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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Maduro põe militares em alerta após notícia de que Trump cogitou invadir Venezuela

Caracas anuncia que investigará opositores que pediram intervenção militar

[poderoso Exército venezuelano é posto em alerta máximo para evitar que Trump ordene invasão da Venezuela.]

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu nesta quarta-feira que as forças militares venezuelanas "não baixem a guarda", após a imprensa americana informar que, em 2017, o presidente Donald Trump discutiu com seus assessores a possibilidade de invadir a Venezuela.
Não podem baixar a guarda nem por um segundo, porque defenderemos o maior direito de nossa pátria em toda a sua história, que é viver em paz — disse Maduro em uma cerimônia de promoção de generais e almirantes.

Maduro citou informações da agência de notícias americana Associated Press, segundo as quais o presidente Trump consultou, em agosto do ano passado, vários assessores de política externa sobre a viabilidade de invadir a Venezuela. As consultas foram feitas "durante uma reunião sobre as sanções" que Washington adotou contra o governo Maduro.  "Os assessores de Trump rejeitaram vigorosamente a ideia, assim como vários líderes latino-americanos, que teriam dito ao presidente que não queriam ver uma invasão americana", confirmou a rede de TV CNN.

Maduro afirmou que essas notícias provam a veracidade de suas denúncias de que Washington planeja atacar militarmente a Venezuela para se apoderar de suas vastas reservas de petróleo.  "Coincidência? Não é coincidência", afirmou Maduro, indicando que as conversas de Trump com seus assessores aconteceram logo depois da visita de opositores venezuelanos à Casa Branca.
— Uma intervenção do império americano nunca será uma solução para os problemas da Venezuela, mas nossas Forças Armadas têm a responsabilidade de estar preparada para defender o território nacional sob qualquer circunstância — disse Maduro.

Por sua vez, Diosdado Cabello, presidente da Asssembleia Constituinte — convocada em 2017 por Maduro para anular os poderes da Assembleia Nacional, de maioria oposicionista —, anunciou uma investigação por "traição à pátria" contra opositores que pedem uma intervenção militar.  Em 11 de agosto de 2017, Trump sugeriu publicamente que uma ação militar dos Estados Unidos na Venezuela não poderia ser descartada. A declaração veio em uma entrevista coletiva no seu clube de golfe em Nova Jersey. Acusando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de ser um ditador, o Tesouro dos EUA congelara dez dias antes ativos de venezuelanos nos EUA.  — As pessoas estão sofrendo e morrendo. Nós temos muitas opções para a Venezuela, incluindo a opção militar se necessário — disse Trump. — A opção militar é algo que poderíamos buscar.

De acordo com a Associated Press, no dia anterior a esta declaração, o presidente havia surpreendido seus assessores no Salão Oval, perguntando por que os EUA não podiam intervir no país para retirar Maduro do poder, justificando a decisão com o argumento de que a turbulência política e econômica da Venezuela representava uma ameaça à região. A agência relata ainda que estavam presentes na reunião o então conselheiro de Segurança Nacional, HR McMaster, e o então secretário de Estado americano, Rex Tillerson.
Autoridades da Casa Branca disseram à agência de notícias que tentaram convencer Trump a desistir da ideia, dizendo que uma ação como essa alienaria aliados latino-americanos que haviam apoiado as sanções americanas anteriores contra o governo de Maduro. 

Mas a argumentação não pareceu ter sido muito eficaz, e Trump, ainda de acordo com a AP, voltou a abordar o tema com chefes de Estado latino-americanos, incluindo os presidentes do Brasil, Michel Temer, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, num jantar privado durante a Assembleia Geral da ONU em setembro do ano passado. Na ocasião o presidente teria, embora "sua equipe tivesse dito para que ele não dissesse isso", perguntado aos líderes presentes, um a um, se eles realmente não queriam uma solução militar para a Venezuela.

APELO POR ABERTURA EM GENEBRA
Em Genebra, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mais de 50 países, liderados pelo Peru, pediram nesta quinta-feira que a Venezuela restaure o Estado de Direito e abra as portas à assistência humanitária, uma vez que a crise econômica no país tem provocado escassez de remédios e o aumento da desnutrição.

Um comunicado sobre a situação venezuelana entregue ao Conselho pelo embaixador peruano, Claudio Julio de la Puente Ribeiro, afirma também que as forças de segurança venezuelanas são suspeitas de matar centenas de pessoas e são imunes de processos, o que indica que o Estado de Direito está "praticamente ausente" do país.  "Estamos preocupados com relatos a respeito de violações graves de direitos humanos que incluem execuções extrajudiciais, uso excessivo da força, prisões arbitrárias, tortura e maus tratos, e a ausência de acesso à justiça", disse Puente Ribeyro no comunicado.
"Conclamamos a Venezuela a reconhecer a gravidade de sua situação e a abrir as portas para a assistência humanitária, a cooperar com os mecanismos de direitos humanos do Conselho."

 

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