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domingo, 17 de fevereiro de 2019

A militarização do governo

Enquanto Bolsonaro gera crises, generais executam uma política clara de ocupação de espaços

A queda estrondosa do ministro Gustavo Bebianno e a confirmação de que o Brasil vive a era da “filhocracia” reforçam uma tendência clara: quanto mais o presidente Jair Bolsonaro tropeça nos próprios pés, mais os militares se aprumam, ganham poder e se infiltram em todos os setores do governo, não mais apenas em áreas fortes do Exército, como a infraestrutura, mas até em política externa, educação e meio ambiente.
Ao anunciar nesta semana o fim da Superintendência do Ibama no DF e a substituição de exatamente todos os demais 26 superintendentes estaduais, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem um objetivo muito claro: substituir pelo menos 20 deles por militares. “Não se pode brincar com isso, os superintendentes é que concedem licenças e alvarás e eu não sou obrigado a conhecer gente confiável em todos os Estados, no Amapá, no Acre, em tantos lugares em que nunca fui”, diz Salles.
Ele pediu ajuda ao Ministério da Defesa e aos generais do entorno de Bolsonaro para sugerir nomes. Como os militares têm boa formação e se aposentam cedo, como coronéis e capitães, não é difícil encontrar mão de obra. Eles, aliás, já ocupam cargos-chave no ministério de Salles, inclusive a chefia de gabinete.No caso da Educação, houve até quem sonhasse em ter um general no MEC, mas a ideia não vingou porque a reação poderia ser de surpresa, primeiro, e de confronto, depois. Mas o que não falta no governo é gente enaltecendo os colégios e institutos militares, que de fato são de excelência, e articulando um processo de longo prazo para militarizar o ensino público. [um dos melhores ministros do MEC foi o general Rubem Ludwig; 
Outro ponto que precisa ser ajustado é a decisão absurda da USP ao rejeitar alunos oriundos dos colégios militares do Exército, invocando dois argumentos absurdos, imorais mesmo:
- que os colégios militares não são escolas públicas;
- que receber alunos dos colégios militares prejudica os cotistas - temos que torcer para que os filhos do presidente Bolsonaro deixem o pai trabalhar e logo esse imoral e inconstitucional sistema de cotas seja extirpado do Brasil. 

Para a USP, que pretende ser a 'universidade dos cotistas' (quando deveria envidar todos os esforços para a meritocracia) os alunos dos colégios militares ocupam vagas dos cotistas.]
A experiência-piloto pode ser no Distrito Federal, onde o governador Ibaneis Rocha criou por portaria a “gestão compartilhada” das escolas, entre as secretarias da Educação e da Segurança, e assim empurrar policiais militares e bombeiros da reserva para 40 escolas até o fim do ano. Isso implica “mais disciplina”, com Hino Nacional todo dia, alunos de fardas e marchando. [o hasteamento da Bandeira Nacional não pode ser esquecido; 
o governador Ibaneis acertou bem com a politica da militarização das escolas do DF, que tem quer estendida para pelo menos metade das escolas públicas do DF e para todo o Brasil.]

Assustados com a violência que grassa no DF quanto mais violenta a região, mais violenta a escola –, pais e mães até se animam com a ideia, mas os pedagogos, assustados, argumentam que “militarização” das escolas é muito diferente de policiamento ostensivo para garantir a segurança de alunos e professores.
[esses pedagogos que ficam 'assustados' com a presença da polícia, devem ter sólidas razões para tanto: provavelmente são adeptos de uma cheiradinha ou de uma fumaça.

Onde já se viu pessoas de bem terem medo da Polícia?
Quem não gosta da presença da Polícia são os bandidos. Aluno, pai de aluno e professor que for contra a presença da Polícia precisa ser investigado.]
 
Aliás, fica uma dúvida: se o presidente da República pode usar chinelo e camiseta de time de futebol em reunião com ministros, com foto distribuída publicamente, por que alunos têm de vestir fardas, as meninas precisam andar de coque e os meninos de cabelo curto? [dúvida sem sentido, impertinente, visto que: enquadrando os alunos vestindo farda, meninos com cabelos cortados curto, padrão militar,  e meninas usando coque (evitando certos penteados horrorosos que são liberados atualmente), respeitando os Símbolos da Pátria, a disciplina surgirá, a violência será reduzida.

Para conhecimento dos nossos dois leitores:
- uma menina no DF, adolescente, aluna de escola pública, seguindo a regra que muitos defendem - meninos e meninas com liberdade para fazer o que quiserem - decidiu usar 'piercing', tudo maravilhoso, só complicou quando infeccionou o local da colocação do acessório, e a garota está paraplégica,  usando cadeira de rodas e com poucas chances de recuperação.]
Os generais que cercam (em vários sentidos) Bolsonaro no Planalto também têm posições muito claras sobre política externa e agem para o fim das maluquices e a volta do pragmatismo. Se combatem a “esquerdização” do Itamaraty após a era Lula, eles também não gostaram dos excessos do chanceler Ernesto Araújo para o outro lado e trataram de reequilibrar as coisas.
Enquanto recebiam representantes da China e do mundo árabe para amenizar o mal-estar causado pelo novo governo, também amansavam o próprio Araújo, que foi escolhido por Eduardo Bolsonaro, o 02 do presidente, e agora parou de escrev
er aquelas excentricidades. Ele parece bem mais razoável ao vivo do que por escrito.
Por fim, foram os generais Hamilton Mourão, Augusto Heleno e Santos Cruz que se investiram de uma função política ao tentar inutilmente, aliás – apagar o incêndio que está torrando o ministro Gustavo Bebianno, um dos dois únicos civis com algum poder no Planalto de Bolsonaro. O outro é Onyx Lorenzoni. Ele que se cuide, enquanto Paulo Guedes, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre se blindam da crise e tocam o que interessa: a reforma da Previdência e a recuperação da economia.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

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