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domingo, 30 de junho de 2019

Os frutos do acordo

[Acordo que não haveria não fosse a participação construtiva do governo Temer e a decisão do presidente Bolsonaro = que pode considerar a assinatura do acordo o verdadeiro inicio do seu governo.]

Para além das vantagens comerciais, negociação ajuda a dissipar bobajada ideológica

A semana terminou com uma grande notícia, com o fechamento do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Além das vantagens da abertura econômica e comercial, o acordo serve como um banho de pragmatismo na política externa brasileira, por evidenciar que a crítica ao tal globalismo como um bicho-papão que tragaria o mundo ocidental e seus valores nada mais era do que delírio ideológico que, na hora do vamos ver, foi deixado de lado.

O acordo é uma construção de 20 anos e muitas mãos. Começou a ser costurado no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1999. A primeira oferta foi feita no governo Lula, em 2004. Ele ficou dormitando ao longo de quase todo o governo Dilma Rousseff, mas, ironicamente, foi no último dia da petista, 11 de maio de 2016, que houve a apresentação das ofertas de parte a parte. O desenho do acordo que foi finalmente fechado se deve em muito ao trabalho do ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira, no governo de Michel Temer. 
[sempre criticamos Temer pela sua lentidão na tomada de decisões e prudência excessiva, mas, grande parte do acordo se deve ao governo Temer - que sofreu sabotagem sistemática por parte do então chefe da PGR (até agora nada foi provado contra Temer - provar é bem diferente de acusar); 
 
aliás, até hoje o Supremo ainda não homologou o acordo de delação dos açougueiros Batista (qual o motivo? será que o tal acordo apenas oferece muitas benesses aos delatores e oferece muito pouco?) peça chave nas acusações contra Temer.
 
Mas, temos que lembrar que o ARREMATE FINAL,  foi dado pelo governo do presidente Bolsonaro - sem a participação dos filhos, sem palpites do aiatolá de Virgínia e de outros aspones que tanto atrapalharam o inicio do atual governo.
Portanto, gostem ou não, o MÉRITO MAIOR é do presidente JAIR BOLSONARO, que finalmente, os fatos indicam, decidiu começar a governar.]-

E, finalmente, graças a uma ação bem coordenada do Ministério da Economia de Paulo Guedes, na pessoa do secretário de comércio exterior Marcos Troyjo, da ministra da Agricultura, Teresa Cristina, e do Itamaraty de Ernesto Araújo, foram alinhavados, ainda nas reuniões de Buenos Aires, os termos finais da proposta finalmente assinada em Bruxelas.

Portanto, ainda que haja aspectos que possam desagradar esse ou aquele setor, que possam existir críticas quanto ao fato de o Mercosul ter sido levado a ceder mais que os parceiros europeus – o que é óbvio, uma vez que os países do lado de cá são mais fechados e atrasados que os de lá –, trata-se de uma rara convergência de propósitos e de continuidade de ação entre governos. Um bálsamo diante de tantos solavancos políticos e econômicos que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos.  É claro que Jair Bolsonaro vai querer faturar em cima do acordo, [e tem direito]  a despeito de seu discurso, dos filhos, do próprio Araújo e do entorno mais ideológico do governo sempre ter sido avesso ao multilateralismo e de ceticismo em relação à própria existência da União Europeia. É do jogo que o governo exagere os próprios méritos num acordo que já estava bem adiantado, ao qual também foi impelido pelos parceiros do Mercosul, que estavam mais dispostos a fechá-lo que o Brasil, e para o qual contribuiu, também, a necessidade da Europa de dar a volta por cima num cenário internacional que hoje é dominado pelo duelo de titãs entre Estados Unidos e China. Os ganhos advindos da abertura são maiores que qualquer reparo que se tenha a fazer à bateção de bumbo exagerada.

Além do enorme impacto comercial e econômico que a retirada de barreiras trará para o Brasil, devolvendo o País ao tabuleiro global, do qual estava escanteado, o acordo com a União Europeia funciona também como uma bem-vinda garantia de que o ímpeto bolsonarista em áreas como meio ambiente também terá de ser contido. O capítulo político do tratado inclui o compromisso dos países signatários com o Acordo de Paris e com outras metas ambientais e traz importantes disposições também relativas a direitos humanos (com menções específicas a respeito a minorias e garantias de direitos trabalhistas, por exemplo). [direitos trabalhistas precisam ser preservados e também os das minorias - só que estes não podem prevalecer sobre os direitos da maioria.
A maioria dos países signatários do acordo são de tradição democrática e a democracia não tem espaço para a ditadura das minorias.]

A assinatura do acordo faz letra morta da cantilena da ala ideológica do governo. Ela pode até continuar entoando seus mantras no Twitter, comemorando como sua uma construção que, como se vê é anterior e mais plural. Mas o fato é que, na vida real, falaram mais alto o pragmatismo e a disposição pelo liberalismo econômico e pela abertura do País ao resto do mundo. Grande dia, de fato.
 
 
 

sábado, 26 de janeiro de 2019

Apesar da crise, STF eleva gastos aéreos de ministros

Supremo Tribunal Federal aumentou em 24,4% despesas com passagens em 2018; Corte diz que mudanças nas regras das companhias aéreas afetaram custos

Em tempos de ajuste fiscal e corte de gastos, o Supremo Tribunal Federal (STF) elevou em 24,4% as despesas com passagens aéreas de ministros, considerando a emissão de bilhetes nos últimos dois anos, segundo levantamento feito pelo Estado. Além das passagens dos ministros do tribunal, a Corte também custeia bilhetes de auxiliares, juízes e até mesmo de colaboradores eventuais. As despesas do STF com passagens aéreas do universo total de beneficiados cresceram 49% no mesmo período, chegando a R$ 1,2 milhão.  

Como o STF ainda não tornou disponíveis as informações de dezembro de 2018, o Estado considerou o intervalo de janeiro a novembro dos últimos dois anos. Os gastos envolvem voos realizados, bilhetes cancelados e remarcados e multas. O custo com as viagens (nacionais e internacionais) dos magistrados saltou de R$ 272.979,18 para R$ 339.637,24 comparando os dados de 2018 (de janeiro a novembro) com os números do mesmo período do ano anterior. De acordo com o IBGE, de janeiro a novembro de 2018, o preço das passagens aéreas teve uma redução de 9,45%. Por uma determinação interna de 2015, todos os ministros da Corte viajam de primeira classe em voos internacionais. 

Os bilhetes foram custeados com recursos públicos do próprio Supremo – no caso dos ministros, eles dispõem de uma cota anual, reajustada este ano para R$ 53.835,56, que serve para bancar apenas deslocamentos dentro do Brasil. Entre os destinos mais visitados aos fins de semana estão Rio e São Paulo, onde alguns ministros possuem residência, lecionam, participam de palestras ou comparecem a outros eventos. De acordo com a Corte, os ministros têm jurisdição em todo o território nacional e praticam atos judiciais independentemente de a viagem ser oficial ou não”. 

Dos 11 ministros do Supremo, apenas Celso de Mello e Marco Aurélio Mello abriram mão de recursos públicos para custear viagens nos últimos dois anos – Marco Aurélio paga do próprio bolso seus bilhetes. A ministra Cármen Lúcia usou dinheiro do Supremo apenas uma vez, ao participar de uma conferência judicial das Supremas Cortes do G-20, em Buenos Aires, ao custo de R$ 2,5 mil. 

Na outra ponta do levantamento feito pelo Estado, os líderes nos gastos com bilhetes no ano passado foram o presidente do STF, ministro Dias Toffoli (R$ 97,4 mil), seguido pelo vice-presidente da Corte, Luiz Fux (R$ 50,8 mil), e os ministros Alexandre de Moraes (R$ 48,4 mil) e Ricardo Lewandowski (R$ 41,2 mil), de acordo com o levantamento.  Em maio do ano passado, uma viagem de Toffoli, então vice-presidente do STF, para São Petersburgo, na Rússia, com um juiz auxiliar e um assessor de assuntos internacionais, custou R$ 102 mil, apenas em passagens. O bilhete de Toffoli saiu por R$ 48,2 mil. A de outubro, para a da 116.ª Sessão Plenária da Comissão Europeia para a Democracia pelo Direito (Comissão de Veneza), em que foi acompanhado de juiz auxiliar e assessor de assuntos internacionais, saiu, apenas em passagens, por R$ 88,1 mil. A de Toffoli custou R$ 41,5 mil. [até aceitável - até por se tratar de  aceitar ou aceitar -  que tendo jurisdição em todo o território nacional, os ministros do STF possam praticar atos judiciais, nos finais de semana, até mesmo durante uma viagem de lazer - mas, na Rússia???] 
 
