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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A verdade da deputada Hasselmann

Afonso Marangoni

O que aconteceu com Joice Hasselmann?

A deputada afirma não se lembrar de nada. A partir de então, uma enxurrada de informações desconexas trouxe mais dúvidas sobre o episódio
 
[Há alguns dias o Blog Prontidão Total postou  "Cada um com a sua Verdade = a VERDADE TRADICIONAL,aquela sinônimo de FATO", com o tema 'a verdade do STF', e seguindo a sequência estamos publicando 'a verdade da deputada Hasselmann.
Ao estilo do 'capítulo' anterior a característica comum é que retratam verdade que não são batem com o fato (pode? parece que pode...) 

Na quinta-feira 22 de julho, um novo caso ganhou o noticiário: a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) foi à imprensa para divulgar que, quatro dias antes, havia acordado caída no closet de seu apartamento funcional em Brasília, cheia de ferimentos e com marcas de sangue no chão. Ela afirma não se lembrar de nada. A partir de então, uma enxurrada de declarações e informações desconexas trouxe mais dúvidas sobre o episódio.
 
Até agora, os únicos personagens envolvidos são a própria Joice e o marido, o médico neurocirurgião Daniel França, que, segundo ela, ronca muito e, por isso, dormia em outro quarto. O apartamento funcional fica no sexto andar de um prédio na Asa Norte, na capital federal.

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP)
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP)

Entre as inúmeras hipóteses levantadas por Joice Hasselmann, hoje ela tem dado mais enfoque à suspeita de que tenha sido vítima de atentado praticado por uma terceira pessoa que teria entrado no imóvel, tese que não encontra amparo nas provas obtidas até agora. Sobre a possibilidade de ter sido agredida pelo marido, ela a refuta veementemente e afirma que vai processar todos os que estão fazendo “ilações” contra ele.

“Tem tanta gente investigando que é impossível que não se ache o fio da meada, cedo ou tarde ele vai aparecer”, disse a deputada no último domingo, 25, a veículos de imprensa. Oeste fez o passo a passo do que ocorreu. 

Quinta-feira 15 de julho
Último dia em que Joice Hasselmann é vista publicamente antes do episódio. Ela participou da sessão do Congresso que aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com um fundão eleitoral de quase R$ 6 bilhões. Dos 54 deputados do PSL, ela foi um dos seis que votaram contra a LDO, desconsiderando a orientação do governo e do líder do partido na Câmara. Às 19h42, mudou de tema e discursou no plenário da Casa sobre um projeto de linha de crédito para mulheres. A sessão se estendeu até quase 1 hora da madrugada. Ela voltou para casa e acabou de participar da reunião virtualmente.
 
Sábado 17 de julho
Joice Hasselmann seguiu atuante nas redes sociais. Fez críticas a desafetos políticos e se posicionou contrária à aprovação do fundo eleitoral de quase R$ 6 bilhões. Naquela noite, conta ela, a última lembrança que tem é a de estar em sua cama assistindo à série O Grande Guerreiro Otomano. Segundo Joice, até certa altura o marido a acompanhou. Depois, ele foi dormir, e ela continuou vendo a série para esperar que o Stilnox, medicamento para dormir que toma há mais de 20 anos, fizesse efeito. O que ocorreu em seguida foi um lapso de memória de aproximadamente sete horas.
 
STILNOX - ZOLPIDEM
O medicamento citado pela deputada tem como princípio ativo um indutor de sono chamado zolpidem. “Há 20 anos tomo o mesmo remédio em dosagens diferentes”, afirmou Joice. “Hoje, estou tomando 6,5 mg. Já tomei 12 mg desse remédio. O Daniel tem me ajudado a desmamar o remédio. Ele induz um sono pesado por apenas três horas, nas quais me faz dormir.”

Oeste conversou sobre o caso com o médico Marcelo Caixeta, especialista em Psiquiatria pela Universidade de Paris e em Psiquiatria Forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Depois de fazer a ressalva de que, por não ser o médico que acompanha a deputada, só pode emitir opiniões por analogia teórica com outros casos, ele afirma que, “se um paciente usa zolpidem há muitos anos e é encontrado desacordado, com lesões, uma das hipóteses pode, sim, ter ligação com a medicação”. “Mas há várias outras hipóteses médicas. Por exemplo: a paciente descontinuou o medicamento, e isso precipitou uma crise convulsiva. Às vezes o paciente muda de marca de remédio, e isso pode levá-lo a uma convulsão etc.”

Marcelo Caixeta destaca ainda que pacientes que usam zolpidem podem sofrer de sonambulismo. “É uma medicação que atua em neurotransmissores/receptores Gaba-BZD e pode alterar a arquitetura do sono”, disse. “O paciente pode fazer coisas sem ver, inclusive ter quedas inconscientes.” Em entrevista, Joice afirmou que, como faz normalmente, bebeu uma taça de vinho horas antes de tomar o remédio. Segundo Caixeta, isso pode agravar os problemas. 

