Ministro do STF nega pedido para transferir presos perigosos para o Rio
Alexandre de Moraes afirmou que a própria lei autoriza sucessivas renovações da manutenção dos detentos
O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido
da Defensoria Pública da União (DPU) para que todos os presos detidos há mais
de dois anos no sistema penitenciário federal (SPF) voltem para seus estados. O
habeas corpus chegou à corte em 27 de setembro e foi alvo de polêmica.
"Os
fatos apontados pela Defensoria Pública da União, em uma primeira análise,
não apresentam nenhuma ilegalidade, pois a própria lei não fixa prazo fatal,
mas sim autoriza sucessivas renovações da manutenção dos detentos no
recolhimento em estabelecimentos penais federais de segurança máxima sempre
que, presentes os requisitos, o interesse da segurança pública de toda
sociedade permaneça intocável, e desde que haja nova decisão fundamentada
pelo juiz competente para cada uma das novas renovações de prazos não
superiores, individualmente, a 360 (trezentos e sessenta) dias, como na
presente hipótese", escreveu o ministro ao negar a liminar.
Ontem
chegou ao gabinete de Moraes o parecer da procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, contra o pedido da DPU. Ela entende que a legislação atual não
estabelece um limite de quantas renovações são possíveis para que o preso fique
isolada numa das quatro penitenciárias federais do país. Basta que haja
permanência da situação que motivou a transferência para uma unidade federal.
Ela também alertou para motivos de segurança. "O
direito difuso à segurança, que é levado em consideração pelas decisões
judiciais (exigidas para o recolhimento e prorrogação da permanência do preso
nos estabelecimentos federais) é mais um motivo que impede a concessão da
liminar. A gravidade da situação atual em presídios estaduais, analisada em
decisões judiciais fundamentadas, não pode ser desconsiderada por uma ordem
liminar genérica", argumentou a procuradora-geral.
No
pedido, a DPU afirmou que havia 121 presos há mais de 720 dias no sistema
federal. Dados mais recentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen)
obtidos pelo GLOBO apontam que há 55 presos do Rio de Janeiro há mais de dois
anos no sistema penitenciário federal. Eles representam quase 29,7% do total de
185 internos com esse tempo de permanência. Hoje, as quatro penitenciárias
federais - Campo Grande (MS), Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Catanduvas (PR) -
abrigam 524 detentos. Deles, 339 estão há menos de dois anos.
O pedido
da DPU é assinado pelo defensor público federal e defensor nacional de Direitos
Humanos, Anginaldo Oliveira Vieira. Segundo ele, o isolamento prolongado em
presídios federais, longe das famílias, provoca problemas de saúde. Como
exemplo, ele citou números que diz terem sido fornecidos pelo Departamento
Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça. Em 2017,
12,07% dos presos no sistema federal já tentou o suicídio e 60% sofre com
alucinações auditivas, psicose, desorientação e outros problemas mentais.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário