Jair Bolsonaro completou três décadas de vida no Legislativo, o dobro do
tempo que serviu nos quartéis. Aos 63 anos e com a experiência de oito
eleições vencidas, pode ser considerado um político profissional do tipo
demasiadamente velho para se permitir ilusões na travessia do Congresso
para o Palácio do Planalto. No entanto, está surpreendendo aliados pelo
amadorismo na transição de governo.
Assume em duas semanas um governo sob curadoria de antigos companheiros
militares da reserva —grupo coeso até no perfil pontuado pela
indisciplina na caserna. No novo governo, o primeiro círculo do poder será composto pelos
onipresentes e indemissíveis Bolsonaro: Jair, pai-presidente, e os
filhos eleitos para o Legislativo. O protagonismo já assumido pelo trio de parlamentares formata uma nova,
inédita, instância de poder. O presidente terá uma linha direta,
familiar, no Congresso. Logo vai se descobrir se este será um canal de
soluções ou de problemas institucionais.
Na transição, até agora, prevalece improviso em algumas áreas-chave do
futuro governo. Filhos-parlamentares anunciam supostas decisões e são
desmentidos pelo pai-presidente. E todos se mostram surpresos com a
bruma de transações mal explicadas na gestão dos próprios gabinetes no
Legislativo. Observa-se uma opção preferencial pela retórica sobre decimais e
polissílabos na política externa. No caso dos médicos cubanos, por
exemplo, a precipitação discursiva custou mais caro ao país e criou um
vácuo na Saúde em um terço dos municípios.
[este parágrafo aponta dois erros explicáveis e consequência do relacionamento aberto que Bolsonaro quer manter com a Imprensa:
- a composição do Governo Bolsonaro se caracteriza pela discussão aberta, transparente, ampla e irrestrita - assuntos que deveriam ser tratado apenas entre os membros da equipe de transição, são divulgados sem reservas;
- a aceitação, inconveniente, de alguns dos participantes da 'equipe de transição' ou do 'entorno Bolsonaro' do entendimento que qualquer questionamento da Imprensa deve ser respondido, o que leva alguns repórteres, especialmente os que não aceitam o fim do lulopetismo, a buscarem transformar rumores em fatos - alguns jornais apresentam os rumores decorrentes da movimentação atípica de um EX-assessor de um filho de Bolsonaro como FATOS e sempre buscando comprometer o futuro presidente.]
Trapalhadas resultaram no “desconvite” aos presidentes de Cuba e da
Venezuela para a festa da posse. Como se sabe, só é possível
“desconvidar” quem já estava convidado. [essa trapalhada foi fruto da incompetência de membros do governo Temer, provavelmente petistas - que ainda não foram varridos para fora dos cargos que ocupam;
a norma é que os convites sejam enviados pelo governo que termina, só que o bom senso, o respeito com o futuro Governo, recomenda que os responsáveis pelos convites se articulem com a equipe do Governo que será empossado, o que não foi feito e Bolsonaro deixou bem claro que não quer 'ditadores' em sua posse - aliás, esses dois que foram desconvidados, podem, e até devem visitar na cadeia o presidiário Lula ocasião em que se sentirão em casa e entra amigos.]
Mais graves foram as ameaças à China, maior cliente de 12 estados
exportadores; aos 52 países islâmicos que compram US$ 6 bilhões ao ano
em carnes; e à Argentina, destino de 80% dos manufaturados. A
imprudência se amplia nos anúncios sobre acordos de imigração, do clima,
do Mercosul e com a União Europeia. Bolsonaro flutua no autoengano, como Lula. [Casado, pelo amor de Deus, não compare o presidente eleito com o criminoso, o ladrão, o presidiário Lula - Bolsonaro e os quase 58.000.000 de eleitores que votaram nele não merecem tal comparação.] Um dia, talvez, descubra que o
espaço de tolerância ao seu governo é bem menor do que imagina.
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