Um palanque para o ódio
O Supremo Tribunal Federal transformou o deputado Jair Bolsonaro em réu por injúria e incitação ao crime de estupro. Ele será processado porque afirmou, na tribuna da Câmara, que uma colega "não merecia" ser estuprada. Depois do ataque no plenário, o deputado repetiu a ofensa em entrevista. "Ela não merece [ser estuprada] porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero. Jamais a estupraria", disse.A Procuradoria-Geral da República considerou que as declarações não foram apenas grosseiras: também incentivaram a violência contra a mulher. Bolsonaro não negou as frases, mas alegou que não poderia ser processado, já que a Constituição garante imunidade aos parlamentares por "opiniões, palavras e votos".
O discurso não colou no Supremo. O ministro Luiz Fux concluiu que o destampatório não teve "teor minimamente político". "Não se pode subestimar os efeitos dos discursos que reproduzem o rebaixamento da dignidade da mulher", afirmou. A denúncia foi aceita por 4 votos a 1.
Ontem Bolsonaro voltou ao noticiário por outro episódio de incontinência verbal. Ele será julgado no Conselho de Ética por ter homenageado um torturador da ditadura durante a votação do impeachment. [IMPORTANTE: Ustra foi alvo de várias ações que o acusavam de torturador e todas foram arquivadas.
Será que todos os juízes erraram? Insistem na tentativa de tornar USTRA - coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra - HERÓI NACIONAL em um criminoso, mas, não vão conseguir. PERGUNTA: e o deputado do PSOL que ao votar na mesma ocasião que Bolsonaro fez rasgados elogios ao porco terrorista Carlos Marighella. Não vai ser denunciado e processado?]
É razoável que o Supremo tome medidas para evitar que a imunidade parlamentar vire licença para a apologia de crimes e criminosos. [o procurador-geral da República tem o DEVER de denunciar o deputado do PSOL (cujo nome não vale a pena se gastar bytes para escrever) por apologia ao terrorismo.] Na Câmara, o desafio é evitar que o deputado transforme o Conselho de Ética num palanque para se promover. Ele já começou a fazer isso, apresentando-se como vítima de uma perseguição ilusória e recitando frases de efeito nos telejornais.
O truque de Bolsonaro é conhecido. Em 2014, ele se tornou o deputado mais votado do Rio graças ao discurso de ultradireita e à habilidade para fabricar polêmicas vazias. [o POVO que é quem vota, as vezes erra - exemplo: quando elegeu e reelegeu Lula e Dilma - mas, acerta quando vota em BOLSONARO, coerente, firme, sério, a favor da FAMÍLIA, da MORAL e dos BONS COSTUMES. Tanto que a mais de dois anos das eleições já tem pouco mais de 9% de intenções de voto.] Em alguns casos, a melhor forma de lidar com um radical que prega o ódio não é discutir os absurdos que ele diz, e sim deixá-lo falando sozinho.
Fonte: Folha de São Paulo - Bernardo Mello Franco
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