Eram
10h da manhã do último domingo quando o construtor desempregado de 55
anos João Rosa do Nascimento deu entrada no hospital
regional do Paranoá, a menos de 18 quilômetros de distância do Palácio do Planalto
e dos prédios do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Ele sentia tonturas, as mãos estavam
dormentes, e não conseguia mais se sustentar de pé. João não tinha ideia que passava por um AVC, acidente vascular cerebral também conhecido como derrame. Meia
hora depois de chegar ao pronto socorro, sobreveio
a primeira parada cardíaca. João foi reanimado. Logo depois, a segunda parada
cardíaca. Mais uma vez foi trazido à vida.
Como não há Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) no
hospital do Paranoá, uma cidade no entorno do Distrito
Federal com mais de 50 mil habitantes, os médicos se viram obrigados a deixar João
numa cama em uma sala que serve apenas para primeiros socorros. Desde
então, João segue em coma induzido a espera de um quarto de UTI que vague em
qualquer hospital de Brasília.
Na
madrugada de segunda-feira, ele teve uma
terceira parada cardíaca e seu estado é crítico. Alertados pelos médicos, parentes de João foram atrás de um amigo advogado que ainda
no domingo conseguiu uma ordem judicial para obrigar a rede pública a acomodar
João numa UTI. Só que até agora nada aconteceu. Nesta terça de manhã, completará 48 horas que João está entubado.
Segundo médicos, será o dia que o
cérebro dele inchará mais e correrá os maiores riscos de sequela. Até agora
ele segue em coma induzido porque não há aparelhos para fazer exames que
mostrem a extensão dos danos no cérebro, e sem isso é muito arriscado
acordá-lo.
Sem
uma UTI com suporte para neurologia, não há muito que os médicos possam fazer
por João. A
família de João pensou em levá-lo a um hospital particular, afinal a decisão judicial diz que o Governo do Distrito
Federal será obrigado a arcar com os custos de uma internação na rede privada
caso não ache vaga rede na pública. “Mas os hospitais, agora, pedem
cheque-caução, tem que pagar antes”, disse desolado um dos dois filhos de
João, que é casado há mais de vinte anos.
Fonte: Blog do Noblat – Guga Noblat
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