As viagens internacionais de Toffoli e Cármen Lúcia não entraram na cota anual por envolverem deslocamentos para outros países, mas também foram custeadas com recursos públicos do Supremo por envolverem “representação institucional”.
Além da cota, os ministros do Supremo possuem à sua disposição uma sala VIP no aeroporto de Brasília para aguardar o embarque. O aluguel do espaço custa R$ 29,5 mil por mês. 

Em fevereiro do ano passado, a Corte desembolsou R$ 53,3 mil em passagens para que o fotógrafo Sebastião Salgado e sua mulher participassem da abertura da exposição “Amazônia”, que conta com 16 painéis de Salgado na sede do tribunal, em Brasília. O casal, responsável pela curadoria, vive em Paris. 

Tribunais vão gastar até R$ 4,18 milhões com viagens em 2019
Os ministros do Supremo e de três tribunais superioresSuperior Tribunal de Justiça (STJ), Superior Tribunal Militar (STM) e Tribunal Superior do Trabalho (TST) vão ter à disposição R$ 4,18 milhões ao longo de 2019 para custear despesas com passagens aéreas em viagens feitas dentro do território nacional.
A menor cota do “auxílio-avião” desses tribunais é a do STM, que reserva R$ 25 mil por ano para os deslocamentos de seus ministros. Já o benefício mais robusto é conferido aos ministros do Supremo, onde o valor chega a R$ 53.835,56. Dos tribunais superiores, o TSE é o único que não reserva uma cota anual para seus ministros viajarem pelo País. Na corte eleitoral, as passagens dependem de autorização da presidente, ministra Rosa Weber. No período, caíram 40,2%. [oportuno ter em conta que a maior parte da composição do TSE é formada por ministros de outros tribunais superiores e do STF, que já possuem suas próprias cotas.]

Os gastos do TST com passagens aéreas para seus ministros cresceram 25,2% no ano passado.[o TST possui 27 ministros, o que é mais um fatos a que se leve a sério a apresentação de PEC visando a extinção da Justiça do Trabalho.]
 O STJ também elevou suas despesas com “passagens e despesas com locomoção” de ministros e servidores no mesmo período. Ao contrário do STF, os gastos do STM com passagens aéreas a seus ministros recuaram 65% em 2018. 

Alteração nas regras das companhias afetou custo, diz STF
Os ministros citados pelo Estado foram procurados via assessoria do Supremo Tribunal Federal ou pelo gabinete. A Secretaria de Comunicação Social da Corte afirmou que as despesas com passagens aéreas “são impactadas por diversos fatores” e que no ano passado “houve alterações de regras das companhias aéreas que elevaram o custo total” dos bilhetes. 

A Corte publicou uma resolução em 2015 segundo a qual os pedidos de compra devem ser encaminhados “com a máxima antecedência e devem ser adquiridos os bilhetes com o menor custo, considerando o horário do evento a ser realizado”.
A resolução fixa até uma “categoria de transporte aéreo” nas viagens ao exterior, dependendo da função desempenhada na Corte. No caso dos ministros, eles devem viajar de primeira classe, enquanto juízes auxiliares vão de executiva e servidores, de econômica. O STF também pode bancar a primeira classe para cônjuges ou companheiros dos ministros, “quando indispensável sua presença”.
“Quanto às despesas de passagens internacionais, são emitidas exclusivamente para representação institucional, conforme divulgado pelo tribunal na página de transparência. Os valores são compatíveis com o encargo de representação institucional”, diz a nota. 

Sobre as despesas com a exposição de fotografias no STF, a Corte informou que o fotógrafo Sebastião Salgado “é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho” e que o deslocamento em classe executiva “observou os atos normativos do tribunal”, sendo “compatível com a doação realizada por ele correspondente a mais de US$ 1 milhão”. A respeito da sala vip do aeroporto, disse que o espaço é exclusivo para os ministros da Corte e visa à “segurança nos embarques e desembarques”.
O gabinete de Alexandre de Moraes informou que ele assumiu a função em março de 2017 e o “gasto proporcional por mês de 2018 foi 11% menor que o de 2017”. Os ministros Luiz Fux e Ricardo Lewandowski não se manifestaram.

O Estado de S.Paulo
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Operação Luz na Infância - Polícia mira pedófilos no Distrito Federal e em 18 estados

Operação contra pedofilia é realizada em 18 estados, no DF e na Argentina

Desde cedo policiais civis cumprem 69 mandados de busca e apreensão 

A terceira fase da Operação Luz na Infância foi deflagrada, na manhã desta quinta-feira (22/11), pelo Ministério da Segurança Pública. Policiais civis de 18 estados e do Distrito Federal (DF) estão desde as primeiras horas da manhã cumprindo 69 mandados de busca e apreensão.
Na capital do país, o alvo foi um morador de Samambaia, de 64 anos. De acordo com a Polícia Civil do DF (PCDF), após o mandado de busca e apreensão ser cumprido, nada de ilícito foi encontrado. Nota divulgada pelo ministério diz que a operação dá “continuidade aos trabalhos de identificação de crimes relacionados ao abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados no meio cibernético”. 

Também participa da operação o Corpo de Investigações Judiciais (CIJ) do Ministério Público Fiscal da Cidade Autônoma de Buenos Aires, na Argentina. O CIJ cumpre simultaneamente no pais vizinho 41 mandados de busca.

(...) 

Correio Braziliense



sábado, 17 de novembro de 2018

Submarino argentino desaparecido com 44 tripulantes é encontrado

ARA San Juan sumiu há um ano, a 450 km da costa do país


Os destroços do submarino ARA San Juan , que desapareceu com 44 tripulantes a bordo há um ano , foram finalmente encontrados, informou, neste sábado, a Marinha Argentina. De acordo com uma publicação do órgão no Twitter, a embarcação foi identificada pela empresa americana Ocean Infinity, responsável pelas buscas. Na sexta-feira, um novo sinal que poderia ser do submarino desaparecido fez com que as buscas fossem retomadas. 

A Marinha já havia compartilhado, nesta sexta-feira, uma foto do fundo do mar, sugerindo que um objeto de 60 metros de comprimento poderia ser o submarino perdido.



Segundo o jornal argentino "Clarín", as primeiras informações, confirmadas quase que imediatamente pela Marinha e pelo governo do país, indicaram que os restos do submarino, que estaria "achatado na proa", foram localizados no mesmo lugar onde foi registrada, há um ano, a falha hidroacústica, informada na época por organizações internacionais.Antes de confirmar as informações à imprensa, por volta da meia-noite, a Marinha entrou em contato com os familiares e a juíza Marta Yáñez, que acompanha o caso, para informá-los sobre a descoberta.
 
Na época, a Marinha interrompeu a missão de resgate duas semanas após o desaparecimento do submarino. Agora, as autoridades anunciaram que a embarcação havia sido encontrada numa região de cânions (espécie de rios submarinos), 800 metros abaixo da superfície do Oceano Atlântico e a 600 km da cidade de Comodoro Rivadavia, onde se tinha montado o centro de operações durante a busca. 


O sumiço do submarino completou um ano nesta quinta-feira, sem respostas para a agonia das famílias que ainda acampam perto da base naval de Mar del Plata à espera de notícias. A estação perdeu o contato com o submarino ARA San Juan em 15 de novembro de 2017, quando a embarcação navegava pelo Golfo São Jorge, a 450 quilômetros da costa. Havia zarpado de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, de volta a Mar del Plata. As buscas começaram 48 horas depois. Treze países colaboraram com a operação, dificultada pelo mar revolto. A maioria se retirou antes do fim de 2017, diante da ausência de resultados. 

A pressão das famílias, que arrecadaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, impulsionou a contratação de uma empresa americana para retomar o rastreio. A companhia Ocean Infinity prometia só receber pelo trabalho caso encontrasse o submarino. Zarpou rumo ao desafio em 7 de setembro, com quatro parentes de vítimas a bordo, mas não obteve resultado. Nesta semana, anunciou que havia suspendido a operação até fevereiro.Uma explosão submarina foi registrada três horas depois da última comunicação dos tripulantes. Na ocasião, o capitão do submarino havia reportado a superação de uma falha no sistema de baterias, causado pelo ingresso de água no snorkel da embarcação. 

