Dentro de três meses, a presidência do Supremo Tribunal Federal vai
trocar de mãos. Sai Cármen Lúcia, entra Dias Toffoli. Num debate
realizado em Curitiba, Toffoli declarou que o Supremo deve agir como
Poder moderador, não como protagonista. Manifestação esquisita. Os
dicionários ensinam que moderador é o que modera, que atenua, que reduz,
que restringe. Os Poderes Legislativo e Executivo apodrecem. E Toffoli
sugere uma versão diet do Judiciário, batizando a novidade de Supremo
moderador.
Toffoli fez uma comparação esdrúxula. “Se formos
protagonistas”, disse ele, “vamos cometer o mesmo erro que as Forças
Armadas cometeram em 1964.” Curioso. Há malucos pedindo a volta dos
militares. Mas ainda não se viu nenhum louco clamando por um golpe do
Supremo. Toffoli acrescentou: “Se quisermos ser protagonistas, vamos ser
substituídos”. Ele perguntou: “E por quem?” Toffoli não quis dar
entrevista. Uma pena. Não foi possível perguntar ao ministro que
alucinações frequentam os seus pesadelos.
Hoje, a principal marca
do Supremo é a insegurança jurídica. Num instante, a Corte aprova a
prisão na segunda instância. Noutro, ameaça rever a regra. Ora afasta
Eduardo Cunha do mandato, ora delega ao Senado a palavra final sobre o
afastamento de Aécio Neves. Admite a condução coercitiva por 77 anos e,
de repente, proíbe o procedimento. A Primeira Turma prende. A Segunda
Turma solta. É nesse ambiente que Toffoli defende o seu Supremo diet,
moderador. Nada poderia ser mais equivocado. No Brasil da corrupção,
exige-se do Judiciário a aplicação implacável da lei. O maior excesso
que o Supremo pode cometer é o da moderação.
Blog do Josias de Souza
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