Domingo 18 de julho
Por volta das 7 horas da manhã, Joice afirma ter acordado em meio a marcas de sangue no chão de seu closet. Em seu relato, ela conta que a primeira coisa que fez foi se arrastar até a cabeceira da cama e ligar para o marido, que a socorreu. Um hospital de Brasília constatou que a parlamentar teve cinco fraturas no rosto e uma na costela, além de estar com um dente quebrado e com o queixo cortado. “No momento que eu a encontrei e percebi que ela tinha sofrido algum problema, a primeira coisa que fiz foi ligar o meu modo médico e deixar o modo marido”, afirmou o marido, o neurocirurgião Daniel França. “Nessa hora, apliquei todos os protocolos de atendimento a neurotraumatismo. Por que eu não a levei ao médico? Porque o médico já estava aqui”, explicou. Quando indagado por que Joice não foi para um hospital imediatamente, Daniel afirma que, no primeiro momento, quis deixar a mulher mais “confortável” e “estável”.
 
Segunda-feira 19 de julho
Joice Hasselmann contou que dedicou o dia a ir ao dentista, uma vez que o dente quebrado a incomodava. Ela afirmou que, naquela data, ainda não trabalhava com a hipótese de ter sofrido algum tipo de agressão. “O dentista falou para mim: ‘Tem alguma coisa errada, eu acho que alguém pode ter até chutado seu rosto’.”
 
Terça-feira 20 de julho
De acordo com Joice, seu marido e o médico Roberto Kalil Filho disseram que ela precisava se submeter a exames. Joice fez tomografias do crânio, da face, da cervical e do joelho. Alguns veículos de comunicação divulgaram que, ao dar entrada no hospital, a parlamentar usou um nome falso, o que ela nega: “Saiu uma notícia de que eu entrei com nome falso; os exames estão com o meu nome: Joice Cristina Hasselmann. É muita loucura”. Foi nessa mesma terça-feira que ela reapareceu nas redes sociais fazendo críticas à escolha do presidente Jair Bolsonaro de indicar novamente o procurador-geral da República, Augusto Aras, para o cargo.
 
Quarta-feira 21 de julho
Os resultados dos exames feitos na véspera foram divulgados. “Até quarta de manhã eu achava que era um tombo”, afirmou Joice. “Minha mãe teve princípio de AVC mais ou menos na minha idade.” Segundo ela, só houve a suspeita de atentado depois que as tomografias ficaram prontas. “Nós nos assustamos pelo volume da fratura”, contou. “Meu marido falou: ‘Pode ser uma queda, mas você teria que ter batido em mais de um lugar. Ou pode ser uma agressão’. A partir daí, procuramos as autoridades.”

Raquel Gallinati, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil e presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, explica quais seriam os passos ideais nesse caso: “Em uma situação em que a vítima acorda, percebe que está muito machucada e não se lembra de episódio nenhum, a primeira atitude é buscar socorro médico e, concomitantemente, ligar para a polícia para que as primeiras providências sejam tomadas, como a preservação do local do crime”.

Quinta-feira 22 de julho
Joice começou a dar entrevistas. Ela afirmou ter entrado em contato com a Polícia Legislativa, responsável pela segurança da Câmara dos Deputados e dos imóveis funcionais. Foi nesse dia que, pela primeira vez, ela divulgou a história nas redes sociais.
 
Sexta-feira 23 de julho
A deputada prestou depoimento à Polícia Legislativa da Câmara (Depol) e reafirmou o que disse à imprensa. Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, trouxe um elemento novo. “Uma das pessoas que trabalham para mim, faz dois meses mais ou menos, achou uma carteira de cigarros dentro da minha casa”, afirmou. “Eu não fumo, ninguém da minha casa fuma e a casa ficou dez dias fechada porque eu estava em viagem a São Paulo. Ninguém entrou aqui e só ele, teoricamente, tem a chave.” Segundo a parlamentar, há mais ou menos quatro meses um segurança que trabalha para ela relatou ter encontrado “marcas de pegada” tanto em seu apartamento de São Paulo quanto no de Brasília.
 
Sábado 24 de julho
Joice foi às redes sociais rebater uma fake news que dizia que as lesões sofridas por ela haviam sido provocadas por um acidente de carro. Nesse mesmo dia, ela começou a insinuar que o governo federal havia tido participação no caso. “A militante do gabinete do ódio espalha a armação (atribuída por fontes ao GSI) de que eu teria batido o carro, drogada e tudo de mais perverso.” GSI é o Gabinete de Segurança Institucional, chefiado pelo ministro Augusto Heleno. A Polícia Legislativa da Câmara emitiu uma nota afirmando que, por meio da análise das câmeras de segurança, concluiu que a parlamentar não saiu do imóvel de quinta (15) a terça-feira (20), momento em que teria ido para o hospital. Ela afirmou que em sua rotina costuma ficar em casa no fim de semana.

