Cunha
conseguiu construir ampla bancada de deputados leais, mas até para quem lhe
deve muito há limites
Em
Brasília existe uma máxima sobre os limites da lealdade política que diz que os verdadeiros aliados acompanham o caixão
até a cova, mas não pulam no túmulo. É exatamente esse o drama que Eduardo
Cunha enfrentará a partir de agora. Por motivos diversos, o presidente afastado
da Câmara conseguiu ao longo dos últimos anos construir uma ampla bancada com
dezenas de deputados que lhe são leais. Mas até para quem lhe deve muito há
limites.
A atitude
de Wladimir Costa é a que melhor simboliza tal lógica. Poucos minutos antes do
voto de Tia Eron, Costa se inscreveu para falar em
defesa de Cunha e foi categórico: “Só
queremos saber se ele mentiu, e as provas são cabais de que ele não mentiu”.
Bastou Tia Eron tornar inevitável o prosseguimento do processo de cassação para
Costa dizer que também defenderia a perda de mandato do peemedebista. Quando os processos de cassação ainda eram votados de forma
secreta no plenário, a Câmara conseguiu absolver o deputado Natan
Donadon, já preso na Papuda. Mas depois que a votação passou a ser aberta
ninguém mais escapou da vontade popular.
Quando
foi denunciado ao Conselho, Cunha falava a diversos
interlocutores que protelaria seu caso indefinidamente e ninguém conseguiria
cassá-lo. De fato fez seu processo bater recordes de postergação e deve
continuar tentando fazê-lo nas próximas semanas na Comissão de Constituição e
Justiça. Mas agora, diante do pedido de cassação aprovado, é difícil acreditar que muitos deputados continuem segurando
a alça de seu caixão.
Fonte: Análise – Paulo
Celso Pereira – O Globo
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