Lançado na Alemanha em 1983 e incorporado às forças argentinas dois anos depois, o San Juan era um dos três submarinos do país. Seu processo de reparação havia sido concluído em 2014. O governo admitiu que a embarcação realizava operações de espionagem.  
 
ANÁLISE: Frota militar antiga e sem dinheiro na Argentina
Saiba quem são os tripulantes do submarino desaparecido

O Globo 
 

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Senado da Argentina rejeita legalização do aborto; PARABÉNS !!!

Após horas de debate, o Senado da Argentina rejeitou nesta madrugada (9), por 38 votos a 31, o projeto de lei que propunha a legalização do aborto no país.  Os senadores começaram a debater o tema às 9h30 de ontem e deliberaram apenas às 2h44 da madrugada de hoje. Foram registradas uma ausência e duas abstenções.  Para ser aprovado, o projeto precisava do apoio da maioria simples, ou seja, 37 dos 72 senadores. O texto já tinha sido aprovado na Câmara dos Deputados do país, em 14 e junho, com 129 votos a favor e 125 contrários.

A votação no Senado foi apertada e marcada por uma série de protestos pelas ruas da Argentina, com manifestantes fazendo campanha pró e contra o aborto. Com a decisão do Senado, a legislação sobre o aborto permanece a mesma na Argentina: o aborto ainda é crime e pode ser punido com até quatro nos de prisão. As exceções são os casos de gravidez decorrente de estupro ou quando há riscos para a mãe. O tema só poderá ser apresentado novamente ao Congresso daqui um ano. Mas os senadores que defendem a legalização tentam uma manobra, trazendo para a Casa um projeto da parlamentar Lucila Crexell (MPN), que prevê a despenalização do aborto até a 12ª semana de gravidez.

Debate – O assunto gerou uma série de debates na Argentina.
Líderes da Igreja Católica, como o próprio papa Francisco, originário de Buenos Aires, pronunciaram-se contrários à legalização do aborto.  Na América Latina, apenas Cuba e Uruguai autorizam a interrupção da gravidez sem restrições. Em outros países, como o Brasil, o aborto é permitido em caso de risco para a mulher, estupro ou má-formação do feto. Ao fim da votação no Senado, foram registrados confrontos e protestos violentos na Avenida Rivadaria, em Buenos Aires, entre apoiadores do aborto e manifestantes pró-vida. A polícia usou gás lacrimogêneo contra cerca de 30 pessoas e uma ficou ferida.

IstoÉ

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Médicos fazem ofensiva contra a lei do aborto na Argentina



Profissionais ameaçam desobediência se projeto passar no Senado

BUENOS AIRES - Faltando pouco mais de um mês para que o Senado da Argentina debata e vote a legalização do aborto, já aprovada na Câmara dos Deputados, médicos e clínicas que se opõem à iniciativa em todo o país intensificam a campanha que definem como “a favor das duas vidas” e ameaçam até mesmo uma onda de desobediência civil caso o projeto vire lei. A tensão é cada vez maior e elevou-se ainda mais nos últimos dias após a vice-presidente, Gabriela Michetti, que é, também, presidente do Senado, ter reafirmado sua oposição ao aborto legal, até mesmo em casos de estupro de menores de idade. [o absurdo, o ridículo, é que para condenar um perigoso bandido a morte é necessários mudanças no texto constitucional, realização de plebiscitos e o cumprimento de todo um ritual;
mas, para autorizar que uma vagabunda, uma criminosa (uma aborteira jamais pode ser chamada de mãe, título muitonobre para quem assassina seu próprio filho)   decida matar um ser humano inocente e indefeso, basta uma lei comum.]

Profissionais de saúde de todas as regiões se uniram em grupos, entre eles o “Médicos pela Vida Argentina”, para reforçar sua posição por meio das redes sociais e manifestações públicas. O projeto aprovado na Câmara permite a chamada “objeção de consciência” aos trabalhadores de hospitais públicos e privados. Isso significa que os médicos poderão, num determinado prazo, registrar seus nomes numa lista de profissionais do sistema de saúde que se negam a realizar abortos. Mas não existe a objeção de consciência para instituições. Se o projeto se tornar lei, quem não avisar antecipadamente que não está disposto a praticar abortos poderá ser condenado pela Justiça a até três anos de prisão.  — A maioria dos médicos tem como objetivo curar pacientes e salvar vidas. Eliminar uma vida humana é algo difícil de aceitar — disse ao GLOBO o cirurgião Luis Durán, que trabalha no Hospital de Clínicas de Buenos Aires e pertence ao grupo “Médicos pela Vida”. — O aborto é uma situação violenta, expulsar do ventre um bebê vivo é uma loucura. Se fosse para salvar a vida da mãe, seria mais seguro, também para ela, concluir a gravidez.