“Quem ficou me dando suporte aqui é a pessoa de sempre, o Cristiano, que trabalha comigo há muito tempo, que eu trouxe do Piauí”, afirmou Joice.

Domingo 25 de julho
A assessoria da deputada chamou a imprensa para uma entrevista coletiva. Apenas veículos maiores, como os canais de televisão, foram autorizados a subir ao apartamento de Joice, sob a alegação de que o espaço era pequeno. Ela concedeu uma longa entrevista ao lado do marido. Os dois fizeram questão de ficar o tempo inteiro de mãos dadas. Uma das perguntas feitas foi bastante óbvia
por que o casal demorou a ir ao hospital e acionar as autoridades? 
A parlamentar voltou a repetir que inicialmente não foi cogitada a suspeita de atentado. “Como você vai fazer um boletim de ocorrência porque caiu em casa? É uma coisa meio surreal”, afirmou.

Questionado sobre o episódio, o marido disse: “Não ouvi nada, exatamente porque eu estava dormindo em outro quarto, que não é colado ao quarto dela”. E prosseguiu: “Estava com a porta fechada, e, novamente, como não há nenhum sinal de luta corporal, o que imagino que tenha acontecido foi: ou ela caiu já sem consciência contra algum obstáculo ou teve a sua consciência retirada e daí foi agredida. Não tem luta, não tem grito”. Daniel França disse ver com naturalidade que seja levantada a dúvida sobre uma possível agressão sua contra a mulher. “Acho até natural esse tipo de suposição, mas me sinto muito tranquilo”.

Joice Hasselmann afirmou à polícia que tinha dois suspeitos. Um deles, um parlamentar. Ela, contudo, decidiu não revelar os nomes. 
A deputada contou também que decidiu não levar o caso à Polícia Federal por temer “uma interferência do presidente Jair Bolsonaro”.
 
Segunda-feira 26 de julho
Além da Polícia Legislativa, a Polícia Civil do Distrito Federal entrou no caso. A deputada esteve na 2ª Delegacia da Polícia Civil, na Asa Norte, em Brasília, para prestar depoimento sobre o suposto atentado. Foi a terceira vez que ela depôs sobre o caso. O portal Metrópoles informou que fontes da Polícia Civil do DF que trabalham no caso disseram que a parlamentar teria, inicialmente, se recusado a fazer exame toxicológico. Joice rebateu a reportagem. “Fiz todos os exames”, resumiu. Os investigadores orientaram a análise a partir da amostra sanguínea, para detectar vários tipos de substâncias consumidas até 180 dias antes da coleta. Ao sair da delegacia, a parlamentar foi ao Instituto Médico-Legal (IML) fazer exame de corpo de delito.
 
Terça-feira 27 de julho
A Polícia Civil realizou perícia no apartamento e recolheu materiais para análise. Já a Polícia Legislativa da Câmara periciou 16 câmeras do prédio onde se localiza o apartamento funcional da deputada e não identificou a entrada de nenhuma pessoa estranha nesse período. Joice foi às redes sociais para reafirmar a tese de atentado. “Já disse com todas as letras que isso não é coisa de amador, mas de profissional”, disse. “Ninguém entraria na casa de uma parlamentar para agredi-la dando tchauzinho para a câmera do térreo ou do elevador, tendo tantos pontos cegos no prédio. Não terei o mesmo destino de PC Farias.” Ela fez referência ao tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, assassinado quatro anos depois de ter sido o pivô do impeachment do mandatário.
 
Quarta-feira 28 de julho
Dez dias depois do ocorrido, o marido da deputada fez exame de corpo de delito no IML. Foi o primeiro dia em que a deputada não usou as redes sociais para falar do episódio desde que começou a dar entrevistas à imprensa.
[O Prontidão Total optou em não expressar sua opinião sobre a VERDADE, no caso a versão apresentada pela deputada, que não combina com o FATO. Seria mais uma narrativa das muitas que a mídia militante, favorável aos "inimigos do Brasil", apresenta diariamente. Para evitar dissabores aos nossos dois leitores, destacamos que a deputada permanece firme no propósito de processar todos que apresentem uma 'verdade' diferente da que ela apresenta como 'fato', em que pese também não ter a parlamentar conhecimento do que ocorreu !!! ??? etc, etc, etc, ...]

Leia também “As acusações póstumas contra Samuel Klein”

Edição 71 - Revista Oeste 


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