma, com Guido Mantega no Ministério da Fazenda, o termo passou a ser usado para qualificar um tipo de política econômica que baixava normas tópicas, na tentativa de equacionar algum problema. Assim como na arquitetura das favelas, sem maiores cuidados e preocupação com efeitos colaterais. Foi assim, por exemplo, que Dilma 1 desarrumou o setor elétrico, ao forçar um corte de 20% na conta de luz e não recuar, por interesses eleitoreiros, quando a seca forçou o uso intensivo das termelétricas, de custo operacional mais alto. Custo este que ajudou a implodir as contas públicas, pois foi transferido em grande parte ao Tesouro.

E Dilma acaba de inaugurar a política do “puxadinho” no seu segundo mandato, com a ordem dada ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica, instituições federais, para liberar crédito a juros camaradas às montadoras de veículos que se comprometam a não demitir. CEF e BB, somados, podem despejar mais de R$ 8 bilhões neste “puxadinho”.
Trata-se, porém, de um intervencionismo estéril, por tentar mudar o curso de forças do mercado. Há pouco, foi tomada a decisão de permitir a negociação entre patrão e empregado, em torno da troca de um terço do salário pela manutenção do emprego, algo que deveria ser livremente negociado em todos os setores.

Mas são tantas as exigências, e também é tão alto o custo trabalhista do emprego formal, que nem sempre compensa ao empregador manter o funcionário. Com o futuro da economia imprevisível, mesmo com o corte dos salários ele pode não ter condições de sustentar a folha de pagamentos reduzida em um terço.

Há, ainda, a questão do subsídio embutido nesses juros de BB e CEF, mesmo que seja financiado pelo lucro dos próprios bancos. É fato que parte não deverá ser, pois uma das fontes do dinheiro seria o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o BNDES. Quer dizer, de alguma forma essa operação deverá bater no Tesouro, numa gritante contradição com este momento de ajuste fiscal. Assim, a administração da economia tende a reproduzir um barco em que remadores remam em sentidos contrários. O aspecto do crédito subsidiado é grave, e até contraria a preocupação do próprio governo com os juros elevados. Ora, por 30% do crédito no Brasil terem algum tipo de subsídio é que a dosagem da política monetária (juros) precisa ser mais forte para conter a inflação. Afinal, os juros não fazem efeito no bolo integral do crédito.

Em resumo, como os anteriores, este “puxadinho” não deverá atingir seu objetivo e ainda tem custos invisíveis preocupantes. Pelo visto, Dilma 2 não aprendeu com Dilma 1.

Fonte: Editorial - O Globo

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