Os médicos argentinos que são contra a legalização do aborto já realizaram passeatas e protestos em várias províncias, como Córdoba, Mendoza e Chaco. Nesta última, trabalhadores de clínicas que também se recusam a realizar abortos asseguraram que 90% dos médicos estão decididos a não aceitar uma eventual legalização dos procedimentos. Não ajudam mulheres em estado de vulnerabilidade. Aqui, 90% dos médicos não vão aceitar (realizar abortos) e aviso que isso é desobediência civil — disse a médica Silvana Fernández Lugo, que liderou a manifestação no Chaco.

Na opinião do jornalista Mariano Obarrio, que virou uma espécie de líder do debate público contra a legalização do aborto, “cerca de 95% dos médicos argentinos são contra a iniciativa”:

— A Academia Nacional de Medicina é contra. Cresce o lema “não conte comigo”.


Saia justa na Casa Rosada

Fernando Secin, cirurgião especialista em urologia que também uniu-se ao “Médicos pela Vida”, descreve o cenário de desobediência dos médicos como provável em caso de aprovação da lei.

— Quando nos formamos como médicos juramos várias coisas, entre elas respeitar a vida humana desde sua concepção. Um dos pontos de nosso juramento diz que nem mesmo sob ameaça podemos utilizar nossos conhecimentos médicos contra as leis da Humanidade, e uma delas é matar — afirma Secin. — As mortes por aborto em mulheres entre 14 e 49 anos representam 0,5% do total. Não se trata de uma emergência sanitária, temos muitas outras prioridades antes.


O movimento dos médicos esquentou o debate sobre a legalização do aborto na Argentina. Médicos a favor da lei também têm se manifestado e o ministro da Saúde, Adolfo Rubinstein, já defendeu a lei. Ativistas que defendem direitos das mulheres mantêm a pressão sobre o Congresso.[as mulheres deveriam se envergonhar e não aceitar que individuos que incluem entre os direitos das mulheres o de assassinar quem não pode se defender, as defendam.]  o A votação no Senado está prevista para o início de agosto.


O governo do presidente Mauricio Macri, que propôs o debate sobre a legalização do aborto, entrou numa saia justa. Segundo admitiu publicamente a deputada Elisa Carrió, uma das principais aliadas políticas de Macri, o chefe de Estado defendeu o debate porque “lhe disseram que ganharia o não (ao aborto legal)”. Mas a discussão pública sobre o assunto superou amplamente qualquer projeção realizada pela Casa Rosada e, finalmente, o projeto foi aprovado na Câmara, para surpresa até mesmo de seus defensores dentro do governo.


Carrió optou por não votar “pela unidade da aliança (governista) Mudemos” e agora o governo enfrenta pressões para que Macri vete uma eventual lei aprovada pelo Senado. E as pressões são intensas. Um dos que pediu publicamente o veto presidencial foi Ignacio Peña, irmão do chefe de gabinete e número dois da Casa Rosada, Marcos Peña. O presidente evitou fazer declarações. Com o país — e seu governo — dividido, a grande incógnita no momento é saber o que fará Macri, que está em baixa nas pesquisas e convive com diversas frentes de conflito abertas simultaneamente.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

Submarino argentino - 20 mil léguas submarinas

Há três meses desapareceu o submarino argentino Ara San Juan 

Nessa quinta-feira cumpriram-se três meses do desaparecimento do submarino argentino Ara San Juan. Com 44 vidas a bordo, o submarino zarpou dos confins do mundo para o porto da cidade Mar del Plata. Nesse trajeto, “caiu da terra” (ou do mar) como se fosse plana, sem deixar sinal algum de seu paradeiro.
Submarino ARA San Juan (Argentina Navy/AP)

A Marinha argentina, sob o argumento de que seguia o protocolo, tardou 36 horas para dar como desaparecida a embarcação. Essas longas horas ajudariam a transformar o sumiço do submarino em um dos maiores mistérios da história contemporânea da região.

