Jair Bolsonaro obteve 46,03% dos votos
válidos — ou 49.275.358 votos, o que é, sem dúvida, uma avalanche.
Sabem, no entanto, quantos são os brasileiros aptos a votar? 147,3
milhões. Ocorre que quase 30 milhões não deram as caras, com uma
abstenção de 20,32%. Brancos e nulos somaram 8,79%. Entendam: aquele que
quase vence no primeiro turno, num verdadeiro aluvião de votos
conservadores, obteve, no entanto, 33,4% do eleitorado. Sim, senhores: o
grande vitorioso do primeiro turno não teve mais do que um terço dos
votos das pessoas aptas a escolher o presidente. Quase outro terço
(29,11%) não quis escolher ninguém, e os demais ficaram com opositores
do deputado. [destaque-se que Bolsonaro teve votação superior em mais de 55% a obtida por Haddad = 31.341.839 e Bolsonaro 49.275.358.
Aliás, segundo turno é mais uma excrescência da Constituição cidadã e serve apenas para gastar milhões e milhões de reais;
qual sentido tem um segundo turno, se no primeiro turno o candidato vencedor obteve votação superior à soma do 2º, 3º e 4º colocados - do quarto considerando pouco mais de 90%? ]
Fiz essa mesma lembrança quando Dilma venceu, em 2014. Os
petistas ficaram bravos, como se eu estivesse deslegitimando o
desempenho de Dilma. Não! Até porque os números de Fernando Haddad (PT),
por óbvio, são ainda piores: 21,27% (31.341.839). Se não entenderam o
ponto, explico: quem vence não ganha carta branca para fazer o que lhe
dá na telha. Vence para governar de acordo com as regras do jogo, já que
governa também quem não compareceu para votar, quem compareceu e não
escolheu ninguém e aqueles que escolheram outras candidaturas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário