Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Aedes aegypti. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aedes aegypti. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Como as mulheres lidam com a epidemia que assusta o mundo


Zika e microcefalia: Como gestantes e mães lidam com a epidemia que assusta o mundo


Médicos, cientistas e governos não sabem o que dizer às famílias cheias de dúvidas sobre o vírus e a doença 

Aos 26 anos e grávida pela terceira vez, a carioca Pollyana Rabello já conhecia o trajeto a percorrer na madrugada de 28 de dezembro. As contrações fortes e frequentes não a deixaram dormir. Exausta após 48 horas de dor persistente, Pollyana foi encaminhada ao centro cirúrgico de um hospital em Niterói, cidade vizinha ao Rio de Janeiro. A anestesia da cesariana tirou sua sensibilidade da cintura para baixo, mas Pollyana continuou desperta. 

Rodeada por médicos e enfermeiros, acompanhou cada movimento que precedeu a chegada de Luiz Phillipe: o corte na barriga, a mão alcançando o bebê, o cordão umbilical sendo cortado. Ouviu o choro do filho e sentiu o êxtase da maternidade. O torpor raro foi interrompido pela notícia que mudaria sua vida: “Mãezinha, seu filho nasceu com microcefalia”, disse o médico, sem rodeio.

Naqueles dias em que Pollyana se preparava para o parto, outra gestante varava noites à caça de orientação. Ao longo de dois meses, a terapeuta capilar Mariana Mendonça, de 33 anos, comparecera dia sim, dia não a um laboratório no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro, para exames de controle de ovulação. Apontado o período fértil, o médico recomendava: “Você precisa namorar amanhã”. Mariana cansou de namorar mecanicamente. Interrompeu o acompanhamento médico – e aí, sim, engravidou. Soube logo com um mês de gestação e a paz durou poucas semanas. Aos dois meses de gravidez, seu corpo foi tomado por manchas vermelhas, dores fortes e febre moderada. Seu obstetra pensou ser dengue. Mas, duas semanas depois, Mariana soube pela televisão da existência de um novo vírus que circulava pelo país. “Eu pirei”, afirma. O zika começava a aterrorizar e ninguém sabia explicar nada.

Em dezembro, Mariana apenas começava a enfrentar a torrente de dúvidas que já se abatera, por meses, sobre Gisele de Lima. Ela chegou sem respostas ao Hospital Universitário de Jundiaí, no interior de São Paulo, às 10 horas de 17 de dezembro. Por quase seis horas, trabalhou o parto de sua menina. A cada contração, vinham a dor, normal, e a angústia, que não deveria ser. Com quatro meses de gestação, Gisele fora diagnosticada com o zika. A posição de sua caçula no ventre impedira uma ultrassonografia conclusiva sobre o tamanho do cérebro da pequena. Às 15h40, a menina veio à luz. A médica a observou, tomou um pequeno susto – e Gisele, que passara os últimos cinco meses de gestação no escuro a respeito da saúde da filha, perdeu o ar. “Calma, mãe. Foi só o cordão umbilical que rompeu”, disse a médica. “Ela está bem. É saudável.” Gisele não ousou perguntar mais nada, de medo da resposta. Chorou, enquanto a filha era posta em seu peito, e fitou a cabeça da menina. Parecia normal. O desafogo da mãe foi intenso, mas incompleto. A menina teve anemia e ficou sete dias na semi-UTI. Ninguém sabe dizer se foi por causa do zika. Ninguém sabe dizer muito. O quarto de Gisele ficou cheio de médicos atrás de informações. Ela, cheia de dúvidas, era entrevistada em vez de orientada. Por pelo menos um ano, mãe e filha serão monitoradas. “Falaram que o cérebro da Geovanna ainda pode não se desenvolver. Não sabem se pode ter sequela, porque é um vírus novo”, diz.


>> Ninguém está imune ao zika

As mães Gisele e Pollyana e a gestante Mariana se batem com incertezas que atormentarão famílias brasileiras por anos. Quando se tornaram públicos, em novembro, os casos dos 140 bebês que nasceram com a cabeça menor que o normal em Pernambuco, o fenômeno ainda parecia um mistério isolado. Na semana passada, 3.670 casos em investigação depois, viraram emergência global. A médica chinesa Margareth Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou que a recente explosão de casos de microcefalia merece um esforço internacional. É preciso acelerar o entendimento científico de como age o principal suspeito, o vírus zika. E é preciso combater a proliferação de seu principal transmissor, o mosquito Aedes aegypti. Legisladores e juízes também terão de enfrentar, com a urgência que uma crise demanda, temas difíceis como o aborto. Os discursos, os números assustadores e o empenho de cientistas, porém, fazem pouco ou nada, neste momento, pelas famílias que precisam tomar decisões e fazer preparativos já.


>> Como se proteger do zika vírus

ÉPOCA desta semana nas bancas a partir de hoje, sexta-feira.

Trecho da reportagem de capa - Zika e microcefalia: Como gestantes e mães lidam com a epidemia que assusta o mundo http://glo.bo/23M7abU

 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Dilma cai das asas do mosquito

O Aedes aegypti é o novo fator de unidade nacional. Ou: Dilma cai das asas do mosquito

A ditadura militar tentou unir o país com estradas, ferrovias, aulas de Educação Moral e Cívica... Tudo inútil. 

Temos, finalmente, o mosquito. Só ele agora nos define e nos unifica moral, intelectual e existencialmente

Não vou aqui fazer a lista das cidades onde houve panelaço quando a presidente Dilma apareceu na TV para falar sobre o combate ao mosquito Aedes aegypti. Não faço porque isso sempre tem de ser ampliado, incluindo cidades e bairros que não são citados. Parece-me que o prudente é considerar que houve protestos onde quer que as pessoas soubessem que ela iria se manifestar. Acho que se espalhou pelo Brasil inteiro.

Na região onde estou, na Paulista, do 24º andar de um edifício, ouvi o mais ruidoso de todos os protestos até agora. Como há muita gente voltando pra casa, as buzinas brigavam com as panelas para ver quem se manifestava com mais clareza.

Publicidade
</div> <div id='passback-wb404ef3632'></div>
Dilma está de parabéns! O ímpeto da presidente da República de transformar o mosquito num ativo político mereceu da população o devido repúdio e certamente vai contribuir para, como posso dizer?, elevar a temperatura em favor do impeachment.

O governo vende por aí, de maneira determinada, que houve um arrefecimento dessa possibilidade. Acho que está a confundir desejo com realidade. A reação da população ao perceber que Dilma tentou voar nas asas do mosquito deixou isso claro.

Não tenho nada com isso Como é praxe, a presidente buscou se eximir e a seus parceiros de petismo de qualquer responsabilidade. Afirmou: “O vírus zika, transmitido pelo mosquito, não tem nacionalidade. Começou na África, se espalhou pelo Sudeste da Ásia, pela Oceania e agora está na América Latina. E este foi um processo excepcionalmente rápido, a partir do ano passado”.

Ora, presidente Dilma!
Sei que é difícil, mas um governante deveria ser proibido de usar bens públicos e privados — resumidos na Rede Nacional de Rádio e Televisão para dizer imprecisões e inverdades.

Sim, essa é a geografia do vírus. Ela só se esqueceu de dizer que, ao chegar ao Brasil, o bichinho encontrou as circunstâncias ideais para se expandir. Afinal, o Aedes aegypti, seu hospedeiro, havia se transformado num verdadeiro fator de identidade e unidade nacionais.

Muito se fala nessas ditas-cujas. As mais variadas correntes políticas, artísticas e ideológicas tentaram defini-las. A literatura indianista estava em busca do elemento que as plasmasse. Foi parcial. Os modernistas de 22 também se dedicaram a esse esforço — tanto que uma corrente até chegou a ter simpatias pelo fascismo em razão de seu nacionalismo exagerado. Mais recentemente, o Tropicalismo, um movimento musical, mas com imbricações em outras artes, também escarafunchou o solo em busca dessa identidade, da unidade. E nada!

A verdade é que há tantos Brasis dentro do Brasil que todas essas tentativas falharam. Querem ver? O “samba” é coisa nossa? Não diz nada para o interior de São Paulo, Minas e Região Centro-Oeste, onde a identidade está na música sertaneja e variantes, ainda que modernizadas. Há o forró e assemelhados nordestinos. Nem uma coisa nem outra falam à memória cultural e afetiva do Sul e do Norte do país. E vai por aí.

A ditadura militar tentou unir o Brasil com estradas, ferrovias, aulas de Educação Moral e Cívica… Tudo inútil.
Temos, finalmente, o mosquito.
Só ele agora nos define e nos unifica moral, intelectual e existencialmente.
Devemos isso ao PT de Dilma.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA ON LINE 

 


 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Zica, quando usada como gíria que significa algo muito ruim, se refere a Dilma Rousseff



A zica do Planalto
[com o surgimento do vírus zika, extremamente nocivo, a palavra ZIKA passou a ser utilizada,  quase que exclusivamente, para designar ser, que também significa “toxina” ou “veneno”.
Mas a palavra ZICA  possui  outros significados, todos ruins e que inclui maldição, baixo astral, mau agouro, pessoa enrolada ou azarada.
Como é fácil perceber, todos,  coincidentemente,  se aplicam à Dilma – dado o fato de ser a presidente uma pessoa enrolada, azarada, uma verdadeira ZIQUIZIRA.]

Cada fala de Dilma sobre a zika vira uma festa para humoristas e um constrangimento para a população
Zica com “c” é uma gíria brasileira que significa mau agouro, azar, maldição, momento de baixo-astral, quando tudo dá errado. A origem da palavra não se sabe ao certo, mas há quem jure que seria uma contração da palavra ziquizira. Faz sentido. Não tem nada a ver com a zika, triste doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Triste porque infecta o cérebro de bebês no útero materno, triste porque atesta nossa incompetência de país subdesenvolvido diante do mosquito que também transmite a dengue, triste porque pode atingir 1,5 milhão de pessoas no Brasil neste ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Cada fala da presidente Dilma Rousseff sobre a zika vira uma festa para humoristas e um constrangimento para a maioria da população não, claro, para os militantes dilmistas, que a perdoam sempre e atribuem esses lapsos à pressão da dieta argentina ou da “inquisição medieval” contra ela e contra Lula. Dilma já chamou o mosquito de vírus. Dilma já chamou a zika de vetor. Dilma já disse que a doença é transmitida por ovos infectados por vírus. Dilma já inventou um outro inseto que seria especializado em zika, e que não seria o mesmo da dengue. 

Dilma também disse que “o Brasil não parou e nem vai parar”e não vai mesmo parar de piorar enquanto ela achar que o inferno são os outros. A microcefalia do Planalto não permite que criatura e criador caiam na real. [no que se refere a Lula e Dilma, os dois estão seriamente afetados pela microcefalocracia saber mais clique aqui.]  Dilma e Lula estão juntos na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Juntos no idioma maltratado. Juntos na solidariedade a Zé Dirceu, o consultor-modelo que mais voou em jatinhos de empreiteiros e lobistas, abastecidos por propinas. Juntos no discurso de perseguição da “mídia”, da Lava Jato e dos delatores premiados.

Pode continuar a trocar o ministro da Saúde, o ministro da Fazenda, o ministro do Planejamento, o ministro da Educação (aliás, por onde anda Aloizio Mercadante, qual será seu bloco escolar este ano?). De nada vai adiantar essa dança das cadeiras ministeriais para agradar a um ou outro partido. Não são eles os mosquitos vetores que contaminaram o Brasil com uma ziquizira da qual será muito difícil sair. O da Saúde, Marcelo Castro, formado em psiquiatria, depois de espalhar piadinhas de mau gosto com mulheres grávidas, cometeu o pecado fatal: foi sincero. Marcelo Castro disse que o Brasil “está perdendo feio” a guerra contra o mosquito – e isso é o fim da picada, não é, presidente?

Dilma não convive com a sinceridade. Seu governo não erra. Aliás, “se erra”, como admitiu há alguns meses, erra pouco e sem maldade – e tudo tem conserto. Erra porque foi vítima. Suas amigas, do gênero Erenice Guerra, também sempre acertam. Se erram, é por ingenuidade ou por falta de memória. A ex-ministra Erenice é ingênua, dá para sentir. E nem lembra quem pagou viagens aéreas dela. Dilma também já se esqueceu de muitas canetadas nessa roda-viva de Petrobras, Casa Civil, Presidência da República. Seu problema não foi o mosquito, mas a mosca azul.

Para a mosca azul não há antídoto nem vacina. A mosca, num passe de mágica, tira as contas do vermelho num gráfico ilusório, com a sua, a nossa ajuda. Uns bilhões do FGTS aqui, outros da CPMF ali, e pronto. O país fica cor-de-rosa, a cor dos programas eleitorais do PT. Só que não, a conta não fecha mesmo assim, porque o Estado brasileiro é voraz e gigantesco. Não há foco na redução do tamanho. Só no aumento de taxas, impostos e contas de serviços públicos. A dívida pública federal terminou 2015 em R$ 2,793 trilhões. A dívida – assim como o Brasil – não vai parar.

Diante do Conselhão de quase uma centena de empresários, empreendedores, banqueiros e autoridades – sem a presença incômoda da imprensa –, Dilma lançou um plano de sete medidas para liberar R$ 83 bilhões em crédito para habitação, agricultura, infraestrutura, pequenas e médias empresas. A maior parte desse dinheiro viria do FGTS. Crédito para um país em recessão, que não acredita na capacidade do governo para enfrentar a crise. Dilma disse que, para “a travessia a um porto seguro”, a CPMF é “a melhor solução disponível”.

Não existe nem espaço para o crédito moral, quando se vê Lula, o fiador de Dilma, acuado por delações que o envolvem em reformas milionárias e obscuras de imóveis como o tríplex do Guarujá ou o sítio de Atibaia – hoje amaldiçoados. Na vida real, os juros batem recorde e famílias endividadas precisam refinanciar seus débitos porque não podem lançar mão do dinheiro alheio. O Solaris não nasce para todos. A zica que contaminou o país tem origem na Capital.

Fonte: Revista Época – Ruth de Aquino


sábado, 23 de janeiro de 2016

Ninguém está imune ao zika



Um novo mapa de dispersão do vírus pelo mundo mostra que países ricos também estão ameaçados. Isso pode ajudar na luta contra a doença 

O vírus zika segue sua escalada.  Ele é suspeito de causar boa parte dos 3.611 casos de microcefalia em  bebês no Brasil desde outubro de 2015, segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde. No dia 17 de janeiro, a Organização Pan-Americana da Saúde, braço da Organização Mundial da Saúde na região, declarou que 18 países, praticamente toda a América Latina, já detectaram casos de infecção pelo vírus. 

O invasor chegou até a América do Norte. Durante a última semana, apareceram notificações de casos nos Estados Unidos. Foram duas gestantes em Illinois, outra com suspeita de zika na Califórnia e três pessoas diagnosticadas na Flórida. Esses casos se somam aos primeiros registrados no início do mês: uma mulher no Texas e um bebê que nasceu com microcefalia no Havaí. Por enquanto, todos são de pessoas que trouxeram o vírus de outros países. Mas um novo estudo, elaborado por um grupo internacional de pesquisadores, sugere que é questão de tempo até que o vírus comece a se disseminar dentro dos Estados Unidos e, possivelmente, da Europa. “O vírus zika é uma ameaça global de saúde que não afetará apenas países em desenvolvimento, mas também nações ricas”, afirma o médico canadense Isaac Bogoch, especialista em doenças infecciosas tropicais do Hospital Geral de Toronto e um dos autores do estudo, publicado na semana passada na revista científica britânica The Lancet.

Para fazer a projeção, os cientistas americanos, canadenses e britânicos cruzaram o número de viajantes que partiram de aeroportos localizados em regiões do Brasil onde a presença do vírus é significativa com as condições climáticas e socioeconômicas de outras regiões do planeta. Esses dois últimos fatores ajudam a traçar a probabilidade de existir espécies de mosquitos que transmitem a doença: o Aedes aegypti, que prefere os trópicos, e o Aedes albopictus, mais comum em áreas temperadas, como parte do território americano, o sul da Europa, o norte da China e o Japão. Um levantamento realizado no ano passado pelo mesmo grupo de pesquisadores sugere que metade da população do planeta vive em áreas onde as duas espécies de mosquito se proliferam e estão, portanto, sob o risco de sofrer com doenças transmitidas pelos mosquitos.

Entre setembro de 2014 e agosto de 2015, cerca de 10 milhões de passageiros partiram das regiões do Brasil mais atingidas pela doença. É possível que, até maio de 2015, quando os primeiros casos foram notificados na Bahia e no Rio Grande do Norte, o vírus zika já circulasse pelo país, ainda que silenciosamente. Nesse período, a maioria dos viajantes, 65%, rumou para outros países da América, 27% viajaram para a Europa e 5% para a Ásia. O fluxo de viajantes é uma boa maneira de estimar o potencial de o vírus se alastrar. É dessa maneira que o vírus deve ter entrado no Brasil, em 2014.