Durante duas semanas, a costa argentina se transformou em um enxame militar, com embarcações e aviões de todo o mundo chegando para ajudar nas buscas. Enquanto isso, no prédio da Marinha, no bairro de Retiro, em Buenos Aires, durante 14 extensos dias que a Marinha chamou de SAR (Operação de Search and Rescue, Busca e Salvamento), um homem pálido se apresentava diante das câmeras com o corpo retraído e acanhado, fala pausada e digna, sem nunca perder a calma ou subir de tom. Coube ao Capitão Balbi navegar um submarino invisível. Ao aparecer no 14º dia com os olhos miúdos, soterrados sob pele fina, demonstrava, no abismo da retina, a notícia terrível que a torcida humana hesitava em dar: estão todos mortos.

A 400 quilômetros dali, na base militar de Mar del Plata, a cena era outra. Desesperados com o destino terrível que pesava sobre seus amados, os familiares e amigos dos tripulantes se aferravam ora à esperança, ora ao desespero. Dentro dessa bolha submersa, estavam os tripulantes e 44 milhões de argentinos circunscritos a uma tragédia inimaginável, percorrendo juntos o que parecia ser 20 mil léguas submarinas. A cúpula do governo se debatia dentro de si, enfrentando o dilema de dar por perdidos seus homens e a mulher, no mar.

Durante esses meses, como a tripulação do Nautilus da novela de Julio Verne, comandada por Nemo, que em latim significa ninguém, uma alusão a rumo ao esmo, os argentinos enfrentaram suas fobias, a falência de suas instituições e o pensamento de um soterramento nas águas, como no mundo sub aquático e fantástico do livro 20 mil léguas submarinas. Confrontados com a fragilidade da vida no mar, a inoperância das máquinas, os segredos institucionais que dificultavam saber o que verdadeiramente aconteceu com o submarino, os argentinos, assim como os tripulantes, foram deixados à deriva rumo ao desconhecido, um destino tão misterioso que muitos não ousam nem imaginar.

Talvez jamais saibamos o que aconteceu com o Ara San Juan. Talvez seja melhor assim.
Gabriela G. Antunes é jornalista. Morou nos EUA e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e hoje é uma das editoras da versão em português do jornal Clarín. Escreve aqui todos os sábados 

Blog do Noblat - VEJA


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

As batalhas do papa Francisco



Popular e com pulso firme, o pontífice enfrenta oposições dentro do próprio Vaticano

Prestes a completar cinco anos de pontificado, Francisco enfrenta uma grande batalha – e os inimigos estão dentro do próprio Vaticano. Ele luta para arejar a Igreja Católica e atrair mais fiéis, mas o fogo amigo é só boicote. A guerra é fria, as armas são palavras, mas ferem como lança. Jorge Mario Bergoglio, o papa do fim do mundo, das favelas de Buenos Aires, do confronto com a ditadura militar argentina, tem um ideário muito nítido, traduzido por sua retórica, minuciosamente atrelada a temas delicados para o catolicismo.

O papa Francisco, na Capela Sistina, no dia de Natal (Dave Yoder/National Geographic)

Já defendeu o acolhimento de homossexuais (“Se uma pessoa é gay, quem sou eu para julgá-la?”), de mães solteiras (“Essa mulher teve a coragem de continuar a gravidez”) e admitiu o divórcio (“Existem casos em que a separação é inevitável”). Fez mais, em sua toada modernizadora: desestimulou as missas em latim, destituiu prelados influentes sob a acusação de desvio de dinheiro, deu poder a laicos e condenou o clericalismo exacerbado. Mexeu num vespeiro milenar – ainda que não tenha sido o primeiro pontífice a fazê-lo, foi pioneiro em tempos de redes sociais, em que tudo corre muito mais rapidamente, inclusive a lentíssima movimentação da religião dos discípulos de Jesus. [apesar de leigos, ousamos comentar sobre algumas ações de Sua Santidade, o Papa Francisco: - acolher mães solteiras é um gesto de nobreza, não é repudiado em nenhum texto sagrado e é uma forma de reconhecimento da mulher ter tido a coragem de continuar a gravidez; -

-  admitir o divórcio já consta uma manifestação de Jesus no sentido de que: 'o que Deus uniu o homem não separe'; - 

