Assim o sindicato dos
policiais do Rio de Janeiro receberam ontem os desembarcados no Galeão. Têm salários
atrasados, nas delegacias falta papel higiênico, água, tinta para imprimir
documentos – boletins
de ocorrência inclusive.
O governador anunciou que suas
viaturas também podem parar - falta dinheiro para
manutenção e combustível. Falta politica de Estado para a Segurança no Brasil. E não é de hoje.
Não é só no Rio. Gisele. José Josenilson. Denilson
Theodoro. Teresa. Valdik. Mortos da vez. Entre outros tantos que não
viraram notícia na corriqueira mortandade brasileira.
Gisele, médica, 34 anos, José e
Denilson, policiais de 31 e 48 anos, foram mortos por bandidos. Teresa, 48
anos, pelo namorado e Valdik, de 10 anos, foi assassinado por
agentes da Guarda Civil paulista, com tiros certeiros na cabeça. Balas, também certeiras, mataram Gisele,
José e Denilson. Vieram dos sem farda na Zona Norte do Rio, região que o
viúvo de Gisele chamou de Faixa de Gaza, onde arrastões, tiroteios, assaltos
chacinas e balas perdidas são rotina de polícia e bandido, com papeis
misturados, sem cerimônia. O alvo somos nós, o povo.
Um soco preciso fez a cabeça de
Teresa bater e estourar no chão do Paraná. Bandidos, policiais,
maridos, namorados, companheiros e ex matam, cada vez mais, no Brasil
violento, nada cordial. Sem política de Estado para Segurança, o prefeito de
São Paulo, assim como quem não tem quase nada a ver com isso, pode classificar
a violência de seus guardas como “ação
equivocada”.
O
prefeito do Rio, mais uma vez, lamenta a morte do
policial que era seu segurança e oferece sua solidariedade à família. Vai
cuidar da Olimpíada para o que, já garantiu, não faltará dinheiro do Estado e
do estado quebrados. O governador trata a falta de gasolina como mais um dos
seus muitos problemas do estado insolvente que recebeu de seu antecessor que,
assim mal gerido, recebeu de outro antecessor, que recebeu de outro e outro que
recebeu igual de outro.
De
penúria em penúria, a policia brasileira, que
morre e que mata feito formiga é violenta, mal preparada, mal armada e mal
paga. Nem nos
tempos de bonança econômica merece preferência – ou deferência - nos gastos
públicos. Isso desde sempre.
Segurança
por aqui só é prioridade nos programas políticos dos candidatos prometedores em
todas as esferas da administração.
Não tem
prefeito que não leve a Segurança Pública para o palanque, Ainda que para eles
reste apenas a responsabilidade sobre a Guarda Civil – vez por outra “equivocada”, que
existe para zelar pela população e pelo patrimônio público, mas, armada para se
equivocar, mata primeiro, pergunta depois. Ih, foi mau. Era só um menino, de 10 anos, desarmado.
Segurança
não é política de Estado. Quem for safo – polícia,
bandido ou mocinho – que se safe. A
cada ano, as policias brasileiras matam
3 mil pessoas – 8 por dia. Um 11 de Setembro por ano. (Foram 2.977 os mortos daquela tragédia
americana). Policiais também morrem as pencas. Foram 408 em
2015. No Rio, nesses seis
meses do ano, já morreram 54. São Paulo enterrou 43 no ano passado.
Quem
chora por uns e outros? As
famílias, os amigos. Atolado em desacertos, cuidando sempre de salvar a economia do Mercado da vez, os estados não têm disponibilidade orçamentária nem para
reles coroas de flores aos que morrem a seu serviço. Na minha insignificância de cidadã
jornalista já perdi as contas das vezes que escrevi sobre a violência
crescente, assustadora, sem solução a vista.
Aqui,
parece, o medo só faz comprar alarmes e grades
domésticas e aumentar penas para os criminosos do dia a dia que, sabem,
muito poucos viverão para cumpri-las. De tão corriqueiro, o tema não leva ninguém às ruas, nem faz bater panelas. O Brasil
hoje é um país violento de norte a sul, capital e interior.
Aos de fora, que aqui padecerem,
agora podemos também mandar essa: Não foi por falta de aviso! No
aeroporto, nosso receptivo policial saudou: Bem vindo ao inferno.
Fonte: Tânia Fusco – Blog do Noblat
Nenhum comentário:
Postar um comentário