>> Como se proteger do zika vírus

Um levantamento do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) sugere que é provável que o vírus tenha vindo com algum viajante do Chile ou de países da Ásia, locais onde havia circulação do zika. Esses pontos de partida foram mais frequentes em 2014 do que a África, onde o vírus foi identificado pela primeira vez em 1947. Desde então, acredita-se que o zika tenha se espalhado pela Ásia, onde sofreu mutações antes de chegar à América. “Pelos números, é mais provável que o vírus tenha vindo por alguém infectado na Ilha de Páscoa, que pertence ao Chile”, diz Felipe Salvador, um dos autores do estudo da USP. A publicação do primeiro genoma completo do zika, no início do mês, a partir do material genético encontrado em quatro pacientes do Suriname, mostrou que o vírus da América é mais parecido com o asiático do que com o africano.

O potencial de o vírus zika se transformar em um problema de saúde pública também nas nações ricas pode acelerar o caminho até uma vacina, a melhor maneira de barrar a epidemia. O Ministério da Saúde divulgou estar em contato com laboratórios internacionais, para que eles colaborem com instituições brasileiras. “Os surtos nos Estados Unidos e na Europa devem ser menores porque as condições são mais adversas para os mosquitos”, afirma o epidemiologista britânico Moritz Kraemer, da Universidade de Oxford, um dos autores do modelo de dispersão do zika. “Mas se espera que a atenção internacional ajude nos esforços para chegar a uma vacina.”


 Fonte: Revista Época

 

"O preço do aparelhamento"

É impossível qualquer brasileiro medianamente informado não se sentir envergonhado diante de dois anúncios que se tornaram públicos na última semana. 

O governo dos Estados Unidos e autoridades da União Europeia aconselharam seus cidadãos, particularmente as mulheres grávidas, a não virem para o Brasil e para a América Latina. Isso porque, pisar em solo latino americano, em particular em terras brasileiras, significa expor-se ao Aedes aegypti, o conhecidíssimo mosquito da dengue, da zika e da chicunkunya. No caso do Brasil a decisão de americanos e europeus revela com incrível nitidez o alto preço que pagamos por admitir uma forma de fazer política que favorece o aparelhamento do Estado

Quando o desenfreado empreguismo político se sobrepõe às competências técnicas e o patrimonialismo fala mais alto do que o investimento social, invariavelmente chegamos a uma situação como a que vivemos agora: falta uma política de saúde pública que priorize a prevenção, não há competência para mobilizar a sociedade com o comprometimento necessário para encarar a epidemia e o volume de recursos destinados às pesquisas é inversamente proporcional aos bilionários dutos da corrupção que se multiplicam por aqui.

Há décadas sabemos que no verão há a explosão populacional do Aedes. Há décadas sabemos quais as regiões serão as mais atingidas. Mas, nossas bem remuneradas autoridades, principalmente as que ocupam postos federais, parecem ignorar esse zunido. Uma omissão que acabou não só produzindo estatísticas cada vez mais alarmantes, como permitindo a geração de um supermosquito, vetor de vírus cuja ação no organismo ainda não é totalmente conhecida e a cada dia se mostra mais grave e até mortal. Tem razão a comunidade científica em espernear. Parece inacreditável, mas em 2016 estamos perdendo a guerra para um mosquito e sequer temos como definir com precisão qual a consequência disso, embora não seja exagero dizer que em poucos anos haverá um enorme número de brasileiros portadores de problemas mentais e necessidades especiais em razão da microcefalia.

Não se trata de falta de recursos. Pelo contrário, há dinheiro para derrotar o mosquito. O que falta são projetos sérios, elaborados por técnicos competentes e vontade política para encarar a questão de frente. Apenas projetos de poder não conseguem mudar essa realidade e os que temos a nossa disposição são tão tímidos e sórdidos, que acabam derrotados por um mosquito. Na quinta-feira, a presidente Dilma se reuniu com diversos ministros e anunciou medidas que talvez tenham chegado tarde demais. 

Fonte: Editorial - Isto É - Mário Simas Filho, Diretor de Redação