Caracas anuncia que investigará opositores que pediram intervenção militar
[poderoso Exército venezuelano é posto em alerta máximo para evitar que Trump ordene invasão da Venezuela.]
O
presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu nesta quarta-feira que as forças
militares venezuelanas "não baixem a guarda", após a imprensa
americana informar que, em 2017, o presidente Donald Trump discutiu com seus
assessores a possibilidade de invadir a Venezuela.
Não
podem baixar a guarda nem por um segundo, porque defenderemos o maior direito
de nossa pátria em toda a sua história, que é viver em paz — disse Maduro em
uma cerimônia de promoção de generais e almirantes.
Maduro
citou informações da agência de notícias americana Associated Press, segundo as
quais o presidente Trump consultou, em agosto do ano passado, vários assessores
de política externa sobre a viabilidade de invadir a Venezuela. As consultas
foram feitas "durante uma reunião sobre as sanções" que Washington
adotou contra o governo Maduro. "Os
assessores de Trump rejeitaram vigorosamente a ideia, assim como vários líderes
latino-americanos, que teriam dito ao presidente que não queriam ver uma
invasão americana", confirmou a rede de TV CNN.
Maduro
afirmou que essas notícias provam a veracidade de suas denúncias de que
Washington planeja atacar militarmente a Venezuela para se apoderar de suas
vastas reservas de petróleo. "Coincidência?
Não é coincidência", afirmou Maduro, indicando que as conversas de Trump
com seus assessores aconteceram logo depois da visita de opositores
venezuelanos à Casa Branca.
— Uma
intervenção do império americano nunca será uma solução para os problemas da
Venezuela, mas nossas Forças Armadas têm a responsabilidade de estar preparada
para defender o território nacional sob qualquer circunstância — disse Maduro.
Por sua
vez, Diosdado Cabello, presidente da Asssembleia Constituinte — convocada em
2017 por Maduro para anular os poderes da Assembleia Nacional, de maioria
oposicionista —, anunciou uma investigação por "traição à pátria"
contra opositores que pedem uma intervenção militar. Em 11 de
agosto de 2017, Trump sugeriu publicamente que uma ação militar dos Estados
Unidos na Venezuela não poderia ser descartada. A declaração veio em uma
entrevista coletiva no seu clube de golfe em Nova Jersey. Acusando o presidente
venezuelano, Nicolás Maduro, de ser um ditador, o Tesouro dos EUA congelara dez
dias antes ativos de venezuelanos nos EUA. — As
pessoas estão sofrendo e morrendo. Nós temos muitas opções para a Venezuela,
incluindo a opção militar se necessário — disse Trump. — A opção militar é algo
que poderíamos buscar.
De acordo
com a Associated Press, no dia anterior a esta declaração, o presidente havia
surpreendido seus assessores no Salão Oval, perguntando por que os EUA não
podiam intervir no país para retirar Maduro do poder, justificando a decisão
com o argumento de que a turbulência política e econômica da Venezuela
representava uma ameaça à região. A agência relata ainda que estavam presentes
na reunião o então conselheiro de Segurança Nacional, HR McMaster, e o então secretário
de Estado americano, Rex Tillerson.
Autoridades
da Casa Branca disseram à agência de notícias que tentaram convencer Trump a
desistir da ideia, dizendo que uma ação como essa alienaria aliados
latino-americanos que haviam apoiado as sanções americanas anteriores contra o
governo de Maduro.
Mas a argumentação não pareceu ter sido muito eficaz, e
Trump, ainda de acordo com a AP, voltou a abordar o tema com chefes de Estado
latino-americanos, incluindo os presidentes do Brasil, Michel Temer, e da Colômbia,
Juan Manuel Santos, num jantar privado durante a Assembleia Geral da ONU em
setembro do ano passado. Na ocasião o presidente teria, embora "sua equipe
tivesse dito para que ele não dissesse isso", perguntado aos líderes
presentes, um a um, se eles realmente não queriam uma solução militar para a
Venezuela.
APELO POR
ABERTURA EM GENEBRA
Em
Genebra, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mais de 50 países, liderados
pelo Peru, pediram nesta quinta-feira que a Venezuela restaure o Estado de
Direito e abra as portas à assistência humanitária, uma vez que a crise
econômica no país tem provocado escassez de remédios e o aumento da
desnutrição.
Um
comunicado sobre a situação venezuelana entregue ao Conselho pelo embaixador
peruano, Claudio Julio de la Puente Ribeiro, afirma também que as forças de
segurança venezuelanas são suspeitas de matar centenas de pessoas e são imunes
de processos, o que indica que o Estado de Direito está "praticamente
ausente" do país. "Estamos
preocupados com relatos a respeito de violações graves de direitos humanos que
incluem execuções extrajudiciais, uso excessivo da força, prisões arbitrárias,
tortura e maus tratos, e a ausência de acesso à justiça", disse Puente
Ribeyro no comunicado.
"Conclamamos
a Venezuela a reconhecer a gravidade de sua situação e a abrir as portas para a
assistência humanitária, a cooperar com os mecanismos de direitos humanos do
Conselho."
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