- o desestímulo as missas em latim é uma decisão adotada no Concílio Vaticano II e deve ser cumprida; apesar de um certo saudosismo sentido por católicos que já alcançaram os sessenta anos e tiveram oportunidade de assistir missa em latim; 

quanto a acolhida de homossexuais é algo que com o devido respeito a Sua Santidade expressamos o mais veemente repúdio, tendo em conta que a simples presença dos gays,  em qualquer ambiente, especialmente religioso, solene, já é algo reprovável - especialmente pela conduta escandalosa que a maioria dos homossexuais adota em suas manifestações - devendo ser lembrado que a Bíblia Sagrada é contra o homossexualismo,  contra a sodomia - uma das práticas usuais entre os gays.]

Mas apesar de sua língua ferina, Francisco prefere sempre o perdão a qualquer gesto que soe confronto. Sua postura é misericordiosa. O pontífice age com a convicção de sua formação jesuítica. O cardeal argentino foi membro de uma corporação fundada pelo ex-soldado Santo Inácio de Loyola (1491-1556), que incorporou princípios militares em sua governança interna, cujo principal compromisso é associar o espírito missionário na propagação e defesa da fé católica à obediência e disciplina férrea.

Nenhuma seara comportamental provocou mais ruído do que a do divórcio.  Em um de seus recentes documentos, a exortação apostólica Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), de 2016, texto com poder de disseminar caminhos para o clero, Francisco imprimiu uma nova visão sobre a relação da Igreja com os divorciados em segunda união. Na liturgia católica, quem se separa e se casa novamente comete o adultério e, portanto, não pode receber o sacramento da comunhão nas missas. Francisco afirmou que a separação pode se tornar moralmente necessária quando se trata de defender o cônjuge mais frágil ou os filhos pequenos. E mais: “Em certos casos, poderia haver também a ajuda dos sacramentos. Por isso, aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor”.

A reação foi imediata, mercurial. Por meio de uma carta aberta, um grupo de cardeais, liderado pelo influente americano Raymond Burke, pediu explicações ao pontífice com uma justificativa sem meias palavras: “É nossa intenção ajudar o papa a prevenir divisões e contraposições na Igreja, pedindo-lhe que dissipe todas as ambiguidades."  Em outra manifestação interna ainda mais vigorosa, um grupo de 40 pessoas, entre eles padres e teólogos, assinaram um manifesto no qual acusam Francisco de heresia. O primeiro parágrafo não poderia ser mais direto: “Santo Padre, com profunda aflição, mas movidos pela fidelidade ao Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor à Igreja e ao papado, e a devoção filial a Sua Pessoa, vemo-nos obrigados a dirigir a Sua Santidade uma correção, devido à propagação de heresias produzida pela exortação apostólica Amoris Laetitia e de outras palavras, atos e omissões de Sua Santidade.”

Na homilia da tradicional Missa do Galo do Natal da semana passada, o papa denunciou o drama dos refugiados, e fez um chamado aos fiéis por caridade e hospitalidade. O pontífice lembrou que na noite que os católicos celebram o nascimento de Jesus, segundo a Bíblia, Maria e José estavam em fuga devido a um decreto do rei Herodes. Eram refugiados, portanto. “Nos passos de José e Maria, escondem-se tantos outros passos. Vemos as pegadas de famílias inteiras que hoje são obrigadas a partir, a separar-se de seus entes queridos, expulsas de suas terras”, destacou Francisco, perante milhares de fiéis que lotaram a Basílica de São Pedro, no Vaticano. Francisco foi mais Francisco do que nunca: quase mundano, ao tratar de assunto de geopolítica internacional, agindo como chefe de Estado, incomodando os grupos da Cúria que desejam deixar tudo onde está e sempre esteve, porque a Igreja exige tradição. Para eles, Francisco terminaria seus dias de escova na mão, tentando inutilmente limpar a esfinge. [em nome da VERDADE, pedimos vênia para corrigir uma falha neste parágrafo da excelente matéria de VEJA - que atribuímos a uma falha de revisão da Revista.
Na noite de Natal, Maria e José não estavam na condição de refugiados e sim atendendo a uma determinação do Governo Romano com vistas a realização de um recenseamento;
Jesus, Maria e José estavam fugindo, algum tempo depois, para o Egito por temor ao rei Herodes - ocasião em que no Egito lhes cabiam o status de refugiados.]

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